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<p>Modelo ainda está amadurecendo no país, mas iniciativas atuam para fomentá-lo em meio à transformação digital em busca pela inovação</p>

Panorama: cooperativismo de plataforma ganha destaque no Brasil

Modelo ainda está amadurecendo no país, mas iniciativas atuam para fomentá-lo em meio à transformação digital em busca pela inovação


O cooperativismo de plataforma surgiu como uma resposta aos efeitos da ascensão de serviços ligados à economia do compartilhamento. Diversos atores desse modelo, como Uber, Airbnb e iFood, colocaram as plataformas como protagonistas da economia global. E embora tenham sido disruptivas, elas também originaram uma série de questionamentos éticos.

O quesito mais evidente está no crescimento da gig economy e os seus impactos nas relações de trabalho. Em teoria, as plataformas concedem um ambiente mais flexível aos trabalhadores, já que não há vínculo empregatício. Na prática, contudo, elas contribuíram para o crescimento dos empregos informais.

Foi nesse contexto que o professor Trebor Scholz, da universidade The New School, de Nova York, cunhou o conceito de cooperativismo de plataforma. A proposta é de um modelo de mudança estrutural na economia do compartilhamento, colocando os trabalhadores em posse das plataformas. O acadêmico publicou um livro-referência e lidera um consórcio sobre o tema.

Cooperativismo de plataforma no Brasil

No Brasil, o InovaCoop já publicou posts, cases e e-book para disseminar o cooperativismo de plataforma (confira ao final deste texto). Além disso, já surgiram iniciativas de incentivo, conteúdo e pesquisa sobre o modelo, como:

  1. Observatório do Cooperativismo de Plataforma
  2. Coonecta
  3. DigiLabour

Em 2019, quando veio ao Brasil para palestrar no 14° Congresso Brasileiro de Cooperativismo (CBC), organizado pelo Sistema OCB, Scholz falou sobre o potencial do modelo no país:

“O Brasil é um dos países mais propícios para as cooperativas de plataforma. O Consórcio para o Cooperativismo de Plataforma adoraria apoiar o desenvolvimento das cooperativas brasileiras ajudando a coordenar seu crescimento por meio da cooperação internacional”, declarou à época. 

O avanço por dois caminhos

Rafael Zanatta, mestre pela Faculdade de Direito da USP e diretor da Associação Data Privacy de Pesquisa, é um dos principais estudiosos sobre o cooperativismo de plataforma no Brasil. No artigo acadêmico “Platform Cooperativism in Brazil: dualities, dialogues and opportunities”, Zanatta analisou o desenvolvimento do modelo no país.

O estudo argumenta que o cooperativismo de plataforma no Brasil avança em duas frentes: uma institucionalizada e outra não-institucional. A primeira delas se dá no setor cooperativista institucionalizado, que opera de forma estruturada. Zanatta menciona, inclusive, o InovaCoop como exemplo deste ambiente.

Dentro desse contexto, o cooperativismo de plataforma é percebido como um impulsionador da inovação e uma oportunidade de gerar novos negócios para as cooperativas. Dando sequência a essa visão, as coops estão desenvolvendo soluções para atuar em setores em que o cooperativismo já é presente.

Assim, as plataformas se apresentam como um meio de reinvenção do cooperativismo em mercados importantes para o setor, como os ramos de crédito, agricultura, transporte e saúde.

Proposta com foco na modernização

No documento Propostas para um Brasil mais cooperativo 2023-2026, a OCB defende que o futuro do setor passa pelo apoio e estímulo ao cooperativismo de plataforma. O modelo se mostra uma opção sustentável para as novas tendências de se trabalhar em rede, conectando pessoas e as colocando no centro dos negócios.

Com isso, o cooperativismo de plataforma apresenta como vantagens a autogestão e a valorização dos trabalhadores. Assim, eles se tornam “donos dos seus próprios negócios, seja nas plataformas de compras coletivas ou na oferta de serviços por aplicativos”, argumenta o texto.

Para que o modelo possa ser potencializado, contudo, é preciso criar a possibilidade de admitir investidores-anjo em startups cooperativistas, propõe a OCB. A participação de cooperativas em sociedades não-cooperativas também é uma possibilidade a ser estudada para promover o cooperativismo de plataforma.

Outros caminhos

Como consequência dessas restrições legais ao investimento externo, Zanatta também relata o surgimento da segunda frente do cooperativismo de plataforma no Brasil, sem ligações institucionais oficiais.

A rede de apoio a essas instituições é liderada por coletivos e apoiado por organizações filantrópicas. Essas instituições ganharam força com a luta contra a gig economy, ou “uberização do trabalho”.

Os impulsos ao modelo

Em entrevista ao InovaCoop, Zanata argumenta que, no contexto de 2022, o cooperativismo de plataforma encontra três fatores impulsionadores no Brasil:

  1. Exaustão moral com os modelos de negócios de gigantes como Rappi, Amazon, Uber e iFood: “Há uma crítica persistente da sociedade e episódios como o monitoramento de lideranças, como o feito pela iFood, desperta ainda mais interesse por plataformas que possuem conexão com valores do cooperativismo, como dignidade do trabalhador, participação e democracia econômica”. 
  2. Surgimento de políticas públicas locais de fomento ao cooperativismo: “Nós estamos vendo isso em São Paulo, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em muitas outras cidades. Há um crescente incentivo local ao cooperativismo de plataforma e isso tende a se intensificar com políticas públicas mais estruturadas, inclusive as de facilitação ao crédito”.
  3. Processo de maturação de alguns projetos e experimentos iniciados entre 2019 e 2020: “Especialmente após os incentivos dados pelas Escolas de Cooperativismo, pela OCB e por projetos como InovaCoop. Agora vamos começar a ver algumas conexões entre novos empreendimentos e mercados preexistentes, como no caso de coops que oferecem serviços de software as a service em setores como transporte, logística e saúde”.

Os principais desafios atuais

Em seu artigo, Zanatta também discorreu sobre as maiores barreiras enfrentadas para o crescimento do cooperativismo de plataforma. Novamente, ele destaca as restrições regulatórias enfrentadas pelo setor em relação às possibilidades de investimento. Isso gera grandes dificuldades operacionais para financiar novas iniciativas de plataforma.

Outro argumento é que as cooperativas podem ter dificuldades para praticar atividades intermediárias digitais complexas, como gestão de dados, programação e marketing. Para o sucesso de uma plataforma, elas são tão necessárias quanto a atividade-fim da coop.

Devido às restrições de financiamento, o desenvolvimento das plataformas acaba restrito às cooperativas de grande porte, sobretudo as que atuam nos ramos de crédito, saúde e agronegócio. Coops de menor escopo, contudo, não conseguem acompanhar o ritmo, dificultando o amadurecimento do modelo de negócio.

Ainda assim, nota o pesquisador, as cooperativas preferem manter o modelo de negócios dentro do cooperativismo, em termos legais e regulatórios.

Iniciativas

Mesmo com as dificuldades, surgem iniciativas que buscam dar vida ao cooperativismo de plataforma:

Ciclos (Sicoob ES)

No Radar da Inovação, contamos a história da Ciclos, uma cooperativa de plataforma gestada pela Sicoob Central do Espírito Santo em seu hub de inovação. A Ciclos atua nos setores de infraestrutura, consumo e serviços.

