O ano de 2022 consolidou uma série de tendências e inovações. Confira seis delas e veja exemplos no cooperativismo!
Novas tendências emergem com frequência, prometendo disrupções, evoluções e mudanças nas dinâmicas de inovação, tecnologia, mercado e hábitos. Algumas se concretizam, outras continuam se desenvolvendo e enquanto diversas mais não encontram o caminho do sucesso.
O ano de 2022 serviu para que inovações pudessem se consolidar como elementos importantes para os negócios das cooperativas. Ficar de olho no que acontece no mercado corresponde a uma parte fundamental para o planejamento e a gestão da inovação.
Por isso, neste artigo, iremos compilar seis tendências que, em 2022, ganharam corpo, viraram realidade e impactaram na inovação e nos negócios. Aproveite a leitura!
1. Implementação do 5G no Brasil
A internet de quinta geração, conhecida como conexão 5G, com sua alta velocidade, baixa latência e forte estabilidade, promete revolucionar as telecomunicações e acelerar a transformação digital. A disponibilidade do 5G, entretanto, ainda é globalmente muito desigual.
O Brasil é uma boa notícia em relação à implementação da tecnologia. Após o leilão para a exploração e oferta das frequências do 5G no país, realizado no final de 2021, este ano foi o de começar a disponibilizar a conexão de quinta geração.
Apesar de alguns atrasos, o ano terminou com o 5G disponível em todas as capitais brasileiras, além de outras grandes cidades. Segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, a rede contou com 4,550 milhões de acessos em outubro de 2022.
Próximos passos da caminhada 5G
As próximas fases da instalação do 5G no país prevê a disponibilização da tecnologia em cidades menores. O objetivo da Anatel é que, até o final de 2029, todos os municípios brasileiros sejam contemplados pela internet de quinta geração.
Para 2023, a principal meta é ampliar a quantidade de antenas nas capitais e no Distrito Federal para, no mínimo, uma antena a cada 50 mil habitantes.
Do ponto de vista da inovação, o desafio é descobrir como melhor tirar proveito do potencial liberado pela disponibilidade da tecnologia. Algumas das áreas ligadas ao cooperativismo em que ela pode potencializar mudanças são:
- Agro: A conectividade ainda representa um desafio para o agro brasileiro, já que a internet ainda não está presente em mais de 70% das propriedades rurais. O acesso ao 5G promete culminar em um agronegócio mais automatizado e autônomo, com maior uso de máquinas e robôs, além de facilitar o monitoramento de lavouras e uso remoto de maquinários.
- Saúde: a telemedicina cresceu com a pandemia e pode ficar ainda mais sofisticada com o 5G. Aliando o 5G e dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, a captura de informações fisiológicas se torna mais eficiente. Esses dados ajudam os médicos a encontrar diagnósticos e a fazer acompanhamentos em processos de recuperação.
- Finanças: a absorção do 5G nas finanças ajuda a digitalizar o relacionamento com os cooperados, melhora os sistemas de detecção de transações fraudulentas e mecanismos de segurança do internet banking. Coopavel se planeja para o 5G
O cooperativismo brasileiro já está ciente do potencial proporcionado pela tecnologia 5G. A paranaense Coopavel (Cooperativa Agroindustrial de Cascavel) possui uma parceria com as empresas de tecnologia Huawei e PTI a fim de explorar a conexão de quinta geração no agronegócio.
A atuação conjunta almeja avaliar o monitoramento e a transmissão em tempo real de imagens em alta definição sobre o solo e plantações para acompanhamento à distância e orientações técnicas.
Além disso, o impacto do 5G no funcionamento autônomo de máquinas e equipamentos (tratores, colheitadeiras, semeadeiras e plantadeiras, por exemplo) também é alvo de atenção da coop.
2. Data Design
A importância dos dados para os negócios não para de crescer e, com isso, torna-se cada vez mais importante compreendê-los. A partir de uma demanda pela visualização efetiva dos dados, o data design (design de dados) deixou de ser uma das tendências de 2022 e se tornou realidade.
O conceito de data design almeja comunicar os dados por meio de uma representação visual com base em imagens e gráficos. Assim, seu objetivo é facilitar a comparação de dados e a compreensão de conceitos complexos. Tanto que essa mesma ideia pode ser chamada de “data storytelling” - ou o ato de contar histórias por meio dos dados.
A visualização adequada de dados tem três pilares essenciais, que são:
- Precisão
- Utilidade
- Replicação
Dessa maneira, o data design possibilita que pessoas sem conhecimentos profundos sobre dados possam acessar e compreender informações cruciais de uma organização. Consequentemente, essas pessoas ficam mais capacitadas para tomar decisões subsidiadas pelos dados apresentados.
Dados que contam histórias
Os dados se tornaram elementos cruciais para tocar os negócios. Quando eles são usados de forma inteligente e efetiva, são capazes de agregar valor aos produtos e serviços das cooperativas.
Para que esse patamar seja alcançado, entretanto, os dados precisam ser refinados e bem comunicados. Afinal, não é todo mundo que consegue ler uma planilha com clareza e assimilar as informações dispostas em uma tabela. Por isso, a ideia é de que, por um lado, os dados contam as histórias; por outro, o design tem o papel de ilustrá-las.
No cooperativismo, onde as decisões são coletivas e tomadas pelo corpo de cooperados por meio das assembleias, o data design é um ferramenta poderosa. Com a visualização adequada dos dados relevantes para as cooperativas, os associados têm uma melhor compreensão das informações dispostas e podem votar com mais segurança e consciência.
Confira o relatório do conselho da Coop - Cooperativa de Consumo, por exemplo. As informações são dispostas visualmente, através de gráficos e ilustrações. Dessa maneira, a assimilação dos dados fica mais fácil para a compreensão dos cooperados.
