A mentalidade de aprendizado contínuo pode mudar sua vida e seu desempenho profissional. Descubra as razões para se tornar lifelong learner!
Qual é o nível de conhecimento que você deve ter para se tornar um expert em alguma coisa? Quando devemos entender que já sabemos o suficiente para não precisarmos mais nos preocupar com aprender algo? Para a cultura lifelong learning, a resposta é “nunca”.
Este tema envolve, literalmente, “aprender a aprender”. Afinal, é necessário criar hábitos para que possamos seguir nos qualificando e nos aprofundando em temas, mesmo enquanto nossa carreira progride.
Independente da área em que você atua, certamente existe algum tema em que você pode se desenvolver, seja uma teoria, uma ferramenta, uma qualidade socioemocional ou um método de trabalho.
É comum ver profissionais que, por acharem que já estão em um nível muito alto de conhecimento, acabam tendo seus pensamentos ultrapassados pela evolução do mercado. Hoje, já conhecemos técnicas para evitar isso e para nos abrirmos para o futuro. É o lifelong learning, que iremos apresentar e discutir neste artigo. Boa leitura!
O que é lifelong learning
A Capela Sistina demorou quatro anos para ser pintada por Michelangelo. A Catedral de Notre Dame, em Paris, levou cerca de 200 anos para ter sua obra finalizada. Já A Grande Muralha da China levou aproximadamente 2.000 anos para ficar pronta.
Esses exemplos não servem para te assustar ou dar a ideia de que você nunca vai conseguir criar algo tão grande. Mas essa informação serve para entendermos como o tempo pode enriquecer qualquer produção.
É justamente isso que o lifelong learning representa. Trata-se, portanto, de um modelo que enxerga o aprendizado como algo constante, definitivo e que não deve se limitar ao que é aprendido em sala de aula. É preciso investir em cursos, vivências, debates e tudo que pode aumentar seu conhecimento.
Benefícios do lifelong learning
Há dezenas de benefícios do uso do lifelong learning na sua cooperativa. Entre eles, o mais destacado é o aumento do potencial e da capacidade técnica do seu time, aumentando assim a produtividade, a inovação e, consequentemente, a competitividade da sua coop!
Há também o rompimento da barreira das hard skills (habilidades mais objetivas e condizentes com a profissão) e das soft skills (características humanas, de relacionamento e de autoconhecimento).
Você se considera uma pessoa criativa e inovadora? Se não, saiba que o lifelong learning também pode te ajudar a alcançar essas skills. Acontece que, à medida que você navega por mais disciplinas diferentes, sua bagagem de referências aumenta.
Quer alguns exemplos? Aprender mais sobre uma ferramenta de automação vai permitir que você otimize processos e seja mais eficiente nas tarefas. Desenvolver sua inteligência emocional pode melhorar suas relações com o time. Se você se aventurar em conhecimentos de áreas diferentes, ainda terá como vantagem poder se comunicar melhor com profissionais de outros departamentos.
Quanto mais estudo, maior é a confiança dos seus colaboradores e maiores são as chances de que eles tomem decisões concisas, conscientes e benéficas para todas as partes envolvidas.
Pilares do Lifelong Learning
Os quatro pilares do aprendizado ao longo da vida foram estabelecidos pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI da Unesco. Eles são, então:
- Aprender a conhecer: tem a ver com a capacidade de aprender, compreender, desenvolver habilidades de pensamento crítico e análise. Trata-se de, com isso, de seguir procurando o conhecimento constantemente, entendendo o valor das pesquisas e aplicando as melhores soluções para cada contexto.
- Aprender a fazer: é claro que não devemos nos limitar à parte teórica. Em algum ponto, é necessário respirar fundo e colocar os conceitos absorvidos em prática, sem medo de errar. Estágios, programas de incentivo e experimentos internos são excelentes caminhos para fazer isso sem tantos riscos.
- Aprender a conviver: você se lembra do que falamos sobre as soft skills? É aqui que elas ganham ainda mais força. Não adianta você ser um expert no assunto se não for capaz de transmitir suas ideias com empatia e clareza, afinal. O desenvolvimento de habilidades humanas vem sendo cada vez mais relevante nos setores de RH das cooperativas. Com uma frequência maior, os profissionais humanizados conseguem se destacar perante a concorrência.
- Aprender a ser: e se você pudesse reunir absolutamente tudo o que aprendeu durante a vida para criar uma versão muito mais completa de si mesmo? Isso envolve aspectos cognitivos, emocionais, éticos e até estéticos. Tem a ver, ainda, com a compreensão da própria identidade e o aumento da autorreflexão.
Caminhos para implantar o lifelong learning na sua cooperativa
O acolhimento do lifelong learning não acontece de um dia para o outro. Para que esse conceito se torne definitivo na sua cooperativa, é preciso introduzi-lo à sua cultura de gestão, abraçando todos os processos que o envolvem.
Aqui vão algumas dicas para que você consiga implementar o lifelong learning na sua cooperativa de forma natural e eficiente, confira!
Identificar necessidades de aprendizagem
Vamos supor que a sua cooperativa seja de crédito. Nesse caso, é evidente que a sua equipe vai precisar de conhecimentos de áreas exatas com muito mais frequência, bem como de tópicos que envolvem a legislação brasileira e a regulamentação dos serviços financeiros.
Certas coisas simplesmente fazem sentido. Mas ainda assim, pode ser que esse quadro de colaboradores precise também de um curso sobre atendimento ao cliente, caso algum indicador seu esteja um pouco negativo.
O ideal, dessa forma, é mergulhar na cultura da sua cooperativa, analisar dados com atenção e entender quais são os aprendizados que podem beneficiar a sua rotina na prática.
Definir objetivos
Se você faz um curso de confeitaria, provavelmente quer melhorar seus bolos. Com o lifelong learning, também é importante ter objetivos claros em mente. Seguindo o exemplo do tópico anterior, é possível ter uma boa visão disso.
Se os seus indicadores de atendimento ao cliente estão baixos, você pode oferecer alguns cursos na área, como o de Customer Support, do ConexãoCoop. A sua meta pode ser aumentar em 10% essa medição dentro de um ano, ou qualificar alguns líderes para gerenciarem esse setor.
Proporcionar educação corporativa - e cooperativa
A sua cooperativa, no entanto, não precisa ser da área da educação para proporcionar aprendizados dentro dela. Você pode criar programas de treinamento, de capacitação, de estágio e até mesmo de formação de líderes sem precisar revolucionar o seu sistema.
