Inovar é prioridade nas áreas de marketing e comunicação. Fique por dentro das tendências e se antecipe aos desafios de um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo
A área de marketing é prioritária nas áreas de inovação das organizações - e no cooperativismo não é diferente. Segundo pesquisa do Sistema OCB, as cooperativas brasileiras estão dando maior prioridade à área de marketing e comunicação externa em suas políticas de inovação.
O levantamento também apontou que essa tendência precede a pandemia. Cerca de 60% das cooperativas que já implementaram novas práticas antes da Covid-19 tiveram a área de marketing e comunicação externa como um dos focos. Apenas a área de atendimento ao cliente ficou à frente, com 64%.
Segundo a pesquisa State of Marketing, que ouviu 8 mil líderes do mercado de comunicação em 20 países, a prioridade dos profissionais brasileiros é clara: inovar. O comportamento do consumidor se tornou o guia para a elaboração das táticas das ações de marketing. Novas tecnologias são necessárias para rastrear a jornada do consumo e transformar os dados em informação. Vamos entender melhor esse cenário neste post. Boa leitura!
Marketing baseado em dados
Cerca de 78% dos profissionais de marketing dizem que as relações que têm com seus clientes são guiadas por dados. E as fontes de informações estão aumentando. As mais importantes de todas, segundo os números de 2021, são as identidades digitais identificadas, como e-mails ou perfis em redes sociais.
Em contrapartida, em relação a 2020, os especialistas em marketing apontam para a diminuição do valor de dados oriundos de fontes de identidade digital anonimizadas. O principal fator nesse segmento são os cookies, que traçam os interesses dos usuários conforme o histórico de navegação, delineando perfis que otimizam o direcionamento de anúncios.
A problemática dos cookies
Os cookies, porém, podem estar com os dias contados. Alvo de diversas críticas quanto à moralidade de monitorar o consumo de conteúdo dos internautas, o Google, dono do navegador de internet mais utilizado no mundo, está buscando alternativas.
Além disso, até o final de 2023, a gigante de Mountain View deve restringir o acesso às informações de terceiros para a comercialização de publicidade em seus serviços. Uma nova ferramenta chamada Topics foi anunciada para ocupar o vácuo deixado pelos cookies. A promessa é que usuários possam ser agrupados por temas de interesse, mas com respeito à privacidade.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exige que haja transparência no uso dos dados obtidos através dos cookies, embora o pedido de autorização da coleta de dados não seja sempre obrigatório.
O movimento em prol de ferramentas mais éticas na obtenção de dados é evidente. As cooperativas devem ficar de olho nessa tendência. A capilaridade característica do cooperativismo pode se mostrar um trunfo para a obtenção de dados individualizados e compartilhados com consentimento.
Marketing de dados como motor da inovação
Mais de 90% dos profissionais de marketing dizem que sua equipe está envolvida na estratégia global de inovação de sua organização, indica levantamento de 2019 da Gartner. Mais a fundo, em 29% dos casos, o marketing é o único departamento responsável pelas práticas de inovação.
Em artigo no Meio & Mensagem, Brunno Santos, diretor de canais da monday.com no Brasil, defende que profissionais de marketing lideram a inovação porque são orientados por dados. “Eles são obcecados por testar, experimentar novas ferramentas digitais e estão acostumados a trabalhar em conjunto com vários departamentos”, argumenta.
O uso de dados para a formulação da estratégia de comunicação é a aplicação do conceito de data driven marketing. As informações coletadas em grandes quantidades geram subsídios estatísticos que ajudam a entender quem é o seu público e quais são os seus hábitos digitais.
Afinal, decisões importantes no nível institucional precisam ser subsidiadas com informações. O marketing é o que vai definir a percepção que a imagem da cooperativa vai transmitir. Só é possível se comunicar bem quando se sabe para quem se fala. Um conhecimento obtido através dos dados.
Matemarketing
Para aproveitar o volume de dados obtidos, é fundamental que se saiba usá-los. O matemarketing é uma metodologia que ajuda a interpretar o oceano de informações e elaborar a melhor estratégia em prol de um objetivo específico - como atrair mais consumidores ou cooperados, por exemplo.
Matemarketing é o estudo de grandes volumes de dados e estatísticas com a finalidade de dar sustentação a estratégias de atração e conversão de clientes. Táticas de marketing dependentes de distribuição massiva de publicidade estão antiquadas. Com o uso inteligente de dados é possível mirar os esforços em alvos propícios e bem definidos.
Aqui no InovaCoop explicamos mais a fundo o que é matemarketing e mostramos os passos para que as cooperativas possam se aproveitar desse poderoso recurso.
Automação de marketing
As informações sobre os usuários também possibilitam a automação do marketing, fornecendo conteúdo automatizado e adaptado aos hábitos. É possível, por exemplo, programar postagens de redes sociais no horário em que há maior tráfego do público alvo, otimizando a entrega dos materiais; criar sequências de e-mails; entre outras diversas ações.
Cerca de 69% das instituições entrevistadas na pesquisa Marketing Tools Latam 2019 utilizam alguma ferramenta de automação de marketing. E ferramentas de automação são adaptativas. Com o e-mail marketing é possível enviar mensagens personalizadas para cada pessoa, condizente com a etapa em que ela está na jornada de compra.
Use os dados a seu favor
Mas não basta apenas ter os dados em mãos. É preciso saber o que fazer com eles. Diferentes processos, dos mais simples e tradicionais aos mais complexos, podem ser otimizados com o uso de dados. Por exemplo:
- Planejamento: até mesmo processos primordiais para o planejamento da estratégia de marketing, como a definição de persona, ganha um novo grau de detalhamento com dados. A definição de perfil dos cooperados também potencializa a escolha de canais de comunicação e adequação de linguagens.