O cooperativismo é uma cultura orientada a dados
O Anuário do Cooperativismo Brasileiro, produzido pelo Sistema OCB, é uma ferramenta que emprega o conceito de data design para comunicar a magnitude e o desenvolvimento do cooperativismo brasileiro.
Os dados são disponibilizados por meio de representações visuais dinâmicas e interativas. Com isso, o Anuário facilita a absorção das informações, o que gera inteligência de mercado e estimula a busca pelo conhecimento sobre o cooperativismo.
Dessa maneira, o Anuário do Cooperativismo Brasileiro insere os dados na cultura cooperativista, fomentando a utilização dessas informações para potencializar a gestão das cooperativas.
3. Agenda ESG
A “onda ESG” deixou de ser uma onda e vem se tornando um fator preponderante para negócios de todos os setores. Os pilares da sustentabilidade ambiental, desenvolvimento social e governança são demandas crescentes na sociedade como um todo, na busca por um mundo mais igualitário, verde e ético.
Criado em 2004, o conceito de ESG nunca foi tão prevalente quanto em 2022, como o gráfico do Google Trends deixa evidente. No InovaCoop, o ESG também teve destaque neste ano. Neste post, contamos o que é ESG e qual sua relação com o cooperativismo. Já neste outro artigo, explicamos por que ele, além de tudo, é positivo para os negócios.
A agenda ESG está sendo imposta, majoritariamente, pelos consumidores. As novas gerações, sobretudo, estão focadas em manter um estilo de vida mais sustentável e socialmente consciente. Como consequência disso, as marcas que atendem essas aflições obtêm vantagem competitiva - algo que faz toda a diferença em uma economia acirrada e dinâmica.
Esse fenômeno é exemplificado por uma pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Em São Paulo, 60% das empresas avaliam critérios ESG para contratar fornecedores. No mais, o ESG ainda se consolida como uma maneira de aumentar a atratividade dos produtos e construir uma marca positiva.
Cooperativismo avançando no ESG
O cooperativismo cumpre um papel importante nos avanços da agenda ESG, uma vez que a maioria de seus princípios convergem com as tendências sustentáveis. No Radar da Inovação contamos, neste ano, a história de como a Certel, maior cooperativa de eletrificação do país, instalou um eletroposto para abastecer carros elétricos gratuitamente.
As energias renováveis são protagonistas no enfrentamento às mudanças climáticas, e o Brasil se destaca nesse aspecto. A matriz energética do país apresenta um índice renovável de 84% perante aos 27% da média mundial. O cooperativismo brasileiro também marcou presença na COP27, a Conferência do Clima das Nações Unidas.
Para sacramentar ainda mais o ano de consolidação da agenda ESG no cooperativismo, o Sistema OCB anunciou o ESGCoop durante a Semana da Competitividade. O programa reúne estratégias de governança, social e ambiental dentro do modelo de negócios cooperativista.
Para apoiar as coops em suas jornadas sustentáveis, o programa ESGCoop terá como foco a competitividade e a sustentabilidade do modelo de negócio cooperativista. A iniciativa mapeará as ações ESG das cooperativas, escolherá caminhos para a evolução coletiva e formará líderes ESG no cooperativismo. Veja o guia prático que produzimos sobre o ESG.
4. Consolidação do e-commerce
O e-commerce já vinha, há alguns anos, como uma modalidade em crescimento no varejo, conforme o acesso à internet foi sendo difundido. Com a pandemia de covid-19, contudo, o e-commerce explodiu. A dúvida que ficou era: com o fim das restrições e do isolamento social, ele se manteria firme e forte em 2022?
A resposta é que o e-commerce não só se manteve robusto, mas continuou sua trajetória de crescimento. Um levantamento indica que o faturamento do comércio eletrônico nos cinco primeiros meses de 2022 apresentaram um aumento no faturamento de 785% na comparação com o período pré-pandemia.
Ou seja: o e-commerce veio para ficar. Muitos consumidores que não tinham hábito ou confiança para comprar online cederam à modalidade durante a pandemia e tomaram gosto pelas facilidades do comércio eletrônico.
Esse fenômeno proporcionou, ainda, o surgimento do recommerce, mais um derivado da potencialização do consumo online. Este novo tipo de comércio corresponde à revenda de produtos de segunda mão pela internet. Dessa maneira, eles voltam ao ciclo de consumo custando menos e com impacto ambiental reduzido, importantes tendências de 2022.
E-coop
Diante das restrições que se impuseram em decorrência da pandemia, o Sistema OCB desenvolveu a plataforma NegóciosCoop para promover os negócios de cooperativas por meio da intercooperação.
O NegóciosCoop, um marketplace cooperativo, opera como uma vitrine em que as coops podem se conhecer e comprar produtos uma das outras. Com isso, o objetivo é desenvolver um ambiente de incentivo e apoio mútuo entre as cooperativas.
Para 2023, a plataforma digital de negócios entre coops brasileiras caminha para se consolidar como um grande marketplace cooperativista, ocupando um espaço importante no mercado. Fiquem atentos às novidades!
Há, no mais, uma série de cooperativas com iniciativas de e-commerce. É o caso, por exemplo, do Ailos Aproxima, um marketplace para empreendedores idealizado pelo Sistema Ailos, que reúne 13 cooperativas de crédito no Sul do Brasil e da Cocamar Cooperativa Agroindustrial.
O InovaCoop produziu o e-book “Como vender pela internet”, explicando o tipos de e-commerce e ensinando como montar uma loja virtual. Confira o material clicando aqui!
5. Emergência dos superapps
Um dos caminhos que os serviços digitais estão tomando é a concentração de diversas modalidades em um mesmo aplicativo. Afinal, quanto mais recursos uma mesma plataforma fornecer, maior é a comodidade para o usuário e a fidelidade com a marca. A partir dessa lógica, os superapps se consolidaram como uma das tendências de 2022.