Isso vai fidelizar sua equipe, diminuindo a rotatividade de colaboradores e trazendo mais confiança para cada um dos profissionais.
Integrar a aprendizagem ao fluxo de trabalho
Você quer que todos ao seu redor aprendam, evidentemente. Mas você também não pode deixar que esse foco prejudique o bom trabalho que já vem sendo feito na sua gestão. É para isso que existe o processo de integração de aprendizagem ao fluxo de trabalho.
Adaptar horários, flexibilizar responsabilidades de indivíduos que estejam focando no conhecimento e unir grupos para que eles se ajudem são ótimas maneiras de continuar com a produção firme e andando de mãos dadas com o conhecimento.
Executar a inovação aberta
Você se lembra de quando, ainda no período da escola, os professores promoviam aulas abertas com debates? Em um ambiente de cooperativismo, é difícil fazer isso, dado que os ambientes são maiores e as pessoas estão em momentos diferentes.
Mas isso não quer dizer que o pessoal não possa interagir e compartilhar conhecimento. Sempre que possível, organize rodas de conversa, painéis abertos e debates para que todos possam dividir o que estão aprendendo.
Essa é a premissa por trás da inovação aberta, capaz de proporcionar trocas de ideias, tecnologias e, assim, gerar conexões inovadoras. Confira, por exemplo, o nosso guia prático Inovação aberta: como se relacionar com startups!
Como tornar o aprendizado uma parte natural da rotina
O aprendizado contínuo deve estar integrado ao cotidiano para que possa ser mais efetivo. Assim sendo, reunimos algumas dicas para você se aderir ao lifelong learning no dia a dia, veja!
- Se habitue a ler livros e blogs da sua área e de outras;
- Acompanhe perfis em redes sociais que trazem pílulas de conhecimento;
- Coloque documentários sobre temas variados na sua lista de filmes;
- Aproveite momentos de deslocamento para ouvir um podcast;
- Crie metas de desenvolvimento;
- Aposte em cursos rápidos e focados;
- Não se esqueça de desenvolver também as soft skills;
- Participe de eventos;
- Navegue por outras áreas de conhecimento;
- Encontre formas de tornar o aprendizado ativo e prático.
Conclusão: o lifelong learning cooperativista
Existem muitas definições para o conhecimento. Para Sócrates, “o verdadeiro conhecimento vem em reconhecer a própria ignorância". Já para René Descartes, “o conhecimento é uma crença verdadeira e justificada". Então, ative sua curiosidade e explore. Você vai descobrir que há sempre muito mais a aprender e que todo conhecimento absorvido vai estimular sua mente para uma atuação relevante e multidisciplinar na sua cooperativa.
Há, portanto, diversas formas de pensar nesse assunto, mas uma coisa é sempre igual: o lifelong learning vai muito além de um pensamento para organizações. Ele é um conceito que deve ser levado por todos, durante toda a vida.
Os profissionais do futuro não são os que nunca erram ou os que sabem de tudo. Eles são adaptáveis, flexíveis, humanos, aprendem com os erros e criam soluções a partir de dificuldades. Na inovação, isso é ainda mais importante.
É preciso estar preparado para os desafios que vão surgir e ter um olhar treinado para identificar oportunidades onde os outros não enxergam. Para isso, é necessário estudar, afinal, a inovação e conhecimento são jornadas infinitas!
Mais do que importante, o aprendizado contínuo é essencial para profissionais do futuro. Ao estar confortável com o fato de continuar aprendendo ao longo da vida, você terá a chave para encarar as instabilidades do cenário atual e se adaptar às mudanças que ainda estão por vir.
A nossa dica é: na dúvida, aprenda. Mas faça isso com pessoas que possuem valores alinhados aos seus, que entendem a importância da ética e da colaboração. Um ótimo lugar para fazer isso é o InovaCoop. Confira os nossos cursos online e gratuitos para ficar sempre atualizado e cada vez mais completo para encarar a jornada de inovação cooperativista!
Conheça os frameworks disponíveis no InovaCoop
As metodologias ágeis surgiram como opção às maneiras tradicionais de gerir projetos. Os modelos tradicionais de gestão, formados por processos longos e prazos elásticos, estão perdendo espaço.
A nova economia, afinal, demanda rapidez, agilidade e assertividade - fatores que os modelos tradicionais não entregam. Por esse motivo, as metodologias ágeis ganharam espaço nos negócios, inclusive nas cooperativas.
Por meio de processos mais curtos, direcionados e focados na eficácia, as metodologias ágeis proporcionam um melhor aproveitamento de tempo, aprimoram a comunicação entre as equipes e descartam etapas desnecessárias. Com isso, criam ambientes de trabalho mais harmônicos e ágeis.
O InovaCoop, em sua missão de impulsionar a inovação no cooperativismo, traz diversos conteúdos sobre as metodologias ágeis. Neste artigo, reunimos os materiais que mostram o potencial das metodologias ágeis para estimular a inovação nas cooperativas, tornando-as mais eficientes e adaptáveis. Aproveite a leitura!
Por que utilizar metodologias ágeis
- Entregas mais rápidas: ao abrir mão de processos redundantes, as tarefas são executadas com maior velocidade.
- Maior qualidade nas entregas: a identificação de erros se torna mais eficaz, antecipando as correções necessárias. As metodologias permitem aumento na entrega de valor do produto/ serviço.
- Aumento na produtividade: a simplificação dos processos diminui a burocracia, e o tempo disponível passa a ser dedicado a melhorar o projeto e buscar soluções.
- Adaptabilidade e personalização: projetos mais flexíveis conseguem se adequar mais facilmente a situações inesperadas. Essa maleabilidade também garante maior liberdade para personalizar o produto.
Esses benefícios foram indicados no nosso guia prático Metodologias ágeis: 3 ferramentas para otimizar a gestão da sua coop. Nele, você vai conferir dicas para implantar Kanban, Scrum e OKR para inovar e melhorar os processos da sua cooperativa!
Quais são as principais metodologias ágeis
Que tal conhecermos, então, as principais metodologias ágeis com base nos conteúdos do InovaCoop?
Kanban
Apesar de ser considerada uma metodologia ágil, o Kanban surgiu nos escritórios da Toyota no Japão dos anos 40. De início, o Kanban foi desenvolvido para gerenciar controle de estoque. Os resultados, porém, foram tão positivos que logo ele passou a ser utilizado para controlar tarefas diversas.
