Acelerada pela pandemia, a transformação digital alterou padrões de consumo e as cooperativas devem ficar de olho para se adaptar aos novos comportamentos
Vive-se uma era de mudanças constantes, e não é diferente quando o assunto é a lógica de consumo. Os hábitos dos consumidores, que já se alteravam a um bom ritmo devido à transformação digital e acesso às novas tecnologias, foram fortemente afetados pela pandemia.
Com a necessidade de as pessoas se adaptarem aos comportamentos dos tempos pandêmicos, muitas tendências que já estavam em curso foram impulsionadas e consolidadas. O e-commerce, por exemplo, já era uma realidade, mas o isolamento social tornou-o cada vez mais amplo e prevalente. E a queda das restrições não interrompeu esse movimento.
Novos contextos sociais, comportamentais e tecnológicos são fatores que convergem para impulsionar a mudança no perfil do consumidor do amanhã. Diante desse cenário, as cooperativas devem ficar de olho para compreender as tendências do mercado e as demandas do público. Dessa forma, conseguem evoluir mais rapidamente em resposta a essas mudanças.
Consumidor do amanhã cada vez mais tecnológico
A agência The Keenfolks, especializada em acelerar o desempenho comercial por meio da transformação digital, argumenta que as novas tecnologias empoderam os consumidores. Com o crescimento da conectividade à internet, o público tem a disponibilidade de acessar um volume muito grande de informações e comparar concorrentes.
Outra consequência é que, usando as redes sociais, os consumidores ganharam voz e novos canais de comunicação com as marcas. Assim, avaliações e opiniões reverberam com maior facilidade - e impacto.
A partir dessa lógica, a agência identificou 3 efeitos da tecnologia nos hábitos de consumo - e como os negócios podem lidar com isso. Confira:
1. Os consumidores estão mais conectados
Com seus smartphones, os consumidores podem fazer pesquisas sobre os produtos, perguntar detalhes aos vendedores e realizar compras sem sair de onde estão. Dados do Centre for Economics and Business Research indicam que, no Reino Unido, as pessoas gastam quase 23 bilhões de euros por ano em compras que fazem enquanto estão no transporte público.
Os pesquisadores descobriram que 43% das pessoas que participaram do estudo fizeram ao menos quatro compras por mês enquanto se locomoviam pelo transporte público.
Outro resultado dessa hiperconexão é que as pessoas estão usando as mídias sociais para pesquisar sobre os produtos antes de concluir uma aquisição. Mais da metade dos consumidores têm esse hábito.
- Como adaptar os negócios: para aproveitar essa mudança no comportamento dos consumidores, é vital que as marcas utilizem dados com inteligência e efetividade. As companhias precisam entender as demandas e desejos dos consumidores. Assim, conseguem se comunicar melhor, exercendo uma presença digital forte.
2. Os consumidores usam múltiplos aparelhos
Celulares, computadores, tablets, relógios inteligentes, smart TVs… A variedade de produtos conectados não para de crescer. Estima-se que mais de 90% dos internautas usem mais de um aparelho para completar alguma tarefa online.
A pessoa pode conhecer um produto na televisão, pesquisar sobre ele pelo celular e efetuar a compra acessando o computador, por exemplo. Por isso, é necessário apresentar a mensagem adequada a cada situação, segmentando não só o perfil da audiência, mas a plataforma que ela está utilizando naquele momento.
- Como adaptar os negócios: a omnicanalidade - ou seja, presença em diversas plataformas, físicas e virtuais - é um fator importantíssimo para entregar uma jornada de compra positiva, com os estímulos adequados a cada dispositivo de acesso. Compradores que se relacionam com um produto em múltiplas plataformas são mais propensos a efetuar a aquisição.
3. Os consumidores têm expectativas mais altas
Com o aumento na concorrência e, consequentemente, competitividade, os consumidores esperam maior qualidade dos produtos e serviços. Ficou mais fácil comparar o atendimento oferecido dentre marcas concorrentes.
Além disso, agora o público espera ser atendido de maneira mais personalizada, respeitando seus horários e hábitos. Os efeitos de uma experiência ruim podem ser graves: 74% das pessoas já trocaram de marca porque o processo de compra estava sendo muito complicado.
- Como adaptar os negócios: a solução para encarar essa situação pode estar justamente na adoção de ferramentas tecnológicas. Chatbots, por exemplo, ficam disponíveis 24 horas por dia e são capazes de solucionar problemas mais simples sem necessidade de intervenção humana.
As principais tendência sobre o consumidor do futuro
O futuro dos negócios é uma preocupação que chama a atenção dos principais nomes da economia mundial. Não é por acaso que diversas consultorias realizam estudos buscando antecipar as tendências sobre o comportamento dos consumidores do futuro.
Empresas como PwC, Euromonitor International, Ilegra e EY realizaram estudos que trazem tendências de inovação, consumo, design e também softwares. Para facilitar, compilamos algumas das tendências para te ajudar a entender o que podemos esperar nos próximos anos (ou menos). Confira:
Demanda pela sustentabilidade
Cada vez mais pessoas estão mantendo um estilo de vida que visa a reduzir a pegada de carbono. A consciência ambiental está se tornando uma parte mais e mais importante na lista de prioridades dos consumidores. E eles esperam que as marcas também estejam preocupadas com o meio ambiente.
Com o crescimento da prevalência dessa mentalidade, as pessoas estão demandando produtos com neutralidade de carbono e processos de produção limpos e transparentes. A “ansiedade ecológica” em relação às mudanças climáticas está fazendo com que fatores ambientais sejam levados em conta para as decisões de consumo.
As gerações mais jovens, em especial, sentem que suas escolhas fazem a diferença para o futuro do planeta. E as marcas que atendem essas aflições obtêm vantagem competitiva, uma vez que a pressão desses consumidores se reflete nos investidores e reguladores.
Idosos digitais
O consumidor do amanhã não fica restrito apenas aos mais jovens. Pelo contrário, na verdade. A população com mais de 60 anos está crescendo e ficando cada vez mais conectada. Familiarizados com soluções tecnológicas, esse público está aderindo a serviços online que os ajudam na vida diária. Além de fazer compras, essas pessoas usam a internet para socializar, consultar exames de saúde e gerir as finanças.
Com o aumento da expectativa de vida, esse público está crescendo. Até 2040, o mundo deve ter mais de 2 bilhões de pessoas na terceira idade. Esse grupo é maioria entre as pessoas de alta renda, e otimizar os negócios para atender aos hábitos desse público é fundamental para capturar o poder de compra deles.
Busca por paixões
As pessoas estão priorizando mais o tempo que têm para si. O balanço saudável entre trabalho e vida pessoal é um objetivo que guia as decisões. O tempo dedicado ao lazer e às conquistas pessoais está aumentando. Os limites entre vida pessoal e profissional estão sendo fortalecidos.
Com isso, o volume de consumidores que prefere gastar seu dinheiro com experiências em vez de objetos segue numa curva crescente. Eles estão dando preferência para marcas que corroborem esses princípios e apresentam propósitos.
Mais receptividade e menos lealdade
Desde o início da pandemia, os consumidores começaram a dar mais chances para novas marcas, escolhendo-as com base em conveniência e confiança. Assim, a capacidade de atender pedidos online de forma eficiente se apresentou como um diferencial para a decisão desse comprador.
Outro fator que afeta a lealdade às marcas está na percepção de que elas buscam mais do que apenas o resultado financeiro, mas também possuem propósitos - o que as cooperativas têm de sobra, não é mesmo?
Foco no amor próprio
Autoaceitação e autocuidado estão se tornando fatores protagonistas nos hábitos de consumo. Esses consumidores dão prioridade à felicidade e conforto, consumindo produtos e serviços que elevam o bem-estar.
