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<p>A inovação não precisa ser sempre disruptiva. Conheça exemplos e benefícios da inovação incremental!</p>

Inovação incremental: por que nem toda inovação precisa ser uma revolução

Melhorar continuamente o que está dando certo é um dos grandes papéis da inovação


Nem toda inovação precisa ser uma revolução. É comum que a ideia de inovar esteja associada a uma grande mudança. No entanto, a inovação pode também estar presente em pequenas melhorias aplicadas naquilo que já está em funcionamento. O nome disso é inovação incremental.

André Miceli, CEO da MIT Technology Review Brasil, diz que inovar é “a implementação de ideias que tragam novas fontes de receita ou de eficiência operacional para uma organização”. Para ele, portanto, a inovação não necessariamente precisa vir acompanhada de uma grande ruptura. E é aí, então, que inovação incremental aparece como melhor opção.

Quer descobrir se o modelo de inovação incremental é o ideal para sua cooperativa? Reunimos neste artigo as respostas para as principais dúvidas sobre o tema!

O que é inovação incremental

A inovação incremental envolve aplicar pequenas mudanças em produtos e serviços já existentes, a fim de trazer melhorias e agregar valor. O objetivo é estabelecer um desenvolvimento contínuo, sem promover mudanças radicais. O tema surgiu no livro “Business Cycle”, do austríaco Joseph Schumpeter, publicado na década de 30.

Nesse processo, as melhorias são gradativas e acompanham as necessidades dos clientes e as novidades do mercado. Isso permite, por exemplo, manter o negócio competitivo e fidelizar os clientes. Segundo a KPMG, 48% das organizações no mundo inteiro preferem investir em inovação incremental para produtos que são seus carros-chefes.

Inovação incremental x disrupção

Enquanto a inovação incremental busca agregar valor por meio de pequenas mudanças em prol das necessidades dos consumidores, a inovação disruptiva procura revolucionar o mercado apresentando algo totalmente novo, com potencial para impactar os modos de consumo ou, até mesmo, criar um mercado novo.

Perceba que inovação incremental está mais envolvida em manter a relevância de um produto ou serviço já consolidado, enquanto a disrupção busca quebrar paradigmas tradicionais de um determinado mercado.

Apesar de terem potencial de gerar maior retorno, as inovações disruptivas trazem consigo maiores riscos e um alto grau de investimento quando comparadas com as incrementais. Buscar o equilíbrio entre uma e outra é que é grande desafio. Cabe, portanto, ter claro qual é o objetivo a perseguir e ter em mente os riscos e benefícios de cada uma delas.

Benefícios da inovação incremental

A inovação incremental pode trazer diversos benefícios aos produtos e serviços da sua cooperativa. Entre eles, estão a manutenção da competitividade, a fidelização de clientes, menores riscos envolvidos e maior segurança na geração de receita.

  • Diferencial competitivo: esse pode ser considerado o principal benefício da inovação incremental. A partir das exigências que o mercado impõe, as melhorias contínuas podem ser incrementadas ao produto ou serviço de modo a garantir que se mantenha forte em meio aos concorrentes e preservar sua competitividade.
  • Fidelização: por estar atento às necessidades e aos desejos dos consumidores, a inovação incremental permite que o produto ou serviço esteja sempre em pleno aperfeiçoamento, suprindo expectativas através de melhorias mais assertivas. Provocando, assim, a satisfação e a fidelização dos clientes.
  • Menos riscos: a inovação incremental opera em um contexto que gera riscos menores, pois é aplicada em algo do qual já se tem grande conhecimento e já está em pleno funcionamento. Assim, é possível reduzir resultados negativos e corrigir eventuais falhas mais facilmente.
  • Maiores receitas: é comum que muitas pessoas prefiram comprar atualizações de algo que já possuam a algo totalmente novo. Isso permite que a fonte de renda da empresa seja mantida ou mesmo aumentada, abrindo caminho para novos investimentos em inovação.

Exemplos de inovação incremental

Não se engane. Por mais sutil que pareça, grandes negócios já adotam a inovação incremental em suas estratégias para manter seus produtos atualizados com as atuais necessidades de seus clientes e as novidades do mercado. Vamos conhecer algumas delas?

A evolução dos smartphones

Quem não tem um celular? Os aparelhos já viraram uma extensão do nosso corpo. Todo ano, novos modelos são lançados com novas funcionalidades ou aprimorações na qualidade da câmera, na resolução da tela, no áudio, no sistema operacional, na memória, no processamento etc. Isso motiva o consumidor a trocar de aparelho a cada nova edição.

Um grande exemplo de inovação incremental nesse mercado é a Apple. O primeiro iPhone produzido pela empresa foi em 2007. De lá pra cá, foram incrementadas diversas melhorias e funcionalidades, como câmeras melhores, reconhecimento facial e impressão digital. Não à toa, a Apple tem a fidelidade de 16% do mercado global.

Coca-Cola: melhoria constante

A Coca-Cola é outro bom exemplo de como aumentar receita sem mudar o produto drasticamente e, ainda assim, manter-se consolidado no mercado. A partir do seu produto principal, o refrigerante de coca, a marca criou diversas variações de sabores e embalagens.

Além da sua versão clássica, é possível encontrar, por exemplo, a Coca-Cola Zero e a sabor Café. Fora isso, tem as opções de embalagens de 200ml a 3 litros. Ou seja, a empresa esteve atenta às necessidades e aos gostos dos clientes, inovando a partir de um produto já consolidado há décadas.

Gmail é referência na adição de funcionalidades

Outro exemplo de inovação incremental é o Gmail. Na época em que surgiu, se destacou por oferecer maior espaço de armazenamento e um filtro de spam mais eficiente. Atualmente, já são várias as funcionalidades incrementadas, funcionando em um ecossistema amplo de ferramentas que operam em nuvem.

As possibilidades são tantas que grande parte das empresas já adotam o sistema do Gmail como ferramenta de e-mail oficial, devido às diversas funções integradas, como a possibilidade de bate-papo; chamada de vídeo; criação, visualização e armazenamento de arquivos; entre outras que facilitam a rotina no escritório.

Que tal conhecer mais sobre a estratégia de inovação não só do Google, mas também da Apple e da Amazon? Confira o e-book que preparamos contando como essas grandes corporações inovam - e o que as cooperativas podem aprender com elas!

Inovação incremental no Radar da Inovação

No Radar da Inovação, já contamos histórias de cooperativas que utilizam a inovação incremental. Veja alguns desses casos!