O Kanban é uma ferramenta que foca na organização visual dos processos por meio de cartões e colunas. Cada cartão representa uma tarefa, e as colunas indicam em qual fase de desenvolvimento essa tarefa se encontra. Conforme uma tarefa progride, ela vai caminhando pelas colunas, fase a fase, até a conclusão.
Ferramentas como Trello, Asana e ClickUp utilizam a metodologia Kanban. Quer aprender a utilizar o Kanban na sua cooperativa? Então confira, também, este guia prático totalmente dedicado à metodologia!
Scrum
A metodologia Scrum é fruto do Manifesto Ágil, criado em 2001 a fim de otimizar o desenvolvimento de software. Os princípios do documento, contudo, foram acolhidos por diversas outras áreas, principalmente na gestão de projetos.
O princípio mais importante do Scrum é o de que não há uma fórmula fixa para executar projetos. Assim, ajustes de rota são necessários com frequência em busca do melhor resultado. Ou seja, o Scrum é um framework que visa resolver problemas complexos por meio de soluções adaptativas, criando produtos de alto valor agregado.
A partir dessa premissa, o Scrum propõe uma divisão de projetos em quatro ciclos curtos que duram até quatro semanas - são os sprints. Em parceria com a Descola, o InovaCoop produziu o curso Scrum. Nele, você entenderá a fundo como aplicar a metodologia dentro da sua cooperativa. Confira!
OKR
A sigla OKR significa Objectives and Key Results - isto é: objetivos e resultados-chave. Sua ideia é estabelecer metas agressivas, porém possíveis, de forma a guiar os trabalhos da cooperativa em busca de atingir esses objetivos. A metodologia foi criada nos anos 70, na Intel.
Com isso, o OKR é um conjunto de objetivos relacionados entre si e que, quando alcançados, contribuem para os objetivos estratégicos da organização. Essa metodologia faz com que a cooperativa possa se adaptar com rapidez aos movimentos do mercado. Os componentes do OKR são os seguintes, portanto:
- Objetivos (O): os objetivos a serem alcançados pela cooperativa. Devem ser concretos e orientados por ações. Afinal, sua finalidade é inspirar as ações e servir como um norte para o desenvolvimento do planejamento estratégico.
- Resultados-chave (KR): estabelecem como os objetivos serão atingidos. Eles devem ser específicos, agressivos e mensuráveis, mas sem nunca deixarem de ser realistas e atingíveis. Cada objetivo contará com seus OKRs.
Neste artigo, então, fomos a fundo na metodologia OKR, destrinchando sua estrutura, apontando os passos para a implementação, dando exemplos e alertando para os erros comuns durante sua execução. Confira, também, o curso de OKR no CapacitaCoop!
Lean Startup
A metodologia lean startup (startup enxuta), criada por Eric Ries, visa potencializar a chance de uma ideia dar certo com agilidade e eficiência. Por meio de um conjunto de métodos e boas práticas, a metodologia de startup enxuta preza por uma produção calcada na eficiência, de maneira a evitar desperdícios e antecipar erros.
Essa metodologia propõe que a inovação contínua é o resultado de um processo bem executado, e não somente de uma ideia genial. Com isso, o processo pode ser replicado, aprendido e ensinado. Além disso, a abordagem Lean Startup pode ser aplicada por negócios de todos os escopos e ramos de atividade.
Conheça mais sobre a abordagem lean startup, veja como ela se relaciona com outras metodologias ágeis e conheça negócios de sucesso que a utilizaram com sucesso neste artigo!
Como escolher a melhor metodologia ágil para o seu projeto
O sucesso de um projeto decorre de diversos fatores – e a metodologia de gestão é um dos mais importantes. Por isso, saber qual metodologia usar para gerir um projeto é um passo inicial importante para o sucesso das iniciativas de inovação.
Para escolher a metodologia mais adequada para o seu projeto, é importante levar em consideração diversos fatores, como:
- Escopo do projeto
- Detalhamento dos processos
- Sequenciamento das atividades
- Montagem de cronograma
- Elaboração de orçamento
- Registro de custeio
- Prazos de entregas
- Definição de responsabilidades
Portanto, definir se o projeto será melhor executado por meio das metodologias ágeis e quais delas devem ser utilizadas é parte fundamental para o planejamento. Cada framework tem suas particularidades, que podem ser vantajosas em alguns casos, mas ruins em outros.
Para aprimorar o processo de decisão sobre qual metodologia ágil adotar, o InovaCoop preparou um artigo que apresenta critérios, poderes e limitações de diversas tecnologias, de forma a tornar a escolha mais bem fundamentada e precisa.
Conclusão: metodologias ágeis para um coop dinâmico
Inovação e agilidade andam lado a lado. As metodologias ágeis apresentadas neste artigo ajudam no desenvolvimento de novas ideias e projetos no ritmo adequado ao mundo moderno conectado.
No Radar da Inovação, por exemplo, contamos como o Sicredi implementou metodologias ágeis no desenvolvimento de produtos digitais. Nesse processo, a cooperativa empregou as metodologias Scrum, Lean e Kanban para promover uma transformação digital e posicionar o Sicredi como uma das instituições mais inovadoras do setor financeiro do país.
Adotar a gestão ágil requer uma transformação da mentalidade. Significa uma mudança da cultura organizacional do negócio, com a compreensão e identificação de todos.
Logo, é perfeitamente compreensível que o processo de adaptação comece com projetos experimentais, onde os profissionais vão aprimorar seus conhecimentos e realizar testes práticos na idealização de uma nova aplicação ou produto.
Focada na experimentação, a metodologia de startup enxuta potencializa a chance de uma boa ideia dar certo
Se alguém falasse que existe um método que milhares de empreendedores estão usando para criar startups de sucesso você pensaria: preciso disso na minha cooperativa? Saiba então que esse método é o lean startup, ou startup enxuta, uma abordagem científica para a construção de startups. Um guia que muda totalmente as regras do jogo.
Muitas vezes, grandes ideias inovadoras se perdem por causa dos processos. Uma jornada lenta, cheia de desperdícios, atritos e barreiras vai perdendo força com o passar do tempo. Para solucionar esse problema, é necessário repensar os passos para tirar uma ideia promissora do papel.
É aí que entra a metodologia lean startup: como forma de adequar os processos e potencializar a chance de uma boa ideia dar certo ou identificar seus problemas o quanto antes. Não basta estar no lugar certo e na hora certa - o sucesso de uma iniciativa tem a ver com o processo.