Essas pessoas investem em cuidados com a mente e o corpo. Também estão aceitando gastar mais em produtos de maior qualidade que lhes dê satisfação pessoal e sejam consonantes com suas identidades.
No longo prazo
Pensando de forma ainda mais distante no tempo, a Euromonitor elaborou um relatório apresentando insights sobre o futuro do comércio em 2040. Confira algumas das reflexões:
- Consumidores do futuro anseiam por mais experiências únicas
- Casas automatizadas têm apelo aos consumidores que desejam simplificar a vida
- Clientes ainda consomem em lojas físicas, quando querer ver ou experimentar os produtos
Antecipar tendências
A busca por tentar entender os cenários futuros a fim de antecipar os desafios passa pela tarefa de encontrar, interpretar e decifrar tendências. No InovaCoop, estamos sempre atentos a às movimentações e mudanças que afetam os negócios do cooperativismo. Tanto que já produzimos este texto explorando as tendências de consumo que impactam diretamente as cooperativas.
Como a tecnologia é um fator central nas mudanças de comportamento dos consumidores, você também pode conferir nosso e-book Transformação Digital: as principais tendências tecnológicas que prometem afetar os negócios. Comunicação e marketing são partes importantes no processo, e também tratamos delas.
A importância dessa tarefa é tanta que há profissionais que estudam e se dedicam a entender melhor esses fenômenos. Por isso, ainda desenvolvemos o curso online de pesquisador de tendências.
Conclusão
A atualização constante dos negócios se tornou mandatória em tempos de mudanças frequentes. Esse é um desafio complexo, mas inevitável.
As novas gerações estão ingressando no mercado consumidor com sua cultura, seus padrões de comportamento e hábitos de consumo. Ao mesmo tempo, a transformação digital e a pandemia impactaram a forma com que as pessoas realizam suas compras. Muita gente precisou aprender e se acostumar ao comércio digital.
Para que consigam se manter competitivas, as cooperativas precisam ficar atentas às tendências de mercado. A inovação é fundamental para esse processo. Quem não se atualizar vai correr o risco de que seus modelos de negócios fiquem obsoletos.
Conforme o mundo muda, o consumo se transforma. A inovação é a principal forma de entender e atender as demandas do consumidor do futuro.
Em tempos de Big Data, os dados são abundantes. Eles podem ser grandes aliados na hora de tomar decisões - mas, para isso, é importante saber como utilizá-los
A transformação digital traz consigo o aumento exponencial da geração de dados. As informações são cada vez mais abundantes e complexas. Na economia moderna, dados não faltam. A questão é: como tirar o melhor proveito deles? E a resposta está na construção de uma cultura de dados.
O levantamento Data Never Sleeps, realizado pela Domo, deixa bem evidente o quão massiva é a quantidade de informações geradas ou trocadas. Por exemplo, a cada minuto o Twitter recebe 575 mil novas postagens e mais de 65 mil fotos são postadas no Instagram. Nesse mesmo período, mais de 6 milhões de pessoas compram algo pela internet. Ou seja, toda interação digital cria dados.
Tamanha profusão de informações geradas a todo instante pode ser utilizada para otimizar a tomada de decisão dentro das cooperativas. É desse princípio que consiste a gestão data driven - ou gestão baseada em dados.
Benefícios de uma gestão orientada por dados
Tomar decisões com base na análise de dados é o “novo normal”, descreve a consultoria Deloitte. E os benefícios são vários, por exemplo:
- Assertividade na tomada de decisões: dados são capazes de estabelecer bases para a melhor tomada de decisões em situações sensíveis. Companhias que fazem escolhas municiadas por informações de qualidade têm uma probabilidade 19 vezes maior de serem lucrativas do que aquelas que são administradas somente por experiência e instinto.
- Sinergia entre os setores da cooperativa: a utilização de dados tem o potencial de deixar a cooperativa mais integrada, conectando os diferentes setores internos. O compartilhamento de informações entre diversas áreas é benéfico para a organização como um todo.
- Visão clara de desempenho e resultados: o levantamento de dados refinados e complexos melhora a avaliação de desempenho e a análise dos resultados da cooperativa. Assim, é possível obter diagnósticos precisos dos problemas na operação e, por outro lado, visualizar mais oportunidades de crescimento.
- Otimização de custos: quando a cooperativa tem um diagnóstico preciso de suas forças e fraquezas, o direcionamento de recursos é mais efetivo. Processos custosos de tentativa e erro perdem espaço.
- Prevenção de falhas: analisando os dados, a cooperativa consegue enxergar falhas antecipadamente, antes que elas resultem em danos e prejuízos. Dessa forma, as medidas de correção e prevenção são mais rápidas.
De fato, os dados são grandes aliados na hora de fazer escolhas estratégicas na gestão das cooperativas. Para executar uma gestão data driven, contudo, se faz necessário criar uma cultura organizacional que privilegie as decisões subsidiadas por informações de qualidade, e não por mero instinto.
Por isso, listamos 5 etapas importantes para você iniciar uma cultura de dados na sua cooperativa. Boa jornada!
1. Conheça ferramentas
Para conseguir tratar e extrair o melhor proveito desses dados, a solução é desenvolver e aprimorar as técnicas de análise. O International Data Corporation (IDC) revela que os gastos mundiais em soluções de Big Data e Analytics fecharam em 2021 com mais de 215 milhões de dólares.
Isso representa um aumento de 10,1% em relação ao ano anterior - e o crescimento não vai parar. A entidade prevê que, até 2025, o investimento aumentará 12,8% ao ano. A gestão das cooperativas tem muito a ganhar com tantas informações disponíveis.
Mas quais as ferramentas e soluções disponíveis?
Em nosso guia prático sobre como tomar decisões baseadas em dados, explicamos que há um arsenal de recursos tecnológicos usados para transformar os dados brutos em informação relevante. Tais quais:
- Big Data e Analytics: processamento e análise de grandes volumes de dados para usá-los durante a tomada de decisão em processos estratégicos.
- Internet of Things: a internet das coisas se refere a uma rede que conecta itens diversos, como carros e eletrodomésticos, por exemplo.
- Data Mining: a mineração de dados aborda as formas de encontrar padrões a partir de quantidades massivas de informações.
- Machine Learning: as máquinas conseguem evoluir e aprender sozinhas para oferecer resultados melhores para as instituições.
Todo esse campo é chamado data science - ou ciência de dados. É ele que permite, por exemplo, entender tendências de comportamento. Com isso, é possível desenvolver produtos adequados a seu público. Saiba mais sobre data science neste post, aqui no InovaCoop.
2. Construa uma mentalidade de dados
A maior barreira para aplicar os dados na gestão de uma organização não está na tecnologia, mas sim na cultura organizacional. Não basta criar uma boa estrutura informatizada. As ferramentas que apresentamos apenas descobrem padrões e evidenciam informações. No fim, as decisões ainda são tomadas por seres humanos.
Por isso, a cooperativa que quer praticar uma gestão baseada em dados precisa trabalhar seus líderes, cooperados e colaboradores dentro dessa mentalidade. É fundamental que todos entendam a importância dos dados e sejam treinados para interpretá-los e empregá-los com eficácia.
Contudo, é válido salientar: as decisões não podem ser tomadas com base exclusiva nos dados. Por melhor que sejam os algoritmos, nem tudo pode ser parametrizado - emoções, por exemplo.
A transformação cultural
A construção de uma cultura de gestão baseada em dados deve ter o foco no desenvolvimento de uma mentalidade analítica. No Harvard Business Review, o gestor de análise de dados David Waller explicou que a iniciativa deve vir de cima para baixo, começando pelas lideranças da organização. O incentivo é feito por meio do exemplo.