- Recursos: marketing requer investimento eficiente. Dados indicam quais canais apresentam o melhor retorno, que podem ser fortalecidos, e os de baixo desempenho, para correções de rota.
- Produto: o mapeamento de comportamentos e demandas do público potencial auxilia a adaptar produtos existentes e serve como ponto de partida na oferta de novos produtos.
A importância da marca
Outro ponto essencial quando falamos de inovação em marketing é o branding, que está diretamente relacionado ao processo de construção e gestão de uma marca.
Através do processo de branding uma instituição passa a transmitir os seus princípios para o público. Em um mundo em busca de propósito, as cooperativas têm a oportunidade de transformar seus valores democráticos e comunitários em um trunfo na estratégia de marketing.
As cooperativas exercem conceitos sintonizados às demandas do mercado de consumo, como capitalismo consciente, valor compartilhado, comércio justo, sustentabilidade, liderança colaborativa e empoderamento criativo. O cooperativismo enquanto conceito agrega valor à marca, uma vez que comunica essas ideias.
Se quiser entender mais sobre branding nas cooperativas, mergulhe neste texto que preparamos, mostrando como transmitir os valores do cooperativismo através da marca.
Mídias sociais: engajamento e conteúdo
A cooperativa precisa estar onde o público está. E o público está, cada vez mais, nas redes sociais. Mais da metade da população mundial já interage nas plataformas de comunicação, demonstra um relatório elaborado pela We Are Social em parceria com a Hootsuite.
No Brasil, a inclusão digital segue em franca ascensão. Segundo dados do IBGE referentes a 2019, quase 83% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet. E a expectativa é de ampliação na presença digital, conforme a internet de quinta geração - conhecida como 5G - é implantada.
Isso reflete em mais de 140 milhões de usuários de redes sociais. Arnaldo Pereira Neto, sócio da consultoria Savvi, argumenta que o marketing digital é essencial para todos os modelos de negócio.
“Os meios digitais permitem a captação de um grande volume de dados que é gerado todos os dias, para que sejam transformados em informações acionáveis e ajudem na entrega de melhores produtos e serviços para os seus clientes”, afirma.
A força do marketing de influência
Para suprir a necessidade de inovar a presença digital, as instituições recorrem a ações com influenciadores digitais, através de seus perfis em redes sociais. Influenciadores digitais têm seguidores segmentados em torno de interesses. Por isso, mesmo personalidades com números mais modestos têm eficiência em engajar públicos específicos.
O Instituto QualiBest apurou que 76% dos internautas brasileiros já consumiram produtos ou serviços recomendados por influenciadores. O estudo descobriu que conteúdos patrocinados não ferem a credibilidade das personalidades digitais.
As redes sociais também democratizam a comunicação e permitem que todos os usuários tenham voz. E pessoas influenciam outras pessoas. Todo mundo que posta nas mídias sociais é, de certa forma, um produtor de conteúdo que divulga seus gostos e preferências - inclusive por marcas. Lembre-se: todo mundo é um influenciador sobre algo.
Vale ressaltar ainda que a migração do mercado de publicidade da mídia tradicional para a digital é constante. A consultoria PwC já estima que a publicidade digital deve alcançar a tradicional até 2023. Ou seja, estar nas redes sociais não é mais uma questão de escolha.
Tendências e perspectivas do mercado
O mercado de marketing está sempre procurando se antecipar às tendências e desafios. Estar um passo à frente é fundamental para aproveitar as oportunidades de inovar e se preparar para novas dificuldades. E um bom planejamento pode fazer a diferença.
Especialistas corroboram tais benefícios em um artigo que discute a importância de um departamento de marketing e comunicação em cooperativas de agronegócios. Um setor interno na cooperativa dedicado a marketing e comunicação consegue realizar melhor a coleta de dados de seu público alvo.
Assim, diversas consultorias e veículos especializados em marketing fazem suas análises do contexto no ambiente de negócios e apontam as tendências de marketing para o futuro. Instituição como as consultorias Kantar e Deloitte e os veículos especializados Whow!, Rock Content e BRSA se arriscaram na tarefa. Dentre as principais perspectivas, destacamos quatro:
1. Omnicanalidade
A omnicanalidade - ou omnichannel - é a integração de diversos canais de comunicação e venda que interagem em uma mesma jornada. Por exemplo: a possibilidade de comprar um produto em uma loja virtual pela internet, mas retirá-lo em um ponto de venda físico, presencialmente.
Englobando todo o processo em uma única cadeia, a cooperativa evita competir consigo mesma e amplia sua presença em meios diferentes para públicos distintos.
No mundo todo, segundo a Deloitte, 75% dos executivos têm intenção de investir mais em experiências híbridas nos próximos anos. O Google aponta que 44% das organizações brasileiras praticam o formato híbrido.
2. Inclusão e diversidade
O ambiente digital, dominado pelas gerações mais jovens, está cada vez menos tolerante com campanhas que reproduzem estereótipos e não representam a diversidade. As cooperativas, enquanto entidades democráticas e culturalmente diversas, precisam transmitir esses preceitos também nem suas imagens.
A maioria dos consumidores da Geração Z espera que as marcas tenham um posicionamento coerente em questões sociais. A comunicação digital entre instituições e público é um caminho de duas vias, e é importante dialogar com os públicos alvos distintos, absorvendo os aprendizados.
