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<p>Cooperativas comprometidas com a inovação precisam priorizar a capacitação dos seus times. Confira alguns caminhos</p>

Dicas e boas práticas para capacitar equipes de inovação

Cooperativas comprometidas com a inovação precisam priorizar a capacitação dos seus times. Confira alguns caminhos


A economia digital tem pressionado mais fortemente as organizações a buscar inovação. Não apenas mais e mais companhias têm se esforçado por dinamizar seus processos e produtos de maneira disruptiva, mas também os profissionais têm tentado desenvolver competências e habilidades para darem conta das novas demandas.

Em muitos casos, essa busca tem ocorrido de maneira combinada, com investimentos diretos das organizações e cooperativas na capacitação de suas equipes de inovação.

Isso porque muitas organizações consideram que suas equipes ainda não estão prontas para navegarem pelos novos cenários. O relatório Global Human Capital Trends 2021, produzido pela Deloitte, mostrou que apenas 17% dos 3.760 executivos ouvidos na pesquisa descreveram seus colaboradores como detentores da capacidade de se adaptar, requalificar e assumir novas funções.

O estudo Talent Trends Report 2021, da consultoria de recursos humanos Randstad, apontou que 58% dos líderes de capital humano ouvidos no Brasil relataram que a escassez de talentos impactou negativamente sua organização.

É por isso que as organizações e cooperativas mais comprometidas com a busca pela inovação têm priorizado a capacitação e os investimentos em talentos. De acordo com o anuário Valor Inovação Brasil 2020, 98% dos entrevistados responderam que concordam plena ou parcialmente que desenvolver as “competências do futuro” é uma prioridade para suas organizações.

Essa visão já tem gerado frutos na prática. Três em cada quatro organizações analisadas no levantamento investiram mais do que 5% do faturamento líquido anual em desenvolvimento de pessoal, totalizando R$ 30 bilhões em um ano.

Mais do que adotar medidas pontuais de treinamento e requalificação, as companhias têm procurado implantar uma verdadeira cultura de aprendizagem, em que se combinam jornadas tradicionais de formação, como cursos e treinamentos, e métodos novos, como ferramentas de modelagem comportamental.

A ideia central é estabelecer rotinas em que os próprios colaboradores entendam que é preciso aprender de maneira contínua, seguindo a tendência do Lifelong Learning – termo em inglês para educação continuada ou aprendizado constante. Aliás, este assunto foi tratado aqui no InovaCoop pela especialista em inovação, Martha Gabriel, que listou 20 livros essenciais para inovar.

E mais do que buscar ter respostas certas para tudo, o profissional precisa fazer as perguntas certas – que questionem conceitos aparentemente imutáveis e sejam capazes de levar a rupturas e, consequentemente, inovações.


Habilidades e competências do futuro

As transformações digitais requerem não apenas conhecimentos técnicos ou domínio de tecnologias disruptivas, mas também um conjunto de comportamentos e atitudes, como resiliência, pensamento e análise crítica e aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem.

As habilidades comportamentais – ou soft skills  – mais requeridas hoje também têm relação com a cultura de experimentação estimulada pelo uso de estratégias de gestão de projetos, como Scrum e Kanban.

Tais metodologias dividem os colaboradores em equipes multifuncionais responsáveis pelo gerenciamento inovador de projetos, o que exige capacidade de trabalhar em equipe, saber escutar e defender uma opinião de forma clara e precisa.

O InovaCoop oferece cursos e ferramentas on-line para treinar equipes de acordo com as demandas da transformação digital. Contamos com cursos de natureza mais conceitual, como os módulos de Inovação e Transformação Digital; com cursos relacionados a soft skills, como Mentalidade Ágil; e cursos de treinamento técnico, como o de Apresentações Poderosas.  

Equipes de inovação frequentemente apresentam habilidades e competências relacionadas a todos esses itens. Do ponto de vista técnico, o profissional de inovação sabe manipular e analisar enormes quantidades de dados; conhece um pouco de machine learning, software em nuvem e segurança cibernética; e analisa e reconhece os rumos da inovação tecnológica continuamente.

Do ponto de vista das soft skills, é uma pessoa flexível, resiliente e sempre pronta a aprender. Trabalha bem em equipe e sabe se comunicar com os outros membros do time.