O desenvolvimento da plataforma contou com a participação da empresa de tecnologia MindTec, que já prestava serviços à cooperativa, e da startup CleanClic, também oriunda do hub. A OCB estadual também deu apoio para a criação da Ciclos.

A cooperativa disponibiliza o acesso a três diferentes serviços:

  1. Planos de saúde
  2. Planos de telefonia e dados
  3. Energia limpa

Diante do sucesso, a coop almeja inaugurar um marketplace para conectar seus cooperados e expandir a atuação para outros estados.

PODD (Coopertran)

O aplicativo PODD (Pay On Demand) é uma iniciativa da cooperativa de transportes mineira Coopertran, surgida a partir da insatisfação dos motoristas com os modelos praticados pelas grandes plataformas de transporte individual.

“Hoje, os motoristas trabalham para o aplicativo. O PODD fará o aplicativo trabalhar para os motoristas”, argumentou José Aparecido Ferreira, então diretor-presidente da Coopertran, em 2020.

O PODD começou a operar em 2020, na região de Grande Vitória, no estado do Espírito Santo. Contudo, devido aos impactos da pandemia, precisou interromper as atividades no ano seguinte.

Futuro do Ramo

Fernando Lucindo, advogado especialista em direito cooperativo e digital, acredita que o amadurecimento das cooperativas de transporte passa pelo cooperativismo de plataforma.

“Veja o quanto do mercado em geral têm sido absorvido pelos negócios baseados em plataformas. Temos um caminho a percorrer, principalmente as cooperativas tradicionais. Reverbero: a transformação digital deve estar no plano estratégico das cooperativas, que devem investir na educação, inovação e cultura digital. Devem estar abertas para as rupturas de modelos que se apresentam”, reflete.

Eventos

O Brasil também será protagonista de eventos que buscam divulgar, discutir e apresentar propostas para a disseminação do cooperativismo de plataforma no país. Essa é mais uma amostra de que o modelo está passando por um processo de amadurecimento. Veja eventos sobre o tema para colocar na agenda:

  • Cooptech: organizado pela Coonecta, o Cooptech 2022 será realizado dentro do WCM Expo, entre os dias 17 e 18 de outubro, no Minascentro, em Belo Horizonte. Com foco em inovação, o cooperativismo de plataforma e a transformação digital estão entre os destaques das apresentações.
  • Owning the Future: fruto de uma parceria entre o Platform Cooperativism Consortium e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), irá discutir como escalar sustentavelmente as cooperativas de plataforma do sul global. A conferência ocorrerá entre os dias 4 e 6 de novembro, no Museu do Amanhã, na capital fluminense.

Momento-chave

Para Victor Barcellos, pesquisador do Departamento de Mídias do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, “o ano de 2022 é um momento-chave para o cooperativismo brasileiro, especialmente porque as cooperativas de plataforma estão mostrando seu potencial de escalabilidade e inovação”.

“Trazer a Conferência Anual do Cooperativismo de Plataforma pela primeira vez para o Sul Global é um marco histórico capaz de aumentar a consciência sobre o cooperativismo de plataforma no país, além de conectar atores estratégicos - cooperativas, gestores públicos, empreendedores e acadêmicos - para a criação de uma economia digital solidária. O ITS está acompanhando esse movimento e empenhado em fomentar esse debate com os diversos setores da sociedade”, declarou ao InovaCoop.

Em foco

Além disso, Rafael Grohmann, coordenador do DigiLabour, participou do Global Perspectives on Platforms and Cultural Production, no dia 1° de junho. Na conferência híbrida organizada pela Universidade de Amsterdam, Grohmann apresentou seu trabalho Click Farm Platforms and Instagram Content Creators in Brazil: Infrastructures and Work Practices.

Ao redor do mundo

Se no Brasil o modelo ainda está em estágio de amadurecimento, há iniciativas que colocam o cooperativismo de plataforma em prática, em diferentes lugares do planeta. Veja essas histórias que contamos no Radar da Inovação:

  • Na Driver’s Seat Cooperative, os motoristas são remunerados pelos dados gerados a partir das corridas realizadas
  • A cooperativa Suíça Midata Cooperative atua desde 2015 compartilhando dados de tratamentos com o controle dos pacientes.
  • A francesa CoopCycle foi criada para apoiar entregadores de aplicativos que usam a bicicleta como veículo para fornecer infraestrutura tecnológica e originar novas cooperativas.
  • Na Grã-Bretanha, a Eccoo foi idealizada para colocar em contato profissionais e pessoas que precisam de cuidados especiais em seu dia a dia.
  • A Smart Coopérative, plataforma Belga de cooperativas para autônomos, reúne 35 mil associados de 40 cidades, em nove países europeus.

Conclusão

Segundo Gustavo Mendes, fundador da Coonecta, o cooperativismo de plataforma está, gradativamente, ganhando espaço no Brasil. Ele acredita que o modelo precisa ser analisado como um ecossistema, e não apenas por meio de iniciativas singulares.

Mendes argumenta que o cooperativismo de plataforma precisa de um ambiente favorável ao seu crescimento. A criação desse ambiente passa por iniciativas de entidades setoriais - como o InovaCoop, da OCB -, realização de eventos, interesse das universidades e impulso de empresas mercantis, como a Coonecta.

O atual cenário é positivo, mas ainda há onde evoluir. “As grandes cooperativas poderiam olhar esse assunto com um pouco mais de atenção. Elas têm olhado muito para conexão com startups mercantis, o que é importante, mas poderiam também olhar para a conexão com startups cooperativas que têm modelos inovadores”, reflete.  

Gustavo Mendes conclui: “a partir do momento em que todo o ecossistema apoiar esse surgimento de cooperativas de plataforma, vai ser natural que elas surjam”.

Mais cooperativismo de plataforma no InovaCoop

Como vimos, o cooperativismo de plataforma se apresenta como uma das principais faces da inovação dentro do ambiente cooperativista. Com esse modelo, as cooperativas se adaptam às demandas de uma nova economia, levando a cultura cooperativa ao mercado moderno, tornando-o mais ético e participativo.

No Brasil, o cooperativismo de plataforma ainda é incipiente, mas está crescendo. O estudo sobre o modelo cresce, assim como as iniciativas para seu fomento. Enxergando essa tendência, o InovaCoop já produziu diversos conteúdos com foco no tema. Confira e fique por dentro do futuro do cooperativismo!

<p>Embora tenham a imagem muito ligada à indústria, os robôs autônomos podem ser aproveitados em diversos ramos da economia - e do cooperativismo </p>

Robôs autônomos: como a automação contribui para a eficiência nos negócios

Embora tenham a imagem muito ligada à indústria, os robôs autônomos podem ser aproveitados em diversos ramos da economia - e do cooperativismo 


A sofisticação da robótica e da inteligência artificial apresenta, como um de seus resultados mais notáveis, o desenvolvimento de robôs autônomos capazes de realizar tarefas sem controle humano. Essa tecnologia tem papel central no desenvolvimento da indústria 4.0 e pode representar avanços em distintas áreas da economia.

Robôs autônomos podem ser apresentados em amplo leque de funções, aplicabilidades e recursos, a depender da intenção de seu uso. Suas características podem variar em tamanho, mobilidade, inteligência e custo. O que dá autonomia a um robô é a sua capacidade de entender o contexto e tomar decisões independentes.