App Sicoob incorpora reconhecimento facial para aumentar segurança

Até um tempo atrás, o Sicoob exigia que os cooperados comparecessem presencialmente a uma de suas agências para dar andamento a alguns procedimentos de segurança, como cadastramento de senhas, ativação de tokens, dentre outros. A partir da pandemia do coronavírus, contudo, a cooperativa se viu em um cenário que exigia uma nova solução.

O Sicoob, então, inovou dentro do processo que já existia através da incorporação de reconhecimento facial via app. Isso permitiu o cadastro à distância de novos usuários e dispositivos, além de diminuir a sobrecarga de trabalho nas agências físicas, eliminando a necessidade de deslocamento até agências para realização dos procedimentos.

Sicoob Credicitrus aumenta eficiência do seu marketplace

Em 2019, o Sicoob Credicitrus criou uma área interna de Inovação voltada ao estudo de tendências, ecossistemas de inovação e desenvolvimento de produtos e serviços. Como resultado, surgiu o departamento de Negócios Digitais, que acendeu a chama para a transformação digital da plataforma de marketplace da coop.

Como resultado desse processo de transformação digital, através da adoção de robôs, a análise de crédito dos clientes, que antes levava entre 18 e 19 minutos, passou a ser feito em apenas 2 minutos. Isso tornou o serviço muito mais eficiente e atrativo. Agora, ao acessar o Market Club, o cooperado é identificado automaticamente, facilitando sua análise de crédito e, consequentemente, as vendas.

Unimed Maringá implanta agendamento on-line

Na Unimed Regional Maringá, os agendamentos para algumas especialidades eram feitos somente presencialmente ou via telefone. Isso impactava diretamente na satisfação do cliente, por conta do tempo de espera para ser atendido, e tornava o trabalho da recepção bem complicado, com a alta demanda de pessoas e chamadas telefônicas.

Foi então que a cooperativa decidiu melhorar o processo através da adoção do agendamento on-line. Assim, melhorou a satisfação dos beneficiários e desafogou a recepção da cooperativa. Hoje, o projeto que começou em 2018, já conta com os três canais disponíveis, aumentando ainda mais as opções de atendimento aos cooperados.

Frimesa: ganhos com a robotização

A Frimesa conta com uma área dedicada à inovação desde 2014. Um dos objetivos dessa área é a otimização e automação de processos industriais da coop. Por isso, em 2015, a cooperativa investiu R$ 6,5 milhões para automatizar uma de suas linhas de corte com a robotização.

Com a automação, foi possível padronizar os cortes, reduzir desperdícios e a exposição dos trabalhadores a atividades insalubres. Antes disso, era necessário a atuação de dez colaboradores em um trabalho manual e fisicamente muito desgastante.

Além disso, a geração de uma economia de R$ 5,2 milhões por ano proporcionou o retorno dos investimentos em menos de um ano e meio.

Como aplicar a inovação incremental na prática

Aplicar a inovação incremental requer um ambiente propício para que ela ocorra. Antes de tudo, é necessária uma cultura de inovação com processos bem estruturados, de forma a possibilitar a identificação das reais necessidades dos clientes e das oportunidades ali apresentadas.

A seguir, confira as principais ações desse processo:

  • Incluir na cultura organizacional: a inovação incremental precisa fazer parte de uma cultura de inovação existente. Colaboradores, liderança, todos devem estar conectados a uma mesma mentalidade e possuir conhecimento sobre o tipo de inovação proposta e como implementá-la.
  • Entender os clientes: esse é um dos requisitos mais essenciais para a inovação incremental. Somente tomando conhecimento das reais necessidades do cliente é que será possível aplicar melhorias que atendam às expectativas. Nesse sentido, a melhor fonte de ideias será sempre o cliente.
  • Identificar oportunidades: diante da variedade de caminhos possíveis que podem surgir a partir da verificação das necessidades apresentadas pelos clientes, é preciso analisar quais são as deficiências e as oportunidades apresentadas. Assim, as chances de obter um resultado mais efetivo serão maiores.
  • Estruturar processo: somente com um processo bem estruturado será possível medir resultados e corrigir falhas. Por isso, é importante definir etapas, prazos, responsáveis, fazer testes, monitorar, corrigir. Desse modo, em um movimento cíclico de melhorias contínuas a essência da inovação incremental estará sendo aplicada.

Conclusão

Como vimos, nem sempre é preciso revolucionar. Às vezes o caminho mais seguro é melhorar o que já se tem feito e assim continuar garantindo o espaço no mercado, mas sem deixar de estar atento às oportunidades de realizar disrupções em outros momentos.

Diferentes negócios possuem diferentes desafios, diferentes necessidades e características. Por isso, é preciso ter em mente que não existe um caminho perfeito a ser seguido. O que cabe frisar é que um modelo de inovação não anula o outro. Na verdade, o caminho é buscar as melhores soluções para o que o mercado pede.

Nesse caminho, o pontapé que sua coop precisa pode ser dado através do curso Inovação - Primeiros Passos. Nele você aprende o que é inovação e descobre como desenvolver a criatividade na sua cooperativa através de metodologias e ferramentas adequadas. Acesse!

<p>Inédito, o evento dá protagonismo para o cooperativismo do Norte Brasileiro. Confira os temas e destaques do primeiro CoopMind!</p>

CoopMind: evento mostra a força da inovação no cooperativismo do Norte

Fruto de uma iniciativa de intercooperação, congresso discutiu o agronegócio, a agenda ESG e apresentou casos práticos de sucesso na região


A cidade de Vilhena, em Rondônia, recebeu grandes nomes de dentro e fora do cooperativismo para a primeira edição do CoopMind, um congresso dedicado à inovação e intercooperação na região Norte do Brasil.

O evento, apoiado pelo Sistema OCB/RO, é fruto de uma parceria entre o Sicoob Credisul e a Faculdade Favoo. A Coonecta foi responsável pela produção e curadoria de conteúdo.

A iniciativa surgiu com o objetivo de promover o cooperativismo na região, mostrando, também, o poder transformador da intercooperação e da inovação. O lema da primeira edição do CoopMind, realizado entre os dias 18 e 19 de maio, foi “Conexões que fortalecem o cooperativismo e transformam realidades”.

A programação reuniu palestras de especialistas, casos práticos e painéis de debates sobre diversos desafios enfrentados pelo cooperativismo da região Norte. O CoopMind aconteceu no Auditório principal da Escola e Faculdade Favoo e reuniu mais de 500 participantes, mostrando a força do cooperativismo regional.

Inovação é destaque no CoopMind

O CoopMind trouxe à tona o potencial do cooperativismo como uma alternativa para uma economia mais justa, assim como para os negócios digitais. Durante sua apresentação, Gustavo Mendes, cofundador da Coonecta, ressaltou que “o cooperativismo não é só o presente, mas também o futuro”.