Na prática, os superapps são aplicativos que centralizam uma gama de atividades online em um único lugar. Esse conceito é um sucesso no mercado asiático graças a apps como os chineses WeChat, da Tencent, e o Alipay, do Alibaba, duas big techs. A Gartner descreve que os superapps são como canivetes suíços.
O WeChat, por exemplo, começou como um aplicativo focado em trocas de mensagens. Devido ao sucesso e ao crescimento da base de usuários, ele adicionou serviços de pagamentos e passou a hospedar um marketplace, dentre outros serviços.
SuperApps chegam ao Ocidente - e ao Brasil
Aos poucos, esses ecossistemas integrados começaram a chegar no ocidente, e a Garntner estima que, até 2027, mais da metade da população mundial usará superapps.
A consultoria cita o aplicativo britânico Revolut como um exemplo de sucesso. Trata-se de uma fintech que, além de oferecer serviços financeiros tradicionais, expandiu sua atuação. Agora, freelancer, pequenos e médios negócios podem ofertar seus produtos e serviços dentro do ecossistema.
No Brasil, o maior exemplo de superapp é o Magalu, da rede varejista Magazine Luiza que, além de servir como plataforma de compras, proporciona uma gama de serviços. Um deles, por exemplo, é uma conta digital. O app disponibiliza, ainda, marketplaces e cursos educativos. WhatsApp, PicPay e Mercado Pago são outros superapps que atuam no Brasil.
No cooperativismo, há o Super App, da Unimed Goiânia, que centraliza diversos serviços voltados à saúde. A iniciativa visa melhorar a experiência dos pacientes e dos cooperados em um ecossistema digital.
6. Ambidestria organizacional
A ambidestria organizacional é um conceito que descreve a concomitante busca pela eficiência operacional e a capacidade de inovação de forma equilibrada. Isto é: olhar para as possibilidades de inovação que se apresentam para o futuro, explorando tendências e oportunidades, enquanto também mantém o foco na sustentação do negócio.
Diante dos desafios encarados pelas organizações em 2022 - como a instabilidade econômica de muitos países, os efeitos da guerra na Ucrânia, a retomada lenta do crescimento, problemas nas cadeias de produção e dificuldades enfrentadas por gigantes da tecnologia - a inovação disruptiva no longo prazo precisou andar de mãos dadas com a operação eficaz do dia a dia.
Pilares da ambidestria
Um estudo publicado pela Harvard Business Review comparou 35 iniciativas de inovação e descobriu que 90% das organizações que usam estrutura ambidestra alcançaram seus objetivos estratégicos. Por outro lado, somente 25% das organizações que usam outro tipo de estrutura alcançaram seus objetivos.
A ambidestria possui dois pilares que devem avançar lado a lado. São eles:
- Inovação de sustentação: são as novas ideias que incrementam os produtos e serviços que já são oferecidos pela organização, a fim de torná-los mais atrativos, eficientes e rentáveis. Ou seja, é a inovação incremental, que melhora elementos que já existem. Seus efeitos são sentidos mais rapidamente.
- Inovação de crescimento: trata-se da busca por ideias inovadoras disruptivas, mais profundas e revolucionárias, e que trabalham com prazos mais longos e desafios incertos. Pode representar a mudança de modelo de negócios ou a apresentação de um novo produto criado do zero ao mercado, por exemplo.
A inovação de crescimento tem riscos inerentes. Afinal, um grande investimento pode não dar os resultados esperados e fracassar. Por isso é tão importante manter uma base sólida que possa dar suporte - o que se alcança por meio da inovação de sustentação.
É senso comum que uma organização deve garantir o presente ao mesmo tempo em que garante o futuro. As técnicas, processos e percepções de uma estratégia ambidestra permitem que inovações disruptivas e inovações tradicionais do atual modelo de negócios da empresa coexistam e se complementem.
Conclusão
Tendências nem sempre são fáceis de prever. Muitas vezes, alguma inovação em potencial pode seguir como tendência por anos, até que enfim se consolide como uma realidade de impacto nos negócios e na sociedade. Em outros casos, o tempo pode deixá-las para trás como um potencial que não se realizou por limitações tecnológicas ou aspectos culturais.
O pódio foi complementado pelas cooperativas Sicredi Alto Uruguai e Castrolanda. Ao InovaCoop, as três finalistas falaram sobre suas iniciativas e contaram como é inovar no cooperativismo.
A Cooperacre, Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre, venceu o Prêmio SomosCoop Melhores do Ano na categoria Inovação. Os resultados da premiação foram divulgados na última quarta-feira, dia 7 de dezembro, em cerimônia realizada pelo Sistema OCB em Brasília.
A iniciativa premiada foi o projeto "Fortalecendo o Extrativismo e Viabilizando o Desenvolvimento Sustentável Através da Tecnologia”. Com ele, a cooperativa modernizou seu processo de seleção e classificação da castanha-do-Brasil ao investir em maquinário e tecnologia de ponta, melhorando a produtividade e qualidade dos produtos.
Além da Cooperacre, outras duas cooperativas foram reconhecidas com a presença no pódio da premiação. O segundo lugar da categoria Inovação ficou com o Sicredi Alto Uruguai, graças ao case “Portal da Aceleração Em Prol do Desenvolvimento”. A Castrolanda ficou em terceiro com o projeto “60 Dias Para Inovar - Programa Ágil Castrolanda”.
Os projetos vencedores foram escolhidos por duas comissões: uma técnica e outra julgadora. Além dos troféus, os primeiros colocados de cada categoria receberam bolsas para intercâmbios internacionais. Vamos, então, conhecer mais sobre as inovações finalistas e entender a importância de inovar no cooperativismo com esses exemplos inspiradores?