Vale ressaltar que a diversidade já é um assunto em voga dentro do cooperativismo. As cooperativas precisam ser ambientes aptos a acolher e dar voz a pessoas de todas as características. A diversidade é um importante motor de inovação.
Afinal, as coops prestam um papel importante no desenvolvimento da comunidade e na integração entre pessoas. Esses princípios também precisam ser traduzidos na hora de renovar e inovar as estratégias de imagem e comunicação.
3. Personificação de marca
As marcas estão criando personagens a quem atribuem características institucionais. São personagens fictícios, mas cuja estética e linguagem absorvem e transmitem a cultura da organização com um viés mais humanista. O exemplo mais conhecido talvez seja a Lu, mascote do Magalu, que já até faz ações para outras organizações.
Essa inovação também é responsável pela personificação de serviços. No Sicoob, a assistente virtual Alice, que alia inteligência artificial e linguagem natural, já tinha acumulado mais de 1 milhão de interações no meio de 2020.
Já o consumidor que entrar em contato com o Sicredi pelo atendimento via WhatsApp será atendido pelo Theo, que pode tirar dúvidas e realizar serviços com inteligência artificial. Theo foi batizado, a propósito, em homenagem ao padre Theodor Amstad, fundador da cooperativa e precursor do setor no Brasil. Assim, o personagem também emana os valores cooperativistas.
4. Consumo de vídeo
Por fim, destacamos um levantamento global da Kantar apurou que mais da metade dos consumidores conectados à internet utilizam algum serviço de vídeo. Desse público, quase dois terços assistem duas ou mais horas de conteúdo em vídeo diariamente. E os dados mostram ainda que as pessoas estão cada vez mais satisfeitas com a disponibilidade de material audiovisual.
No Brasil, 65% dos adultos assinam ao menos um serviço de streaming - a média global é 56%. E não é só isso: 42,8% dos brasileiros assistem streaming diariamente, e outros 43,9% têm o hábito semanal. Segundo dados da KPMG, o mercado nacional segue em tendência de crescimento.
Contudo, o recrudescimento do streaming não está afetando negativamente o consumo de televisão, registra a Kantar. Mais de 204 milhões de brasileiros assistiram TV em 2020. Em comparação a 2019, o tempo de tela aumentou 37 minutos diários.
Tais dados comprovam que o vídeo é peça-chave em uma campanha de marketing. Nos EUA, por exemplo, 85% dos negócios usam vídeos em suas ações. Afinal, quem quer ser notado precisa ficar de olho na produção audiovisual.
As redes sociais também estão apostando no vídeo. O Facebook está fortalecendo sua plataforma Facebook Watch e o Instagram lançou a IGTV. O TikTok, que nasceu focado em vídeos curtos, já reúne 1 bilhão de usuários mensais. A produção de vídeos em redes sociais, apesar de popular, ainda é um segmento nascente e propício à inovação.
Conclusão
Fica cada vez mais claro que as cooperativas não podem deixar o investimento em inovação em marketing e comunicação em segundo plano. O caráter inovador, plural e inclusivo do cooperativismo coloca o setor em uma condição privilegiada diante das novas demandas sociais, evidenciadas na comunicação.
Instituições tentam sempre se antecipar aos fenômenos, para largar na frente. Pensando assim, o YouTube, por exemplo, já está investindo em ações direcionadas ao metaverso. O risco de apostar em um futuro distante é ele estar distante demais. Mas também pode significar começar a corrida com uma larga vantagem.
Na Revista HSM, o professor e PhD em comunicação e inovação Lucas Araújo alerta: inovar no mercado de comunicação não é uma tarefa simples. As mídias sociais são complexas de entender e é muito difícil inovar de forma sustentável quando se depende de plataformas de terceiros.
O futuro não tem prazo. Algumas tendências podem se estabelecer de forma repentina, outras levam mais tempo para maturar. O único fluxo constante é a necessidade de inovação ininterrupta, em um setor dinâmico e, frequentemente, imprevisível.
Primeiro livro cooperativista sobre inovação, entrevistas e tendências de comunicação 4.0 estão entre os destaques desta edição
A edição n° 36 da Saber Cooperar tem como tema principal a inovação, com destaque para a novidade que está prestes a ser lançada: o primeiro livro sobre inovação cooperativista! Trata-se de um guia didático que apresenta o tema, tira todas as dúvidas sobre o assunto e ainda ensina a implementar programas de inovação dentro de uma coop. A obra traz cases de inovação desenvolvidos por cooperativas brasileiras e artigos assinados por especialistas de renome no mercado, como Martha Gabriel. Leia a matéria aqui para conhecer um pouco mais.
Sabia que as cooperativas já estão a caminho do futuro? Quem afirma isso é Maurício Benvenutti, especialista em inovação que durante 10 anos foi sócio da XP Investimentos e hoje trabalha com startups no Vale do Silício — a Meca do mercado de inovação. Em entrevista exclusiva para a Saber Cooperar, ele fala sobre como os líderes do século XXI precisam entender tanto de pessoas como de negócios, os motivos para investimento e inovação e muito mais.
Além desses temas, esta edição também traz um novo olhar sobre a importância da relação entre cooperativas e startups, e como essa união pode acelerar a inovação no coop! A matéria destaca o programa InovaCoop Conexão com Startups, que busca as soluções criativas e ágeis das startups pra resolver os problemas enfrentados por cooperativas de todo o país.
E ainda tem mais: dicas sobre como inovar no cooperativismo, tendências de comunicação 4.0 e muito mais. Clique aqui e faça o download, para ter acesso a todo conteúdo.