Pesquisador da Harvard Business School, o americano Eric Ries adaptou essa metodologia e publicou o livro "Lean Startup", editado no Brasil com o título "Startup Enxuta". Neste artigo, iremos entender mais sobre o que é uma startup enxuta, conhecer suas principais ferramentas e apresentar exemplos de grandes negócios que cresceram a partir dessa mentalidade. Aproveite a leitura!
O que é a metodologia Lean Startup
Mais do que um termo em alta, lean startup é um conjunto de métodos, processos e boas práticas, que preza por uma produção focada na eficiência, de forma a evitar qualquer tipo de desperdício possível.
Ou seja, é uma metodologia que oportuniza uma maneira mais ágil, eficiente e inovadora para a gestão dos negócios da sua coop e que, assim, pode ser aplicada por cooperativas de todos os tamanhos e setores de atividade.
Em seu livro, Eric Ries propõe que a inovação contínua deriva de um processo correto, e não de uma ideia genial. O autor agregou ideias de marketing, tecnologia e gestão, tornando a metodologia lean mais completa com novos conceitos, como o MVP, pivot e métodos ágeis.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal Fluminense (UFF) apontou que 93% dos respondentes conheciam o método e o utilizaram como inspiração para os modelos de negócio. O questionário tinha como objetivo entender como tem sido o desempenho da metodologia Lean Startup no Brasil.
Ao todo, foram ouvidos 115 empreendedores de startups de todo o Brasil, entre eles vencedores do concurso “Startup Brasil”, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Os princípios da startup enxuta
Eric Ries apontou cinco princípios do modelo lean startups, que servem como alicerce para as ideias e processos dessa metodologia. São elas, portanto:
- Empreendedores estão por toda parte: startups não são somente os negócios pequenos que começam em uma garagem por iniciativa de algumas poucas pessoas entusiasmadas. Na definição de Ries, todas as organizações que se propõem a desenvolver novas soluções em cenários incertos se encaixam no ambiente de empreendedorismo.
- Empreender é administrar: uma startup é uma instituição, e não somente o seu produto. Logo, é necessário administrá-la como um negócio. Contudo, Ries argumenta que o empreendedorismo demanda um estilo de gestão diferente e baseado no compartilhamento de ideias - e não na hierarquia.
- Aprendizado validado: a razão de ser das startups não é produzir coisas, ganhar dinheiro ou servir clientes. Elas existem, isso sim, como um experimento constante a fim de gerar conhecimento. Para isso, elas devem formular, testar e validar hipóteses.
- Construir-medir-aprender: as startups existem, afinal, para que as ideias saiam do papel e se tornem soluções práticas. Para isso, no enanto, a performance dos produtos e serviços tem que ser avaliada. A opinião do cliente, então, é usada para validar as ideias, pautar as decisões e identificar oportunidades de melhoria.
- Contabilidade para a inovação: para melhorar os resultados, é imprescindível focar na “parte chata” do negócio. Ou seja, nas métricas de progresso da inovação, definição de metas e prioridades. Isso requer uma nova maneira de contabilidade específica para as startups, considerando o ecossistema e as expectativas dos clientes.
Mas como rodar experimentos na prática?
A metodologia lean startup apresenta um modelo para fazer experimentos baseado no ciclo construir-medir-aprender. Ou seja, você deve construir uma versão de teste, medir os resultados e aprender com o experimento. Com isso, essa metodologia de gestão leva em conta a coleta de dados que geram ideias e oportunidades de aprimoramento.
É nessa lógica que, conforme os clientes interagem com o produto ou serviço, eles produzem dados e retornos - é o feedback. Ele pode ser tanto qualitativo (os consumidores gostam do produto) quanto quantitativo (quantas pessoas utilizam o produto ou serviço e consideram que ele tem valor).
Uma vez que os produtos de uma startup são, no fim das contas, experimentos contínuos, o aprendizado também é constante. Ries definiu esse processo como um ciclo de feedback que remete ao quarto princípio da Startup Enxuta colocado em prática.
A primeira etapa para aplicar os princípios da startup enxuta é utilizar o já destacado Canvas de modelo de negócios. É por ele que as hipóteses levantadas poderão ser validadas, para então serem aprofundadas no Canvas de proposta de valor.
Em uma segunda fase, a cooperativa deverá testar a validade do seu produto/serviço com o próprio cliente, por meio da coleta de opiniões e de feedbacks individuais. Paralelamente a essa etapa, a cooperativa começa o desenvolvimento ágil.
É um trabalho a quatro mãos no qual empresa e clientes vão, juntos, desenvolvendo soluções conforme as preferências do consumidor final e eventuais limitações da coop.
8 passos para aplicar a Lean Startup na sua cooperativa:
- Leia o livro “The Lean Startup”, de Eric Ries;
- Estude as principais metodologias ágeis usadas por empreendedores. Você pode começar com as essenciais, o Scrum e o Kanban;
- Faça uma pesquisa com seus clientes atuais para entender se o seu produto atual atende às necessidades deles;
- Adote o ciclo da Lean Startup para aperfeiçoar um produto ou serviço que você já oferece. Será uma espécie de treino para usar o método na criação de um produto novo;
- Formule hipóteses sobre o seu mercado e faça testes para validá-las;
- Dê abertura para todos os colaboradores da empresa darem novas ideias – ou seja, empreenderem;
- Comece a desenvolver um Produto Mínimo Viável (PMV) para testar suas hipóteses.
- Comece a mensurar e avaliar os resultados.
Técnicas e ferramentas da metodologia lean startup
O caráter experimental e empírico para dar vida à metodologia startup enxuta. Dessa forma, confira algumas dessas ferramentas que apoiam a implementação da metodologia Lean Startup na prática.
Design Thinking
O Design Thinking é uma abordagem que tem o objetivo de resolver problemas complexos com o foco nas pessoas. Para isso, reúne profissionais com competências diferentes a fim de gerar um resultado positivo a partir de um objetivo comum: entender e atender o cliente em potencial.
Com isso, o Design Thinking possibilita a compreensão da mentalidade do público alvo. Tanto que Ries aponta que o Design Thinking é uma ótima abordagem para desenvolver personas e construir um arquétipo do cliente.