1° lugar - Cooperacre: inovação, desenvolvimento e sustentabilidade
O projeto premiado da Cooperacre, "Fortalecendo o Extrativismo e Viabilizando o Desenvolvimento Sustentável Através da Tecnologia”, contribuiu para que a cooperativa, além de melhorar seus produtos, conseguisse reduzir os riscos de contaminação. Essas práticas resultaram, ainda, na obtenção de certificações.
Com isso, a produção anual subiu de 45 para 900 toneladas, ao mesmo tempo em que os processos automatizados reduziram o impacto ambiental da operação. A iniciativa também rendeu bons frutos para os negócios, explica Manoel Monteiro de Oliveira, superintendente da Cooperacre:
“Um dos elementos que ajuda no desenvolvimento da sustentabilidade do setor extrativista é, sem dúvida, o mercado. A Cooperacre desenvolveu um papel muito importante de buscar mercados mais promissores para os produtos extrativistas da Amazônia e seus associados”.
A inovação foi fundamental nessa jornada, continua Oliveira. “Para alcançar tal mercado, o processo tecnológico é indispensável, tanto para reduzir custos, como para eliminar os agentes microbiológicos, aumentar a vida útil do produto com embalagens a vácuo, ajudar nos pontos críticos de controle, garantindo um alimento mais saudável e mais seguros”.
Inovação que agrega valor
A inovação tem a capacidade de aumentar a competitividade das cooperativas. Foi assim com a Cooperacre, acrescenta o superintendente:
“Em meu modo de ver, começamos a crescer quando começamos a agregar valor a nossos produtos e alcançar mercados melhores, vender para grandes empresas e a exportar. E isso só foi possível através do processo de industrialização”.
Ademais, qual a principal lição que a Cooperacre absorveu com a iniciativa? Oliveira responde: “A lição de que é necessário ter muita dedicação”.
2° lugar - Sicredi Alto Uruguai: big data em prol da comunidade
O Portal da Aceleração Regional, iniciativa da cooperativa de crédito Sicredi Alto Uruguai, premiada com o segundo lugar, nasceu com o objetivo de usar dados para o processo de formação cidadão e tomada de decisão em nível estratégico. A ideia foi inspirada nas aspirações estratégicas de longo prazo da cooperativa em prol do empreendedorismo e do desenvolvimento regional.
“O portal é fruto de uma parceria da cooperativa com a Universidade Federal de Santa Maria - Campus de Palmeira das Missões/RS e funciona como uma ferramenta de apoio à gestão pública, privada e sociedade civil organizada”, conta Márcio Girardi, diretor-executivo do Sicredi Alto Uruguai.
Com conteúdo sempre atualizado, o portal disponibiliza indicadores e dados. Essas informações servem de base para a formulação de políticas e estratégias de geração de renda, de educação, de saúde e meio ambiente.
“Como resultados desta iniciativa, temos diversos municípios, empreendedores e entidades públicas e privadas como consumidores do seu conteúdo estratégico. Tudo isso além da própria cooperativa, que utiliza o Portal para elaboração do seu planejamento estratégico e de expansão em novos mercados”, conta Girardi.
Iniciativa de impacto
Segundo o diretor-executivo, a cooperativa “vem aprendendo muito com o Programa Aceleração Regional e seu Portal, com destaque a clareza que os dados proporcionam quando tabulados e aplicados à promoção do desenvolvimento local e regional”.
“Esse desenvolvimento não é só econômico, mas principalmente social, ambiental e humano, dado que os indicadores e informações proporcionam clareza, consciência e transparência da realidade. Com isso, mitiga os efeitos das crenças que, por vezes, enraizadas na cultura da sociedade, limitam a prosperidade e o seu progresso com equilíbrio e cooperação”, completa.
3° lugar - Castrolanda: agilidade para os cooperados
Por fim, a cooperativa agropecuária Castrolanda fechou o pódio com o programa “60 dias para inovar”, originado com o intuito de suprir as necessidades dos cooperados. Quem conta a história é o gerente executivo de CSC (Centro de Serviços Compartilhados) Odivany Pimentel Sales:
“Eles precisavam ter a mesma experiência de acesso aos nossos serviços de forma remota e sem precisar interromper seus trabalhos e se deslocar para uma de nossas unidades. Ao perceber isso, criamos um programa onde a cada 60 dias um novo grupo de serviços fosse lançado”.
Posteriormente, foi criado o portal Ágil Castrolanda, possibilitando o acesso de celulares e tablets a serviços da cooperativa. “A velocidade de lançamento e o pré-requisito de que os serviços a serem lançados pudessem transformar o relacionamento do nosso cooperado com a cooperativa foram os pontos chaves para o sucesso do programa”, reflete Sales.
Resultados e lições
O Ágil transformou o relacionamento dos cooperados com a cooperativa, conta Sales, que enumera uma série de resultados derivados da iniciativa. Alguns deles são:
- Mais de 25.000 pedidos de ração executados dentro do Ágil em menos de 9 meses superando 219 mil toneladas de rações;
- Melhoramento genético nas matrizes leiteiras com mais de R$ 250.000,00 negociados em sêmen via aplicativo;
- Opções de venda de commodities pelos cooperados passaram a ser realizadas pelo Ágil Castrolanda;
- Em menos de 3 meses, mais de 44.000 suínos foram entregues para a indústria em mais de 200 movimentações que utilizaram o app;
“A inovação acontece a partir de três pilares: pessoas, processos e tecnologia. Este programa conseguiu desenvolver em seus participantes um mindset voltado à novidade, ao repensar processos a partir de novas possibilidades tecnológicas. Deixamos de pensar que somente soluções complexas podem gerar grandes mudanças”, completa Sales.