Inovação

A inovação no cooperativismo ocupou um lugar de destaque no palco do CoopMind. Alexandre Carrasco, professor e consultor organizacional da Repensando Negócios, indicou os primeiros passos para inovar nas cooperativas. Carrasco abordou as cooperativas de plataforma e apresentou o modelo cooperativista como resposta aos desafios contemporâneos.

A cultura de startups também foi um tema presente no CoopMind. O gerente de Inovação da Sicoob Credicitrus Tiago Sartori falou sobre como as startups se integram ao ecossistema de inovação das cooperativas. Dagoberto Trento, experiente no coop e sócio na Innoscience Consultoria, discutiu a jornada e a realidade para empreender na nova economia.

Carrasco, Sartori e Trento ainda participaram de uma sessão de perguntas e respostas sobre os processos de inovação das coops.

Intercooperação

A intercooperação foi um dos temas mais relevantes durante o CoopMind - o evento é fruto de uma intercooperação, afinal. Carolina Torres, presidente da Favoo, compartilhou o caso prático de como a instituição é um grande exemplo de intercooperação na área de educação.

O Hospital Cooperar, tocado por intercooperação na área da saúde, foi o tema da apresentação de Vilmar Saúgo, que é diretor-executivo do Sicoob Credisul. Visitas monitoradas ao Hospital Cooperar e à Faculdade Favoo mostraram as iniciativas na prática.

Além disso, Fábio Andreazza, presidente do Conselho de Administração da Copama, palestrou sobre as iniciativas de intercooperação no agronegócio. Por fim, foi realizado um bate-papo sobre os casos práticos apresentados.

Agronegócio

Bastante forte na região, o agronegócio e o cooperativismo agropecuário tiveram um espaço especial na programação do CoopMind. Um dos destaques foi a palestra do professor Marcos Fava Neves, conhecido como Dr. Agro, um dos maiores especialistas sobre o agronegócio mundial.

Fava Neves ressaltou o papel do agronegócio para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Para ele, o campo vai apoiar o país “gerando e distribuindo renda”. Além disso, ele aponta, as exportações do agronegócio geram oportunidades para as pessoas.

O professor, que leciona na USP e na FVG, ainda participou de um painel que debateu desafios, estratégias e oportunidades para impulsionar o crescimento do Ramo Agropecuário. A conversa também contou com Fábio Andreazza, da Copama, além de Ivan Capra, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credisul, e Oberdan Pandolfi, presidente do Sicoob Credip.

Agenda ESG

Em alta, a Agenda ESG também esteve no centro das discussões e apresentações do CoopMind. Rodrigo Casagrande, professor da FGV e autor de livros sobre o tema, falou sobre a relação entre cooperativismo e ESG abordando tópicos como os novos padrões de consumo e agricultura regenerativa.

Já Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais no Sicoob, discursou sobre como o cooperativismo atua para a transformação das comunidades, com foco no Ramo Crédito. Ele argumentou que cooperativas financeiras são vistas como instituições que cuidam da sociedade de forma colaborativa e sustentável.

Ainda na seara do ESG, Adevania Silveira, gerente de Marketing, Comunicação e Relações Institucionais da Sicoob Credisul, apresentou casos práticos sustentáveis da cooperativa. 

Atividades culturais

Além das palestras e visitas técnicas, o CoopMind também promoveu apresentações culturais. O espetáculo ficou a cargo do Coral Sicoob Credisul e do Projeto Mamaindê.

Além disso, o evento proporcionou uma feira cooperativista onde várias cooperativas, produtores da região e integrantes de projetos sociais expuseram os seus produtos.

Conclusão: CoopMind mostra a força do cooperativismo do Norte

O CoopMind ajuda a mostrar a força do cooperativismo que desenvolve o Norte do Brasil. Ivan Capra ressaltou que o evento foi uma grande oportunidade para mostrar a força do coop local:

“Nosso evento buscou pensar o cooperativismo e as cooperativas como agente de desenvolvimento. Em Vilhena, temos vários cases de sucesso nascidos a partir de intercooperação, e a ideia é tornar o município referência”.

Já Carolina Torres, presidente da Favoo, disse que o evento foi um sucesso. “Tentamos criar um mindset, essa cultura de inovação é uma novidade para o público mais jovem, principalmente aqueles que não conseguem se deslocar para participar de eventos desse porte”.

Por fim, Gustavo Mendes, da Coonecta, ressaltou que as cooperativas atuantes fazem a diferença para o desenvolvimento regional. “Fiquei encantado de ver como a Sicoob Credisul e a Favoo colocam em prática o sétimo princípio cooperativista com um interesse genuíno pela comunidade”. 

Inovar no cooperativismo é diferente: toda sociedade sai ganhando. Para tornar a sua coop mais uma protagonista desse movimento, confira nosso guia prático Inovação com DNA cooperativista e conheça conceitos e etapas iniciais para fazer parte dessa jornada!

<p>A indústria caminha para se tornar mais humana e sustentável, mas sem abrir mãos das novas tecnologias: é a Indústria 5.0. Saiba mais!</p>

Indústria 5.0: conheça a evolução que une máquinas e seres humanos

Fique por dentro das características que guiam o futuro da indústria e saiba como ela transforma negócios e pessoas


O futuro do trabalho e da economia nos oferece diferentes perspectivas. Todas elas levam em conta o papel da Indústria, um setor econômico importante e responsável pela transformação de matérias-primas em bens e serviços.

Mesmo pouco antes da primeira Revolução Industrial, as máquinas se tornaram imprescindíveis nos processos de fabricação. Com o avanço tecnológico, os processos foram ficando cada vez mais automatizados e digitalizados, sem a necessidade de ação humana.

Contudo, nos últimos anos, com a chamada Indústria 5.0, o fator humano vem readquirindo protagonismo nos novos processos industriais, geralmente marcados pela digitalização, uso da inteligência virtual e análise de dados, entre outras tecnologias.

Assim, nessa nova indústria, a máquina existe para fornecer apoio e potencializar as competências humanas que mesmo as ferramentas tecnológicas mais avançadas não conseguem substituir. É possível automatizar a criatividade, a capacidade de análise, a resiliência e a cooperação mútua, afinal?

O que é a Indústria 5.0

A Indústria 5.0 é o ponto da mais recente evolução industrial. Ela propõe a humanização dos processos industriais, a fim de combinar aspectos essencialmente humanos à velocidade, produtividade e eficiência alcançadas pela automação trazida pelas máquinas e digitalização.