Waller reforça a importância do fator humano para essa tarefa. Ao apontar o papel dos cientistas de dados, ele recomenda que esses profissionais precisam estar integrados a todas as áreas da instituição. Dessa forma, une-se o conhecimento técnico sobre o tratamento de dados e o conhecimento especializado dos gestores dos diferentes setores da cooperativa.
Outro passo desse processo é fornecer treinamento especializado aos colaboradores - mas na hora certa. Especializar os trabalhadores cedo demais pode ser um problema - afinal, o que não é praticado acaba sendo esquecido.
Por fim, o especialista também aconselha a criação do hábito de explicar as escolhas tomadas após a análise de informações. Os dados podem ser interpretados de diferentes maneiras; não vai haver sempre uma “resposta correta” universal. Raciocinar quais são os motivos de uma decisão ajuda a dar consistência a ela.
3. Use dados de forma integrada por toda a cooperativa
A tarefa de analisar, interpretar e utilizar os dados deve fazer parte de todas as áreas da cooperativa, e não somente dos profissionais envolvidos com tecnologia. Gestores e colaboradores de todos os setores tomam decisões melhores quando estão aptos a empregar dados em suas tarefas.
Para que isso seja possível, os dados devem estar disponíveis a todas as áreas da cooperativa. Informações coletadas por um setor podem contribuir para outros setores. Quando não há integração na disponibilização de dados, muitos gestores podem deixar de ter acesso a informações importantes, que ajudariam em suas decisões.
Matemarketing
Um exemplo de área que tem muito a ganhar ao utilizar os dados é o marketing. Informações coletadas por diversas áreas da cooperativa podem municiar as iniciativas desse setor. E há até um campo específico que usa técnicas de análise científica, como a estatística, em prol da atração e conversão de clientes: o matemarketing.
A pandemia tornou essa área ainda mais importante, com as mudanças que o período provocou nos hábitos dos consumidores. Segundo a Mckinsey, de março a agosto de 2020, um em cada cinco clientes trocou de marca e sete em cada dez testou novos canais de compras.
Produzimos, aqui no InovaCoop um conteúdo focado nas técnicas de matemarketing. Nele, explicamos, por exemplo, quais são os cinco passos para começar a aplicar a técnica na sua cooperativa. Veja:
- Conhecer o arsenal da análise de dados
- Investigar padrões de comportamento nos dados
- Definir um projeto a longo prazo
- Começar pequeno
- Designar uma equipe para implementar o projeto
O matemarketing pode ser muito valioso para atrair novos clientes, entender melhor o seu público alvo, acompanhar o desempenho das estratégias de comunicação e aumentar o engajamento de cooperados e colaboradores.
Para entender a fundo como colocar o matemarketing em prática, leia o post clicando aqui!
4. Conheça a LGPD e respeite a privacidade
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em setembro de 2020, buscando dar mais segurança no uso de informações pessoais por parte das empresas. Na era digital, os dados são fundamentais para a geração de valor, mas o público passou a demandar que eles fossem colhidos e utilizados com transparência e ética.
Com o advento da LGPD, o consentimento do cidadão é a base para que dados pessoais possam ser tratados. A legislação empodera os usuários em relação a suas informações. É possível solicitar que dados sejam deletados, revogar um consentimento e transferir dados para outro fornecedor de serviços.
Neste texto, nos aprofundamos na discussão sobre a LGPD e trouxemos alguns impactos que a regulamentação pode ter nas cooperativas.
Adaptando a cooperativa à LGPD
As mudanças impostas pela LGPD requerem que uma série de práticas sejam readequadas em conformidade com as obrigações previstas na legislação. Para facilitar esse processo, produzimos o e-book LGPD no cooperativismo: como se adaptar.
Para atualizar o tratamento de dados em conformidade à LGPD, a cooperativa deve analisar seus processos operacionais, organizacionais e contratuais sob a ótica jurídica. Assim, poderá identificar pontos no processo que não seguem as demandas da legislação e ajustá-los.
Deve-se também inserir uma rotina de treinamentos para conscientização da equipe quanto à importância da adoção das boas práticas recomendadas e das medidas delineadas no programa de governança.
Uma nova função
Outra consequência da LGPD foi a criação de uma nova função: o Data Protection Officer (DPO), encarregado pela proteção de dados pessoais dentro da instituição.
Sua missão é garantir a segurança das informações tanto de clientes e cooperados quanto da própria cooperativa, conforme as determinações da legislação. Veja nosso texto explicando os atributos, atribuições e funções do DPO.
Midata: cooperativa gerencia dados de saúde
Poucos tipos de dados são tão sensíveis quanto dados médicos. Ainda assim, plataformas e tecnologias dedicadas à medicina em geral se apropriam dos dados inseridos e gerados pelos usuários, com pouca transparência sobre qual será o uso dessas informações. O resultado é a exploração comercial desses dados sem conhecimento dos usuários.
Desse contexto, surgiu a Midata Cooperative, na Suíça, em 2015. O objetivo da coop é atuar como uma fiduciária para a coleta de dados e garantir a soberania dos cidadãos sobre como suas informações pessoais são usadas.
Saiba mais sobre a história e a operação da Midata no Radar da Inovação!
Conclusão
Os dados são aliados poderosos para a gestão da inovação. A partir deles, sua cooperativa poderá antecipar tendências, identificar oportunidades de negócios e aprimorar os produtos e serviços.
A cultura de dados impulsiona, normatiza e difunde o uso de informações concretas e assertivas durante todos os processos de operação da cooperativa. Com isso, ela terá maior capacidade de se tornar protagonista no ecossistema de inovação.
Durante a Semana da Competitividade, organizada pelo Sistema OCB, a palestrante Mary Balestra, diretora global de negócios do Grupo Stefanini, explicou que os dados são essenciais para a proposição de práticas inovadoras.
Tais informações, contudo, precisam ser coletadas e analisadas de forma cuidadosa e qualificada. A legislação e o público estão exigindo que os dados sejam obtidos e utilizados de forma ética e transparente. “A inovação não é poder. O poder é o compartilhamento responsável”, argumentou Balestra.
Modelo ainda está amadurecendo no país, mas iniciativas atuam para fomentá-lo em meio à transformação digital em busca pela inovação
O cooperativismo de plataforma surgiu como uma resposta aos efeitos da ascensão de serviços ligados à economia do compartilhamento. Diversos atores desse modelo, como Uber, Airbnb e iFood, colocaram as plataformas como protagonistas da economia global. E embora tenham sido disruptivas, elas também originaram uma série de questionamentos éticos.
O quesito mais evidente está no crescimento da gig economy e os seus impactos nas relações de trabalho. Em teoria, as plataformas concedem um ambiente mais flexível aos trabalhadores, já que não há vínculo empregatício. Na prática, contudo, elas contribuíram para o crescimento dos empregos informais.
Foi nesse contexto que o professor Trebor Scholz, da universidade The New School, de Nova York, cunhou o conceito de cooperativismo de plataforma. A proposta é de um modelo de mudança estrutural na economia do compartilhamento, colocando os trabalhadores em posse das plataformas. O acadêmico publicou um livro-referência e lidera um consórcio sobre o tema.
Cooperativismo de plataforma no Brasil
No Brasil, o InovaCoop já publicou posts, cases e e-book para disseminar o cooperativismo de plataforma (confira ao final deste texto). Além disso, já surgiram iniciativas de incentivo, conteúdo e pesquisa sobre o modelo, como:
Em 2019, quando veio ao Brasil para palestrar no 14° Congresso Brasileiro de Cooperativismo (CBC), organizado pelo Sistema OCB, Scholz falou sobre o potencial do modelo no país:
“O Brasil é um dos países mais propícios para as cooperativas de plataforma. O Consórcio para o Cooperativismo de Plataforma adoraria apoiar o desenvolvimento das cooperativas brasileiras ajudando a coordenar seu crescimento por meio da cooperação internacional”, declarou à época.