Para completar, uma equipe de inovação deve necessariamente dominar metodologias de trabalho ágil para a gestão eficaz de projetos, como Design Thinking. Vale ressaltar também que o InovaCoop publicou recentemente três guias práticos para apoiar equipes de inovação no processo de aprendizagem contínua:


Conhecimento e autoaprendizagem

Há inúmeras formas de incentivar uma cultura de aprendizagem voltada à inovação dentro de uma cooperativa. De fato, a maior parte das organizações têm combinado diferentes alternativas, de modo que os próprios colaboradores, com o tempo, também procurem seus próprios caminhos.

De maneira geral, grandes organizações têm criado programas estruturados de desenvolvimento de competências, baseados em um modelo híbrido. Por um lado, têm surgido as academias internas de conhecimento, que unem a educação formal (como os cursos de MBA, por exemplo) à modelagem comportamental, ao aprendizado baseado na solução de problemas e a palestras e eventos técnicos.

De acordo com o anuário do Valor, a B2W Digital é uma das empresas atualmente vivenciando essa transição. A companhia implementou uma Academia de Dados, que funciona como uma escola interna para o desenvolvimento de competências relacionadas à análise de dados. Os funcionários da área foram capacitados por uma empresa parceira para estruturarem e ministrarem o curso. Os conteúdos incluem alfabetização de dados, estatística e análise e até storytelling.

Na 3M, de acordo com informações publicadas no Valor, foi criada uma plataforma chamada Develop You, em que colaboradores de diferentes áreas têm acesso a treinamentos em múltiplos idiomas. A seleção dos cursos adequados a cada funcionário é determinada de acordo com seu plano customizado de desenvolvimento de carreira. Um mega fórum de 11.000 colaboradores da empresa permite a troca contínua de conhecimento em grupos temáticos.

Na Algar Tech, existe desde 2018 o programa Dê Asas à sua Carreira. A ideia é capacitar colaboradores para os novos papéis que surgirão no mercado de trabalho nos próximos anos. Formações específicas, como metodologia ágil e curadoria para robôs e chatbots, são oferecidas como parte da plataforma.

Em 2019, a PwC Brasil criou um programa de ampliação da proficiência digital de todos os seus funcionários no mundo. Batizado de Digital Upskilling, o programa dá acesso à formação em temas relacionados à economia digital, como automação e IA.

A companhia também criou o Digital Lab, onde se desenvolvem soluções e automações. A organização espera que todos seus colaboradores consigam compreender e saibam utilizar design thinking, inteligência artificial, data analytics e automação.


Soluções populares

De acordo com o Valor, apenas 38% das organizações entrevistadas afirmaram que suas Academias Internas de Conhecimento já estão operando. A maioria (45%) está na fase de estudo e planejamento, enquanto 37% estão na etapa de customização dos projetos.

Como muitos profissionais já sentem a necessidade premente de adquirir novas habilidades e também como resultado da pandemia, cresceu muito o número de visitas a grandes plataformas de cursos on-line, como Coursera e Udemy.

Nesses portais, é possível se inscrever em cursos completamente on-line ministrados por grandes especialistas. Os cursos mais procurados têm, via de regra, relação com os temas da transformação digital.

No caso da Coursera, aparecem entre os módulos mais procurados pelos usuários Ciência de Dados, Deep Learning, Programação para todos e Machine Learning.

A Udemy divulgou em 2020 que entre seus cursos mais procurados estavam Redes Neurais, Chatbot e Tensorflow (biblioteca de Deep Learning para inteligência artificial).

Grandes instituições internacionais, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Singularity Group, também oferecem cursos on-line sobre inovação com curta duração. No Brasil, há cursos sobre inovação nos sites do Sebrae, Endeavor, Fundação Bradesco, entre outros.


Gestão do conhecimento e compartilhamento

Os programas de aprendizagem contínua, sobretudo aqueles que não se relacionam com estruturas mais formais de treinamento, baseiam-se grandemente nas trocas entre os colaboradores de áreas diferentes, muitas vezes formalizadas em mentoria ou coaching, por exemplo.