Uma definição dada pela União Europeia entende que a Indústria 5.0 “fornece uma visão da indústria para além da eficiência e da produtividade como únicos objetivos, e reforça o papel e a contribuição da indústria para a sociedade”. Nesse sentido, a Indústria 5.0 tem três pilares principais:

  1. Ser centrada no ser humano
  2. Ser resiliente
  3. Ser sustentável

Ser centrado no ser humano indica a fuga de um paradigma puramente técnica. O homem deixa de ser visto como meio para ser visto como fim. A organização deixa de existir somente para ser servida, mas também para servir às pessoas e à sociedade.

A resiliência aparece como pilar da Indústria 5.0 ao passo em que a preocupação maior deixa de estar essencialmente sobre os lucros e a eficiência, mas sim em construir organizações capazes de reagir sistematicamente diante de qualquer situação, proporcionando soluções mais estáveis e sustentáveis.

Além disso, a indústria do futuro não poderia estar alheia às questões urgentes de sustentabilidade. Isso requer, por exemplo, a aplicação de estratégias ESG (Environmental, Social and Governance) e o alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Diferenças entre a Indústria 4.0 e a Indústria 5.0

Não há, na verdade, um movimento de passagem entre eras, em que a Indústria 4.0 é, aos poucos, deixada de lado para dar espaço à Indústria 5.0. O que ocorre na verdade, é uma complementação da 4.0 com os aspectos da 5.0. O objetivo, portanto, não é desconsiderar os avanços passados, mas ampliá-los, gerando novas possibilidades.

A Indústria 4.0 intensificou a integração de novas tecnologias, promovendo a automação industrial, gerando impactos positivos de produtividade e eficiência. Porém, ao mesmo tempo, diminuiu o papel humano nos processos. A Indústria 5.0 caminha em direção a reequilibrar essa relação entre máquina e homem.

Nesse sentido, a Indústria 5.0 lança um novo olhar sobre os avanços da Indústria 4.0, por um caminho em direção à humanização e à responsabilidade ambiental.

Propósitos da Indústria 5.0

A Indústria 5.0 pretende explorar a fundo a capacidade humana de análise crítica e especializada na operação de super tecnologias e maquinários avançados. Isso acontece a fim de gerar produtos mais próximos à real necessidade do consumidor, de maneira customizada e personalizada.

Diferente da Indústria 4.0, em que o objetivo era a automação geral, a Indústria 5.0 privilegia a intervenção humana. Com isso, seu propósito é obter aquilo que a máquina não é capaz de oferecer, como a criatividade, a resiliência e o pensamento crítico e cognitivo.

No entanto, o objetivo da Indústria 5.0 não está centrado em resultados puramente financeiros. O objetivo é, também, criar valor atrelado à qualidade da vida humana, considerando a sustentabilidade e responsabilidade social.

Desafios da Indústria 5.0

O desafio da Indústria 5.0, então, é cumprir justamente aquilo que se propõe a fazer: tornar os processos industriais mais humanizados, em um movimento contrário à automação total, sem perder os ganhos de produtividade e eficiência trazidos pela Indústria 4.0.

A aplicação das ideias propostas pela Indústria 5.0 ainda está no início. A implementação completa ainda levará tempo e envolve a adoção de novas tecnologias e a qualificação da força de trabalho, o que exige altos investimentos. Muitos negócios de pequeno e médio porte, por exemplo, ainda buscam implementar a Indústria 4.0 em seus processos.

A evolução até a indústria 5.0

Principais tecnologias utilizadas na Indústria 5.0

A Indústria 5.0 utiliza-se de diversas tecnologias avançadas para potencializar as capacidades humanas. Entre elas, estão o uso de Inteligência Artificial (IA), o Machine Learning e a Robótica.

  • Inteligência artificial: com a IA, sistemas computadorizados são capazes de imitar o raciocínio e o comportamento humano na execução de tarefas. É como se o sistema pensasse e atuasse como humanos, possuindo algum nível de racionalidade. Isso é possível a partir do processo de aprendizagem (machine learning), com base em informações que recebem, coletam e analisam.
  • Machine learning: a machine learning (aprendizado de máquina) é uma braço importante da IA. A ideia é que os sistemas sejam capazes de aprender os dados, identificar padrões e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana, se aprimorando gradativamente.
  • Robótica: o desenvolvimento da robótica e da IA permite criar robôs sofisticados, com autonomia para entenderem o contexto apresentado e tomar decisões independentes, ajudando em operações automatizadas.

Os impactos da Indústria 5.0

Como propõe mudanças nas lógicas industriais, a Indústria 5.0 apresenta uma série de impactos no mercado. Vejamos alguns deles:

(H3) Harmonia do trabalho entre homem e máquina

A fim de potencializar a inteligência e criatividade humana, a Indústria 5.0 leva em conta a integração entre máquinas e pessoas. Nesse sentido, o homem volta a se tornar elemento protagonista no processo de manufatura de produtos, mas agora com o apoio das tecnologias avançadas.

Capacidades humanas são essenciais para o desenvolvimento dos negócios, como o pensamento crítico, o senso inventivo e colaborativo. Assim, a harmonização dessas capacidades às tecnologias precisas e inteligentes é o que a Indústria 5.0 pretende: gerar uma simbiose homem-máquina.

Sustentabilidade

A sustentabilidade é um ponto fundamental para a Indústria 5.0. Portanto, diante das atuais preocupações climáticas, a responsabilidade ambiental passou a ser uma questão estratégica para os negócios. Na indústria não é diferente. É preciso adotar práticas sustentáveis de fabricação, aproveitando a inteligência tecnológica.

Na Indústria 5.0, além de ser centrado no ser humano, o ambiente de fabricação precisa ser sustentável. Por isso, é importante desenvolver soluções que reduzam o impacto ambiental da produção, como a aplicação de tecnologias verdes, a redução do desperdício de recursos naturais e o reaproveitamento de materiais.

Personalização produtiva

As indústrias têm, cada vez mais, o desafio de produzir produtos personalizados em alta escala, atendendo às necessidades específicas de cada cliente. A indústria 5.0 abre caminho para esse processo de personalização ao integrar o fator criativo humano à potência tecnológica das máquinas.

Se na Indústria 4.0 a produção em série dificulta a identificação do consumidor com o produto, na Indústria 5.0 a personalização busca resolver esse problema. É o que ocorre na Tesla, montadora de carros elétricos, por exemplo. Caso um consumidor necessite de algo diferente, a companhia se propõe a atender a necessidade e incluir em seus produtos.