O avanço por dois caminhos
Rafael Zanatta, mestre pela Faculdade de Direito da USP e diretor da Associação Data Privacy de Pesquisa, é um dos principais estudiosos sobre o cooperativismo de plataforma no Brasil. No artigo acadêmico “Platform Cooperativism in Brazil: dualities, dialogues and opportunities”, Zanatta analisou o desenvolvimento do modelo no país.
O estudo argumenta que o cooperativismo de plataforma no Brasil avança em duas frentes: uma institucionalizada e outra não-institucional. A primeira delas se dá no setor cooperativista institucionalizado, que opera de forma estruturada. Zanatta menciona, inclusive, o InovaCoop como exemplo deste ambiente.
Dentro desse contexto, o cooperativismo de plataforma é percebido como um impulsionador da inovação e uma oportunidade de gerar novos negócios para as cooperativas. Dando sequência a essa visão, as coops estão desenvolvendo soluções para atuar em setores em que o cooperativismo já é presente.
Assim, as plataformas se apresentam como um meio de reinvenção do cooperativismo em mercados importantes para o setor, como os ramos de crédito, agricultura, transporte e saúde.
Proposta com foco na modernização
No documento Propostas para um Brasil mais cooperativo 2023-2026, a OCB defende que o futuro do setor passa pelo apoio e estímulo ao cooperativismo de plataforma. O modelo se mostra uma opção sustentável para as novas tendências de se trabalhar em rede, conectando pessoas e as colocando no centro dos negócios.
Com isso, o cooperativismo de plataforma apresenta como vantagens a autogestão e a valorização dos trabalhadores. Assim, eles se tornam “donos dos seus próprios negócios, seja nas plataformas de compras coletivas ou na oferta de serviços por aplicativos”, argumenta o texto.
Para que o modelo possa ser potencializado, contudo, é preciso criar a possibilidade de admitir investidores-anjo em startups cooperativistas, propõe a OCB. A participação de cooperativas em sociedades não-cooperativas também é uma possibilidade a ser estudada para promover o cooperativismo de plataforma.
Outros caminhos
Como consequência dessas restrições legais ao investimento externo, Zanatta também relata o surgimento da segunda frente do cooperativismo de plataforma no Brasil, sem ligações institucionais oficiais.
A rede de apoio a essas instituições é liderada por coletivos e apoiado por organizações filantrópicas. Essas instituições ganharam força com a luta contra a gig economy, ou “uberização do trabalho”.
Os impulsos ao modelo
Em entrevista ao InovaCoop, Zanata argumenta que, no contexto de 2022, o cooperativismo de plataforma encontra três fatores impulsionadores no Brasil:
- Exaustão moral com os modelos de negócios de gigantes como Rappi, Amazon, Uber e iFood: “Há uma crítica persistente da sociedade e episódios como o monitoramento de lideranças, como o feito pela iFood, desperta ainda mais interesse por plataformas que possuem conexão com valores do cooperativismo, como dignidade do trabalhador, participação e democracia econômica”.
- Surgimento de políticas públicas locais de fomento ao cooperativismo: “Nós estamos vendo isso em São Paulo, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em muitas outras cidades. Há um crescente incentivo local ao cooperativismo de plataforma e isso tende a se intensificar com políticas públicas mais estruturadas, inclusive as de facilitação ao crédito”.
- Processo de maturação de alguns projetos e experimentos iniciados entre 2019 e 2020: “Especialmente após os incentivos dados pelas Escolas de Cooperativismo, pela OCB e por projetos como InovaCoop. Agora vamos começar a ver algumas conexões entre novos empreendimentos e mercados preexistentes, como no caso de coops que oferecem serviços de software as a service em setores como transporte, logística e saúde”.
Os principais desafios atuais
Em seu artigo, Zanatta também discorreu sobre as maiores barreiras enfrentadas para o crescimento do cooperativismo de plataforma. Novamente, ele destaca as restrições regulatórias enfrentadas pelo setor em relação às possibilidades de investimento. Isso gera grandes dificuldades operacionais para financiar novas iniciativas de plataforma.
Outro argumento é que as cooperativas podem ter dificuldades para praticar atividades intermediárias digitais complexas, como gestão de dados, programação e marketing. Para o sucesso de uma plataforma, elas são tão necessárias quanto a atividade-fim da coop.
Devido às restrições de financiamento, o desenvolvimento das plataformas acaba restrito às cooperativas de grande porte, sobretudo as que atuam nos ramos de crédito, saúde e agronegócio. Coops de menor escopo, contudo, não conseguem acompanhar o ritmo, dificultando o amadurecimento do modelo de negócio.
Ainda assim, nota o pesquisador, as cooperativas preferem manter o modelo de negócios dentro do cooperativismo, em termos legais e regulatórios.
Iniciativas
Mesmo com as dificuldades, surgem iniciativas que buscam dar vida ao cooperativismo de plataforma:
Ciclos (Sicoob ES)
No Radar da Inovação, contamos a história da Ciclos, uma cooperativa de plataforma gestada pela Sicoob Central do Espírito Santo em seu hub de inovação. A Ciclos atua nos setores de infraestrutura, consumo e serviços.
O desenvolvimento da plataforma contou com a participação da empresa de tecnologia MindTec, que já prestava serviços à cooperativa, e da startup CleanClic, também oriunda do hub. A OCB estadual também deu apoio para a criação da Ciclos.
A cooperativa disponibiliza o acesso a três diferentes serviços:
- Planos de saúde
- Planos de telefonia e dados
- Energia limpa
Diante do sucesso, a coop almeja inaugurar um marketplace para conectar seus cooperados e expandir a atuação para outros estados.
PODD (Coopertran)
O aplicativo PODD (Pay On Demand) é uma iniciativa da cooperativa de transportes mineira Coopertran, surgida a partir da insatisfação dos motoristas com os modelos praticados pelas grandes plataformas de transporte individual.
“Hoje, os motoristas trabalham para o aplicativo. O PODD fará o aplicativo trabalhar para os motoristas”, argumentou José Aparecido Ferreira, então diretor-presidente da Coopertran, em 2020.
O PODD começou a operar em 2020, na região de Grande Vitória, no estado do Espírito Santo. Contudo, devido aos impactos da pandemia, precisou interromper as atividades no ano seguinte.
Futuro do Ramo
Fernando Lucindo, advogado especialista em direito cooperativo e digital, acredita que o amadurecimento das cooperativas de transporte passa pelo cooperativismo de plataforma.
“Veja o quanto do mercado em geral têm sido absorvido pelos negócios baseados em plataformas. Temos um caminho a percorrer, principalmente as cooperativas tradicionais. Reverbero: a transformação digital deve estar no plano estratégico das cooperativas, que devem investir na educação, inovação e cultura digital. Devem estar abertas para as rupturas de modelos que se apresentam”, reflete.
Eventos
O Brasil também será protagonista de eventos que buscam divulgar, discutir e apresentar propostas para a disseminação do cooperativismo de plataforma no país. Essa é mais uma amostra de que o modelo está passando por um processo de amadurecimento. Veja eventos sobre o tema para colocar na agenda:
- Cooptech: organizado pela Coonecta, o Cooptech 2022 será realizado dentro do WCM Expo, entre os dias 17 e 18 de outubro, no Minascentro, em Belo Horizonte. Com foco em inovação, o cooperativismo de plataforma e a transformação digital estão entre os destaques das apresentações.
- Owning the Future: fruto de uma parceria entre o Platform Cooperativism Consortium e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio), irá discutir como escalar sustentavelmente as cooperativas de plataforma do sul global. A conferência ocorrerá entre os dias 4 e 6 de novembro, no Museu do Amanhã, na capital fluminense.