O Design Thinking conta com três pilares que têm muito a ver com a metodologia Lean Startup:
- Empatia: capacidade de abandonar preconceitos a fim de enxergar as diferentes realidades por meio do ponto de vista de quem as vivencia regularmente. Assim, é possível compreender melhor as pessoas. Essa característica é essencialmente utilizada na imersão com o público, com o objetivo de que as soluções desenvolvidas possam trazer valores concretos.
- Colaboração: um mesmo fato gera impressões e interpretações diferentes. Por isso, há a necessidade de contar com profissionais multidisciplinares na aplicação do Design Thinking para enriquecer novas ideias por meio de perspectivas diferentes. A construção do projeto, afinal, é coletiva.
- Experimentação: Mesmo que as premissas sejam boas, não existe uma certeza prévia de sucesso. Uma experiência que faz sentido na teoria pode não ter a mesma aceitação na vida real. A experimentação, portanto, visa errar o mais cedo possível, com o propósito de testar as ideias, encontrar falhas e aprimorar o produto o quanto antes, otimizando recursos.
Com isso, a abordagem do Design Thinking ajuda a definir as ideias da startup e o que ela tem a oferecer a partir de uma visão centrada nas pessoas para entender melhor as necessidades e desejos do público em mente. Para saber mais sobre o Design Thinking, veja o nosso e-book sobre metodologias de gestão que impulsionam a inovação!
Metodologias ágeis
As metodologias ágeis surgiram como uma alternativa mais rápida e eficaz de gerenciar projetos, em contraponto às metodologias tradicionais. As demandas da economia moderna requerem rapidez, agilidade e assertividade, fatores que os modelos tradicionais não entregam.
Assim, por meio de processos mais curtos focados na eficácia e melhor aproveitamento do tempo, as metodologias ágeis visam aprimorar a comunicação entre as equipes, descartar etapas desnecessárias e criar ambientes de trabalho mais harmônicos e ágeis.
Essa agilidade responde à necessidade constante de mudanças, devendo ser rápida e adaptativa. As metodologias ágeis devem, portanto, focar na comunicação eficiente entre todos os envolvidos no projeto, aproximando o cliente do time de desenvolvimento. As entregas são periódicas, frequentes e incrementais. Sobre elas, Ries escreve que:
“O processo se adapta às necessidades das pessoas e não o contrário; a competência, a colaboração, a autonomia e a auto-organização são características valorizadas e necessárias para os times ágeis”.
A constante reavaliação e refinamento do produto permite o ajuste do desenvolvimento à medida que cliente e time ganham conhecimento sobre o que está sendo desenvolvido. Com isso, Ries indica as seguintes ferramentas ligadas às metodologias ágeis:
- Scrum: esse modelo acompanha o desenvolvimento de projetos divididos em fases curtas conhecidas como “sprints”, de até duas semanas. As características do sistema a ser desenvolvido são trabalhadas e priorizadas em uma lista. Rápidas reuniões diárias ajudam a dar sintonia às equipes. Ao final do sprint, a fase concluída é revisada para a comunicação do aprendizado daquele ciclo e a melhoria contínua do processo de desenvolvimento.
- Kanban: o Kanban é uma ferramenta que foca na organização visual dos processos por meio de cartões e colunas. Cada cartão representa uma tarefa, e as colunas indicam em qual fase de desenvolvimento essa tarefa se encontra. Conforme uma tarefa progride, ela vai caminhando pelas colunas, fase a fase, até a conclusão. O sucesso do Kanban depende do comprometimento organizacional com a melhoria gradual e contínua de processos.
- Extreme Programming (XP): baseia-se em cinco valores: comunicação, feedback, simplicidade, coragem e respeito. A partir desses valores são elaborados princípios e, a partir dos princípios, práticas concretas que podem ser aplicadas pelas equipes de desenvolvimento. “As práticas necessitam dos princípios para ter propósito, e os valores fornecem a consistência e a unidade para a metodologia como um todo”, explica Ries.
Para saber mais sobre as metodologias ágeis, confira este guia prático que preparamos sobre o tema!
Mínimo produto viável
O Produto Mínimo Viável (em inglês, Minimum Viable Product - ou MVP) consiste na versão do produto que fará parte do ciclo construir-medir-aprender. A ideia é desenvolver um produto com o mínimo de esforço e o menor tempo de desenvolvimento, explica Ries.
No entanto, aponta ele, criar um MVP requer trabalho extra: “devemos ser capazes de medir seu impacto”. Por exemplo, não é adequado construir um protótipo que seja avaliado por engenheiros e designers apenas em função da sua qualidade interna.
Também é necessário colocá-lo diante dos possíveis clientes para avaliar a reação deles. “Pode até ser preciso tentar lhes vender o protótipo”. Um MVP, dessa forma, ajuda os empreendedores a começar o processo de aprendizagem o mais rápido possível.
O desenvolvimento tradicional de produtos envolve, geralmente, um período de incubação demorado e lento, uma vez que almeja entregar um produto perfeito. Já o MVP funciona diferente: o foco é começar o processo de aprendizagem, não terminá-lo. Com isso, o objetivo do MVP é testar hipóteses, aprender e melhorar o produto.
Teste A/B
É sempre válido reforçar que a metodologia lean é empírica e experimental: ou seja, aprendemos as coisas na prática. Diante disso, uma outra técnica importante é o Teste A/B, uma forma de definir na prática qual solução para uma determinada situação produz resultados melhores.
O teste A/B consiste em colocar duas (A e B) ou mais versões idênticas do protótipo em teste, exceto por uma variante que pode impactar o comportamento do usuário, indicando a sua preferência. Ele é usado para coletar informações úteis do usuário que irão ditar a validação da iteração do produto.
Assim, explica Ries, o teste A/B revela preferências que podem parecer contraintuitivas. Por exemplo, diversos recursos que tornam o produto melhor aos olhos dos engenheiros e designers não causam impacto no comportamento do cliente. Consequentemente, a startup consegue economizar tempo e eliminar trabalho com recursos que não têm importância para os consumidores.
Confira, portanto, o nosso guia prático sobre Teste A/B e Feedback para aprender mais sobre essa ferramenta que ajuda a encontrar soluções por meio da experimentação.
Principais diferenças entre a lean startup e as metodologias tradicionais
A metodologia Lean Startup rompe com uma série de hábitos e princípios tradicionalmente empregados na gestão dos negócios. Nela, a agilidade e a experimentação reinam!