Dentro dessas características, existe uma ampla gama de dispositivos que se enquadram na definição, perpassando por diversos escopos. Um robô autônomo pode ser desde um aspirador de pó doméstico que opera de forma automatizada até carros que se guiam sozinhos - as opções e possibilidades são amplas.

Uma curva para cima

Os benefícios dessa tecnologia estão sendo abraçados por diversos ramos da economia. Um relatório da consultoria Next Move Strategy avaliou o valor de mercado global dos robôs autônomos em 2021 no valor de 1,61 bilhão de dólares. E a tendência de crescimento é exponencial: em 2030, essa quantia deve chegar a 22,15 bilhões de dólares.

No Brasil, a tecnologia também segue um bom ritmo de expansão. Segundo a Associação Brasileira de Internet Industrial, os robôs móveis autônomos crescem, anualmente, mais de 30%.

Neste artigo, iremos apontar os principais benefícios do uso de robôs autônomos, entender suas diferentes aplicações e ver como as cooperativas podem tirar proveito da tecnologia. Aproveite a leitura!

Razões para adotar o uso de robôs autônomos

O uso robôs autônomos tende a fazer com que as cadeias de produção se tornem mais integradas e automatizadas. É isso que defende a consultoria Deloitte, em relatório que explora as possibilidades que a inovação apresenta aos diferentes mercados.

Segundo o estudo, os benefícios primários do uso de robôs autônomos são:

  • Aumento na eficiência e na produtividade: robôs não sentem fadiga, e são capazes de operar por períodos longos de forma contínua.
  • Redução de erros, retrabalhos e taxas de risco: devidos a movimentos programáveis e com alta precisão, os riscos de falta de uniformidade caem drasticamente.
  • Melhorias na segurança de trabalhadores: as máquinas podem ser utilizadas em ambientes de alto risco, de forma a diminuir a exposição de colaboradores a ambientes que apresentam perigos.
  • Realização de trabalhos de menor valor: robôs podem ficar a cargo de funções repetitivas com baixo valor agregado, permitindo que humanos foquem em tarefas estratégicas que não são passíveis de automação
  • Crescimento de receita: isso se dá por meio de melhorias na eficiência dos serviços prestados e, consequentemente, na satisfação dos clientes e cooperados.

O que um robô autônomo pode e não pode fazer

Os robôs autônomos são uma tecnologia em evolução constante, com novas habilidades e aplicações descobertas a todo momento. Mas, ainda assim, há limites para o que eles são capazes de fazer. A Omni Robotic listou três coisas das quais eles são capazes e outras três que não estão em seu escopo de atuação.

Primeiro, o que eles podem:

  1. Ajudar com tarefas repetitivas: robôs autônomos conseguem operar tarefas repetitivas com ainda mais eficiência do que robôs tradicionais. Isso se dá porque eles conseguem se adaptar a eventuais pequenas alterações no contexto, que equipamentos sem autonomia não teriam capacidade de lidar, pois só têm movimentos específicos programados.
  2. Responder a estímulos não-estruturados: a autonomia parte do princípio que esses robôs são capazes de se adequar a situações que não foram previamente planejadas. Esse processo acontece por meio da detecção sensorial de elementos visuais ou auditivos. Por isso, a arquitetura do robô precisa ser capaz de processar estímulos inesperados.
  3. Criar empregos atrativos: uma das preocupações oriundas da difusão de robôs autônomos se dá pela suposta redução de empregos que eles causariam. Na prática, contudo, eles vão possibilitar que os humanos possam executar tarefas mais produtivas.

Em contrapartida, os robôs autônomos também enfrentam restrições e barreiras. As três principais limitações mencionadas são:

  1. Definir as próprias metas: a habilidade de designar objetivos é, essencialmente, humana. Os robôs não têm capacidade de pensamento abstrato e precisam que suas tarefas sejam definidas e delimitadas por pessoas.
  2. Operar sem modelos de processos: dando continuidade à limitação prévia, os robôs, mesmo quando dotados de autonomia, são delimitados pelos processos impostos pela programação determinada por humanos, que ficam a cargo do planejamento.
  3. Dominar o mundo: no clássico filme O Exterminador do Futuro, as máquinas se revoltam contra a humanidade e tentam tomar o controle do mundo. Na vida real, isso requer não apenas força para tal, mas uma motivação própria, e os robôs autônomos não têm essa capacidade cognitiva.

Aplicações práticas de robôs autônomos

Levando em conta esses princípios, os robôs autônomos já têm aplicações práticas que podem ser observadas. Eles realizam tarefas que vão desde algumas mais simples a outras que demandam um determinado grau de sofisticação. São alguns exemplos:

  • Robô faxineiro: a animação futurista Os Jetsons introduziu a ideia de um aparelho que limpava a casa automaticamente. Hoje, já é possível ter acesso a diversos tipos de robôs autônomos que auxiliam na limpeza doméstica.
  • Robô concierge: em um hotel japonês, robôs uniformizados são os responsáveis pela recepção dos hóspedes e têm a tarefa de levar as malas a seus quartos.
  • Robô babá: a companhia sul-coreana KT Telecom desenvolveu o Kibot, um macaquinho eletrônico capaz de contar histórias, fazer chamadas de vídeo e tirar fotos, atuando como uma espécie de babá eletrônica.

Robôs autônomos nos setores da economia - e do cooperativismo

Um relatório elaborado pela consultoria PwC informa que os robôs autônomos devem afetar uma gama bastante ampla de áreas da economia e da indústria, afetando o futuro dos negócios. Essas são algumas das áreas que mais devem sentir a evolução da tecnologia.

1. Agronegócio

Os robôs autônomos representam uma grande parcela da transformação digital enfrentada pelo campo - e a tendência é que essa fatia siga crescendo. O engenheiro agrônomo Roberto Okumura defende que a iminente chegada das redes de internet 5G vai acelerar ainda mais a automação no agro.

A tecnologia apresenta algumas aplicabilidades visíveis no ramo, como:

  • Controle de plantas daninhas: robôs autônomos navegam pelo campo e fazem pulverizações de defensivos direcionadas às plantas invasoras. Isso deixa a tarefa mais assertiva, já que as aplicações se tornam menos frequentes e mais eficientes, além de reduzir a necessidade de exposição humana aos produtos de potencial tóxico.
  • Colheitas: certos cultivares precisam ser colhidos com destreza e delicadeza, sob o risco de dano à integridade dos produtos. Robôs autônomos modernos, dotados de sensores e tecnologias de inteligência artificial, conseguem identificar o momento correto em que um vegetal está apropriado para ser colhido e o extrai sem danificá-lo.
  • Plantio de mudas e sementes: em viveiros de mudas, robôs autônomos são capazes de executar tarefas como movimentação de bandejas de mudas em diferentes momentos de desenvolvimento da estufa. Com isso, o processo fica mais eficiente e há redução de mão de obra.
  • Manejo e controle de criações: equipamentos dotados de autonomia conseguem atuar no monitoramento da saúde nutricional e bem-estar dos animais criados em ambientes protegidos, como galinheiros. Outra aplicação dos robôs autônomos nesse quesito se dá na condução dos animais. A Cargill é pioneira na utilização de máquinas com essa funcionalidade.

As tendências para o futuro indicam um agronegócio cada vez mais automatizado e eficiente. Até mesmo a ficção corrobora essa crença - no filme futurista Interestelar, de 2014, as fazendas são tocadas inteiramente por robôs autônomos. E, como já vimos aqui no InovaCoop, a ficção é uma ótima forma de antecipar tendências.