A importância da premiação
O reconhecimento proporcionado pelo Prêmio SomosCoop Melhores do Ano é um incentivo para continuar a jornada da inovação. Manoel Monteiro de Oliveira, da Cooperacre, explica: “Sabemos que temos que melhorar muito ainda e que mais difícil do que melhorar é se manter bom, mas que o prêmio nos indica que estamos no caminho certo”.
Márcio Girardi, do Sicredi Alto Uruguai, diz que o prêmio é um estímulo para que a cooperativa siga inovando e gerando valor para os associados e a comunidade.
“Afinal, é a maior honraria do cooperativismo brasileiro. Suas categorias nos desafiam a buscar continuamente a evolução das práticas, a melhoria dos resultados e a conexão com o cooperativismo nacional, através da nossa entidade maior, que é a OCB”, diz.
Na Castrolanda, o reconhecimento é motivo de apreço pelas dezenas de pessoas envolvidas no projeto. “Recebemos com muita alegria esta indicação para um prêmio de reconhecimento nacional e vemos isso como uma oportunidade para contribuir com outras cooperativas de todas as regiões do país”.
Inovação no cooperativismo
Para a Cooperacre, a inovação ajuda a criar melhores condições aos cooperados, o que se traduz em competitividade.
Manoel Monteiro de Oliveira, contudo, diz que as cooperativas devem se atentar a certos aspectos em seus processos de inovação: “é preciso ter transparência e muito planejamento sobre a destinação das sobras”.
Por outro lado, Odivany Pimentel Sales, da Castrolanda, conta que, por mais que a inovação seja fundamental em todos os segmentos, as cooperativas proporcionam melhorias para toda a comunidade:
“Estou no ambiente cooperativista há 5 anos e antes disso participei de outras iniciativas inovadoras. Percebo que o cooperativismo tem uma abordagem diferente em relação à importância das iniciativas que propiciam melhorias para o dia a dia da sociedade e dos cooperados. Elas têm um peso maior. Isso é nossa essência e nosso diferencial”.
A importância da cultura inovadora
Para Márcio Girardi, do Sicredi Alto Uruguai, a inovação é fundamental para a evolução e do modelo de negócios do cooperativismo, que precisa atuar em um sistema desigual e competitivo:
“Dentro deste contexto, a inovação é o caminho para fortalecer a essência próxima das pessoas e comprometida com o desenvolvimento sustentável”. A inovação, pondera, deve ser feita sem comprometer a essência do cooperativismo, e muitas vezes o maior desafio é transformar a cultura interna.
“As cooperativas precisam tirar um coelho da cartola todos os dias para sobreviver. Isso se faz com a inovação tecnológica, dos processos, modelo mental e soluções disponibilizadas ao mercado”.
Conclusão
A cerimônia do Prêmio SomosCoop Melhores do ano contou com a presença de mais de 200 cooperativistas. Além de inovação, outras seis categorias foram premiadas: Comunicação e Difusão do Coop; Coop Cidadã; Desenvolvimento Ambiental; Fidelização; Intercooperação; e Influenciador Coop. Veja aqui os resultados.
Márcio Lopes Freitas, presidente do Sistema OCB Nacional, parabenizou as cooperativas vencedoras, sublinhado que elas geram emprego, renda e prosperidade.
“Temos desafios? Muitos! Mas criamos modelos cada vez mais sustentáveis e capazes de gerar melhorias efetivas para a sociedade como um todo”, discursou.
Conheça os insights gerados pela missão
Você sabia que Israel é considerada o terceiro maior ecossistema de startups do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido)? Por isso ela é chamada de “Nação Startup”! Além disso, o governo israelense tem uma atuação focada na implementação de soluções inteligentes e colocar o país como referência no segmento de transportes.
Atento a isso, o Sistema OCB organizou uma missão de benchmarking, que contou com a participação de dirigentes de coops do ramo transporte e colaboradores da Instituição. O grupo teve como foco principal conhecer em profundidade soluções de mobilidade inteligente, utilização de novas ferramentas tecnológicas e a organização da cadeia logística para o transporte de passageiros e cargas.
Compartilhamos aqui algumas tendências para ficar de olho, destacadas pelo analista do ramo, Tiago Barros:
- Israel está se preparando para viabilizar o tráfego de carros autônomos nos próximos anos;
- NAAMA (Israel Urban Air Mobility Initiative): iniciativa que visa estabelecer uma rede de rotas nacionais para drones, que será capaz de transportar qualquer carga, desde que seja pequena e leve o suficiente, para qualquer lugar em Israel e a qualquer momento;
- Sistemas para veículos autônomos que já são realidade em Israel e em outros países.
A missão gerou não só grandes reflexões para o ramo, mas também propiciou aos participantes uma visão sobre o futuro do ramo transporte, evidenciando o grande papel do cooperativismo brasileiro no fomento à inovação no setor.
No site institucional do Sistema OCB você tem acesso, de forma mais detalhada, à programação e aos insights gerados.
Aprenda aqui como ser um Pesquisador de Tendências? E aqui como ler os cenários para não perder o timing das mudanças e inovações.
Evento será sediado na Bélgica e conta com nove pilares ligados à inovação no cooperativismo; Sistema OCB marcou presença na última edição
A Conferência Europeia de Pesquisa ICA CCR, realizada pela Aliança Cooperativa Internacional, terá a inovação como um de seus pilares na edição de 2023. O evento irá acontecer na cidade de Leuven, na Bélgica, entre os dias 10 e 13 de julho. Leuven fica a apenas 25 km de distância de Bruxelas, a capital da União Europeia.
Na próxima edição da conferência, o tema central será “Inovando na governança cooperativista. Governando a Inovação no cooperativismo”. A partir desse mote, a ideia é reunir pesquisadores, acadêmicos, formuladores de políticas públicas e atores ativos das cooperativas do mundo todo para que possam discutir o desenvolvimento do cooperativismo.