O Digital Lab, da PwC, trabalha com o conceito de reverse mentoring. Profissionais técnicos, mais jovens, são mentores de funcionários mais experientes. A ideia é que os jovens transmitam seu conhecimento tecnológico para profissionais mais antigos, incluindo gestores da empresa, ao mesmo tempo que ganham experiência pela convivência com eles.

O compartilhamento contínuo de conhecimentos também está na base das equipes compostas por profissionais com diferentes formações e expertises. Se alguns dos membros têm mais conhecimento gerencial e menos conhecimento tecnológico, o esperado é que, pela própria interação de todos na solução conjunta de problemas, em algum tempo todos estejam em nível semelhante de domínio de determinadas tecnologias e métodos.

A metodologia de trabalho, aliás, é a palavra-chave nesse processo. As metodologias não apenas devem orientar o trabalho de maneira racional, incentivando todos os membros a manifestarem suas opiniões com clareza e embasamento, como também devem favorecer a troca constante de conceitos. 

A gestão do conhecimento também envolve parcerias com outras cooperativas, com instituições acadêmicas, organizações não-governamentais e consultorias. Em geral, entidades desses tipos funcionam como parceiras no compartilhamento de pesquisas científicas.

Têm sido comuns as parcerias de organizações comprometidas com a inovação com companhias estrangeiras ou centros de pesquisa, que acabam dando insumos para o estabelecimento de programas internos de formação.

Entretanto, muitas organizações nacionais também têm sido procuradas por possíveis parceiros para compartilhar com eles seu know-how em inovação. O modelo de gestão do conhecimento adotado pela cooperativa vai determinar responsabilidades e deveres de parte a parte, além dos limites ao futuro compartilhamento de resultados. 

 


<p class="ql-align-center"><em>Startups interessadas em desenvolver soluções podem se inscrever até 23 de janeiro</em></p><p class="ql-align-justify"><br></p><p class="ql-align-justify">	<strong> </strong></p><p>	<strong> </strong></p>

Divulgados os desafios do programa InovaCoop Conexão com Startups 2ª edição

Startups interessadas em desenvolver soluções podem se inscrever até 23 de janeiro


O Sistema OCB divulgou na sexta-feira (10/12) a lista dos cinco desafios que participam da segunda edição do programa InovaCoop Conexão com Startups. Com foco no Agro, as soluções procuradas envolvem sistemas de logística, de estimativa de produção, de precificação, de controle da demanda/oferta e de fracionamento de produtos. Os desafios selecionados são das cooperativas Cemil (MG), Coopama (MG), Coplana (SP), Santa Clara (RS) e Uneagro (SC).

Com a divulgação dos desafios, a próxima etapa prevê as inscrições das startups que tenham interesse em, junto com as cooperativas, iniciarem o desenvolvimento das soluções. O prazo vai até 23 de janeiro de 2022. Em seguida, as três startups com as propostas mais promissoras para cada um dos desafios participam de um período de imersão para refinamento das soluções. A melhor solução será escolhida para realizar a prova de conceito (POC), ferramenta utilizada para testar uma funcionalidade e viabilidade de uma ideia ou conceito em baixa escala.

O programa utiliza a inovação aberta a partir de parcerias ou intercooperação para, junto com startups, buscar a melhor solução para os desafios apresentados. O objetivo é aumentar a eficiência dos projetos, reduzir custos e riscos, melhorar o retorno sobre os investimentos e ampliar as oportunidade e fontes de receita. Outro ponto importante é que as soluções propostas precisam ter potencial para serem escalados para outras cooperativas, contribuindo para o desenvolvimento da cultura de inovação e consolidando as iniciativas de sucesso.

Desafios selecionados

Integração e logística (Coopama/MG): O volume de produtos entregues para uma grande quantidade de cooperados em um curto espaço de tempo dificulta a programação. Há necessidade de maior eficiência na organização das rotas de entrega para reduzir custos e aumentar a qualidade do serviço prestado. Além disso, há necessidade de melhorar a comunicação entre os produtores e os setores internos envolvidos. Atualmente, sem um sistema de roteirização informatizado, a Coopama depende unicamente da intervenção humana, o que aumenta as chances de erro.