Conheça a metodologia que permite inovar no marketing da sua cooperativa
Atrair clientes e parceiros sempre foi considerado um certo tipo de arte pelo mercado, pois envolve habilidades importantes para o time de marketing. Mas, em tempos de transformação digital, fica claro que essa missão também tem um pouco de ciência, já que os dados podem ajudar a prever, de forma precisa, o comportamento humano.
Ou seja, por meio da estatística e dos dados, é possível tomar decisões mais assertivas que trazem mais clientes e cooperados, e geram mais receita. No Brasil, o conceito inovador ganhou o sugestivo nome de matemarketing, devido ao poder que os números têm nessa forma de conquistar pessoas e inovar no marketing.
Assim, neste artigo você vai descobrir o que é matemarketing, entender como começar a aplicá-lo e conhecer quatro processos nos quais ele pode ser útil para a sua cooperativa. Boa leitura!
O que é matemarketing e sua relação com o Big Data
O conceito de matemarketing já existe há alguns anos, desde que a transformação digital começou a aparecer nas organizações. O conceito é o mais simples possível:
Matemarketing é a união de matemática e marketing, ou seja, o estudo de dados e estatísticas como ferramenta para a criação de estratégias de atração e conversão de clientes.
E se ao ler isso você pensou em Big Data, saiba que os conceitos têm tudo a ver entre si. Afinal, a análise de grandes volumes de dados é um dos recursos do enorme arsenal que compõe o matemarketing.
Mas o grande ponto de partida aqui é a importância do matemarketing para as organizações modernas. Segundo a Mckinsey, de março a agosto de 2020, um em cada cinco clientes trocou de marca e sete em cada dez testou novos canais de compras. O motivo? A pandemia do Covid-19.
Mas a maioria das organizações ainda não estava preparada para usar dados a fim de entender e aproveitar essa revolução do consumo. Então, voltaram a velhas táticas de marketing que se baseiam na divulgação em massa, sem resultados. Por outro lado, quem agiu rápido e usou os dados conseguiu ganhos de 10% nas vendas.
O que isso nos mostra? O mundo mudou. O consumo digital foi acelerado pela pandemia, e nunca foi tão importante usar os dados como fonte de informação para criar estratégias de vendas.
Como funciona o matemarketing na prática
O matemarketing é composto por 5 etapas. São elas:
1. Captação
A primeira etapa do matemarketing envolve a base de toda a estrutura, ou seja, a coleta de dados. Afinal, é a partir deles que sairão as estratégias de marketing e vendas focadas no comportamento do consumidor.
E não há como fazer uma boa captação de dados sem ferramentas adequadas e processos estruturados. Hoje em dia, isso envolve até a legislação, como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Então, recomenda-se ter um profissional capacitado para cuidar disso.
2. Análise
Depois de coletar, é hora de separar os dados e analisá-los. Quando se fala em Big Data, essa análise é automatizada, pois o volume de informações é alto demais para qualquer pessoa processar por conta própria.
Apesar disso, aqui ainda não é o momento em que a equipe de marketing vai formar uma hipótese ou estratégia. Nessa etapa, o foco é apenas compilar e organizar os dados, para que fique mais fácil enxergar os padrões de comportamento escondidos neles.
É possível, por exemplo, organizar os dados por segmentações, colocar filtros que permitem avaliar os resultados por canais, períodos, campanhas, entre outros. Com os dados organizados, será mais simples identificar e analisar padrões comportamentais similares em cada segmento ou canal definido.
3. Insights
Depois de organizar todos os dados, é provável que a ferramenta de Business Intelligence (BI) já tenha formado dashboards e relatórios com as informações estatísticas mais relevantes. Muitas dessas ferramentas já são capazes de fazer recomendações precisas de forma automática, apenas com base nos padrões detectados.
Mas ainda é importante que os profissionais responsáveis analisem as informações e recomendações para ver se algum insight está fora do lugar ou se pode ser mais bem explorado.
Então, a equipe bate o martelo sobre quais serão os ajustes na estratégia de marketing e vendas, com base nos insights gerados pelos dados.
4. Ações
Seria um erro usar os dados só até a formulação da estratégia. É importante usá-los também para medir se o plano traçado vai funcionar e qual será seu nível de resultados. Por isso, o quarto passo é executar as ações que a equipe definiu e medir o progresso delas de forma clara.
Isso é importante tanto se o plano funcionar quanto se ele der errado. No primeiro cenário é possível descobrir onde melhorar, enquanto no segundo é preciso fazer uma avaliação mais profunda dos passos anteriores para descobrir qual foi o erro estratégico.
5. Otimização
O último passo é fazer os ajustes necessários para otimizar a estratégia que a equipe acabou de aplicar, e então fazer uma nova aplicação do plano. Assim, o matemarketing envolve a criação de um ciclo de melhoria contínua.
Dessa forma, a cooperativa evita o risco de estagnar em termos de inovação e resultados, ao mesmo tempo em que sempre tem validação de que a estratégia usada é a melhor para o momento.
Por onde começar a aplicar o matemarketing na sua cooperativa
Apesar de ser um conceito simples, há alguns passos importantes para começar a aplicar o matemarketing na sua cooperativa do jeito certo. Confira a seguir!
1. Conhecer o arsenal da análise de dados
O primeiro passo para iniciar na ciência do matemarketing é conhecer o grande arsenal que existe para analisar dados hoje em dia. Esse arsenal inclui as seguintes ferramentas:
- Big Data: envolve processar, tratar e analisar grandes volumes de dados gerados a partir de diferentes fontes e usá-los na tomada de decisão.