Com isso, veja algumas das principais diferenças entre a metodologia startup enxuta e o modelo tradicional de gerir os negócios:
- Estratégia: uma vez que o empreendedorismo acontece em um ambiente cheio de incertezas e, consequentemente, riscos, o planejamento tem de ser aliado da experimentação. Dessa forma, o desenvolvimento estratégico deve ser focado na melhoria contínua do produto, agregando valor de forma dinâmica.
- Ritmo: enquanto nos negócios tradicionais as atualizações estratégicas acontecem em períodos mais espaçados (frequência mensal, semestral ou até anual), nas startups enxutas o ritmo é um tanto mais acelerado. A necessidade constante de inovar impõe
- Produto: na metodologia Lean Startup, ciclo de desenvolvimento de um produto precisa sempre levar em conta as necessidades reais identificadas junto com os clientes. Por isso é tão importante medir, aprender e melhorar o produto de acordo com o feedback.
- Valores: o erro faz parte do processo e funciona como uma ferramenta para identificar oportunidades e aprimoramentos dos produtos. A experimentação pressupõe riscos - isto é, tem hora que as coisas vão dar errado. A ideia não é minimizar os erros, como nos negócios tradicionais, mas sim errar rápido e aprender com eles.
- Gestão de equipes: nos negócios tradicionais, a atuação das equipes é compartimentada por setores que atuam somente dentro da sua esfera de responsabilidade. Já uma startup enxuta favorece a gestão horizontal, com trocas de ideias e sem rigidez hierárquica.
Negócios de sucesso que implementaram o lean startup
As práticas e técnicas apresentadas pela metodologia lean startup servem de base para uma série de grandes negócios de sucesso. Vamos conhecer, então, duas histórias de como a metodologia Lean Startup impulsiona negócios de sucesso!
Dropbox
O Dropbox é um dos serviços mais disruptivos na era dos dados, ao proporcionar uma ferramenta eficiente para compartilhamento de arquivos entre diversos dispositivos. Esse tipo de serviço, replicado por diversas outras companhias, surgiu como um MVP, o produto mínimo viável.
Em seu livro, Ries conta que a sincronização de arquivos era um problema que as pessoas não sabiam que tinham - até que fossem apresentadas à solução. Mas na hora de obter financiamento para tocar o negócio, os desenvolvedores do Dropbox tinham dificuldade em explicar a ideia.
As demandas técnicas de desenvolvimento tornavam a criação de um protótipo do Dropbox uma operação muito complexa. A solução, então, foi produzir um vídeo de três minutos de duração, mostrando como ela pretendia funcionar direcionado à comunidade de adotantes iniciais de tecnologias mostrando como o Dropbox funciona.
Deu certo. Surgiu uma fila com milhares de pessoas interessadas em testar o produto. E, explica Ries, o vídeo era o MVP capaz de validar o interesse do público por aquele serviço. O serviço foi testado, aprimorado, e a Dropbox se tornou uma das principais companhias de tecnologia.
AirBNB
O AirBNB é o maior negócio de hospedagem do mundo - e tudo isso sem possuir nem mesmo uma propriedade para alugar. Uma das primeiras plataformas a protagonizar uma nova era da economia digital, o AirBNB segue lógicas da abordagem Lean Startup.
A semente do AirBNB também nasceu como uma MVP. Em 2008, os fundadores da startup divulgaram o aluguel de um cômodo da própria casa que moravam em São Francisco, incluindo três colchões e café da manhã gratuito. Com isso, eles desde o início testaram a ideia na prática.
O conceito apresentado pelo AirBNB - o de hospedar estranhos na casa das pessoas - enfrentou muita resistência na hora de levantar financiamento. Mas o AirBNB foi aprendendo na prática o que era atrativo ou não para as pessoas. Assim, o produto foi sendo continuamente desenvolvido.
Quando uma ideia não tinha dados para comprovar, ela foi testada. Por exemplo, um dos sócios imaginou que anúncios com fotos profissionais aumentariam o interesse por alugar uma certa casa. Assim, ele foi a propriedades listadas na plataforma, tirou fotos melhores e adicionou ao catálogo - e o desempenho comercial melhorou nesses lugares.
Você sabia que existe uma metodologia coop enxuta?
A aceleradora de cooperativa Start.Coop, que atua nos Estados Unidos e no Canadá, desenvolveu o lean coop (cooperativa enxuta), combinando a metodologia lean startup com os princípios do cooperativismo.
A difusão dessa metodologia pode contribuir para o surgimento de startups cooperativas em meio a um ambiente de negócios digital, incerto e dinâmico. A Aurora Coop, uma das maiores do Ramo Agropecuário, é um grande nome que está fomentando a metodologia lean em seus projetos.
Conclusão
Você consegue imaginar uma cooperativa competitiva sem a capacidade de inovar para se adaptar às mudanças constantes do mercado e da sociedade? É preciso desenvolver práticas para identificar e eliminar sistematicamente o desperdício em todas as fases do processo de produção, venda e pós-venda. Isso exige atuar localmente em cada item de desperdício de tempo, custo ou recursos.
Eric Ries diz que qualquer esforço que não contribua para obter aprendizagem validada deve ser eliminado. No modelo lean startup, tudo é um experimento para aprender. Ou seja, ele é um método para aprender o mais rápido possível, através de experimentos, o que deve ser desenvolvido (o que os clientes desejam).
Mas lembre-se: não existe uma única prática que garanta resultados e, assim como qualquer método de gestão, o conceito de lean startup é uma ferramenta que deve ser usada pelo empreendedor junto a outras na busca por uma cooperativa competitiva e sustentável.
Obra apresenta um novo framework de inovação específico para o ecossistema cooperativista
A Editora Sescoop/RS, do Sistema Ocergs, publicou um livro dedicado à inovação no cooperativismo. A obra é resultado de três anos de pesquisa “Sistema de Inovação Para Cooperativas”, financiada no Edital do CNPq/SESCOOP. Ao todo, a elaboração do livro “Inovação em Cooperativas” contou com a participação de 12 pesquisadores.
Deivid Forgiarini, pesquisador, coordenador de graduação da Escoop e um dos autores da obra, ressalta a importância da inovação no cooperativismo. “Uma cooperativa, que segue os valores e princípios do cooperativismo, tem como desafio criar valor social e econômico para cooperados. Assim, um importante caminho para essa geração de valor, hoje, é a inovação”.
Diante disso, ele continua, surge uma dúvida: quais são as etapas necessárias para inovar? “Essa é a proposta deste livro, com o qual pretendemos contribuir com as cooperativas dos mais diversos ramos”. O livro digital pode ser acessado clicando neste link.