Equipes multifuncionais

Para a Indústria 5.0, uma estratégia centrada no ser humano é capaz de promover talentos, diversidade e empoderamento. Isso favorece a formação de equipes diversificadas, com diferentes perfis de profissionais envolvidos. Essas equipes multifuncionais é que potencializam a capacidade de geração de diferentes soluções criativas e inovadoras, afinal.

Nesse contexto, profissionais que possuem os mais variados conhecimentos são extremamente valorizados. São mentes criativas, capazes de analisar as diversas faces de um problema e propor soluções eficientes, de maneira harmônica. Uma equipe de profissionais multifacetados pode alcançar resultados surpreendentes.

Protagonismo no de dados

Uma indústria mais inteligente, capaz de gerar decisões ao mesmo tempo humanas, sustentáveis e resilientes, depende de uma ampla base de dados. Com a Internet das Coisas (IoT), essa gama enorme de dados fica disponpivel, oriunda de diversos dispositivos conectados. Entretanto, o potencial máximo dessa infinidade de informações ainda precisa ser explorado.

No processo de personalização produtiva, em que a manufatura será escalável e customizada, a Indústria 5.0 precisa trabalhar com análise de grandes volumes de dados e ferramentas que possibilitam compartilhamento de dados em tempo real com sistemas inteligentes.

Como adaptar sua cooperativa para essa realidade

A adaptação de uma cooperativa à indústria 5.0 requer adesão a novas tecnologias e práticas em todos os processos do negócio cooperativista, como a Inteligência Artificial, Análise de Dados e Cibersegurança, além de considerar os impactos sociais e ambientais.

Além disso, a cooperativa deve qualificar os colaboradores para lidar com as novidades tecnológicas, buscando sempre a integração entre homem e máquina, através da alfabetização digital. Nesse sentido, é preciso assumir novos valores na cultura corporativa, enxergando a formação e o treinamento como um investimento e não um custo.

Inovar constantemente também é requisito para uma cooperativa que pretende estar imersa na Indústria 5.0. Para isso, é preciso:

  • Adotar processos de seleção mais inclusivos e voltados para o diferencial humano;
  • Trabalhar a liderança como ferramenta de desenvolvimento;
  • Desenvolver a comunicação assertiva e a resiliência da equipe.

Conclusão

A Indústria 5.0 ainda não está em pleno funcionamento, mas já é uma realidade. Mesmo que muitos negócios ainda buscam se adaptar integralmente à indústria 4.0, nada impede que as ideias propostas pela Indústria 5.0 sejam aplicadas simultaneamente às da era anterior.

Para além da questão tecnológica e financeira, esse período de transição entre Indústrias 4.0 e 5.0 representa um momento de reequilíbrio na integração de pessoas e máquinas em processos de produção, a fim de potencializar o melhor das capacidades humanas.

Embora os benefícios da automação total sejam enormes, a essencialidade humana ainda não foi suprida pelas máquinas. Sozinha, a tecnologia não é suficiente.

Como vimos, os dados cumprem um papel fundamental no surgimento da Indústria 5.0. Confira, então, nosso guia prático Como tomar decisões baseadas em dados! Nele, você vai aprender a importância da coleta e análise de dados para melhorar as estratégias e tomadas de decisões!

<p>Conheça o design circular, uma forma de desenvolver produtos levando em conta a sustentabilidade em todo o processo</p>

Design Circular: evitando desperdícios e construindo um futuro sustentável

Você já deve ter ouvido falar em economia circular. Mas e o design circular? Você sabe o que é?


O lixo é um erro de design. Essa é a premissa básica por trás do design circular, uma ideia que pretende enfrentar a grande taxa de desperdício e produção de lixo.

O design circular faz parte de um movimento de mudança de rumos, em busca de uma economia mais sustentável e responsável. Você já ouviu falar dela: é a agenda ESG, que está dando protagonismo à sustentabilidade na nova economia.

Com a ascensão da preocupação com os impactos ambientais e sociais da produção industrial, a busca por métodos que levam em conta o que fazer com os resíduos ganhou importância - inclusive para os consumidores. O que fazer com um celular que quebrou, com as roupas que não servem mais ou com a enormidade de plásticos que descartamos todos os dias?

Essas são preocupações que deram origem à economia circular e, consequentemente, ao design circular. Neste artigo, iremos conhecer o design circular, aprender seus benefícios, conhecer exemplos e entender qual é a sua ligação com o cooperativismo. Aproveite a leitura!

O que é design circular

Em uma era em que o consumo cresce e a inovação tecnológica faz com que as trocas e descartes sejam frequentes, a economia circular busca reduzir os impactos. Quantas vezes você trocou de celular nos últimos dez anos? Quantos deles ainda funcionavam perfeitamente, mas tinham ficado para trás em recursos tecnológicos?

Em meio a um modelo tradicional de produção que gera muitos detritos, a economia circular repensa a indústria produtiva, o uso e a manufatura em relação ao desperdício de insumos naturais e descarte de produtos deteriorados ou obsoletos. Então a reciclagem e o reaproveitamento de materiais usados são exemplos da economia circular? Sim, são!

Ou seja: não basta só pensar na forma mais eficiente de produzir. É necessário, também, levar em conta o que acontece depois de um produto deixar de ser utilizado por qualquer que seja o motivo. A partir dessa busca, surgiu o conceito de design circular, uma resposta em prol de um planejamento sustentável desde a concepção dos produtos.

Design é projeto

Talvez a origem estrangeira faça com que a palavra ‘design’ não seja compreendida corretamente. Para a designer e pesquisadora Mônica Moura, “Design significa ter e desenvolver um plano, um projeto, significa designar. É trabalhar com a intenção, com o cenário futuro, executando a concepção e o planejamento daquilo que virá a existir”. Mais sucintamente, nas palavras do pioneiro Alexandre Wollner: “design é projeto”.

O design circular, portanto, é uma forma de projetar e desenvolver produtos pensando, no decorrer de todo o processo, nos impactos ambientais causados pelos materiais utilizados durante a fabricação. Isso passa pela escolha dos insumos, os métodos de produção e o reuso ou a reciclagem do material que será descartado após o uso do produto.

Dessa forma, podemos entender que o design circular trabalha em cadeia, tendo como princípio o uso de produtos levando em conta tanto o uso de matéria-prima reciclada quanto o destino dos objetos quando ele não puder mais ser mais usado. A meta, com isso, é não só reduzir a quantidade de lixo, mas também diminuir os impactos no meio ambiente por meio da inovação de design.