Frimesa: investimento rapidamente recuperado

As cooperativas agrícolas não ficam para trás quando o assunto é inovar, e essa lógica também se aplica à adoção de robôs autônomos. No Radar da Inovação, contamos como a Frimesa automatizou suas linhas de corte, reduzindo desperdícios e aumentando a segurança dos colaboradores.

Em 2015, a cooperativa investiu R$ 6,5 milhões na instalação de três robôs no processo de abate do frigorífico de Medianeira, no Paraná. Com essa planta, a Frimesa se tornou a primeira do Brasil a contar com tal tecnologia, empregada nos processos de corte e serra das carcaças dos animais. Até então, essas tarefas eram feitas manualmente.

Após a integração dos robôs autônomos em sua linha de abate, a Frimesa registrou ganhos na velocidade de produção e aumento na qualidade dos cortes de carne e carcaças. Soma-se a isso, a redução de custos com mão de obra e desperdícios de materiais. Graças às otimizações, o sistema se pagou após pouco mais de um ano, apenas.

Castrolanda: robôs ordenhadores

A Castrolanda, cooperativa agrícola focada na produção de carnes, leite e batata, é pioneira na robotização da ordenha na América do Sul. A Fazenda de Santa Cruz de Baixo foi a primeira a adotar o sistema de ordenha automatizada no continente.

Segundo a coop, o sistema de ordenha voluntária (VMS) consiste num braço hidráulico que executa todo procedimento de ordenha sozinho, de forma automática. O equipamento identifica a vaca, faz a limpeza do local, estimula e faz a ordenha, levando em conta as características de cada animal. As informações da extração são computadorizadas.

O uso dos robôs se mostrou acertado: as vacas ordenhadas autonomamente passaram a produzir 5 kg de leite a mais por dia. Os efeitos também foram positivos em relação ao trabalho, deixando a jornada menos cansativa para os trabalhadores.

2. Saúde

Mais um setor em que os robôs autônomos apresentam oportunidades para otimização dos processos, melhor destinação dos recursos humanos e execução de tarefas delicadas. O uso de equipamentos automatizados já é difundido na saúde - setor que, tradicionalmente, adota tecnologias de ponta.

A Intel, uma das principais companhias de tecnologia do mundo, descreve como os robôs autônomos podem contribuir para esse campo. Máquinas capazes de se locomover de forma autônoma podem ser usadas, por exemplo, a fim de intermediar a interação entre paciente e médico em um hospital.

Limpeza e desinfecção de ambientes hospitalares também podem ser tarefas delegadas aos robôs autônomos, evitando que humanos tenham contatos com ambientes potencialmente perigosos.

A aplicação mais destacada de robôs autônomos dentro do campo médico é na realização de cirurgias. As máquinas conseguem fazer microprocedimentos complexos sem a necessidade de largas incisões. Na maioria dos casos, eles são usados como assistentes a cirurgiões humanos, mas há expectativas de que possam realizar cirurgias mais simples sozinhos.

3. Transporte e armazenamento

Segundo o estudo, a cadeia logística é a que apresenta o maior potencial para a adoção de tecnologia automatizada. Em um segmento em que a agilidade impacta fortemente os resultados, o uso de robôs autônomos representa uma ótima oportunidade para aumentar a eficiência.

Um estudo da Tractica estima que o mercado de robôs dedicados ao setor em 2021 atingiu a quantia de mais de 22 bilhões de euros. Associada a outras tecnologias, a robotização tem potencial para proporcionar até 40% de economia em centros logísticos, aponta o Boston Consulting Group.

Durante a Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (Feimec) deste ano, a Sew Eurodrive Brasil apresentou um equipamento voltado à logística industrial. O Automated Guided Vehicle (Veículo guiado automaticamente) facilita o transporte de materiais dentro das plantas.

Solução

Na Robotic Business Review, Phil Britt argumenta que a perspectiva futura é, inclusive, de que a automatização chegue aos próprios caminhões. A difusão de caminhões autônomos seria uma saída para a escassez de motoristas enfrentada por diversos países.

No Brasil, a automação faz parte da modernização que o setor precisa enfrentar, argumenta a MIT Technology Review. O futuro do setor passa pela difusão de veículos que se guiam sozinhos e a adoção de robôs para tarefas como carregamento e descarregamento de cargas.

Não é por menos que listamos a robotização como uma das sete principais tendências de inovação no cooperativismo de transporte.

Unimed-BH: logística automatizada em prol da saúde

Mesclando os ramos de logística e saúde, a robotização já chegou à Unimed de Belo Horizonte, pioneira na ideação e construção de um Centro de Distribuição Automatizado.

O Centro conta com um robô, sensores e Internet das Coisas (IoT). Com isso, há a automatização da logística nos processos de recebimento, fracionamento, etiquetação, armazenagem e distribuição de medicamentos, materiais médicos e insumos hospitalares.

O sistema logístico da cooperativa da capital mineira é complexo, indica o diretor-presidente Samuel Flam. “Uma atuação em 34 municípios, uma rede de atendimento própria e um sistema de logística composto por compra, transporte, armazenamento, distribuição e entrega dos mais variados insumos necessários para operação e provimento de saúde aos mais de 1,37 milhão de clientes”, diz.

Conclusão

O avanço da automação em diversas áreas da economia e a sofisticação da inteligência artificial faz com que a adoção dos robôs autônomos se torne um caminho sem volta. O desenvolvimento de tecnologias inovadoras complexas implica que um número cada vez maior de procedimentos será delegado aos robôs autônomos.

A automação de uma ampla gama de tarefas e funções é uma das faces mais evidentes e palpáveis da transformação digital. Embora ainda sejam muito associados à industrialização, os robôs autônomos já fazem parte da realidade de cooperativas e companhias dos mais variados ramos.

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<p>Cooperativas têm os princípios ESG no DNA e apresentam uma série de iniciativas em prol da inovação sustentável</p>

ESG no cooperativismo: exemplos e boas práticas

Cooperativas têm os princípios ESG no DNA e apresentam uma série de iniciativas em prol da inovação sustentável


A sigla ESG - abreviatura de Environment (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) - aparece com cada vez mais frequência no ambiente econômico e nas pesquisas de tendências. Durante a pandemia, ele ganhou ainda mais destaque.

Além disso, as decisões de gestores estão se tornando frequentemente relacionadas com o tema - e o cooperativismo tem um lugar de destaque nesse movimento.

O termo foi criado em 2004, em uma publicação chamada Who Cares Wins, iniciativa conjunta entre o Banco Mundial e a organização Pacto Global. Seu conceito trabalha nos três seguintes pilares:

  • Environmental (ambiental): práticas corporativas que concernem à conservação do meio ambiente. Isso engloba temas como poluição da água e do ar, eficiência na produção e consumo de energia, mudanças climáticas, emissão de carbono na atmosfera e desmatamento.
  • Social (social): tratamento da instituição no relacionamento com as pessoas e a comunidade ao seu redor. Estão inclusos assuntos como proteção de dados, privacidade, promoção de diversidade na equipe, programas de desenvolvimento socioeconômicos, respeito à legislação trabalhista, entre outros.
  • Governance (governança): princípios aplicados na administração da organização. Envolve o relacionamento com governos, políticos e poder público, efetividade de ouvidoria, disponibilização de um canal de denúncias, composição do conselho, estruturação do organograma, transparência e afins.