A necessidade da inovação em cooperativas
No prefácio do livro, Darci Pedro Hartmann, presidente do Sistema Ocergs, ressalta a velocidade das mudanças no mundo, graças ao avanço tecnológico e a instantaneidade digital. Como, então, as cooperativas podem se adaptar a essas transformações e desafios e o jeito cooperativista de fazer negócios?
“Afinal, para sobreviver às constantes mudanças, em um contexto volátil, incerto, complexo e ambíguo, as cooperativas necessitam entender o mercado, assimilar os efeitos das transformações e responder de forma rápida, com processos modernos de gestão e governança”, explica Hartmann.
Para ele, o cooperativismo já nasceu inovador e atual. “Carregamos conosco valores e princípios singulares, idealizamos e praticamos ações que estão correlacionadas com o espírito moderno e inovador”.
Os elementos da inovação cooperativista
O livro elenca fatores que impulsionam a capacidade de inovação dentro do ecossistema cooperativista, sobretudo:
- O diagnóstico PDGC: o Programa de Desenvolvimento de Gestão das Cooperativas é o primeiro passo para a sistematização da inovação nas coops, pois apresenta um sistema de medição de desempenho alinhado às estratégias de negócio. No InovaCoop, produzimos um guia prático para ajudar na implementação do PDGC.
- Lean Manufacturing: embora tenham características próprias, as cooperativas precisam concorrer com empresas mercantis. Logo, a sustentabilidade do negócio não pode ser deixada de lado. Nesse contexto, a manufatura enxuta, focada na simplicidade e na eficiência, proporciona melhoria contínua e estimula ideias inovadoras.
- Governança de Dados: os dados são imprescindíveis para a gestão da inovação, afinal. As cooperativas, assim, abrigam dados de diferentes fontes e com diferentes objetivos e demandas. Esses dados, portanto, precisam ser manejados com transparência e cuidados.
- Centro de serviços compartilhados: as cooperativas devem fazer o acompanhamento das inovações, mas sem perder a essência cooperativista. Nesse cenário, os Centros de Serviços Compartilhados podem ajudar. Eles são estruturas orientadas para o cliente interno, adotando novas tecnologias e as melhores práticas no mercado.
- Governança Cooperativa para o Desenvolvimento Territorial: cada vez mais, as cooperativas assumem o protagonismo do desenvolvimento territorial. Com isso, a proposta é reunir pessoas para cooperarem entre si visando benefícios comuns, o que resulta em geração de empregos, inclusão e distribuição de renda. A inovação no cooperativismo, portanto, gera desenvolvimento social.
Um framework de inovação em cooperativas
A obra apresenta a metodologia Coop Innovation Framework, que ganhou destaque em um artigo publicado no Journal of Co-operative Organization and Management, uma das principais revistas acadêmicas de gestão de cooperativas do mundo. Ela surge da necessidade identificada de desenvolver métodos específicos e adequados para as cooperativas.
“Visitamos e trabalhamos com 5 cooperativas dos ramos Infraestrutura, Saúde, Agro, Crédito e Transporte. Aplicamos e reaplicamos na prática o método que é apresentado neste livro”, conta Forgiarini.
Assim, o Coop Innovation Framework tem a cultura da cooperação como base e ganha força por meio da sinergia entre seus elementos. A partir da construção de uma cultura cooperativa, os demais blocos do framework, como a intercooperação, a inovação aberta e a educação cooperativa, vão se conectando e criando uma estrutura de inovação robusta e cheia de propósito.
Os autores apresentam essa lógica da seguinte forma:
Conclusão
“Por que criar um sistema de inovação específico para cooperativas? Por que não usar os inúmeros modelos de gestão de cooperativas de empresas mercantis, amplamente conhecidos e testados?” Essas perguntas são propostas pelos autores do livro. Eles mesmos, então, respondem:
“A cooperativa é uma organização orientada pelo paradigma cooperativista, ou seja, o cooperativismo é a teoria base para pensar o funcionamento destas organizações. Assim, para pensar a inovação em cooperativas, o primeiro passo é entender qual o motivo de existir cooperativas, e quais são as suas peculiaridades”.
É necessário, com isso, repensar a gestão da inovação dentro do contexto cooperativista. “A cooperativa deve focar seus esforços inovativos para melhorar a qualidade de vida do cooperado e isso nem sempre converge com a redução de custos ou aumento do preço do produto vendido”.
“Em resumo, se a sua cooperativa quer iniciar ou aprofundar um método para inovar, à luz da identidade cooperativista, este livro poderá ajudá-lo”, concluiu Forgiarini.
Confira também o e-book Inovação no Cooperativismo, uma produção do InovaCoop com o objetivo de promover a cultura da inovação nas cooperativas!
Elas vão te mostrar exatamente o que (não) fazer no seu planejamento
Errar e aprender com os erros faz parte da inovação. Também podemos descobrir muitas coisas observando como outras marcas falharam em tentativas de criar coisas novas. Essas inovações que não deram certo serão a base para entendermos exatamente o que deu errado nesses casos.
No InovaCoop, sempre reforçamos a importância da inovação. Mas nem todas as iniciativas vão dar certo, principalmente quando os caminhos utilizados não são tão claros ou eficientes.
Você já se deparou com uma ideia que te fez pensar “como acharam que isso ia dar certo?” O motivo pelo qual esse questionamento é tão recorrente é o fato de que propostas que parecem geniais no papel, nem sempre ficam tão boas na prática.
5 inovações que não deram certo e suas lições
A seguir, vamos explorar algumas dessas histórias. Lembre-se de que nosso objetivo não é julgar, e sim aprender com casos que nos deram lições valiosas, combinado? Então vamos lá!
Google Glass
Além de necessidade, os óculos também são objetos de moda e o Google tentou levá-los para a tecnologia. Mas isso não significa que todas as iniciativas que envolvam esse acessório vão ser bem recebidas pelo público. O Google Glass é um ótimo exemplo disso.
Desenvolvido pelo Google, esse produto futurista deveria estar acoplado aos olhos dos consumidores para capturar imagens e vídeos, dar informações em tempo real e armazenar dados relevantes.
No entanto, não foi bem isso que aconteceu. O recurso foi lançado antes do tempo previsto e contava com falhas sérias como uma bateria fraca, falhas constantes e funcionalidades complicadas. Todos esses efeitos, somados ao preço de 1.500 dólares, não impressionaram o público, afinal.