- Internet of Things (IoT): a Internet das Coisas é uma rede de conexão que vai além de computadores, celulares e tablets e inclui conexão entre peças de vestuário, carros, eletrodomésticos, obras e muito mais.
- Data Mining: a mineração de dados envolve encontrar padrões onde parece só haver informações aleatórias.
- Machine Learning: o aprendizado de máquina significa que as máquinas conseguem evoluir e aprender sozinhas para melhorar seu próprio desempenho.
2. Investigar padrões de comportamento nos dados
Não é suficiente deixar a tarefa de encontrar padrões de comportamento para a mineração de dados, que vimos acima. É importante que os profissionais de marketing e vendas tenham um olhar treinado para entender o que os dados representam sobre o comportamento dos clientes.
Esse trabalho é, de certa forma, uma investigação, pois envolve entender as emoções humanas por trás dos gráficos estatísticos. Assim, é importante não confiar apenas nas ferramentas, mas também qualificar a equipe de marketing para unir a visão analítica e a comportamental em um único perfil.
3. Definir um objetivo de longo prazo
Outra questão essencial para o sucesso das decisões baseadas em dados, inclusive quando se trata de matemarketing, é entender que o trabalho é de longo prazo.
De acordo com a Harvard Business Review, a maior barreira em criar uma organização data-driven, ou seja, orientada a dados, é a cultura. E isso leva muito mais tempo para corrigir do que um sistema ultrapassado.
Portanto, é importante trabalhar com um objetivo de longo prazo bem definido e ter paciência para tomar decisões no curto e médio prazo que levem até esse objetivo.
4. Começar pequeno
Indo ao encontro do ponto acima, é importante começar pequeno, no sentido de não fazer uma mudança radical e passar a tomar todas as decisões baseadas em dados de uma hora para outra.
É importante que a equipe de marketing e vendas consiga fazer uma transição gradual dos processos atuais para uma abordagem mais analítica. Aliás, é esse começo gradual que vai permitir aplicar o novo modelo de trabalho de forma permanente, com boa aderência da equipe.
5. Designar uma equipe para implementar o projeto
É muito importante designar alguém que seja responsável pelo projeto, pois é esse profissional - ou equipe, de preferência - que vai fazer a ponte entre os modelos atuais e a metodologia do matermarketing.
Quando a nova iniciativa não tem um “dono”, alguém responsável por trabalhar na inovação até que ela pegue tração, é mais difícil superar as barreiras, que incluem:
- conforto de usar métodos já conhecidos;
- dúvidas que ninguém sabe responder;
- falta de responsabilidade sobre falhas e travas no processo;
- entre outras.
Onde aplicar o matemarketing na sua cooperativa: 4 áreas em que os dados são valiosos
Podemos destacar ao menos quatro processos em que os dados são de alto valor para qualquer cooperativa. Por isso, veja na lista a seguir como usar o matemarketing em cada uma destas áreas:
Definir sua da buyer persona
A buyer persona é um perfil semi-fictício que as organizações usam para visualizar, de forma fácil, seu cliente ideal. E como se trata de algo tão valioso para as vendas, essa persona não pode ser produto da imaginação. Precisa ser validada com base em informações reais.
Assim, quanto mais dados sobre clientes e prospectos, mais fácil e assertivo se torna o processo de criar a persona. Ao mesmo tempo, é preciso tomar o cuidado de não resumir a persona em estatísticas e dados.
Antes, é preciso transformar esses dados em características humanas e visualizar a pessoa como única, alguém com sentimentos, pensamentos e desejos.
Atrair novos clientes e cooperados
O segundo campo em que você pode aplicar o matermarketing na sua cooperativa é para usá-lo na criação de estratégias de divulgação e vendas. E isso se estende a todas as áreas da sua comunicação corporativa, desde os perfis nas redes sociais até os canais institucionais de comunicação com cooperados.
O resultado de uma estratégia de comunicação que conversa diretamente com os desejos e interesses mais profundos do cliente ou cooperado só pode se resumir a duas coisas: atração e conversão.
Em outras palavras, o matemarketing pode ser uma estratégia de ouro para atrair e converter novos clientes e cooperados ao seu Sistema.
Acompanhar o desempenho das estratégias de marketing
As organizações modernas entendem que um dos maiores trunfos do marketing digital, em todas as suas facetas, é a estrutura de medição de desempenho que ele oferece. Ou seja, é muito mais fácil acompanhar o desempenho de uma estratégia, até em tempo real.
E os dados também ajudam muito nisso. Ferramentas de análise de métricas, como Google Analytics, fornecem informações valiosas sobre o engajamento de possíveis clientes e cooperados com uma campanha.
Além disso, os dados tornam possível descobrir e explorar brechas e oportunidades que a cooperativa ainda não tinha percebido.
Aumentar o engajamento dos cooperados e colaboradores
Por fim, você já ouviu falar em Endomarketing? É um tipo de marketing interno, criado para aumentar o engajamento das pessoas dentro da organização, como cooperados e colaboradores.
E o matemarketing também pode ser integrado ao endomarketing de forma simples, mas muito eficaz. Por exemplo, é possível usar ferramentas de engajamento corporativo para descobrir o perfil comportamental dos colaboradores e entender o que os motiva ou desgasta.
Então, é possível usar os insights gerados por esses dados para criar programas de engajamento, mudar a estrutura de bonificações, criar planos de carreira e outras soluções.