Os princípios do design circular

O livro Cradle to Cradle – Criar e Reciclar Ilimitadamente (em inglês Cradle to Cradle – remaking the way we make things), de William McDonough e Michael Braungart propõe três princípios que funcionam como base do design circular. Conheça-os abaixo:

  1. Resíduos são nutrientes: na hora de desenhar um produto, os designers devem verificar as propriedades de cada material com os fornecedores. Aqueles que causam impactos negativos devem ser substituídos gradativamente. Além disso, é importante buscar materiais com um ciclo biológico seguro e que sejam nutritivos quando retornam para a natureza. 
  2. Usar a fonte solar ilimitada: a energia solar é constante e renovável. Por isso, seu potencial deve ser aproveitado ao máximo. Para o design de produtos industriais, então, os fabricantes devem ir além da eficiência energética e buscar, também, energias renováveis. O ideal é que a indústria se torne auto-suficiente em energias renováveis.
  3. Celebrar a diversidade: a diversidade fortalece sistemas biológicos e industriais, valorizando materiais, processos e soluções. Com isso, os ambientes de produção e distribuição podem acolher e estimular a biodiversidade, proporcionando áreas verdes e espaço para a natureza.

Características do design circular

A partir disso, o design circular carrega algumas características importantes para que possa cumprir o seu objetivo:

  • Produtos verdes: os produtos devem ser ambientalmente corretos no decorrer de todo o ciclo de produção e uso.
  • Uso de insumos reciclados: sempre que possível, o design circular deve priorizar a utilização de materiais reciclados durante o desenvolvimento dos produtos.
  • Reciclagem ou reuso após descarte: é muito importante que o produto possa ser reciclado ou reutilizado depois de ser usado, de forma a reduzir o descarte de materiais.
  • Aumento da vida útil: muito se fala de obsolescência programada, que é quando um produto é fabricado com uma vida útil encurtada de propósito. O design circular, por outro lado, visa o oposto - isto é, que os produtos durem o máximo possível.

Benefícios do design circular

O design circular não é somente uma proposta idealista. Ele apresenta, sim, vantagens tanto para a sociedade como para os negócios - e sua cooperativa pode aproveitar alguns desses benefícios:

  • Custos reduzidos: o uso de insumos reciclados ou o reaproveitamento de materiais que seriam descartados ajuda a diminuir os custos de aquisição da matéria-prima.
  • Aderente às tendências de consumo: os compradores estão preocupados com a procedência dos produtos que consomem e aceitam até pagar mais caro quando a produção é sustentável.
  • Minimiza impactos ambientais: com menos descarte de material e produção de lixo, o design circular reduz os danos ao meio ambiente e torna o negócio mais sustentável e aderente à pauta ESG.
  • Fomenta a inovação: uma vez que subverte muitas lógicas da produção tradicional, o design circular está sempre em busca de novas ideias e, com isso, se alia à mentalidade inovadora.

Design thinking circular

O design thinking é uma abordagem que tem o objetivo de resolver problemas complexos com o foco nas pessoas, buscando entender a fundo as necessidades e demandas dos clientes. Com isso, o design thinking é construído a partir de três pilares:

  • Empatia
  •  Colaboração
  • Experimentação

Unindo essa maneira de pensar o desenvolvimento de produtos com a economia circular, surge o design thinking circular, viabilizando a redução de impactos ambientais e econômicos com uma perspectiva que mantém as pessoas no centro.

O ciclo do design thinking circular

  1. Análise de cenário: projeção da cadeia de valor no momento, apontando riscos e oportunidades.
  2. Ideação: elaboração de ideias perante as oportunidades encontradas.
  3. Adequação da ideia: contextualizar a ajustar as ideias ao contexto da cooperativa.
  4. Reorganização da cadeia de valor: a busca por soluções dentro do design circular.
  5. Plano de ação: implementação prática da solução a partir dos princípios do design circular.

Exemplos de design circular

O design circular já está ganhando espaço no mercado e diversas soluções. Assim, desde grandes companhias multinacionais até negócios locais apresentam produtos que fortalecem a economia circular por meio da inovação. Conheça algumas dessas iniciativas inspiradoras!

Cooperárvore: resíduos da indústria automotiva viram artigos de exportação

Fundada em 2006 na cidade de Betim, em Minas Gerais, a Cooperárvore é a cooperativa social do programa Árvore da Vida, uma iniciativa social que virou referência na economia circular. O objetivo da cooperativa é gerar renda a partir de produtos criados com resíduos provenientes da indústria automotiva.

Com isso, o design circular está no coração da Cooperárvore, que reaproveita o material que seria descartado para confeccionar bolsas, mochilas, necessaires, artigos de casa e brindes personalizados. Dessa forma, a cooperativa impede que esses insumos se tornem lixo e os transforma em produtos que já até foram exportados.

Quando completou 15 anos, em 2021, a Cooperárvore anunciou que já havia reaproveitado mais de 39 toneladas de materiais que seriam descartados. Dessa forma, até então, a cooperativa tinha vendido mais de 250 mil produtos, mostrando que o cooperativismo ocupa um papel de protagonismo no design circular.

A produção circular na coop Dedo de Gente

A Dedo de Gente é mais uma cooperativa mineira que mostra o papel do cooperativismo no design circular. Criada em 1996, a coop produz e vende produtos de artesanato que carregam consigo a riqueza do sertão de Minas Gerais, além de realizar oficinas e exposições.

Em suas criações, a Dedo de Gente reaproveita materiais que seriam descartados para a produção de produtos artesanais e peças de arte. É o caso, por exemplo, dessa fruteira criada a partir de um disco de arado.

Adidas lança tênis com plástico retirado do oceano

A marca alemã de moda esportiva se uniu a uma campanha ambiental e produziu um modelo de tênis de corrida que usa plástico tirado do oceano e reciclado em sua composição. O produto foi lançado junto com uma campanha de conscientização contra objetos de plástico de uso único, que têm grande contribuição para a poluição do meio ambiente.

Nesse produto, o design circular usou o plástico reciclado no lugar de fibras sintéticas. O designer Alexander Taylor, que assina o modelo, argumenta que “os designers podem ser agentes da mudança” na busca por métodos alternativos e sustentáveis.

Celular modular da FairPhone evita lixo eletrônico

Como discutimos acima, a troca de celulares é uma das grandes causas do acúmulo de lixo eletrônico. Muitas vezes, os aparelhos ainda funcionam bem, mas são trocados porque já estão defasados tecnologicamente. E se fosse possível, então, ir melhorando o dispositivo aos poucos, sem precisar jogar tudo fora?

Essa é a proposta do FairPhone, um smartphone modular desenvolvido por uma companhia holandesa. Os aparelhos são projetados para durar muito tempo, porém com um diferencial: eles não ficam obsoletos.