Momento-chave
Para Victor Barcellos, pesquisador do Departamento de Mídias do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, “o ano de 2022 é um momento-chave para o cooperativismo brasileiro, especialmente porque as cooperativas de plataforma estão mostrando seu potencial de escalabilidade e inovação”.
“Trazer a Conferência Anual do Cooperativismo de Plataforma pela primeira vez para o Sul Global é um marco histórico capaz de aumentar a consciência sobre o cooperativismo de plataforma no país, além de conectar atores estratégicos - cooperativas, gestores públicos, empreendedores e acadêmicos - para a criação de uma economia digital solidária. O ITS está acompanhando esse movimento e empenhado em fomentar esse debate com os diversos setores da sociedade”, declarou ao InovaCoop.
Em foco
Além disso, Rafael Grohmann, coordenador do DigiLabour, participou do Global Perspectives on Platforms and Cultural Production, no dia 1° de junho. Na conferência híbrida organizada pela Universidade de Amsterdam, Grohmann apresentou seu trabalho Click Farm Platforms and Instagram Content Creators in Brazil: Infrastructures and Work Practices.
Ao redor do mundo
Se no Brasil o modelo ainda está em estágio de amadurecimento, há iniciativas que colocam o cooperativismo de plataforma em prática, em diferentes lugares do planeta. Veja essas histórias que contamos no Radar da Inovação:
- Na Driver’s Seat Cooperative, os motoristas são remunerados pelos dados gerados a partir das corridas realizadas
- A cooperativa Suíça Midata Cooperative atua desde 2015 compartilhando dados de tratamentos com o controle dos pacientes.
- A francesa CoopCycle foi criada para apoiar entregadores de aplicativos que usam a bicicleta como veículo para fornecer infraestrutura tecnológica e originar novas cooperativas.
- Na Grã-Bretanha, a Eccoo foi idealizada para colocar em contato profissionais e pessoas que precisam de cuidados especiais em seu dia a dia.
- A Smart Coopérative, plataforma Belga de cooperativas para autônomos, reúne 35 mil associados de 40 cidades, em nove países europeus.
Conclusão
Segundo Gustavo Mendes, fundador da Coonecta, o cooperativismo de plataforma está, gradativamente, ganhando espaço no Brasil. Ele acredita que o modelo precisa ser analisado como um ecossistema, e não apenas por meio de iniciativas singulares.
Mendes argumenta que o cooperativismo de plataforma precisa de um ambiente favorável ao seu crescimento. A criação desse ambiente passa por iniciativas de entidades setoriais - como o InovaCoop, da OCB -, realização de eventos, interesse das universidades e impulso de empresas mercantis, como a Coonecta.
O atual cenário é positivo, mas ainda há onde evoluir. “As grandes cooperativas poderiam olhar esse assunto com um pouco mais de atenção. Elas têm olhado muito para conexão com startups mercantis, o que é importante, mas poderiam também olhar para a conexão com startups cooperativas que têm modelos inovadores”, reflete.
Gustavo Mendes conclui: “a partir do momento em que todo o ecossistema apoiar esse surgimento de cooperativas de plataforma, vai ser natural que elas surjam”.
Mais cooperativismo de plataforma no InovaCoop
Como vimos, o cooperativismo de plataforma se apresenta como uma das principais faces da inovação dentro do ambiente cooperativista. Com esse modelo, as cooperativas se adaptam às demandas de uma nova economia, levando a cultura cooperativa ao mercado moderno, tornando-o mais ético e participativo.
No Brasil, o cooperativismo de plataforma ainda é incipiente, mas está crescendo. O estudo sobre o modelo cresce, assim como as iniciativas para seu fomento. Enxergando essa tendência, o InovaCoop já produziu diversos conteúdos com foco no tema. Confira e fique por dentro do futuro do cooperativismo!
- O que é cooperativismo de plataforma
- Desafios e oportunidades do cooperativismo de plataforma, segundo Trebor Scholz
- Cooperativas de plataforma: desafios e cases de sucesso
- O que são as cooptechs
- Plataforma de negócios: oportunidade para as cooperativas
- Cooperativismo de plataforma tem destaque no Hacking Rio 2020
- Cooperativismo de plataforma: um mundo de oportunidades
- 9 tendências de inovação para o cooperativismo em 2021
- Fairbnb: uma coop de plataforma que sonha alto e realiza muito
- Economia digital e as oportunidades para o Ramo Trabalho
- Curso sobre cooperativismo de plataforma
- Como funcionam as plataformas de negócios no cooperativismo
- Brasil é destaque em conferência internacional do Consórcio de Cooperativismo de Plataforma
- Cooperativismo de plataforma: desafios e oportunidades (e-book)
- Trabalho em plataformas digitais
- Mensakas: plataforma com foco em remuneração justa para entregadores
Embora tenham a imagem muito ligada à indústria, os robôs autônomos podem ser aproveitados em diversos ramos da economia - e do cooperativismo
A sofisticação da robótica e da inteligência artificial apresenta, como um de seus resultados mais notáveis, o desenvolvimento de robôs autônomos capazes de realizar tarefas sem controle humano. Essa tecnologia tem papel central no desenvolvimento da indústria 4.0 e pode representar avanços em distintas áreas da economia.
Robôs autônomos podem ser apresentados em amplo leque de funções, aplicabilidades e recursos, a depender da intenção de seu uso. Suas características podem variar em tamanho, mobilidade, inteligência e custo. O que dá autonomia a um robô é a sua capacidade de entender o contexto e tomar decisões independentes.
Dentro dessas características, existe uma ampla gama de dispositivos que se enquadram na definição, perpassando por diversos escopos. Um robô autônomo pode ser desde um aspirador de pó doméstico que opera de forma automatizada até carros que se guiam sozinhos - as opções e possibilidades são amplas.
Uma curva para cima
Os benefícios dessa tecnologia estão sendo abraçados por diversos ramos da economia. Um relatório da consultoria Next Move Strategy avaliou o valor de mercado global dos robôs autônomos em 2021 no valor de 1,61 bilhão de dólares. E a tendência de crescimento é exponencial: em 2030, essa quantia deve chegar a 22,15 bilhões de dólares.
No Brasil, a tecnologia também segue um bom ritmo de expansão. Segundo a Associação Brasileira de Internet Industrial, os robôs móveis autônomos crescem, anualmente, mais de 30%.
Neste artigo, iremos apontar os principais benefícios do uso de robôs autônomos, entender suas diferentes aplicações e ver como as cooperativas podem tirar proveito da tecnologia. Aproveite a leitura!
Razões para adotar o uso de robôs autônomos
O uso robôs autônomos tende a fazer com que as cadeias de produção se tornem mais integradas e automatizadas. É isso que defende a consultoria Deloitte, em relatório que explora as possibilidades que a inovação apresenta aos diferentes mercados.
Segundo o estudo, os benefícios primários do uso de robôs autônomos são:
- Aumento na eficiência e na produtividade: robôs não sentem fadiga, e são capazes de operar por períodos longos de forma contínua.
- Redução de erros, retrabalhos e taxas de risco: devidos a movimentos programáveis e com alta precisão, os riscos de falta de uniformidade caem drasticamente.
- Melhorias na segurança de trabalhadores: as máquinas podem ser utilizadas em ambientes de alto risco, de forma a diminuir a exposição de colaboradores a ambientes que apresentam perigos.
- Realização de trabalhos de menor valor: robôs podem ficar a cargo de funções repetitivas com baixo valor agregado, permitindo que humanos foquem em tarefas estratégicas que não são passíveis de automação
- Crescimento de receita: isso se dá por meio de melhorias na eficiência dos serviços prestados e, consequentemente, na satisfação dos clientes e cooperados.