Precificação (Cemil/MG): O leite UHT, responsável por aproximadamente 50% do faturamento da cooperativa, sofre constante oscilação de preço e, com isso, é dificultada a previsibilidade mínima para a definição do preço de venda. A previsão, contudo, é fundamental para negociar com o varejo. Hoje, a cooperativa não possui um modelo matemático para desenhar o cenário das variações do preço do leite no mercado. A cooperativa procura, assim, uma solução que garanta maior assertividade nessa previsão.

Fracionamento de produto (Santa Clara/RS): A cooperativa enfrenta o desafio de conseguir fazer o fracionamento de produtos, como o queijo, em pesos específicos. O corte em cunhas é dificultado pela variação nas formas dos queijos, já que o processo não é 100% automatizado. Como consequência, a atual variação de pesos não está dentro da tolerância aceitável e existe muita perda no corte quando feito por lâminas, o que também não deixar o produto visualmente aceitável para o consumidor. O objetivo é realizar o corte dos produtos com o mínimo de variação possível, atendendo a normas legais do Inmetro, além de minimizar descartes a nível industrial.

Estimativa de produção (Coplana/SP): O desafio enfrentado pela cooperativa é a previsão e a estimativa de produção do amendoim, devido a particularidades da sua cultura, pois, como as vagens são formadas no interior do solo, a percepção visual da produtividade da lavoura é dificultada. Atualmente, o corpo técnico da cooperativa faz a estimativa de produtividade das lavouras através de uma interpretação visual, o que acarreta uma margem de erro considerável. Ao ter uma estimativa mais assertiva, a cooperativa pode se planejar melhor para o recebimento, beneficiamento e comercialização da produção, tornando o negócio mais eficiente e rentável.

Gestão de demanda/oferta (Uneagro/SC): Nos últimos tempos, percebeu-se uma progressiva baixa da participação dos cooperados na vida da cooperativa. Atualmente, dos mais de 600 cooperados, menos de 30 passam seus trabalhos pela Uneagro. Com isso, os cooperados perdem a oportunidade de se beneficiar com a gestão contábil e fiscal que a cooperativa oferece. O desafio proposto é promover a convergência entre a oferta dos serviços dos profissionais cooperados e a respectiva demanda pelo serviço, por pessoas físicas e/ou jurídicas, públicas e/ou privadas e outras cooperativas. 

Para saber mais sobre os desafios, veja aqui.

 

 

<p>Ao longo de 2021 o InovaCoop contribuiu para essas transformações, então vamos relembrar um pouquinho do que tivemos por aqui?</p>

Retrospectiva InovaCoop 2021

Ao longo de 2021 o InovaCoop contribuiu para essas transformações, então vamos relembrar um pouquinho do que tivemos por aqui?


2021: que ano, hein?! Aconteceu tanta coisa que a gente nem sabe dizer o que foi mais marcante e transformador, mas sem dúvidas teve aprendizado para todos os gostos! 


Logo de cara, a gente iniciou esse ano tentando entender melhor como as nossas cooperativas estavam lidando com a inovação, o quanto estavam inovando e quais são os seus desafios. E os resultados da pesquisa sobre inovação no cooperativismo foram impressionantes! Que tal relembrar?

Ver tantas iniciativas inovadoras no cooperativismo e diversas outras surgindo de forma tão genuína, nos trouxe também uma reflexão: o quanto o coop, em sua essência, sempre teve o gene da inovação. Talvez seja por isso que esse modelo de negócio conta com tamanha capacidade de transformação, ficando cada vez mais em evidência. Aí é claro que aproveitamos todas as oportunidades para mostrar o quanto cooperativismo e inovação têm tudo a ver!


E por falar em capacidade de ser reinventar, se tem uma coisa que as cooperativas fizeram em 2021, foi isso! Agora explorando diferentes nichos, por meio das plataformas, os negócios cooperativistas estão alçando novos voos e gerando oportunidades. E é claro que o InovaCoop está presente, impulsionando essa empreitada do cooperativismo de plataforma! Tem até curso gratuito que mostra os caminhos das pedras!

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Esse ano a gente também avançou muitos passos rumo à consolidação de uma cultura de inovação nas cooperativas. E com uma série de materiais, ficou bem mais fácil direcionar as estratégias e concentrar energia e recursos nas coisas certas!