O evento é organizado pelo Centre of Expertise for Cooperative Entrepreneurship (Centro de Especialização em Empreendedorismo Cooperativo). A entidade consiste em um centro de pesquisa e ensino que reúne vários públicos interessados no empreendedorismo cooperativista.
Com isso, a entidade tem o objetivo de promover conhecimento, proficiência e legitimidade sobre o empreendedorismo dentro do cooperativismo.
Programação traz a inovação no centro
A inovação é assunto central da conferência, que almeja incentivar a adoção e elaboração de práticas inovadoras ligadas à governança cooperativa. Afinal, a gestão democrática é uma característica integral para a evolução e a identidade do modelo de negócios cooperativista.
Entretanto, mesmo que esse tópico seja comum a todo o cenário do cooperativismo, a democracia nos processos de gestão pode ser realizada por diversos meios. A participação dos membros, a escolha dos representantes e a metodologia para tomada de decisões apresentam grandes variações na forma com que são executadas pelas cooperativas.
Por esse motivo, as coops emergem como grandes laboratórios para a inovação social, proporcionando novas maneiras de executar processos democráticos. Assim, o evento irá discutir esses temas, buscando respostas para perguntas como, dentre outras:
- Quais são as inovações sociais da governança cooperativa?
- Como as inovações de governança cooperativa contribuem para os negócios e o impacto social?
- Essas inovações melhoram a qualidade dos processos de tomadas de decisões?
- De que maneira elas influenciam o escopo e as formas de participação dos cooperados?
- Como as inovações atuam para aprimorar a inclusão de minorias e enfrentamento às desigualdades de gênero na cultura de governança?
- Como tais inovações podem ser mantidas e fomentadas no decorrer do tempo e através dos desafios que se impõem?
Novas tecnologias e a governança cooperativa
Um outro tema da conferência que se destaca é o emprego das novas tecnologias para o aprimoramento da governança cooperativa. Elas podem representar, ao mesmo tempo, tanto desafios quanto oportunidades.
As restrições e o isolamento social causados pela pandemia de Covid-19 imprimiram a necessidade de adoção de recursos digitais para a realização dos processos de gestão democrática. Ferramentas alternativas tiveram que ser desenvolvidas para a realização remota ou híbrida das assembleias, por exemplo.
Por outro lado, o uso dessas tecnologias reduz a capacidade efetiva de participação dos cooperados? Este questionamento também estará no centro das discussões da conferência.
Isso acontece porque, mesmo que estejam se tornando mais sofisticadas, essas ferramentas digitais prejudicam a interação entre os cooperados e os incentivos à participação ativa. Aqui, no InovaCoop, apontamos o metaverso como possível plataforma para a realização de assembleias.
Mais temas - e mais inovação
Ao todo, a conferência se alinha - mas não se limita - em nove temas gerais que funcionam como espinha dorsal dos trabalhos que serão apresentados e discutidos. A inovação aparece com destaque dentre os temas.
Além dos dois tópicos centrais que detalhamos acima, eis os outros sete pilares do evento:
- Novas formas do cooperativismo: embora o cooperativismo seja um modelo com anos de existência, ele segue se reinventando, conforme as novas demandas e contextos sociais. Um exemplo que se destaca são as cooperativas de plataforma, desenvolvido para enfrentar as problemáticas da gig economy.
- Cooperativas que inovam em prol da sustentabilidade ecológica: o sétimo princípio do cooperativismo, de interesse pela comunidade, tem se tornado cada vez mais importante. A ascensão da agenda ESG emerge como uma forma de combater as mudanças climáticas e proteger a biodiversidade. As coops são pioneiras nessas iniciativas.
- Cooperativas, inovação social e criação de riqueza cívica: ao mesmo tempo em que as cooperativas se focam, tradicionalmente, na criação de riqueza para seus associados, novas coops têm surgido visando o bem comum e a geração de valor para a sociedade.
- Resiliência, crise e inovações: graças a seu modelo participativo de gestão, as cooperativas se mostram mais fortes no enfrentamento a contextos de dificuldades. Com isso, as coops ajudam a enfrentar as crises, proporcionando alternativas inovadoras aos mecanismos econômicos que não estão funcionando bem.
- Cooperativas em novos setores e no desenvolvimento de setores tradicionais: em mercados tradicionais, como agricultura, serviços financeiros e varejo, as cooperativas impulsionam inovações e o desenvolvimento sustentável. Além disso, as coops estão ficando mais diversas e ingressando em novos setores.
- Inovações na legislação cooperativista: as leis que regulamentam o cooperativismo devem se adaptar ao desenvolvimento do modelo de negócios e dos conceitos cooperativistas. O crescimento da ideia de economia solidária deve entrar nesse debate. A União Europeia tem liderado a modernização das legislações que impactam as cooperativas.
- Educação e treinamento cooperativista: há, em curso, um movimento de retomada de cursos dedicados ao cooperativismo. O ensino cooperativista é um passo para a reinvenção da educação econômica em prol da inclusão social.
Como se nota, a inovação permeia uma gama de processos e assuntos em relação ao desenvolvimento do cooperativismo. Pesquisadores que produziram estudos que se encaixam nestes temas podem inscrever seus trabalhos por meio deste link a partir de 1° de dezembro. Os temas estão detalhados neste documento.
O Sistema OCB esteve na conferência de 2022
A edição de 2022 da conferência contou com a participação do Sistema OCB. As analistas técnicas Ana Tereza Libânio, Feulga Reis e Kátia Buzar foram as representantes brasileiras do evento, que ocorreu em Atenas, capital da Grécia, entre os dias 15 e 17 de julho.