O que um robô autônomo pode e não pode fazer
Os robôs autônomos são uma tecnologia em evolução constante, com novas habilidades e aplicações descobertas a todo momento. Mas, ainda assim, há limites para o que eles são capazes de fazer. A Omni Robotic listou três coisas das quais eles são capazes e outras três que não estão em seu escopo de atuação.
Primeiro, o que eles podem:
- Ajudar com tarefas repetitivas: robôs autônomos conseguem operar tarefas repetitivas com ainda mais eficiência do que robôs tradicionais. Isso se dá porque eles conseguem se adaptar a eventuais pequenas alterações no contexto, que equipamentos sem autonomia não teriam capacidade de lidar, pois só têm movimentos específicos programados.
- Responder a estímulos não-estruturados: a autonomia parte do princípio que esses robôs são capazes de se adequar a situações que não foram previamente planejadas. Esse processo acontece por meio da detecção sensorial de elementos visuais ou auditivos. Por isso, a arquitetura do robô precisa ser capaz de processar estímulos inesperados.
- Criar empregos atrativos: uma das preocupações oriundas da difusão de robôs autônomos se dá pela suposta redução de empregos que eles causariam. Na prática, contudo, eles vão possibilitar que os humanos possam executar tarefas mais produtivas.
Em contrapartida, os robôs autônomos também enfrentam restrições e barreiras. As três principais limitações mencionadas são:
- Definir as próprias metas: a habilidade de designar objetivos é, essencialmente, humana. Os robôs não têm capacidade de pensamento abstrato e precisam que suas tarefas sejam definidas e delimitadas por pessoas.
- Operar sem modelos de processos: dando continuidade à limitação prévia, os robôs, mesmo quando dotados de autonomia, são delimitados pelos processos impostos pela programação determinada por humanos, que ficam a cargo do planejamento.
- Dominar o mundo: no clássico filme O Exterminador do Futuro, as máquinas se revoltam contra a humanidade e tentam tomar o controle do mundo. Na vida real, isso requer não apenas força para tal, mas uma motivação própria, e os robôs autônomos não têm essa capacidade cognitiva.
Aplicações práticas de robôs autônomos
Levando em conta esses princípios, os robôs autônomos já têm aplicações práticas que podem ser observadas. Eles realizam tarefas que vão desde algumas mais simples a outras que demandam um determinado grau de sofisticação. São alguns exemplos:
- Robô faxineiro: a animação futurista Os Jetsons introduziu a ideia de um aparelho que limpava a casa automaticamente. Hoje, já é possível ter acesso a diversos tipos de robôs autônomos que auxiliam na limpeza doméstica.
- Robô concierge: em um hotel japonês, robôs uniformizados são os responsáveis pela recepção dos hóspedes e têm a tarefa de levar as malas a seus quartos.
- Robô babá: a companhia sul-coreana KT Telecom desenvolveu o Kibot, um macaquinho eletrônico capaz de contar histórias, fazer chamadas de vídeo e tirar fotos, atuando como uma espécie de babá eletrônica.
Robôs autônomos nos setores da economia - e do cooperativismo
Um relatório elaborado pela consultoria PwC informa que os robôs autônomos devem afetar uma gama bastante ampla de áreas da economia e da indústria, afetando o futuro dos negócios. Essas são algumas das áreas que mais devem sentir a evolução da tecnologia.
1. Agronegócio
Os robôs autônomos representam uma grande parcela da transformação digital enfrentada pelo campo - e a tendência é que essa fatia siga crescendo. O engenheiro agrônomo Roberto Okumura defende que a iminente chegada das redes de internet 5G vai acelerar ainda mais a automação no agro.
A tecnologia apresenta algumas aplicabilidades visíveis no ramo, como:
- Controle de plantas daninhas: robôs autônomos navegam pelo campo e fazem pulverizações de defensivos direcionadas às plantas invasoras. Isso deixa a tarefa mais assertiva, já que as aplicações se tornam menos frequentes e mais eficientes, além de reduzir a necessidade de exposição humana aos produtos de potencial tóxico.
- Colheitas: certos cultivares precisam ser colhidos com destreza e delicadeza, sob o risco de dano à integridade dos produtos. Robôs autônomos modernos, dotados de sensores e tecnologias de inteligência artificial, conseguem identificar o momento correto em que um vegetal está apropriado para ser colhido e o extrai sem danificá-lo.
- Plantio de mudas e sementes: em viveiros de mudas, robôs autônomos são capazes de executar tarefas como movimentação de bandejas de mudas em diferentes momentos de desenvolvimento da estufa. Com isso, o processo fica mais eficiente e há redução de mão de obra.
- Manejo e controle de criações: equipamentos dotados de autonomia conseguem atuar no monitoramento da saúde nutricional e bem-estar dos animais criados em ambientes protegidos, como galinheiros. Outra aplicação dos robôs autônomos nesse quesito se dá na condução dos animais. A Cargill é pioneira na utilização de máquinas com essa funcionalidade.
As tendências para o futuro indicam um agronegócio cada vez mais automatizado e eficiente. Até mesmo a ficção corrobora essa crença - no filme futurista Interestelar, de 2014, as fazendas são tocadas inteiramente por robôs autônomos. E, como já vimos aqui no InovaCoop, a ficção é uma ótima forma de antecipar tendências.
Frimesa: investimento rapidamente recuperado
As cooperativas agrícolas não ficam para trás quando o assunto é inovar, e essa lógica também se aplica à adoção de robôs autônomos. No Radar da Inovação, contamos como a Frimesa automatizou suas linhas de corte, reduzindo desperdícios e aumentando a segurança dos colaboradores.
Em 2015, a cooperativa investiu R$ 6,5 milhões na instalação de três robôs no processo de abate do frigorífico de Medianeira, no Paraná. Com essa planta, a Frimesa se tornou a primeira do Brasil a contar com tal tecnologia, empregada nos processos de corte e serra das carcaças dos animais. Até então, essas tarefas eram feitas manualmente.
Após a integração dos robôs autônomos em sua linha de abate, a Frimesa registrou ganhos na velocidade de produção e aumento na qualidade dos cortes de carne e carcaças. Soma-se a isso, a redução de custos com mão de obra e desperdícios de materiais. Graças às otimizações, o sistema se pagou após pouco mais de um ano, apenas.
Castrolanda: robôs ordenhadores
A Castrolanda, cooperativa agrícola focada na produção de carnes, leite e batata, é pioneira na robotização da ordenha na América do Sul. A Fazenda de Santa Cruz de Baixo foi a primeira a adotar o sistema de ordenha automatizada no continente.
Segundo a coop, o sistema de ordenha voluntária (VMS) consiste num braço hidráulico que executa todo procedimento de ordenha sozinho, de forma automática. O equipamento identifica a vaca, faz a limpeza do local, estimula e faz a ordenha, levando em conta as características de cada animal. As informações da extração são computadorizadas.
O uso dos robôs se mostrou acertado: as vacas ordenhadas autonomamente passaram a produzir 5 kg de leite a mais por dia. Os efeitos também foram positivos em relação ao trabalho, deixando a jornada menos cansativa para os trabalhadores.
2. Saúde
Mais um setor em que os robôs autônomos apresentam oportunidades para otimização dos processos, melhor destinação dos recursos humanos e execução de tarefas delicadas. O uso de equipamentos automatizados já é difundido na saúde - setor que, tradicionalmente, adota tecnologias de ponta.
A Intel, uma das principais companhias de tecnologia do mundo, descreve como os robôs autônomos podem contribuir para esse campo. Máquinas capazes de se locomover de forma autônoma podem ser usadas, por exemplo, a fim de intermediar a interação entre paciente e médico em um hospital.
Limpeza e desinfecção de ambientes hospitalares também podem ser tarefas delegadas aos robôs autônomos, evitando que humanos tenham contatos com ambientes potencialmente perigosos.