Além disso, durante a Semana InovaCoop tivemos a oportunidade de fazer uma imersão em assuntos como competitividade e inovação, tendências e a construção de futuros, com grandes nomes como Maurício Benvenutti e Tiago Mattos. Vale a pena rever:


E mais: também convidamos a Martha Gabriel, que sabe tudo e mais um pouco sobre inovação, transformação digital e tendências, para trazer dicas e indicações de livros que não podem faltar aí na biblioteca da sua coop!

Em 2021 a gente fortaleceu ainda mais as relações dentro do ecossistema de inovação. Impulsionamos as parcerias entre cooperativas e startups, e com isso todo mundo sai ganhando. Conheça mais sobre este programa, que está na 2ª edição:


Ufa! Que ano intenso, minha gente! Aqui temos apenas uma amostrinha do que aconteceu este ano, navegando no site você encontra vários conteúdos que podem impulsionar a inovação na sua coop.

Pode ir se acostumando porque a inovação não para e já tem muito conteúdo no forno! Quem avisa amigo é: em 2022 tem muito, muito mais!

<p>Ecossistema brasileiro tem se empenhado em pesquisar e fomentar o cooperativismo de plataforma no país</p>

Brasil é destaque em conferência internacional do Consórcio de Cooperativismo de Plataforma

Ecossistema brasileiro tem se empenhado em pesquisar e fomentar o cooperativismo de plataforma no país


A Conferência Anual do Consórcio de Cooperativismo de Plataforma, liderado por Trebor Scholz, aconteceu entre 12 e 18 de novembro de 2021 e foi dividida entre evento presencial, realizado na Universidade Humboldt de Berlim (12 e 13 de novembro), e vários eventos virtuais (de 15 a 18 de novembro) pelo mundo todo. No total, o evento reuniu cerca de 90 palestrantes de mais de 20 países.

A novidade da edição ficou por conta de um painel formado exclusivamente por especialistas brasileiros. Com o tema “Cooperativismo de Plataforma no Brasil”, o painel contou com as presenças de:

  • Rafael A. F. Zanatta, diretor da Data Privacy Brasil
  • Camila Luconi, professora de cooperativismo da Escoop
  • Georgia Nicolau, diretora do Instituto Procomum
  • Mário De Conto, diretor da Escoop
  • Rafael Grohmann, fundador do Observatório de Cooperativismo de Plataforma
  • Samara Araujo, coordenadora de inovação do Sistema OCB

Com visões complementares, os painelistas puderam apresentar o ecossistema brasileiro de cooperativismo de plataforma, o qual, segundo eles, nunca esteve tão aquecido como agora. E isso se deve em boa parte à pandemia de Covid-19, que evidenciou a necessidade dos empreendedores em utilizar plataformas digitais para manter seus negócios, além do uso em larga escala de aplicativos de entregas.

Ecossistema e visibilidade do cooperativismo de plataforma

Foi interessante notar como o painel conseguiu reunir diferentes players de um ecossistema pujante e que se mostra cada vez mais necessário para fomentar cooperativas de plataforma no Brasil. Afinal, entender uma inovação em sua totalidade exige uma análise sistêmica - e já explicamos isso neste outro post.

Do ponto de vista jurídico, por exemplo, o evento contou com a presença do diretor da Escoop, Mário De Conto, que conduz um projeto de pesquisa aprovado na chamada pública do CNPQ-SESCOOP. Nesta pesquisa, ele analisa os fatores impulsionadores e restritivos ao desenvolvimento do cooperativismo de plataforma no ordenamento jurídico brasileiro, propondo medidas para seu desenvolvimento.

“O que percebemos é que não se faz necessária a criação de uma lei específica para cooperativas de plataforma, mas sim atenção a alguns pontos da Lei Geral de Cooperativas a ponto de afastar fatores restritivos”, afirma o diretor da Escoop - que deu mais detalhes sobre o assunto nesta entrevista ao InovaCoop.

Um exemplo de mudança na legislação - que contou com a contribuição do Sistema OCB - foi a autorização, em 2020, para realização de assembleias digitais, o que representa um considerável avanço no que tange à cultura digital para cooperativas.