Em resumo, é impossível negar a grande importância do matemarketing como metodologia de trabalho no presente e no futuro das cooperativas. O artigo da McKinsey, já citado, chama essa mudança de cenário de “Big Reset”, ou “Grande Recomeço”, indicando que estamos em uma nova era de consumo. Assim, só há duas escolhas: usar os dados ou ser engolido por eles.
Quer saber mais sobre como tomar decisões inovadoras baseadas em dados, não só no seu marketing, mas em todas as áreas da sua cooperativa? Baixe agora o guia prático e saiba como!
E se deseja se aprofundar no matemarketing, recomendamos este vídeo com a participação do especialista e professor de marketing, Romeo Busarello:
Ao todo, 55 startups se inscreveram para solucionar os cinco desafios selecionados no programa
No último dia 23 foram encerradas as inscrições para o programa InovaCoop Conexão com Startups 2ª edição. Agora, as cooperativas vão analisar e selecionar as startups inscritas até o dia 04 de fevereiro. Em seguida, as três startups com as propostas mais assertivas para cada desafio serão convidadas para o bootcamp, que é um período de refinamento e orientação para desenvolvimento das soluções. Aquela que tiver a melhor iniciativa para resolução do desafio será escolhida para uma POC (Prova de conceito), que é uma forma de testar a solução e aprovar a ideia do projeto em baixa escala.
O Conexão com Startup utiliza a inovação aberta a partir de parcerias ou intercooperação para, junto com startups, buscar a melhor solução para os desafios apresentados pelas coops. O objetivo é aumentar a eficiência dos projetos, reduzir custos e riscos, melhorar o retorno sobre os investimentos e ampliar as oportunidade e fontes de receita. Outro ponto importante é que as soluções propostas precisam ter potencial para serem escalados para outras cooperativas, contribuindo para o desenvolvimento da cultura de inovação e consolidando as iniciativas de sucesso. Para saber mais sobre o programa e suas etapas, clique aqui.
Métodos de construção de marca surgem como oportunidades para que cooperativas fortaleçam seus princípios em um mercado sedento por propósitos
O que caracteriza o cooperativismo, acima de tudo, é o seu propósito. Em uma cooperativa, a estrutura organizacional e a atividade econômica têm um fim: a realização de interesses coletivos, através da união de pessoas, trabalhando em prol do bem comum. Diante desse aspecto, um desafio se impõe: como comunicar à sociedade esses princípios?
Os valores intrínsecos das cooperativas são extremamente valiosos. Uma pesquisa realizada pela agência de comunicação InPress Porter Novelli mostra que 90% das pessoas confiam mais em organizações com propósitos. Mais ainda: 88% dos entrevistados dão preferência a instituições que defendem valores, além da busca pelos lucros.
As organizações, contudo, ainda não têm conseguido capitalizar esse movimento por parte dos consumidores. Ainda segundo o levantamento da InPress, somente 6% das empresas avaliadas foram consideradas pela maioria das pessoas como dotadas de propósito.
Outro estudo indicou que 70% dos millennials estão dispostos a gastar mais dinheiro com marcas que apoiem causas que consideram importantes. E não basta apenas viver de imagem, já que as ações são alvo de constante acompanhamento. É preciso fazer.
É diante desse cenário que apresenta uma ferramenta poderosa capaz de transmitir valores e princípios cooperativos a uma sociedade cada vez mais socialmente consciente: o branding, ou gestão de marca.
As cooperativas refletem conceitos que estão sintonizados às novas demandas do mercado de consumo contemporâneo. Capitalismo consciente, valor compartilhado, comércio justo, sustentabilidade, liderança colaborativa e empoderamento criativo são bandeiras que o cooperativismo carrega com orgulho.
O valor da imagem
O cooperativismo é, em essência, um modelo atual e inovador. Ante os novos contextos de visibilidade de marca, se faz necessário consolidar isso também na percepção de sua imagem.
Em e-book produzido em parceria com a Coonecta, o consultor de comunicação Levi Carneiro reflete sobre como o branding pode dar visibilidade e relevância às marcas das cooperativas. A integração entre cooperativismo e branding pode fazer parte de uma estratégia de geração de valor. “O branding tem capacidade e potência para destacar e fortalecer pontos de adequação e relevância do cooperativismo no contexto atual”, escreve Levi.
Afinal, a finalidade do desenvolvimento coerente de uma identidade de marca é, acima de tudo, prover significado. Atrelar uma instituição às causas que ela incorpora.
O cooperativismo não está alheio ao novo panorama. Pesquisa realizada pelo Sistema OCB constata que inovação na área de marketing e comunicação externa é a maior prioridade para a inovação das cooperativas. 60% das organizações afirmam que já implementaram inovações no setor.
Com tantas marcas disputando cada momento da atenção das pessoas, apresentar princípios genuínos condizentes com as práticas corporativas se torna um diferencial. É preciso ser e comunicar o que se é. Os propósitos das cooperativas já estão na essência. O próximo passo é amadurecer esses valores como imagem.
Branding: o que é
Mas, afinal de contas, o que é branding?
Um dos maiores trunfos de uma marca de sucesso é não refletir apenas a instituição tangível que ela identifica, mas também valores, sensações, ideias. A consolidação dessa associação entre a imagem da organização e a percepção de identidade assimilada pelas pessoas exige tempo, planejamento e comprometimento. A esse processo damos o nome de branding.
O blog da Rock Content explica que o conceito de marca não se resume a nome, logotipo e identidade visual. A marca reflete valores e crenças da organização. Pode ser entendida pela forma como o público entende, sente e responde à experiência oferecida.