A aplicação mais destacada de robôs autônomos dentro do campo médico é na realização de cirurgias. As máquinas conseguem fazer microprocedimentos complexos sem a necessidade de largas incisões. Na maioria dos casos, eles são usados como assistentes a cirurgiões humanos, mas há expectativas de que possam realizar cirurgias mais simples sozinhos.
3. Transporte e armazenamento
Segundo o estudo, a cadeia logística é a que apresenta o maior potencial para a adoção de tecnologia automatizada. Em um segmento em que a agilidade impacta fortemente os resultados, o uso de robôs autônomos representa uma ótima oportunidade para aumentar a eficiência.
Um estudo da Tractica estima que o mercado de robôs dedicados ao setor em 2021 atingiu a quantia de mais de 22 bilhões de euros. Associada a outras tecnologias, a robotização tem potencial para proporcionar até 40% de economia em centros logísticos, aponta o Boston Consulting Group.
Durante a Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (Feimec) deste ano, a Sew Eurodrive Brasil apresentou um equipamento voltado à logística industrial. O Automated Guided Vehicle (Veículo guiado automaticamente) facilita o transporte de materiais dentro das plantas.
Solução
Na Robotic Business Review, Phil Britt argumenta que a perspectiva futura é, inclusive, de que a automatização chegue aos próprios caminhões. A difusão de caminhões autônomos seria uma saída para a escassez de motoristas enfrentada por diversos países.
No Brasil, a automação faz parte da modernização que o setor precisa enfrentar, argumenta a MIT Technology Review. O futuro do setor passa pela difusão de veículos que se guiam sozinhos e a adoção de robôs para tarefas como carregamento e descarregamento de cargas.
Não é por menos que listamos a robotização como uma das sete principais tendências de inovação no cooperativismo de transporte.
Unimed-BH: logística automatizada em prol da saúde
Mesclando os ramos de logística e saúde, a robotização já chegou à Unimed de Belo Horizonte, pioneira na ideação e construção de um Centro de Distribuição Automatizado.
O Centro conta com um robô, sensores e Internet das Coisas (IoT). Com isso, há a automatização da logística nos processos de recebimento, fracionamento, etiquetação, armazenagem e distribuição de medicamentos, materiais médicos e insumos hospitalares.
O sistema logístico da cooperativa da capital mineira é complexo, indica o diretor-presidente Samuel Flam. “Uma atuação em 34 municípios, uma rede de atendimento própria e um sistema de logística composto por compra, transporte, armazenamento, distribuição e entrega dos mais variados insumos necessários para operação e provimento de saúde aos mais de 1,37 milhão de clientes”, diz.
Conclusão
O avanço da automação em diversas áreas da economia e a sofisticação da inteligência artificial faz com que a adoção dos robôs autônomos se torne um caminho sem volta. O desenvolvimento de tecnologias inovadoras complexas implica que um número cada vez maior de procedimentos será delegado aos robôs autônomos.
A automação de uma ampla gama de tarefas e funções é uma das faces mais evidentes e palpáveis da transformação digital. Embora ainda sejam muito associados à industrialização, os robôs autônomos já fazem parte da realidade de cooperativas e companhias dos mais variados ramos.
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Cooperativas têm os princípios ESG no DNA e apresentam uma série de iniciativas em prol da inovação sustentável
A sigla ESG - abreviatura de Environment (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) - aparece com cada vez mais frequência no ambiente econômico e nas pesquisas de tendências. Durante a pandemia, ele ganhou ainda mais destaque.
Além disso, as decisões de gestores estão se tornando frequentemente relacionadas com o tema - e o cooperativismo tem um lugar de destaque nesse movimento.
O termo foi criado em 2004, em uma publicação chamada Who Cares Wins, iniciativa conjunta entre o Banco Mundial e a organização Pacto Global. Seu conceito trabalha nos três seguintes pilares:
- Environmental (ambiental): práticas corporativas que concernem à conservação do meio ambiente. Isso engloba temas como poluição da água e do ar, eficiência na produção e consumo de energia, mudanças climáticas, emissão de carbono na atmosfera e desmatamento.
- Social (social): tratamento da instituição no relacionamento com as pessoas e a comunidade ao seu redor. Estão inclusos assuntos como proteção de dados, privacidade, promoção de diversidade na equipe, programas de desenvolvimento socioeconômicos, respeito à legislação trabalhista, entre outros.
- Governance (governança): princípios aplicados na administração da organização. Envolve o relacionamento com governos, políticos e poder público, efetividade de ouvidoria, disponibilização de um canal de denúncias, composição do conselho, estruturação do organograma, transparência e afins.
Neste artigo, vamos entender como o ESG é capaz de gerar valor, como ele se conecta com o cooperativismo e ver exemplos de como as cooperativas vêm aplicando políticas de inovação sustentável. Aproveite a leitura!
Criando valor
A pesquisa O premium de ESG: novas perspectivas sobre valor e performance, realizada pela consultoria McKinsey, realça a importância das práticas sustentáveis. O levantamento apurou que a maioria de executivos e profissionais de investimentos acreditam que a execução de programas sociais, ambientais e de governanças geram valor em curto, médio e longo prazo.
A PwC demonstra que grande parte dos investidores aceitam até mesmo sacrificar a lucratividade no curto prazo para lidar e implementar políticas ESG.
As práticas de ESG são valorizadas, inclusive, durante processos de aquisição, elevando as quantias envolvidas. O estudo aponta que os executivos estariam dispostos a pagar um preço até 10% maior no processo de aquisição de uma outra organização com atitudes positivas de ESG.
Um outro relatório da McKinsey listou cinco elos para a criação de valor através da implementação do ESG de maneira sistemática:
- Crescimento de receita: o ESG tem a capacidade de atrair a preferência dos compradores. Mais de 70% dos consumidores de diversas indústrias pagariam até 5% a mais por um produto sustentável. A solidez das medidas de sustentabilidade também facilita a obtenção de licenças e a expansão para novos mercados.
- Redução de custos: a execução eficaz do ESG auxilia no combate a aumento de gastos operacionais, como os relacionados a matéria-prima, água e carbono. A consultoria registrou que esse fenômeno pode afetar o lucro operacional em até 60%.
- Redução das intervenções regulatória e legais: a consistência nas políticas de ESG ajuda a reduzir o risco da instituição ser alvo de alguma ação governamental adversa. Mais ainda, tal solidez gera suporte do poder público, aliviando pressões regulatórias e abrindo a possibilidade da busca de subsídios, por exemplo. Dessa forma, é possível ter menos pressão regulatória e maior grau de liberdade estratégica.
- Aumento da produtividade dos funcionários: uma proposta ESG coerente pode contribuir na atração e retenção de talentos qualificados, melhoria na motivação dos colaboradores inspirados pelo senso de propósito e, assim, aumentar a produtividade geral.
- Otimização de ativos e investimentos: políticas corporativas conscientes têm a capacidade de melhorar os retornos sobre investimentos com alocação de recursos em oportunidades promissoras e sustentáveis.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Apesar da amplitude e heterogeneidade do conceito, uma boa base para suportá-lo está nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Eles compõem uma agenda global que tem como pilares: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias. Conheça os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:
ESG e cooperativismo
Ricardo Voltolini, CEO da consultoria Ideia Sustentável e da Plataforma Liderança com Valores, defende que as cooperativas “não precisam fazer muito para serem sustentáveis, porque já nasceram sustentáveis”. A tese surge da premissa de que, ao contrário das empresas mercantis, as cooperativas são geridas com base em princípios afinados com conceitos de sustentabilidade.