“Discutia-se muito no cooperativismo a adoção de instrumentos digitais para a realização das assembleias e o seu impacto na participação dos associados e na governança. Com a pandemia, esse processo foi acelerado e naturalizado”, explica Mário De Conto.

Além das questões jurídicas e de governança digital, a visibilidade ao tema também é de suma importância. Por isso, além do InovaCoop, que desde o seu início publica conteúdos sobre o tema, o evento também destacou a atuação do DigiLabour e do Observatório do Cooperativismo de Plataforma (OCP), ambos liderados por Rafael Grohmann, que é crítico da precariedade do trabalho em plataformas e defende a dignidade do cooperativismo.

“Tenho pesquisado o cooperativismo de plataforma mais a fundo desde 2018. E vejo o Brasil como um dos países com a comunidade online mais vibrante em torno do cooperativismo de plataforma. Agora nós precisamos transformar isso em políticas públicas, legislação”, afirma Grohmann.

Samara Araújo, coordenadora de inovação do Sistema OCB, confirma o maior interesse em torno do tema e conta que, atualmente, o cooperativismo de plataforma é um dos temas trabalhados pelo InovaCoop por meio de educação e informação. “Há uma demanda cada vez maior pelo tema, não só pelas cooperativas já estabelecidas, mas também por pessoas que ainda não estão no setor”, explica.

Ela lembra, porém, que ainda temos poucas startups cooperativas criadas totalmente de forma digital no Brasil. Por outro lado, afirma Samara, “há várias cooperativas tradicionais tirando proveito do modelo de plataforma de negócios”. 

Dúvidas sobre o conceito

O painel também discutiu a definição do conceito de cooperativa de plataforma, que pode ter entendimentos diferentes conforme a legislação de cada país. Por isso, Mário De Conto, da Escoop, lembra que, segundo a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), “uma cooperativa de plataforma é uma cooperativa criada conforme os princípios cooperativos e que opera por meio de uma plataforma digital”.

O mediador do painel e diretor da Data Privacy Brasil, Rafael Zanatta, reforça que, de fato, existe uma certa complexidade entre os diferentes modelos, especialmente do ponto de vista legal. “E isso representa, para todo o ecossistema, uma oportunidade para revermos nossa legislação, que é muito rígida”, opina.

Vale ressaltar que o cooperativismo - não só o de plataforma - é um modelo de negócio cada vez mais atual e inovador. Camila Luconi, professora de cooperativismo da Escoop, lembra que as cooperativas representam cerca de 12% da população mundial. “Ao mesmo tempo que é um nicho, também é um setor muito grande”, afirma.

Camila também exalta uma característica relevante das coops nos dias atuais: a distribuição do poder. “Se você é cooperado, você possui uma parte da propriedade, e não apenas por conta do capital. E isso segue sendo muito inovador mesmo nos dias atuais”, explica. Tal característica reforça o potencial de crescimento do cooperativismo de plataforma, ainda mais num cenário de crise como o atual. 

Confira como foi o painel brasileiro (em inglês) na conferência internacional do Consórcio de Cooperativismo de Plataforma:



Mais sobre o evento

Segundo os organizadores da conferência, a atual pandemia deixou o planeta em desordem e escancarou a importância da internet. Por outro lado, também evidenciou a necessidade de termos mais cooperativas de plataforma.

“Quando confrontados com uma desigualdade econômica avassaladora, mudanças antes impensáveis ??podem se tornar senso comum. Agora é hora de criar uma economia digital que responda a essas questões urgentes, para tornar a democracia um lugar comum, no local de trabalho e fora dela; para escalar a igualdade; para contribuir com os bens comuns, não com a destruição de nosso meio ambiente. É hora de pensar sobre como as plataformas digitais podem ser guiadas por princípios cooperativos”, afirma o consórcio responsável pela conferência.

Pensando nisso, a edição deste ano levou a hashtag #TheNewCommonSense (o novo senso comum) e reuniu cooperados, colaboradores, formuladores de políticas, pesquisadores, designers e ativistas de mais de 20 países.