Em resumo, a marca é apenas a representação da identidade da instituição. É a mensagem que sua imagem transmite. Já o branding é o conjunto de ações estratégicas implementadas para criar e manter uma visão positiva dela na mente do público. Esse objetivo é atingido por meio da associação entre a marca e os princípios que ela representa, exerce e transmite.
Não existe controle total sobre como uma marca é percebida. Por isso, é importante que a estratégia tenha um norte consistente, refletido em valores reais, que persistem no longo prazo.
Levi Carneiro explica que quanto mais consistentemente a organização entrega a postura que sua marca promete, mais relevância e valor ela acrescenta na interação com seus públicos. O trunfo das cooperativas é que elas trazem conceitos valiosos na essência.
A comunicação de ideias como pertencimento e compartilhamento é muito mais forte quando essas crenças compõem as bases fundamentais da entidade. Com o cooperativismo é assim. A razão de ser das cooperativas não precisa ser desenvolvida apenas como estratégia de marketing, pois está lá desde a concepção.
O conceito de pertencimento, por exemplo, é tão impactante que passou a ser explorado pelo Airbnb. Aos usuários, Brian Chesky, cofundador da plataforma, afirma que “a nossa identidade não pode ser separada da de todos vocês”.
Se uma empresa mercantil consegue enxergar como essa ideia consegue conversar com seus usuários, quão contundente pode ser a construção de marca de uma cooperativa que exerce a ideia de pertencimento coletivo desde o seu surgimento?
Branding e cooperativismo
O mundo contemporâneo está cada vez mais marcado pela convivência em ambientes digitais e compartilhados. As marcas se tornam plataformas e buscam formar laços entre as pessoas. E as cooperativas, em sua estrutura de governança e participação, se encaixam nessa lógica de progresso calcado na participação coletiva.
Um estudo que analisa a estratégia de marketing para o crescimento da Cooperativa Agropecuária de Sertão Santana (RS) corrobora esse ponto de vista. Os pesquisadores propõem que a instituição explore sua história integrada à responsabilidade social e desenvolvimento regional para cimentar uma imagem positiva.
A Endeavor, organização de incentivo ao empreendedorismo e à inovação, reforça que o propósito do branding é encorajar a lealdade dos consumidores. O que motiva a perpetuação dessa relação é a compatibilidade de objetivos entre as duas partes.
Cumprir na prática a promessa comunicada pela marca é o que cimenta uma boa reputação. E as cooperativas já cumprem os ideais de solidariedade, desenvolvimento regional, participação comunitária e gestão democrática desde o primeiro passo.
De forma prática, para a especialista em comunicação Vera Caser, o cooperativismo precisa se comunicar a sua natureza socialmente responsável de forma simples. Em parceria com profissionais de comunicação e marketing, as cooperativas devem traduzir e simplificar conceitos para ajudar a sociedade a entender o cooperativismo.
Ela relata como, em parceria com a Sicoob ES, atuou para facilitar a compreensão dos termos técnicos utilizados na divulgação do balanço da cooperativa. Os conceitos mais complexos são explicados no material distribuído nos eventos de prestação de contas aos cooperados.
Segundo ela, existe muito espaço para o crescimento do cooperativismo no Brasil, e isso passa pela consolidação da cultura cooperativista. Algumas medidas são:
- Planejar ações de comunicação cooperativista, estabelecendo objetivos claros
- Estimular a participação dos colaboradores nas ações de marketing
- Explorar o potencial dos canais digitais
Para Rodolfo Araújo, vice-presidente para a América Latina da United Minds, consultoria especializada em branding e transformação organizacional, a preocupação com a marca não deve se limitar às grandes cooperativas.
“Para ampliar a conexão com as pessoas, os líderes devem pensar: o que nós temos de diferente, de único? Qual diferença fazemos na vida das pessoas?”, reflete. Araújo argumenta ainda que a construção de uma marca admirada deve passar pelo engajamento do público interno. Assim, ações estruturadas para o relacionamento com colaboradores e cooperados devem ser pensadas.
A Rede Cooper é um exemplo de reconhecimento pelo público. Foi a partir do desenvolvimento de ações sociais e investimentos na comunidade que a instituição conseguiu ser a cooperativa de consumo mais lembrada pela população de Santa Catarina em 2021.
Case Unimed: propósito e causa
Uma situação peculiar é a da Unimed, conforme relatou, em texto na Aberje, Aline Cebalos, gerente de marketing da Unimed do Brasil. O sistema Unimed é composto por 372 cooperativas singulares, que têm independência em suas ações. Como, então, criar uma marca coerente e única, em meio a tantas nuances e peculiaridades?
Aline responde: com propósito e causa. Sem poder de impor estratégias de comunicação a cada uma das cooperativas do sistema, a Unimed do Brasil aposta na integração. Manter a unidade da marca passa por aderir às muitas nuances e compreender as peculiaridades de uma rede tão ampla.
Na plataforma Em Pauta, por exemplo, as diferentes Unimeds compartilham conteúdos entre si e podem acessar informações relevantes nacionais e regionais. O Prêmio de Comunicação e Marketing Unimed, que reconhece as melhores ações na área praticada pelas entidades regionais, funciona também como exemplo e incentivo aos diferentes membros do grupo.
As medidas têm dado resultado: entre 2015 e 2018, a adoção da Diretriz Nacional de Comunicação da Unimed cresceu de 90,1% para 97% das organizações regionais. E o público responde. A Unimed é, há 29 anos, líder da pesquisa Top of Mind, realizada pelo instituto Datafolha, na categoria plano de saúde.