Para isso, os celulares da FairPhone são desmonta´veis, repara´veis e atualiza´veis, a fim de acompanhar os avanços tecnolo´gicos e desejos do usuário. Assim, se você quer uma câmera melhor, não precisa comprar um novo aparelho, basta trocar o componente da câmera.

Coleção reciclável de roupas da C&A conquista certificados

Em 2018, a varejista de moda C&A lançou a coleção Ciclos, composta por peças de vestuário jeans fabricadas de materiais seguros e totalmente recicla´veis. A matéria-prima é certificada e a fabricação usa produtos químicos seguros e livres de metais pesados ou outras substâncias tóxicas.

Além disso, a fabricação é 100% neutra em relação às emissões de carbono e utiliza 50% de energia renovável no decorrer do processo de confecção das peças. O design circular das roupas, que não levam materiais sintéticos ou químicos to´xicos, permite que, após o uso, elas possam ser recicladas. Mesmo quando descartadas, as peças da linha não causam danos no ambiente.

Com essa iniciativa, a C&A se tornou a primeira marca varejista de moda a conquistar a certificação Cradle to Cradle nível Gold, que reconhece produtos relevantes para o avanço da economia circular, para peças produzidas no Brasil.

Remaster: sistema de piso elevado com apoio cooperativo

A construtech paulista Remaster Tecnologia desenvolveu um sistema integrado de piso elevado que abriga componentes da rede elétrica feito com placas de pla´stico reciclado. Além disso, todo o material pode ser reutilizado em próximos ciclos. Dessa maneira, a Remaster recolhe toneladas de plástico das ruas e ajuda a reduzir a demanda da matéria-prima virgem. A construtech conta, ainda, com apoio de cooperativas que trituram e colorem o plástico, dando origem a pellets (pequenas bolinhas de resina) de polipropileno que são reutilizados na produção dos pisos.

Cooperativas de reciclagem e a logística reversa

O cooperativismo é um grande aliado da economia e do design circular. Além dos exemplos que vimos acima de coops que estão ativamente propondo novas ideias e produtos conectados à economia circular, as cooperativas de catadores cumprem um papel central na logística reversa.

Um estudo do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), aponta que os catadores são responsáveis por quase metade da coleta seletiva no Brasil. Em São Paulo, 100% do material reciclável coletado são manejados por catadores - mesmo os que são coletados por empresas concessionárias acabam nas mãos de cooperativas de reciclagem que cuidam da triagem, armazenamento e venda do material. 

A intercooperação também tem espaço nessa jornada. O ConexãoCoop contou a história da Centcoop, uma cooperativa de segundo grau que reúne diversas instituições no Distrito Federal, atuando na comercialização conjunta dos materiais recuperados e coletados, via coleta seletiva, por cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

Com isso, as cooperativas de reciclagem são essenciais para o avanço do design circular, uma vez que faz a coleta e o tratamento dos materiais que são reutilizados e voltam à economia, reduzindo o desperdício de recursos naturais e a produção de lixo.

Cooperativismo no mercado de resíduos eletrônicos

O lixo eletrônico é uma das piores consequências do rápido avanço tecnológico que vivenciamos. Segundo a pesquisa “The Global E-waste Monitor 2020”, o Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico no mundo. Se por um lado o desperdício é grande, por outro lidar com o descarte ainda é um grande problema.

Com diversos impactos ao meio ambiente e à saúde, o descarte irregular de resíduos eletrônicos é muito danoso para a sociedade. Um dos grandes desafios do design circular é que seus princípios sejam adotados com mais força no universo do desenvolvimento tecnológico.

Neste artigo, o InovaCoop mostrou como o cooperativismo é protagonista dessa batalha. A Coopermiti, que se dedica à produção, recuperação, reutilização, reciclagem e comercialização de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos já opera há 13 anos em São Paulo. Só em 2022, a Coopermiti reciclou 5,5 mil toneladas de lixo eletrônico.

Um dos serviços da Coopermiti é a recuperação, reutilização e reciclagem dos resíduos eletrônicos, devolvendo esses materiais ao ciclo produtivo. Além disso, a cooperativa abriga um museu com acervo de materiais eletrônicos antigos e uma oficina de arte de obras construídas com resíduos eletrônicos.

Conclusão: design circular para um futuro sustentável

O design circular é uma inovação indispensável para a criação de um futuro sustentável, com menos lixo e sem desperdício de recursos naturais. A transição rumo a uma economia circular impõe desafios complexos, mas a inovação e o cooperativismo são aliados nessa jornada.

Para alcançar melhores resultados, as iniciativas de combate ao desperdício precisam reorientar a lógica da produção industrial. A adesão ao design circular é parte fundamental dessa tarefa. Afinal, esse processo é mais eficaz quando a reciclagem e reutilização dos materiais são priorizados desde os primeiros passos no desenvolvimento de um projeto.

Se o lixo é um erro de design, o design circular é um elemento crucial para criarmos um mundo sem resíduo. Além do benefício óbvio de contribuir com a sustentabilidade e a causa ambiental, o design circular pode ser um grande diferencial da sua coop.

O cooperativismo está atento e segue sendo um aliado importante para a construção de um mundo melhor e um futuro promissor. As boas práticas ESG fazem parte dos princípios e valores do cooperativismo. Para potencializar esse dom do cooperativismo, o Sistema OCB está desenvolvendo o ESGCoop. Saiba mais sobre essa tendência neste guia prático!

<p>Veja como a união entre cooperativismo e academia geram inovação - e como você pode fazer parte desse movimento</p>

Cooperativismo e academia: uma conexão que impulsiona a inovação

A produção de conhecimento científico impulsiona o cooperativismo brasileiro - e você pode fazer parte desse movimento


A produção acadêmica é uma das principais fontes de inovação na sociedade, nos negócios e, como não poderia deixar de ser, também no cooperativismo. A geração de conhecimento científico ajuda a tornar o coop mais conectado, inovador e competitivo. Com isso, a relação entre cooperativismo e academia é positiva para todos.

Essa relação entre cooperativismo e academia pode acontecer tanto diretamente entre universidades e cooperativas em busca de uma relação de desenvolvimento mútuo focada nos produtos quanto pelo desenvolvimento do cooperativismo enquanto ecossistema.

O primeiro caso acontece, por exemplo, na Certel, como contamos no Radar da Inovação. A maior cooperativa de eletrificação do país mantém uma parceria com a Universidade do Vale do Taquari (Univates) e seus alunos do curso de Engenharia Elétrica

Já o segundo tipo traz estudos que proporcionam uma compreensão mais profunda do cooperativismo como modelo de negócios, agente do desenvolvimento regional e força motriz da agenda ESG.