O grande objetivo era avaliar como as cooperativas de plataforma responderam à pandemia, analisar políticas de inibição e apoio e discutir experimentos atuais com cooperativas de dados, sistemas de token e redes criptográficas. Algumas questões discutidas no evento foram:

  • Em uma sociedade de plataforma, como os trabalhadores geograficamente dispersos podem autogovernar as plataformas digitais?
  • Quais setores e comunidades se beneficiarão mais com as cooperativas de plataforma?
  • Que papel os sindicatos podem desempenhar no apoio a este movimento?
  • E como as cooperativas de plataforma podem contribuir para a criação de infraestruturas de tecnologia verde?

“A democracia participativa é uma aspiração que se estendeu a quase todas as nações deste planeta. Agora é hora de direcionar a economia digital nesta direção, para tornar as cooperativas de plataforma um bom senso - na Europa e além”, finaliza os organizadores.

Quer saber mais e conhecer o programa completo do evento? Acesse: https://platform.coop/events/conference2021/

Para se aprofundar no tema, recomendamos a leitura do e-book: Cooperativismo de plataforma: desafios e oportunidades, produzido pelo InovaCoop. 

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<p><em>Segunda edição do programa busca soluções inovadoras com foco nas cooperativas do Ramo Agro</em></p><p><br></p>

Sistema OCB divulga seleção das coops para o InovaCoop Conexão com Startups

Segunda edição do programa busca soluções inovadoras com foco nas cooperativas do Ramo Agro


O Sistema OCB divulgou, nesta quinta-feira (25), as cinco cooperativas que participarão da segunda edição do programa InovaCoop Conexão com Startups, com foco no ramo Agro. Os cinco desafios selecionados são das cooperativas: Cemil (MG), Coopama (MG), Coplana (SP), Santa Clara (RS) e Uneagro (SC). Neste mesmo dia aconteceu o primeiro encontro com as cooperativas selecionadas.

A ideia do programa é utilizar a inovação aberta, que ocorre com parcerias ou intercooperação para, junto com startups, encontrar a melhor e mais criativa solução para os desafios apresentados pelas cooperativas selecionadas. “Ao conectar as duas pontas em uma rede, o objetivo é aumentar a eficiência dos projetos, reduzir custos e riscos, melhorar o retorno sobre os investimentos e ampliar as oportunidades e fontes de receita”, afirma Samara Araujo, coordenadora de Inovação do Sistema OCB.

Ainda segundo ela, é importante ressaltar que as soluções para os desafios selecionados precisam ter potencial para serem escalados para outras cooperativas. “Pretendemos contribuir com o desenvolvimento da cultura da inovação no cooperativismo, consolidando as iniciativas de sucesso e disseminando novas oportunidades”.

Durante o evento de kick-off, realizado de forma virtual, o Silo Hub (parceria entre a Embrapa e Neoventures) apresentou as etapas do processo de busca das soluções para os desafios e as equipes envolvidas. No próximo dia 1º, as cooperativas participam de um workshop para refinamento dos desafios e no dia 10/12, eles serão divulgados para que as startups possam se inscrever no programa e, junto com as cooperativas, iniciar o desenvolvimento das soluções.

Os critérios de seleção utilizados para a escolha das cinco cooperativas selecionadas levaram em consideração, entre outros pontos, a relevância da solução do desafio para o ramo Agro; a possibilidade de aplicação da solução em outras cooperativas (escalabilidade); a disponibilidade de pessoal para desenvolver o piloto junto à startup; e o potencial de soluções que apontem melhorias em práticas de sustentabilidade ambiental.

Para a supervisora de relacionamento com o cooperado da Coopama, Lorena Miranda estar entre os cinco selecionados para o programa é uma oportunidade única e um reconhecimento importante do trabalho que vem sendo desenvolvido pela cooperativa. “Esperamos com esse desafio dar mais agilidade aos nossos processos, fortalecendo nossa cadeia com os produtores”, afirmou.

Já a vice-presidente da Uneagro, Lúcia Helena acredita que a segunda edição do programa veio ao encontro das demandas da cooperativa que já estava em busca de inovações para otimizar o trabalho desenvolvido e se aproximar ainda mais dos produtores rurais associados. “É um momento muito especial”, declarou.


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