O grupo apresentou artigos produzidos em inglês dentro da temática “Repensando as cooperativas: do local ao global e do passado ao futuro”. Confira os artigos que foram apresentados:
O impacto do SouCoop
Ana Tereza Libânio ficou a cargo de apresentar o artigo “O Sistema SouCoop como fomentador de uma cultura de dados para o cooperativismo”. No texto, a analista apresenta o SouCoop, base de dados do cooperativismo brasileiro que reúne informações cadastrais, financeiras e comerciais das cooperativas brasileiras.
A ferramenta tem a finalidade de apoiar decisões, mensurar resultados, orientar e evidenciar o desempenho das organizações de forma clara, objetiva e transparente. Além disso, o SouCoop contribui com a elaboração do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, sistematizando os dados para que as coops possam aderir à gestão data driven.
Coop sustentável
O outro trabalho brasileiro apresentado foi o artigo “Cooperativas e a agenda ESG”, fruto da colaboração entre Kátia Buzar e Raquel Rodrigues, que também é analista do Sistema OCB. A pesquisa trata dos impactos que as mudanças recentes do mundo têm trazido para a realização de negócios.
Outro ponto levantado pelas autoras é a importância da criação de valor de longo prazo e da promoção do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Tudo isso sem deixar de levar em conta a vantagem competitiva e a mitigação de riscos, além de explorar as oportunidades e convergências entre o cooperativismo e a Agenda ESG.
Unindo educação e cooperativismo
Já Feulga Reis apresentou o artigo “Educação cooperativa e diversidade na política de sucessão como ferramenta para o crescimento cooperativo”. No artigo, a analista sublinha o papel que as cooperativas de crédito brasileiras assumem como agentes da inclusão financeira no país.
Para Feulga, há dois principais desafios que as coops de crédito encaram: a educação cooperativa e uma política mais diversificada de sucessão de seus gerentes, pois ainda existe uma desigualdade notável dentre as lideranças dessas instituições.
Mais artigos brasileiros
Além das analistas do Sistema OCB, o Sescoop/RS esteve presente com o artigo “O potencial bancário das cooperativas de crédito brasileiras durante a pandemia de Covid-19”, de Leonardo Machado.
Ele argumenta que o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo apoiou a expansão financeira e o desenvolvimento social por meio da democratização do acesso ao crédito e aos serviços bancários.
As cooperativas de crédito também foram objeto de análise de Letícia Valério Porfírio, estatística do Fundo Garantidor de Crédito Cooperativo (FGCoop).
Letícia estudou a “Avaliação da suficiência de um fundo garantidor de depósitos com base na análise de risco: abordagem às cooperativas de crédito”.
Conclusão
A Conferência Europeia de Pesquisa ICA CCR é uma enorme oportunidade para apresentar o ecossistema de inovação do cooperativismo brasileiro, além de ficar por dentro do cenário mundial do cooperativismo.
A premissa dos artigos pode ser submetida para análise entre os dias 1° de dezembro de 2022 e 31 de janeiro de 2023. O resultado da fase de aprovação das propostas sai no dia 28 de fevereiro e o artigo final deve ser entregue pronto até 15 de junho.
As informações, modelos e temas estão disponíveis no site do evento. Fique de olho nos prazos e contribua para agregar conhecimento ao cooperativismo brasileiro e divulgar as inovações protagonizadas pelas cooperativas no país!
Realizado em Lisboa, evento indicou tendências e caminhos para a inovação
A edição de Lisboa do Web Summit, maior evento de tecnologia e inovação do mundo, aconteceu entre os dias 1º e 4 de novembro. Ao todo, a conferência reuniu mais de 70 mil pessoas e mais de mil palestrantes distribuídos por 25 palcos.
Acompanhar as atrações do Web Summit é uma ótima forma de ficar antenado com as tendências mais importantes para a inovação. O evento congrega grandes nomes do mundo da tecnologia e da nova economia em prol de apresentações e debates que indicam os principais temas para ficar de olho.
Em meio a tantas apresentações e painéis, alguns temas se projetam. Portanto, selecionamos cinco destaques do Web Summit Lisboa de 2022 que merecem a sua atenção. Confira!
1. Tecnologia não é sinônimo de transformação digital
O desenvolvimento das tecnologias é uma pauta quente e constante sempre que o assunto é transformação digital. Diversos recursos digitais modernos são tidos como formas de dar escala aos negócios e agregar valor.
Contudo, é um equívoco interpretar que a adoção da tecnologia representa, por si só, um processo de transformação digital. A reflexão é de Glaucia Guarcello, professora do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e sócia-líder de Inovação da Deloitte, durante as apresentações do Web Summit Lisboa.
Esse erro acontece porque, em muitas organizações, os programas de transformação digital mantêm processos improdutivos. Não basta somente adotar novas tecnologias se as limitações e os paradigmas prévios são mantidos.
Dessa forma, a transformação digital que gera valor real é a que concilia a transformação da organização em si e dos negócios. Mais do que tecnologia, a transformação digital é um processo de mudança na visão estratégica integrada ao mundo digital. Ou seja: os recursos tecnológicos são aliados dessa jornada, mas não a finalidade dela.
A força da liderança
Glaucia destaca, ainda, que as lideranças são fundamentais para a execução dos processos de transformação digital. Ela indica uma característica em comum entre as jornadas de sucesso: “um único executivo responsável pela transformação”.
Afinal, a tarefa de liderar um programa de tamanha importância estratégica exige foco e visão holística de toda a organização. Com isso, a presença de um líder dedicado à transformação digital pode fazer muita diferença.
2. Descentralização da internet: inclusão e os NFTs
A Web3 desponta como o futuro da internet, funcionando de forma descentralizada, centrada no usuário e, consequentemente, mais democrática. A criptoeconomia, impulsionada pela criação da tecnologia blockchain, cumpre um papel notável no desenvolvimento dessa nova rede.