Neste artigo, vamos entender como o ESG é capaz de gerar valor, como ele se conecta com o cooperativismo e ver exemplos de como as cooperativas vêm aplicando políticas de inovação sustentável. Aproveite a leitura!

Criando valor

A pesquisa O premium de ESG: novas perspectivas sobre valor e performance, realizada pela consultoria McKinsey, realça a importância das práticas sustentáveis. O levantamento apurou que a maioria de executivos e profissionais de investimentos acreditam que a execução de programas sociais, ambientais e de governanças geram valor em curto, médio e longo prazo.

A PwC demonstra que grande parte dos investidores aceitam até mesmo sacrificar a lucratividade no curto prazo para lidar e implementar políticas ESG.

As práticas de ESG são valorizadas, inclusive, durante processos de aquisição, elevando as quantias envolvidas. O estudo aponta que os executivos estariam dispostos a pagar um preço até 10% maior no processo de aquisição de uma outra organização com atitudes positivas de ESG.

Um outro relatório da McKinsey listou cinco elos para a criação de valor através da implementação do ESG de maneira sistemática:

  1. Crescimento de receita: o ESG tem a capacidade de atrair a preferência dos compradores. Mais de 70% dos consumidores de diversas indústrias pagariam até 5% a mais por um produto sustentável. A solidez das medidas de sustentabilidade também facilita a obtenção de licenças e a expansão para novos mercados.
  2. Redução de custos: a execução eficaz do ESG auxilia no combate a aumento de gastos operacionais, como os relacionados a matéria-prima, água e carbono. A consultoria registrou que esse fenômeno pode afetar o lucro operacional em até 60%.
  3. Redução das intervenções regulatória e legais: a consistência nas políticas de ESG ajuda a reduzir o risco da instituição ser alvo de alguma ação governamental adversa. Mais ainda, tal solidez gera suporte do poder público, aliviando pressões regulatórias e abrindo a possibilidade da busca de subsídios, por exemplo. Dessa forma, é possível ter menos pressão regulatória e maior grau de liberdade estratégica. 
  4. Aumento da produtividade dos funcionários:  uma proposta ESG coerente pode contribuir na atração e retenção de talentos qualificados, melhoria na motivação dos colaboradores inspirados pelo senso de propósito e, assim, aumentar a produtividade geral.
  5. Otimização de ativos e investimentos: políticas corporativas conscientes têm a capacidade de melhorar os retornos sobre investimentos com alocação de recursos em oportunidades promissoras e sustentáveis.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Apesar da amplitude e heterogeneidade do conceito, uma boa base para suportá-lo está nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Eles compõem uma agenda global que tem como pilares: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias. Conheça os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



ESG e cooperativismo

Ricardo Voltolini, CEO da consultoria Ideia Sustentável e da Plataforma Liderança com Valores, defende que as cooperativas “não precisam fazer muito para serem sustentáveis, porque já nasceram sustentáveis”. A tese surge da premissa de que, ao contrário das empresas mercantis, as cooperativas são geridas com base em princípios afinados com conceitos de sustentabilidade.

O Sescoop/SP também defende uma abordagem semelhante, na cartilha ESG, ODS e Cooperativismo: “Antes mesmo de se propor os critérios ESG nas organizações, sob a perspectiva de desenvolvimento que contempla o tripé econômico, social e ambiental, o modelo cooperativista sempre esteve atento à perspectiva sistêmica de um desenvolvimento perene e apoiado sobre bases sustentáveis”.

Em seminário organizado pela OCB em parceria com a Apex-Brasil, Fabíola Nader Motta, gerente-geral da OCB, apontou que o objetivo do cooperativismo é promover melhores condições de vida para as pessoas. Isso passa pela valorização do meio ambiente e desenvolvimento das comunidades locais.

Ainda assim, as cooperativas precisam investir na estruturação de suas práticas ESG. Os valores devem ser traduzidos em valores e métricas mensuráveis - e isso pode representar um grande desafio. 

O cooperativismo social

Em entrevista ao HSM Management, Emanuelle Marques de Moraes, gerente do Instituto Sicoob, defende o caráter civilizatório do cooperativismo. “Ele convoca a sociedade para o trabalho colaborativo, para o senso de comunidade”, argumenta.

Ela acrescenta que o cooperativismo “não está focado no individualismo, mas no ganho coletivo, o que já traz um aspecto social muito relevante, de gerar consciência que leva à ação”. As cooperativas de crédito ainda contribuem para o desenvolvimento regional, diz Moraes, pois mantêm o dinheiro circulando dentro da comunidade, gerando emprego e renda.

Outro ponto de atenção social levantado pela gerente se dá na preocupação com a diversidade. “O desafio não é só de gênero, mas também racial, de pessoas com deficiência, LGBTQIA+ e, mais recentemente, da terceira idade, no chamado etarismo. Uma organização tem que ser reflexo da sociedade”.

Na 57ª edição de seu Boletim de Análise Econômica, a OCB argumenta que, ainda que o cooperativismo já traga princípios ESG em seu DNA, as cooperativas não devem deixar de investir na área. A recomendação está sendo seguida, uma vez que há uma série de cooperativas dando bons exemplos de abordagem ESG. Vejamos algumas delas:

Cocamar: sustentabilidade no campo

A Cocamar Cooperativa Agroindustrial soma 97 unidades operacionais, espalhadas nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A instituição reúne mais de 16 mil cooperados que atuam na produção de soja, trigo, café, milho e laranja. A esses números notáveis, ela ainda acrescenta mais um: quase 40 projetos sustentáveis.

A cooperativa relaciona suas iniciativas conforme seus impactos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Um deles, por exemplo, é o Terra Urbana, voltado à produção de verduras e legumes em espaços urbanos ociosos, beneficiando famílias de baixa renda e alinhado ao primeiro ODS.

Produção de soja sustentável

Enquanto cooperativa agropecuária, a questão ambiental se apresenta como a mais premente para o ESG da Cocamar. Diante disso, a instituição norteia sua produção de soja por meio de uma política sustentável durante todas as etapas da cadeia produtiva que envolve o grão.

As práticas sustentáveis começam na produção da semente, seu beneficiamento e manejo do solo para cultivo. Isso se dá com o emprego de métodos de preservação do ambiente, utilização de tecnologias durante a lavoura e a colheita. As boas práticas seguem todo o caminho produtivo, até a distribuição de produtos ao mercado.

Não à toa, a cooperativa ingressou no Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), a maior rede de sustentabilidade do planeta. No ano passado, a Cocamar foi certificada com o selo Ouro ODS.

Sicredi: parcerias e intercooperação

Com mais de 5 milhões de associados distribuídos por 24 estados brasileiros, a cooperativa de crédito Sicredi também reúne medidas em prol da sustentabilidade. A instituição é integrante do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) para os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Ao notar que a demanda por crédito para financiamento de projetos de energia solar crescia em uma proporção que a cooperativa não era capaz de atender, a Sicredi firmou uma parceria. Junto da International Finance Corporation (IFC), a instituição formou uma linha de crédito de aproximadamente R$ 600 milhões para financiar energia solar a seus cooperados.

Segundo Tathyanne Gasparotto, diretora de regiões da Climate Bonds Initiative: “a emissão do Sicredi demonstra a grande oportunidade que as instituições financeiras têm de impulsionar o mercado de títulos verdes (green bonds) e a economia do Brasil de maneira sustentável. Esperamos que essa operação seja um grande passo para o setor de energias renováveis no país”.

