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Cases de Inovação

Coopresa supera dificuldades ao inovar seu modelo de negócios na manutenção de aviões

Fundada para atender ao mercado militar, cooperativa cresceu quando se estruturou para servir companhias de aviação civil

12/09/2022
Nome da Cooperativa:Coopresa - Cooperativa dos Prestadores de Serviços Autônomos de Lagoa Santa
Ramo:Trabalho Produção de Bens e Serviços
Região:Sudeste
Palavras-chave:inovação de produto ou serviço , Inovação de produto
Resumo:

Idealizada por militares da reserva, a Coopresa passou muito tempo atendendo somente à Força Aérea Brasileira (FAB). Enfrentando dificuldades após a mudança da frota, a cooperativa elaborou um novo modelo de negócios, incluindo a aviação civil na carteira de clientes e adicionando novos serviços ao seu portfólio. 

Contexto

A Coopresa, Cooperativa dos Prestadores de Serviços Autônomos de Lagoa Santa, foi fundada em 1997 por militares da reserva da Aeronáutica. A ideia era suprir a necessidade de mão de obra especializada para atuar com a manutenção das aeronaves militares do Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS), em Minas Gerais.

Durante muitos anos, a cooperativa seguiu mantendo apenas contratos com a Força Aérea Brasileira, devido à expertise de seus mecânicos associados. Contudo, com o passar do tempo, a FAB passou por um processo de modernização em sua frota de aviões. O Brasil cedeu aviões aos países vizinhos e adquiriu novas aeronaves que estavam fora do escopo de conhecimento da cooperativa.

“O mercado deixou de ser acessível para a Coopresa, que não se estruturou para a modernidade”, lembra Lívia Duarte, presidente da cooperativa. Até mesmo a adoção de pregões eletrônicos dificultou ainda mais o acesso a novos contratos, devido à falta de atualização técnica na coop. Assim, eles começaram a rarear. Então, a Coopresa precisou inovar os seus serviços para conseguir se manter na ativa.

Desafios

Em meio à seca de contratos, a Coopresa se viu à beira da dissolução. Diante desse cenário, a cooperativa avaliou que precisaria mudar o rumo de suas operações, de maneira a modernizar os seus serviços e expandir sua carteira de clientes.

Para isso, a cooperativa precisaria adequar sua estrutura e seus serviços às demandas de uma clientela diferente da qual ela estava acostumada a lidar. O processo de retomada passaria por ingressar no mercado de aviação civil.

Isso só seria possível mediante uma série de condições, como:

  • Atrair cooperados capacitados para atuar nessas aeronaves;
  • Elaborar um novo portfólio de serviços ofertados;
  • Convencer as empresas aéreas acerca dos benefícios do modelo cooperativista;
  • Conseguir contratos com as companhias de aviação civil

“A gente viu que havia a possibilidade de ingressar na aviação civil, que proporcionava muitas oportunidades de trabalho. Então a gente começou a fazer um planejamento estratégico para poder entrar nesse mercado”, narra Lívia.

Desenvolvimento

Estudando o mercado da aviação civil, a Coopresa percebeu o quão grande era a demanda por manutenção de baixa complexidade: praticamente 60% das atividades se enquadram nessa categoria.

Além de relativamente simples, esses processos são repetitivos. “São atividades que podem ser executadas por mecânicos com pouca experiência. E não tinha ninguém trabalhando nesse mercado”, explica Lívia.

“As grandes linhas aéreas têm centenas de mecânicos altamente qualificados para executar tarefas extremamente simples", narra a presidente. “Então pensamos em montar uma equipe de mecânicos que estão se formando, que não têm oportunidades de trabalho, e vamos colocá-los atuando nesse tipo de atividade”.

Como parte de seu crescimento, a coop também expandiu as homologações para realizar procedimentos de manutenção em sua sede. “Temos cooperados altamente especializados que consertam equipamentos de aeronaves no nosso próprio espaço, com foco em equipamentos de rádio e navegação, e tudo isso com custo reduzido”. 

Com essa estrutura, a cooperativa é capaz de oferecer seus serviços a custos reduzidos e com flexibilidade para suprir os picos de demanda. Foi com esse modelo de negócios que a Coopresa se apresentou à nova clientela.

Resultados

Em 2019, a Coopresa conseguiu fechar o seu primeiro contrato dentro de sua nova área de atuação. À época contando com 25 cooperados, a cooperativa começou a prestar seus serviços para dar suporte à operação da GOL Linhas Aéreas no Aeroporto de Confins, em Minas Gerais. Em fevereiro do mesmo ano, já eram 70 associados. Hoje, são mais de 300 cooperados.

A experiência se provou um sucesso e, assim, a cooperativa conseguiu fechar com outros clientes. “Como deu certo dentro de uma das maiores linhas aéreas do Brasil, isso chamou atenção das outras”, argumenta Lívia.

Atualmente, a Coopresa opera para:

  • GOL Linhas Aéreas, em Confins (MG) e Congonhas (SP);
  • AZUL Linhas Aéreas, em Pampulha (MG) e Campinas (SP)
  • Pratt & Whitney Canadá, em Sorocaba (SP) e São José da Lapa (MG)
  • Maga Aviation, em Campinas (SP)
  • Força Aérea Brasileira

O crescimento fica evidente quando se olha os resultados de 2021: os contratos renderam um faturamento em torno de R$ 4 milhões de reais.

No mais, a atuação da cooperativa ajuda a formar e qualificar os profissionais de manutenção que estão sendo introduzidos no mercado de trabalho.

“A gente pega os mecânicos praticamente sem experiência nenhuma. E quando é que eles vão ter essa oportunidade? O mercado é muito fechado e só contrata quem tem qualificação. O que que a gente faz? A gente prepara”, explica a presidente.

Com o sucesso na transformação operacional, a Coopresa foi, ainda, convidada a ingressar na Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA), uma organização sem fins lucrativos que visa ao desenvolvimento do setor de transporte aéreo.

Por intermédio da associação, a Coopresa se reuniu com a Coopesa (Cooperativa de Servicios Aereo Industriales), maior cooperativa de manutenção de aeronaves no mundo, localizada na Costa Rica. A visita, que contou com apoio da OCB e da ACI, resultou em um estreitamento de laços entre as coops, fortalecendo o modelo no mercado de manutenção da América Latina.

Próximas iniciativas

A parceria com a Coopesa não parou por aí. Atualmente, a cooperativa está em processo de preparação para enviar 40 mecânicos à Costa Rica, em um projeto de intercooperação.

Estruturalmente, a cooperativa almeja operar seu próprio hangar de manutenção, onde possa receber as aeronaves dos clientes. “Os próprios clientes nos incentivam a isso”, relata Lívia.

Outro projeto em andamento é a diversificação dos serviços. “Estamos trabalhando para atender a manutenção de linha, executada por mecânicos que ficam nos aeroportos”, conta a presidente. “Esse trabalho é feito no pernoite, geralmente durante a madrugada, e tem uma complexidade ainda mais baixa em relação ao que a gente já faz hoje”.

A iniciativa mais audaciosa da Coopresa, porém, é fundar a sua própria academia de formação de mão de obra, a Coopresa Academy. A ideia é que os cooperados mais experientes possam treinar os mecânicos que estão ingressando no mercado de trabalho por meio da educação. “Assim, podemos especializar os nossos próprios cooperados e vender esses treinamentos ao mercado”, conclui Lívia.  

Contato do responsável:

Lívia Duarte. Presidente da Coopresa

livia.duarte@coopresa.coop.br  

Conteúdo desenvolvido
em parceria com

Coonecta