Na prática, a Web3 (também chamada de Web 3.0) é uma nova maneira de conectar as redes. Enquanto o atual estágio, que é a Web2, concentra o poder nas grandes corporações digitais - as big techs -, a Web3 visa distribuir esse poder de decisão e protagonismo para os próprios usuários. No palco dedicado aos assuntos referentes ao crypto, debateu-se as maneiras como a blockchain pode ajudar a tornar a sociedade mais inclusiva. Além disso, sua aplicação em processos de candidaturas para empregos, escolas e universidades de forma a reduzir os vieses, também esteve em pauta. O impacto social não foi o único tópico abordando a Web3. O Web Summit também proporcionou apresentações sobre a descentralização do entretenimento por meio das mudanças nas estruturas de propriedade e monetização.
A utilidade dos NFTs
O mercado de NFTs e sua aplicabilidade foi mais um tema debatido ao redor da nova estrutura da internet. Pierre-Nicolas Hurstel, co-fundador da carteira de NFTs Arianee, previu, em sua palestra, a tendência de que essa tecnologia seja utilizada para reunir informações pessoais, como se fossem carteiras digitais.
William Quigley, co-fundador e presidente da empresa de carteira digital WAX, é mais um que acredita nesse caminho. Para ele, até mesmo elementos do mundo real serão registrados online. "Eu acho que, para todos nós, o maior impacto que os NFTs terão é tokenizar os produtos de consumo", argumentou.
3. É hora de compreender a geração Z
O protagonismo das novas gerações está começando a ficar evidente. Muitas mudanças na tecnologia e na cultura digital são realizadas pela Geração Z, que comporta os jovens que nasceram, aproximadamente, entre 1995 e 2010.
Já que essa geração está ocupando cada vez mais espaço e criando sua própria maneira de conviver digitalmente, suas demandas foram discutidas durante o Web Summit 2022.
A Geração Z é a primeira nativa digital e, por isso, domina as novas tecnologias e possui um alto grau de alfabetização digital. E eles já estão carregando essa característica para o mercado de consumo e de trabalho. Até o final da década, essa geração deve corresponder a 50% do PIB global. Portanto, é necessário compreendê-los.
Assim, o Web Summit já debateu, inclusive, o começo da ocupação da Geração Z nos cargos de liderança e o que esse processo vai significar para o mundo dos negócios.
4. Sustentabilidade é inovação
Assunto que segue mais importante a cada dia que passa, a sustentabilidade se tornou preponderante toda vez que se discute o avanço da tecnologia e da inovação. O consumo consciente é uma tendência que guia decisões nos negócios e norteia iniciativas inovadoras. Assim, o tema marcou presença no Web Summit.
O primeiro dia do Web Summit realizou um debate sobre como utilizar a tecnologia a fim de amenizar problemas sociais e ambientais, convidando os participantes a refletirem os impactos de seus negócios.
Posteriormente, a vice-presidente do setor de Iniciativas Ambientais da Apple Lisa Jackson sublinhou a baixa adesão às práticas de redução das emissões de carbono.
O papel das organizações também foi pontuado por Brad Smith, vice-presidente da Microsoft. “Para evitar o colapso climático, as 51 bilhões de toneladas de carbono emitidas anualmente precisam cair para 12 ou 10 bilhões. Precisamos fazer mais do que qualquer geração já fez”, disse o executivo.
ESG em alta
O Web Summit também reforçou a necessidade do envolvimento dos atores econômicos nas questões climáticas. A crise do clima segue se agravando e precisa ser encarada pelas organizações.
Ao longo do evento, painéis destacaram ações de combate ao aquecimento global e apontaram a importância de cumprir as metas ambientais. Participantes da conferência defenderam que o ESG é uma atividade que permeia a sociedade como um todo e deve ser compartilhada por governos e organizações privadas.
No InovaCoop, já mostramos que o cooperativismo carrega o ESG no DNA. Além disso, também explicamos que a sustentabilidade é positiva para os negócios. Confira!
5. Confiança no metaverso
O metaverso é um tópico que proporciona subsídio para muitas discussões. Se por um lado ele muitos entusiastas que veem um grande potencial na tecnologia, por outro, há uma série de críticos que encaram a ideia com ceticismo e chamam a atenção para suas limitações.
Como não poderia ser diferente, o Web Summit foi palco para a apresentação de visões sobre o metaverso. Naomi Gleit, executiva de produtos da Meta, foi a representante do otimismo. “O metaverso vai acontecer com ou sem o investimento da Meta”, falou Naomi. Segundo ela, trata-se de uma evolução da internet, que sai do 2D e explora a terceira dimensão.
Em contrapartida, Maha Abouelenein, fundadora da consultoria Digital & Savy, crê que o metaverso “ainda não está pronto para os consumidores”. Mesmo quem acredita no potencial da tecnologia enxerga a necessidade de amadurecimento antes que ela se consolide.
Por outro lado, a indústria vê a adoção do metaverso com muito mais proximidade. Jean-Marc Ollagnier, CEO da consultora Accenture, garantiu que o metaverso já está conectando a realidade física com os recursos digitais. Vamos acabar por “digitalizar tudo, equipamento, capacidades de manufatura, cidades, talvez alguns de nós também”, ponderou.
Conclusão
A partir do ano que vem, o Web Summit também terá a sua edição brasileira. Pelos próximos seis anos, o Rio de Janeiro irá sediar o maior evento de tecnologia do mundo. A edição de 2023 já tem até local e data marcada: entre os dias 1° e 4 de maio de 2023, no Riocentro.
O anúncio que oficializou a realização da conferência no Brasil foi feito no dia 3 de maio, contando com a presença de Paddy Cosgrove, cofundador do Web Summit. As negociações entre a organização do evento e a cidade foram intermediadas pela Invest.Rio, uma agência de atração e promoção de investimentos para a cidade.