Se quiser compreender como se deu o desenvolvimento desse projeto, contamos a história dessa iniciativa com detalhes no Radar da Inovação.

A união faz a força

Vencedora do prêmio SomosCoop 2020 na categoria Intercooperação, o projeto “A energia que nos une” é fruto de uma parceria entre a Sicredi e a Certel, cooperativa do ramo de eletricidade. A iniciativa culminou no financiamento para a nova hidrelétrica Vale do Leite, fortalecendo a produção e distribuição de energia limpa.

Ao todo, foram captados quase R$ 50 milhões para a execução do projeto, que tem conclusão prevista para o final de 2022. A estimativa é de que, de forma direta ou indireta, quase 300 mil pessoas sejam beneficiadas com o início da operação da hidrelétrica. O Radar da Inovação também contou o desenvolvimento dessa iniciativa conjunta.

Unimed: políticas sustentáveis

O sistema Unimed, que é composto por 341 cooperativas singulares, desenvolveu diretrizes ESG por meio de sua Política Nacional de Sustentabilidade do Sistema Unimed (PNSSU).

Calcado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a PNSSU conecta as ações de sustentabilidade coordenadas pela Unimed do Brasil para o Sistema Unimed. A estrutura é baseada em três dimensões (saúde social, saúde econômica e saúde ambiental) e 13 temáticas, com 12 objetivos essenciais e três complementares.

Em um editorial, Luiz paulo Tostes Coimbra, presidente da Central Nacional unimed, defendeu que “os pilares do ESG estão inseridos em nossas práticas, resultando em uma integração sistêmica, com ações coordenadas e complementares às das singulares, federações e empresas da marca; sob a coordenação da Unimed do Brasil”.

Liberando o potencial do ESG

O Fórum Econômico Mundial defende que a prática do ESG se inicia com iniciativas das lideranças e lista cinco ações para que os gestores possam atingir o potencial sustentável de suas organizações:

  1. Envolver-se com as demandas das partes interessadas: consumidores, reguladores e cooperados querem ver evidências dos efeitos das políticas ESG. Apenas transparência não basta, é necessário mostrar resultados.
  2. Atender ao interesse dos investidores: instituições com práticas sólidas de ESG atraem investidores qualificados. No caso das cooperativas, iniciativas sustentáveis vão atrair mais cooperados ambiental e socialmente conscientes.
  3. Dominar as narrativas: as práticas e resultados das medidas de ESG de cada organização devem ser usados para diferenciar seus negócios aos olhos do mercado. Para isso, é necessário estar atento às novas demandas.
  4. Compreender os dados: é importante ter a capacidade de entender e comunicar as informações dos resultados ESG. A comunicação efetiva dos dados é fundamental para que o impacto das iniciativas sustentáveis seja compreendido pelos públicos de interesse.
  5. Ter uma abordagem ampla: os fatores ESG têm de ser levados em conta nas decisões de todas as áreas da cooperativa, desde o desenvolvimento estratégico até a execução das tarefas.

Conclusão

O mundo está mudando e pedindo instituições mais sustentáveis e conscientes. Essa procura pela adaptação às novas demandas sociais, ambientais e de governança faz com que o ESG atue como um impulso na busca pela inovação.

Como vimos, o cooperativismo nutre laços com o ESG antes mesmo de o ESG existir enquanto conceito sistematizado. Desde que nasceu, o modelo cooperativista preza pela sustentabilidade ambiental e social e uma governança democrática e transparente. Ou seja, segue atual e inovador.

Não é por menos que muitas cooperativas estão entre os principais atores da inovação sustentável. 

<p>Tradicionalmente realizado em Lisboa, conferência visa transformar a capital fluminense em polo de inovação na América Latina</p>

Web Summit: Rio de Janeiro vai receber maior evento de tecnologia do mundo a partir de 2023

Tradicionalmente realizado em Lisboa, conferência visa transformar a capital fluminense em polo de inovação na América Latina


O Rio de Janeiro vai ser a primeira cidade de fora da Europa a receber o Web Summit, maior evento de tecnologia do mundo, pelos próximos seis anos. A primeira edição carioca da conferência será realizada entre os dias 1° e 4 de maio de 2023, no Riocentro.

O anúncio que oficializou a realização da conferência no Brasil foi feito no dia 3 de maio, contando com a presença de Paddy Cosgrove, cofundador do Web Summit.

As negociações entre a organização do evento e a cidade foram intermediadas pela Invest.Rio, uma agência de atração e promoção de investimentos para a cidade.

Polo de inovação

Segundo Paddy Cosgrove, o Rio de Janeiro é um dos destinos mais quentes para a indústria da tecnologia, chamando a atenção de investidores atentos à América Latina. “Sentimos que é o lugar para estar agora e mal podemos esperar para ter nosso primeiro Web Summit Rio em 2023”, declarou.

Para Rodrigo Stallone, CEO da Invest.Rio, o evento vai ser importante para impulsionar o setor de inovação na cidade - e no Brasil como um todo. “Estamos inserindo a Cidade Maravilhosa no circuito mundial de tecnologia”, comemora.

O executivo argumenta que “o evento marca o início de uma parceria entre o Rio e o grupo Web Summit para transformar o ecossistema tecnológico em toda a América Latina. Estamos confiantes que o Web Summit encontrou seu novo lar para as próximas décadas e certos de que será um importante parceiro na construção de uma cidade mais sustentável, tecnológica e inclusiva”.

Celeiro de unicórnios

O Brasil se tornou referência na América Latina para o desenvolvimento de unicórnios - startups com o valor de mercado avaliado em ao menos US$ 1 bilhão. Segundo a Endeavor, o país vive uma onda de aportes nunca vista antes.

Nos nove primeiros meses de 2021, o país atingiu a marca de R$ 33,5 bilhões investidos em 226 instituições, registra a ABVCAP. Ao todo, os unicórnios brasileiros representam 66% de todas as startups que atingiram o patamar bilionário na América Latina.

Paddy Cosgrove enxerga a América Latina como o local de maior crescimento de startups no mundo - muito disso graças ao Brasil. “A cidade já recebeu alguns dos maiores eventos do mundo - especialmente na área de esportes, como os Jogos Olímpicos. Temos certeza que essa experiência vai ajudar. Achamos que esta é a hora certa para ir ao Brasil", afirmou.

Essa tendência é corroborada pelos números: você sabia que, no ano passado, o Brasil viu mais de 10 startups atingirem o status de unicórnio? Além disso, as startups brasileiras arrecadaram US$ 9,4 bilhões, triplicando o valor absorvido por elas em 2020.

Atraindo público e movimentando a economia

O CEO do Invest.Rio estima que o Web Summit deve atrair mais de dois mil jornalistas e outros dois mil investidores para a cidade. Ao todo, a expectativa é de que a primeira edição reúna 10 mil pessoas.

Além de promover o Rio de Janeiro a palco global de inovação, o evento deve estimular a economia local. Stallone acredita que o Web Summit deva movimentar entre R$1 bilhão e R$ 3 bilhões a cada ano.