O Sescoop/SP também defende uma abordagem semelhante, na cartilha ESG, ODS e Cooperativismo: “Antes mesmo de se propor os critérios ESG nas organizações, sob a perspectiva de desenvolvimento que contempla o tripé econômico, social e ambiental, o modelo cooperativista sempre esteve atento à perspectiva sistêmica de um desenvolvimento perene e apoiado sobre bases sustentáveis”.
Em seminário organizado pela OCB em parceria com a Apex-Brasil, Fabíola Nader Motta, gerente-geral da OCB, apontou que o objetivo do cooperativismo é promover melhores condições de vida para as pessoas. Isso passa pela valorização do meio ambiente e desenvolvimento das comunidades locais.
Ainda assim, as cooperativas precisam investir na estruturação de suas práticas ESG. Os valores devem ser traduzidos em valores e métricas mensuráveis - e isso pode representar um grande desafio.
O cooperativismo social
Em entrevista ao HSM Management, Emanuelle Marques de Moraes, gerente do Instituto Sicoob, defende o caráter civilizatório do cooperativismo. “Ele convoca a sociedade para o trabalho colaborativo, para o senso de comunidade”, argumenta.
Ela acrescenta que o cooperativismo “não está focado no individualismo, mas no ganho coletivo, o que já traz um aspecto social muito relevante, de gerar consciência que leva à ação”. As cooperativas de crédito ainda contribuem para o desenvolvimento regional, diz Moraes, pois mantêm o dinheiro circulando dentro da comunidade, gerando emprego e renda.
Outro ponto de atenção social levantado pela gerente se dá na preocupação com a diversidade. “O desafio não é só de gênero, mas também racial, de pessoas com deficiência, LGBTQIA+ e, mais recentemente, da terceira idade, no chamado etarismo. Uma organização tem que ser reflexo da sociedade”.
Na 57ª edição de seu Boletim de Análise Econômica, a OCB argumenta que, ainda que o cooperativismo já traga princípios ESG em seu DNA, as cooperativas não devem deixar de investir na área. A recomendação está sendo seguida, uma vez que há uma série de cooperativas dando bons exemplos de abordagem ESG. Vejamos algumas delas:
Cocamar: sustentabilidade no campo
A Cocamar Cooperativa Agroindustrial soma 97 unidades operacionais, espalhadas nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A instituição reúne mais de 16 mil cooperados que atuam na produção de soja, trigo, café, milho e laranja. A esses números notáveis, ela ainda acrescenta mais um: quase 40 projetos sustentáveis.
A cooperativa relaciona suas iniciativas conforme seus impactos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Um deles, por exemplo, é o Terra Urbana, voltado à produção de verduras e legumes em espaços urbanos ociosos, beneficiando famílias de baixa renda e alinhado ao primeiro ODS.
Produção de soja sustentável
Enquanto cooperativa agropecuária, a questão ambiental se apresenta como a mais premente para o ESG da Cocamar. Diante disso, a instituição norteia sua produção de soja por meio de uma política sustentável durante todas as etapas da cadeia produtiva que envolve o grão.
As práticas sustentáveis começam na produção da semente, seu beneficiamento e manejo do solo para cultivo. Isso se dá com o emprego de métodos de preservação do ambiente, utilização de tecnologias durante a lavoura e a colheita. As boas práticas seguem todo o caminho produtivo, até a distribuição de produtos ao mercado.
Não à toa, a cooperativa ingressou no Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), a maior rede de sustentabilidade do planeta. No ano passado, a Cocamar foi certificada com o selo Ouro ODS.
Sicredi: parcerias e intercooperação
Com mais de 5 milhões de associados distribuídos por 24 estados brasileiros, a cooperativa de crédito Sicredi também reúne medidas em prol da sustentabilidade. A instituição é integrante do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) para os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Ao notar que a demanda por crédito para financiamento de projetos de energia solar crescia em uma proporção que a cooperativa não era capaz de atender, a Sicredi firmou uma parceria. Junto da International Finance Corporation (IFC), a instituição formou uma linha de crédito de aproximadamente R$ 600 milhões para financiar energia solar a seus cooperados.
Segundo Tathyanne Gasparotto, diretora de regiões da Climate Bonds Initiative: “a emissão do Sicredi demonstra a grande oportunidade que as instituições financeiras têm de impulsionar o mercado de títulos verdes (green bonds) e a economia do Brasil de maneira sustentável. Esperamos que essa operação seja um grande passo para o setor de energias renováveis no país”.
Se quiser compreender como se deu o desenvolvimento desse projeto, contamos a história dessa iniciativa com detalhes no Radar da Inovação.
A união faz a força
Vencedora do prêmio SomosCoop 2020 na categoria Intercooperação, o projeto “A energia que nos une” é fruto de uma parceria entre a Sicredi e a Certel, cooperativa do ramo de eletricidade. A iniciativa culminou no financiamento para a nova hidrelétrica Vale do Leite, fortalecendo a produção e distribuição de energia limpa.
Ao todo, foram captados quase R$ 50 milhões para a execução do projeto, que tem conclusão prevista para o final de 2022. A estimativa é de que, de forma direta ou indireta, quase 300 mil pessoas sejam beneficiadas com o início da operação da hidrelétrica. O Radar da Inovação também contou o desenvolvimento dessa iniciativa conjunta.
Unimed: políticas sustentáveis
O sistema Unimed, que é composto por 341 cooperativas singulares, desenvolveu diretrizes ESG por meio de sua Política Nacional de Sustentabilidade do Sistema Unimed (PNSSU).
Calcado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a PNSSU conecta as ações de sustentabilidade coordenadas pela Unimed do Brasil para o Sistema Unimed. A estrutura é baseada em três dimensões (saúde social, saúde econômica e saúde ambiental) e 13 temáticas, com 12 objetivos essenciais e três complementares.
Em um editorial, Luiz paulo Tostes Coimbra, presidente da Central Nacional unimed, defendeu que “os pilares do ESG estão inseridos em nossas práticas, resultando em uma integração sistêmica, com ações coordenadas e complementares às das singulares, federações e empresas da marca; sob a coordenação da Unimed do Brasil”.
Liberando o potencial do ESG
O Fórum Econômico Mundial defende que a prática do ESG se inicia com iniciativas das lideranças e lista cinco ações para que os gestores possam atingir o potencial sustentável de suas organizações:
- Envolver-se com as demandas das partes interessadas: consumidores, reguladores e cooperados querem ver evidências dos efeitos das políticas ESG. Apenas transparência não basta, é necessário mostrar resultados.
- Atender ao interesse dos investidores: instituições com práticas sólidas de ESG atraem investidores qualificados. No caso das cooperativas, iniciativas sustentáveis vão atrair mais cooperados ambiental e socialmente conscientes.
- Dominar as narrativas: as práticas e resultados das medidas de ESG de cada organização devem ser usados para diferenciar seus negócios aos olhos do mercado. Para isso, é necessário estar atento às novas demandas.
- Compreender os dados: é importante ter a capacidade de entender e comunicar as informações dos resultados ESG. A comunicação efetiva dos dados é fundamental para que o impacto das iniciativas sustentáveis seja compreendido pelos públicos de interesse.
- Ter uma abordagem ampla: os fatores ESG têm de ser levados em conta nas decisões de todas as áreas da cooperativa, desde o desenvolvimento estratégico até a execução das tarefas.
Conclusão
O mundo está mudando e pedindo instituições mais sustentáveis e conscientes. Essa procura pela adaptação às novas demandas sociais, ambientais e de governança faz com que o ESG atue como um impulso na busca pela inovação.
Como vimos, o cooperativismo nutre laços com o ESG antes mesmo de o ESG existir enquanto conceito sistematizado. Desde que nasceu, o modelo cooperativista preza pela sustentabilidade ambiental e social e uma governança democrática e transparente. Ou seja, segue atual e inovador.
Não é por menos que muitas cooperativas estão entre os principais atores da inovação sustentável.
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