Além disso, é preciso se questionar: será que as pessoas realmente querem ter um óculos registrando 100% do tempo tudo que elas fazem? Será que a privacidade e a fuga dos elementos eletrônicos não são um fator relevante nessa história?
Esse caso, então, mostra que não adianta apenas parecer legal. Uma inovação deve ser necessária, fácil de entender e usar, estar em uma boa versão antes do lançamento e, principalmente, ser desenvolvida com um propósito real capaz de agregar valor ao usuário.
Kinect
Alguma vez você já usou um produto e acabou notando que ele é apenas uma cópia não tão boa de um outro item? O Kinect foi visto por muitas pessoas sob essa ótica.
Depois do sucesso do Nintendo Wii, que vendeu mais de 100 milhões de unidades, os grandes estúdios de games decidiram investir em mais consoles com controles por movimento. O Kinect foi o lançamento da Xbox, sendo conhecido pelo diferencial da câmera acoplada e proporcionando experiências muito mais realistas para usuários apaixonados por jogos.
Mas não foi bem isso que aconteceu. Na prática, os controles eram difíceis de usar e o aparelho não conseguia se diferenciar do seu principal concorrente. Os estúdios logo perceberam essas ameaças e deixaram de programar games compatíveis com o sistema, que custava mais do que um PS4, seu principal concorrente, na época.
Em pouco tempo, a novidade foi esquecida e descontinuada pela Microsoft. Essa jornada é um lembrete importante da necessidade de se diferenciar, respeitar a vontade do público-alvo, criar benefícios promissores e ter uma execução tão criativa quanto a sua concepção.
Televisão 3D
Quando as televisões 3D foram anunciadas, os consumidores e apaixonados pela sétima arte tiveram uma revelação. A ideia de ter os efeitos visuais de uma sala de cinema na sua casa era incrível e muita gente achou que essa tendência tinha chegado para ficar.
A tecnologia envolvia o uso de um óculos 3D, que com o comando adequado, era capaz de converter programações para esse formato e gerar uma sensação de que os objetos e personagens estavam no meio do seu lar.
No entanto, o resultado foi bem diferente do esperado. Na prática, era desconfortável usar os óculos e a mudança na imagem não era tão significativa e impactante como no cinema. Além disso, os aparelhos eram consideravelmente caros e exigiam que os programas ou filmes exibidos tivessem sido gravados já com o 3D em mente.
Ou seja: mesmo pagando muito caro e usando óculos 3D, ainda era preciso investir em DVDs que fossem compatíveis com essa inovação. O público acabou se distanciando da ideia e a partir de 2016, a Samsung (líder do segmento) parou de anunciar a funcionalidade. Não demorou para que as concorrentes seguissem o exemplo.
O que fica como mensagem desse caso é que se você pretende alterar o modo como as pessoas usam um aparelho, a novidade envolvida tem que ser realmente condizente com as expectativas. Ademais, é preciso pensar duas vezes no valor do seu produto se ele exigir outro tipo de compra no futuro.
Nintendo Wii U
Nós já falamos um pouco sobre consoles de movimentos nesse artigo. Por isso, vale começar esse bloco com uma pergunta: o que você imagina quando pensa em um produto chamado Nintendo Wii U?
Se você pensou em um acessório para o Nintendo Wii, não está sozinho. Muitas pessoas enxergaram esse lançamento como uma nova linha dos consoles que marcaram uma geração. No entanto, a proposta original era muito diferente dessa.
Desenvolvido em 2012 para ser um videogame doméstico, o Nintendo Wii U se diferencia por uma tela sensível que proporciona experiências mais imersivas e com gráficos em alta definição. A receita tinha tudo para dar certo: além de usar um nome reconhecido pelo sucesso, o formato era prático e eficiente.
Mas como você já deve imaginar, não foi bem assim que as coisas aconteceram. No momento, os usuários estavam mais engajados com os jogos em smartphones, que começaram a fazer sucesso na época. O nome também gerou confusão, já que as pessoas confundiram o propósito do produto.
No fim, ele não alcançou nenhum dos públicos possíveis: muito básico para gamers e desnecessário para jogadores casuais. Assim, o Nintendo Wii U foi sendo esquecido até ser totalmente descontinuado.
Com isso, a Nintendo entendeu a relevância de fazer um estudo de caso caprichado antes de divulgar uma inovação. É possível que alguns grupos focais, por exemplo, tivessem exposto esses desafios ainda na fase de concepção do recurso. Com essas lições aprendidas, a gigante japonesa lançou o Nintendo Switch, que é, hoje, um enorme sucesso.
Blu-ray
Se você viveu os anos 2010, provavelmente foi convidado para uma reunião de amigos cujo principal entretenimento seria assistir a um filme em Blu-ray que alguém tinha comprado. Quando ele surgiu, muita gente estava prevendo o fim do DVD tradicional, já que seu sucessor teria mais qualidade e agilidade.
O armazenamento do Blu-ray era maior, o que permitia mais detalhes nas imagens. A compatibilidade com o 3D também era melhor e os dispositivos eram mais resistentes a riscos e arranhões.
Teria dado tudo certo, se não fossem os Streamings chegando com tudo na mesma época. A ideia de comprar um aparelho caro e limitado não fazia muito sentido quando comparada à inovação trazida pela Netflix, principal plataforma da época.
O ensinamento desse exemplo é a importância da sensibilidade às mudanças do mercado. Por mais que seja impossível prever o que vai acontecer, é essencial ter um instinto baseado em pesquisas de tendência. Do contrário, seu investimento pode ser usado em um caminho equivocado.
Conclusão
Todas as iniciativas mostradas têm algo em comum: elas surgiram de uma ideia boa, mas acabaram se perdendo pela falta de estratégia ou de destaque diante da concorrência. Ler esses relatos pode dar um frio na barriga para quem está pensando em inovar, mas não precisa ser assim.
Afinal, a inovação não é uma simples ação. Ela é um processo contínuo, que depende de um esforço constante de planejamento, capacitação de profissionais e uso de ferramentas adequadas. Se isso for seguido, o projeto da sua cooperativa tem muito mais chances de dar certo.
Uma boa dica é também imergir em histórias de sucesso e avaliar o que você pode replicar na sua marca para acelerar seu crescimento. Quer conhecer algumas estratégias de sucesso? Acesse o e-book “Aprenda As Estratégias de Inovação da Apple, Google e Amazon para colocar em prática na sua cooperativa!”.