Web Summit 2021: um panorama do que está por vir

A edição mais recente do Web Summit aconteceu em Lisboa, capital de Portugal, em novembro do ano passado. Para entender que tipo de tema o evento aborda, veja alguns dos destaques discutidos durantes os painéis:

  • Metaverso: algumas possíveis aplicações desse mundo virtual foram especuladas no evento. Ícone da música Eletrônica, Jean Michel Jarré apontou que o metaverso deve aproximar artistas e fãs, democratizando as apresentações. Suas aplicações na moda também foram destacadas, podendo tornar a experiência de compra virtual mais imersiva. Falamos a fundo sobre o metaverso aqui no InovaCoop.
  • Saúde: a saúde mental foi um assunto que esteve bastante presente no evento, que sediou debates sobre o alternativas de enfrentamento ao vício em substâncias químicas. Inovações no tratamento à depressão e para o combate ao Alzheimer também tiveram espaço.
  • Empreendedorismo: a atuação das mulheres empreendedoras no mercado de tecnologia foi alvo de enorme atenção, com direito a um lounge inteiro dedicado ao assunto. Segundo a organização, mais da metade do público presente foi composto por mulheres.
  • ESG: outro tema que mereceu uma área exclusiva foi o ESG. Nele, falou-se de plataformas de negociação de créditos de carbono, equipamentos de filtragem do ar, tecnologias de reciclagem, produção de energia limpa e economia circular.

O Web Summit de 2022, em Lisboa, está marcado para os quatro primeiros dias de novembro.

Acompanhar as atrações do Web Summit é uma ótima forma de ficar antenado com as tendências mais importantes para a inovação. Coloque-o em seu radar e aproveite a oportunidade de se manter atualizado no mundo da tecnologia e da transformação digital.  

E por falar em grande evento, confira agora 7 temas que foram destaque no SXSW 2022.

<p>Metodologia pode apresentar diversas soluções para otimizar os relacionamentos da sua cooperativa </p>

Design de serviços: peça-chave para inovar na experiência de clientes e cooperados

Metodologia pode apresentar diversas soluções para otimizar os relacionamentos da sua cooperativa 


Não é novidade que a pandemia acelerou bastante a transformação digital e, consequentemente, o relacionamento das cooperativas com seus clientes e cooperados também passou por mudanças. Os contatos migraram cada vez mais para o mundo virtual, e a adaptação a esse novo contexto pode encontrar respostas no design de serviços.

Hoje, mais do que nunca, a jornada de consumo tem o digital como ponto de partida com cada vez mais frequência, mas isso não quer dizer que os ambientes físicos ficarão em segundo plano. O presencial ainda tem grande valor no serviço, só que precisa se adaptar. E é aí que o design de serviços pode ser útil.

Neste artigo, iremos entender o que é design de serviços, compreender sua importância para as cooperativas e como aplicá-lo na prática. Aproveite a leitura!

O que é design de serviços

Em resumo, o Design de serviços permite que as empresas trabalhem na experiência durante toda a relação com o cliente, possibilitando sempre a oferta de um serviço de melhor qualidade.

A ideia é que a cooperativa prestadora de serviços tenha uma postura voltada a satisfazer os clientes no decorrer de todas as etapas de sua jornada, com o objetivo da fidelização. Esse fim só pode ser alcançado a partir do desenvolvimento de um processo, levando em conta diversos fatores, como público alvo e adoção de tecnologias.

Para Carlos Coutinho, sócio da PwC Brasil e líder de Consumer Markets, “o consumidor procura valor em toda jornada que começa. A equação de valor vai desde achar o que ele quer, na hora que ele quer, até receber com tranquilidade para poder usufruir dessa jornada”.

Dessa forma, todos os pontos de contato entre consumidor e marca devem ser planejados para proporcionar uma experiência satisfatória. Esse objetivo só se torna possível quando clientes e cooperados se sentem seguros e confiantes durante todo o processo de interação. O design de serviços busca construir o melhor caminho para o sucesso desse relacionamento.

O caráter multidisciplinar do design de serviços, atrelado às novas tecnologias, passa por algumas bases, como:

  • Omnicanalidade: a integração entre diversos canais de comunicação que interagem durante uma jornada de compras é uma forte tendência oriunda do marketing digital. Ela parte da premissa de ofertar experiências completas ao consumidor ou cooperado, unindo o mundo físico ao digital.
  • Atendimento: o design de serviços é exercido por meio de todos os momentos em que há contato da organização com seus clientes e cooperados. O atendimento adequado, capaz de sanar dúvidas e resolver problemas, é fundamental nesse processo. A excelência do atendimento passa, sensivelmente, pelo treinamento dos colaboradores responsáveis.
  • Relação com consumidor: a valorização de clientes e cooperados cumpre um papel central no design de serviços. A interação com o público deve ser de respeito e atenção durante todas as etapas da experiência que terão com a cooperativa.

Ailos Aproxima: em busca de uma melhor experiência

Um exemplo de aprimoramento na relação com a jornada do consumidor pode ser visto no caso do Ailos Aproxima, marketplace criado pelo sistema de cooperativas de crédito Ailos. No começo de 2022, uma atualização possibilitou a compra direta dentro da plataforma, com ampliação da possibilidade de pagamentos.

Felipe Laber, CEO da Stilo Natural Cosméticos, que opera no Ailos Aproxima, apontou que as novidades ajudam no relacionamento com consumidores. “Para o cliente final, as vantagens vão desde os preços competitivos até entregas feitas no mesmo dia”, afirmou. A plataforma surgiu para contornar impactos da pandemia e levar o comércio local à comunidade.

O Ailos Aproxima já foi, inclusive, assunto no nosso Radar da Inovação. Confira clicando aqui.

Design Thinking e UX Design

Reforçando o caráter multidisciplinar do design de serviço, ele complementa - e é complementado - por outras práticas e ideias.

Design Thinking

Segundo a definição da Endeavor, o design thinking é uma abordagem que visa encontrar a solução de problemas por meio da colaboração coletiva, levando em consideração todos os públicos interessados.

Ou seja, o design thinking busca resolver situações com um viés prático e humanizado, colocando a experiência das pessoas no centro das ideias e das ações. A agência global de inovação MJV aponta que o design thinking e o design de serviços operam conjuntamente em três aspectos:

  1. O design thinking auxilia no desenvolvimento de questões certeiras acerca de problemas complexos
  2. O entendimento proporcionado a partir desses questionamentos possibilita a identificação de respostas mais adequadas e bem alinhadas às necessidades dos usuários
  3. Com essas respostas, o design de serviços desenvolve soluções melhores para os usuários (clientes e cooperados) em suas relações com a cooperativa

Em parceria com a Descola, elaboramos um curso de introdução ao design thinking, que você pode conferir clicando aqui.

UX Design

O Istituto Europeo Di Design elucida: design de serviços e UX design (UX quer dizer user experience, ou experiência do usuário), apesar de relacionados, não são a mesma coisa.

O UX design tem seu foco no desenvolvimento de ações específicas para pontos de contatos específicos. Já o Design de serviço diz respeito a todo o processo de relacionamento da cooperativa com seus clientes e cooperados, de forma um tanto mais ampla e estratégica.

Ou seja, o design de serviços deriva de um planejamento extenso que conecta a relação de uma ponta a outra. O UX Design opera como uma ferramenta para otimizar as etapas que fazem parte desse processo.