O 7° Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC) é um dos grandes momentos dessa relação entre cooperativismo e academia - e você pode participar desse movimento.  

Academia é parte do ecossistema de inovação cooperativista

O cooperativismo conta com o seu próprio ecossistema de inovação que engloba a produção científica e acadêmica. O RadarCoop, uma iniciativa que mapeia o ecossistema de inovação e empreendedorismo cooperativista, mostra que essa relação é salutar na construção de um cooperativismo inovador e moderno.

O mapeamento classifica os atores do ecossistema de inovação do cooperativismo em sete tipos. Um desses tipos é referente aos “geradores de conhecimento”, que são instituições que promovem pesquisas e, com isso, produzem conhecimento acadêmico e descobertas científicas que impulsionam a inovação.

A Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo (ESCOOP), por exemplo, surgiu com o objetivo de atender às demandas de qualificação das cooperativas gaúchas. Sua missão é promover o desenvolvimento sustentável das cooperativas por meio de soluções inovadoras e de excelência na aprendizagem e pesquisa. Cooperativismo e academia aliados desde a base.

O Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul (Isae) é outra instituição de ensino que contribui para a conexão entre cooperativismo e academia. Em parceria com o Sistema Ocepar, o Isae publicou um livro sobre gestão da inovação em cooperativas.

Cooperativismo e academia: conferências promovem pesquisa sobre o coop no Brasil e no mundo

Conferências de pesquisadores focadas em trabalhos acadêmicos sobre o cooperativismo também são fatores importantes para fomentar a inovação e o desenvolvimento do coop. Elas são oportunidade para que estudiosos de diversas instituições e áreas correlacionadas ao cooperativismo possam realizar e promover seus estudos.

Além disso, esses eventos promovem a troca de experiências e fomentam o networking entre a academia e as cooperativas, aliando teoria e prática. Ademais, eles ajudam a estabelecer o cooperativismo como um objeto de estudo relevante. O Sistema OCB apoia esse movimento e te convida para participar!

7° EBPC (Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo)

O EBPC (Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo), organizado pelo Sistema OCB, chega à sétima edição, que conta com coordenação científica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O evento proporciona uma oportunidade para pesquisadores apresentarem seus trabalhos sobre o coop durante um encontro presencial.

Com isso, a ideia do EBPC é estimular a realização de estudos que buscam maior eficácia e eficiência nos processos das cooperativas. Assim, o EBPC propõe um ambiente favorável à criatividade, experimentação e implementação de novas ideias capazes de unir competitividade e desenvolvimento sustentável dentro do cooperativismo brasileiro.

Na sétima edição, o tema do encontro é “Sustentabilidade no cooperativismo: competitividade, inovação e diversidade”. Além disso, os eixos temáticos são:

  • Identidades Cooperativas e Direito Cooperativo: busca investigar o que torna as cooperativas diferentes das demais organizações. Para isso, leva em conta seus aspectos teóricos, identitário, legal e societário, bem como os variados fatores que influenciam na identidade cooperativa no ambiente de negócios.
  • Educação, Inovação e Diversidade: acolhe trabalhos relacionados aos processos de educação, empreendedorismo e inclusão que atuam sobre o desenvolvimento e a promoção da equidade nas cooperativas. Com isso, a ideia é dar visibilidade a uma agenda de inovação e promoção do conhecimento cooperativista.
  • Governança e Gestão: investiga modelos de governança e gestão nas cooperativas, como fidelização de cooperados, desenvolvimento de lideranças, transparência, intercooperação e agenda ESG.
  • Contabilidade, Finanças e Desempenho: compreende estudos que analisam a gestão do capital das cooperativas. Com isso, são trabalhos que tratam de avaliação de projetos, investimentos, eficiência e demais tópicos relacionados ao desempenho econômico e social das coops.
  • Impactos e Contribuições Econômicas, Sociais e Ambientais: a proposta é debater se e como o cooperativismo gera impactos econômicos, sociais e ambientais. O foco é investigar a mensuração e a efetividade, dos efeitos, contribuições e impactos das cooperativas nas comunidades em que elas estão inseridas.

As submissões de trabalhos para o EBPC se encerram no dia 15 de maio, então ainda dá tempo de participar. Para saber mais sobre o 7° EBPC, confira este artigo em que explicamos como ele funciona e de que forma você pode inscrever o seu trabalho!

Conferência Europeia de Pesquisa da ACI

O InovaCoop também destacou a Conferência Europeia de Pesquisa ICA CCR, realizada pela Aliança Cooperativa Internacional, que terá a inovação como um de seus pilares. O evento, que vai acontecer na cidade de Leuven, na Bélgica, entre os dias 10 e 13 de julho, já encerrou as inscrições.

A Conferência Europeia de Pesquisa tem o objetivo de promover conhecimento, proficiência e legitimidade sobre o empreendedorismo dentro do cooperativismo. Como contamos neste artigo, o Sistema OCB e pesquisadores brasileiros marcaram presença na edição de 2022 do evento.

As analistas técnicas Ana Tereza Libânio, Feulga Reis e Kátia Buzar foram as representantes brasileiras do evento, que ocorreu em Atenas, capital da Grécia, entre os dias 15 e 17 de julho. O grupo apresentou artigos produzidos em inglês dentro da temática “Repensando as cooperativas: do local ao global e do passado ao futuro”.

Representantes do Sescoop/RS e do Fundo Garantidor de Crédito Cooperativo (FGCoop) também ajudaram a levar o cooperativismo brasileiro aos palcos globais. A conferência, dessa forma, torna o cooperativismo global mais unido, como em uma intercooperação global por meio do compartilhamento de conhecimento acadêmico e científico no qual o cooperativismo brasileiro é protagonista na inovação.

Conclusão: Sistema OCB estimula conexão entre cooperativismo e academia

Cooperativismo e academia fazem uma dupla poderosa para impulsionar a inovação cooperativista. A produção de conhecimento científico, afinal, ajuda na compreensão dos cenários, desafios e oportunidades que englobam todo o ambiente de negócios e ecossistema de inovação do coop.

O Sistema OCB é entusiasta da relação entre cooperativismo e academia na construção de conhecimento científico. Tanto que, a fim de estimular as contribuições acadêmicas sobre o coop, a plataforma CapacitaCoop lançou a trilha de aprendizagem Programa Pesquisa Científica do Cooperativismo.

O 7° EBPC é uma grande oportunidade para que os pesquisadores possam dar visibilidade aos seus trabalhos e se conectar com outros estudiosos sobre o tema, assim como com as cooperativas. Com isso, o cooperativismo se torna ainda mais inovador. 

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