Colocando o branding em prática
O cooperativismo está presente em ao menos 100 países e reúne quase 300 milhões de pessoas. Só no Brasil, são 15 milhões de cooperados. Sem contar quem não faz parte das instituições, mas convive com quem faz ou consome seus produtos e serviços.
A conexão formada por essa rede de pessoas permite que as cooperativas sintonizem suas marcas e se antecipem às novas necessidades e tendências regionais, ressalta Levi. São instituições que não precisam criar uma comunidade de influência. Ela é a própria comunidade.
Essa dinâmica peculiar permite que o branding de uma cooperativa seja calcado na cultura regional da coletividade em que atua. Uma forma de colocar isso em prática é indicar o local de atividade, inserindo o espírito comunitário das pessoas que formam a cooperativa como um valor preponderante de identidade.
Estratégias de branding
Depois de compreender o valor e a importância da gestão de marca no contexto do cooperativismo, o próximo passo é a aplicação. Neil Patel, um dos maiores especialistas em marketing da atualidade, indica sete importantes estratégias de branding:
- Construção da marca: é onde tudo começa. Primeiro, vem a parte visual, o design do logotipo, a escolha de cores, tipografia e elaboração do manual de marca. É necessário definir os valores, identificar o tom de voz e a linguagem e os canais de comunicação com o público, para que a mensagem seja coerente.
- Ponto de venda: é o local em que o público vai interagir com a instituição e seus produtos. Pode ser em ambiente físico ou virtual.
- Marketing de conteúdo: produzir textos de blog, livros digitais e vídeos, dentre outros formatos, que reforcem posicionamentos e comunique prioridades.
- Redes sociais: é importante estar onde o público está. Muita gente consome conteúdo e comenta experiências com marcas nas redes sociais.
- Marketing promocional: é a disponibilização de pequenos agrados ao consumidor. Pode ser um brinde, uma degustação, a realização de um concurso cultural.
- Marketing de experiência: proporcionar uma jornada ao consumidor que o faça vivenciar algum aspecto da sua marca, como um test drive ou espaço temático, criar laços.
- Endomarketing: olhar para dentro da própria instituição e incentivar a cooperação e o pertencimento dos colaboradores.
Nas cooperativas, nome e símbolo são fatores diferenciais indispensáveis, uma vez que sinalizam o que as diferenciam de outras organizações. Fazer menção ao cooperativismo na denominação ou no logotipo já é um fator que afeta a percepção da imagem da instituição.
Os símbolos históricos do cooperativismo, como os pinheiros dentro de um círculo ou o ícone formado pela palavra ‘coop’ entrelaçada, transmitem valores desde o primeiro contato com a marca. A mensagem é efetiva e tem poder de influenciar na escolha das pessoas. “É como se fosse um selo de origem, uma denominação especial, uma marca registrada: isto é uma cooperativa”, afirma Levi Carneiro.
O marketing de conteúdo pode ser mais uma ferramenta para ratificar a associação da instituição aos princípios do cooperativismo. Contar a história e explicar a cultura do setor é um meio de criar laços e agregar valor.
O alicerce democrático que constitui as cooperativas desde o núcleo primordial coloca todos os participantes como responsáveis pela gestão de marca. Isso faz com que a implementação de práticas de endomarketing sejam mais peculiares. Afinal, cada cooperado tem poder nas decisões.
Levando em conta a natureza participativa das cooperativas, todos devem agir de acordo com os ideais, constituindo um corpo de defensores e propagadores da marca e o que ela representa. Essa grande rede de apoio se desenha como uma arma poderosa para a evolução gradativa do branding.
Comunidade também é marca
No livro Marketing Social e Ético nas Cooperativas, Helnon de Oliveira Crúzio defende que as instituições devem aliar a estratégia de marketing à promoção de seus valores. Desenvolvimento social, político e econômico de associados, empregados e membros da comunidade local devem ser elementos prioritários na gestão da marca.
No fim das contas, explica Crúzio, a marca é o que faz a diferença de uma entidade em relação à sua concorrência. Marca é a promessa de fornecer produtos ou serviços levando em conta os atributos e benefícios. E, em uma cooperativa, ela pode ainda significar algo a mais: a personalidade de seus cooperados.
Conclusão
O meio digital hiperconectado proporcionou novos mecanismos para a elaboração de branding. Cada nova plataforma fornece uma nova possibilidade de contato entre a marca e um usuário cada vez mais autônomo e com voz ativa para elogiar e criticar.
A Rock Content explica: os consumidores agora participam da construção da reputação de marca. Inevitável, essa dinâmica é uma faca de dois gumes.
Os meios digitais potencializam a visibilidade das marcas e democratizam o alcance de organizações que produzem conteúdos de qualidade. Paralelamente, deslizes ganham proporções imprevisíveis e a fidelidade do cliente se pulveriza.
Uma marca potente e bem trabalhada em suas virtudes tem potencial de contribuir para o crescimento no longo prazo. A consolidação da ligação entre imagem corporativa e princípios valorizados pela sociedade se apresenta como um ativo de valor inestimável.
Mais do que prover produtos e serviços, as instituições precisam convencer que estão gerando valor à sociedade. Nessa corrida, as cooperativas já largam na frente. O propósito de uma marca se constrói de dentro, e isso o cooperativismo já tem.
As novas demandas da sociedade conectada emergem em velocidade alucinante, e pode ser difícil estar sempre a par das tendências mais recentes. O branding se apresenta tanto como um desafio quanto como uma oportunidade para as cooperativas. Adaptação é inovação.
Em meio às dificuldades impostas pela incessante necessidade de se readequar, o cooperativismo traz um bem valioso para moldar uma marca poderosa: a autenticidade.