5 princípios do design de serviços

O livro “Isto é Design Thinking de Serviços: Fundamentos, Ferramentas, Casos”, escrito por Marc Stickdorn e Jakob Schneider, enumera cinco pilares que caracterizam o design de serviços. São eles:

  1. Usuário ao centro: primeiro e mais importante princípio, afinal o serviço é feito para o usuário e precisa colocá-lo em foco. Os clientes e cooperados são diversos em suas necessidades, modos de pensar e precisam ser compreendidos para uma gestão de serviços eficaz, produtiva e acolhedora.
  2. Co-criação: a relação entre cooperativa e seus grupos de interesse deve ser de mão dupla. Ideias de clientes e cooperados para a melhor prestação de serviços devem ser encorajadas e absorvidas pelos níveis hierárquicos mais elevados. A cooperação mútua incentiva a lealdade e fortalece laços.
  3. Sequencialidade: o serviço é uma sequência de ações que, juntas, formam uma jornada. O design de serviços deve seguir etapas de transição, do começo ao fim, com um ritmo aprazível para os clientes e cooperados.
  4. Base em evidências: apesar de serviços serem intangíveis, eles são percebidos por meio de artefatos tangíveis. Itens físicos, como brindes, ativam memórias positivas. Boas sensações são a chave para a fidelização.
  5. Processo holístico: como cada usuário é único, cada experiência também será. Por isso, os contextos do serviço são tão importantes. Uma interação pautada por um ambiente agradável capaz de causar boas sensações provoca impacto positivo na experiência geral, mesmo dentro das subjetividades de cada um.  

Por que o design de serviços é importante

O processo de inovação dentro do cooperativismo deve transitar por todas as áreas da operação de uma cooperativa, e a prestação de serviços é uma das mais importantes.

Ao otimizar o relacionamento com clientes e cooperados, fornecendo-lhes uma experiência completa e prazerosa, a cooperativa se conecta à sua comunidade e potencializa seu alcance. A boa execução da inovação no design de serviços traz consigo uma gama de possibilidades para o fortalecimento da instituição, tais como:

  • Enraizamento da cultura: as cooperativas fazem parte de um modelo com protagonismo de seus princípios como democracia, pertencimento e participação da comunidade. O design de serviços se apresenta como uma ferramenta para enriquecer essas crenças no decorrer da relação com seus cooperados e clientes. Assim, a cultura organizacional é fortalecida e seus valores são externados na prática.
  • Vantagem competitiva: em mercados acirrados e altamente competitivos, a qualidade do serviço e uma jornada de compra satisfatória fazem toda a diferença. Bons serviços atuam como diferenciais perante os concorrentes, e o design de serviços permite a estruturação adequada de toda a experiência
  • Fidelização: clientes que se sentem contemplados por serviços prestados de forma atenciosa e efetiva têm maior propensão à satisfação. Ao notar que a cooperativa não se resume aos seus produtos, mas sim se dedica à estruturação de uma relação saudável, as chances de fidelização e associação ficam maiores.

Na prática: como aplicar o Design de Serviços

O desenvolvimento de uma experiência enriquecedora de serviços passa por cinco estágios de implementação:

  1. Exploração: a jornada do design de serviço começa com a prospecção de serviços que acrescentam valor à experiência do cliente ou cooperado por meio da solução de problemas. Por exemplo: a entrega de um produto pode estar demorando demais e gerando insatisfação, e a relação da cooperativa com o consumidor será mais saudável caso esse percalço seja contornado.
  2. Estruturação: compreender e registrar as preferências de cooperados e clientes possibilita que a estrutura do serviço seja moldada conforme as preferências do seu público.
  3. Criação: na sequência, a ideia é transformada em um processo funcional com o objetivo de apresentar uma solução prática para a situação identificada. Seguindo o exemplo do atraso na entrega, a solução apresentada pode ser a ampliação de opções de transportadoras ou a oferta de retirada do produto em pontos físicos.
  4. Treinamento: os colaboradores responsáveis pelo contato com os públicos de interesse precisam estar inteirados sobre as novidades e qualificados para colocá-las em prática.
  5. Prototipagem: para que sejam assertivas e eficientes, as soluções devem ser testadas em pequena escala, de forma que falhas possam ser encontradas e ajustadas com antecedência.
  6. Retorno: nessa fase, a cooperativa vivencia ciclos de absorção de uso de seu novo serviço, permitindo feedbacks que otimizem sua execução a partir do ponto de vista dos clientes e cooperados, levando em consideração o pilar de co-criação.
  7. Aplicação: se dá no período em que as inovações começam a operar de forma concreta e ampla, culminando no momento em que os clientes e cooperados têm acesso aos novos serviços oriundos do processo de design.
  8. Diagnóstico de riscos e oportunidades: a implementação de uma inovação não é o fim do processo de design de serviços. Uma vez que a ideia entra em operação, a cooperativa deve seguir identificando pontos de melhoria e oportunidades de deixar o processo ainda mais conveniente. O aperfeiçoamento é contínuo.

Quem faz o design de serviços

Segundo o International Service Design Institute, o mercado tem uma demanda crescente por profissionais da área. Steven J. Slater, cofundador da entidade, argumenta que a procura se deve “ao crescimento da oferta de serviços ao redor do mundo”.

Um estudo feito pelo instituto confirma o otimismo com o futuro da função. Quase 80% dos profissionais da área que foram entrevistados acreditam que, no momento, há mais vagas na área do que em qualquer outro momento do passado. O futuro do trabalho passa pelo design de serviços.

O levantamento ainda aponta uma predominância feminina (67%) dentre os profissionais de design de serviços. Refletindo a juventude do design de serviços como profissão, a maior parte dos designers tem entre 21 e 39 anos. 

Habilidades de um designer de serviços

As habilidades mais frequentemente citadas para exercer a função foram:

  • Pensamento estratégico, sistêmico e analítico
  • Visualização de complexidade
  • Empatia
  • Habilidades de pesquisa e análise

Gabriel Pera, que atua como UX writer e design de conteúdo, defende que uma pessoa que projeta serviços deve:

  • Ser interdisciplinar: o designer de serviços irá se comunicar com todas as áreas envolvidas no desenvolvimento de um projeto e deverá manter a sinergia do planejamento.
  • Usar dados: a capacidade de compreender e analisar dados é essencial para que o profissional consiga projetar experiências condizentes com as necessidades dos clientes e cooperados.
  • Facilitar processos de tomada de decisão: por meio de ferramentas de design de serviços, o profissional consegue identificar as partes envolvidas no processo decisório necessário para a concepção do serviço.
  • Apresentar ideias visualmente: a comunicação de ideias por meio de diagramas, imagens e mapas mentais torna o processo de solução de um problema mais acessível e democrático.

Conclusão

O design de serviços foi estruturado como forma de enfrentar os desafios de uma economia que precisa se adaptar às mudanças cada vez mais frequentes e rápidas nos hábitos dos consumidores. O contato das cooperativas com consumidores e clientes é repleta de armadilhas.

A cooperativa que tiver a capacidade de aprimorar a relação com seus clientes e cooperados se coloca em um patamar de adaptabilidade que adiciona solidez a sua operação. Em uma instituição que pratica um modelo que tem o fator humano como protagonista, o design de serviços enaltece ainda mais as vantagens que proporciona.

Praticar o design de serviços não é tarefa fácil, e muitos de seus conceitos ainda estão sendo explorados e compreendidos. Mas o futuro que se desenha é de mercados competitivos e consumidores exigentes. Suprir as expectativas de um bom atendimento pode ser um fator decisivo para o sucesso da sua cooperativa - e o design de serviços chegou para contribuir.



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