ChatGPT: conheça a inteligência artificial capaz de conversar e escrever textos
O ChatGPT abre um leque de opções para a aplicação da IA nas coops e pode impulsionar até a educação cooperativista - e quem diz isso é ele mesmo.
Robôs que conseguem conversar com as pessoas não são necessariamente novidade. Os chamados chatbots, que funcionam por meio da inteligência artificial, já ajudam muitos negócios no atendimento ao cliente. Mas, no fim de 2022, muita gente ficou surpresa com um novo robô nesse estilo, o ChatGPT, e o que ele pode fazer. Mas afinal, o que ele tem de tão diferente?
De início, o ChatGPT encantou muitos entusiastas da inteligência artificial, mostrando a capacidade e os avanços tecnológicos dos últimos anos. Por outro lado, a capacidade dessa ferramenta também levanta algumas preocupações e questionamentos sobre o futuro do conteúdo digital e aplicações controversas de suas capacidades.
Por exemplo: o ChatGPT produziu textos que foram aprovados em testes para médico, advogado e MBA nos Estados Unidos. Ou seja: pessoas sem a qualificação adequada poderiam usar a ferramenta para passar em provas e exercer funções sem o conhecimento necessário. Não é à toa que já tem escola atuando para proibir o uso do ChatGPT.
Assim, o diferencial é que o ChatGPT é capaz de combinar informações com bem mais rapidez que os humanos. Imagine uma assistente virtual, como a Alexa ou a Siri, só que mais realista e com maior capacidade de articular as informações - é essa a ideia por trás desse chatbot.
Neste artigo, vamos conhecer como o ChatGPT funciona, quem está por trás de seu desenvolvimento, quais são suas principais aplicações e o que podemos esperar para os próximos passos da inteligência artificial. Boa leitura!
O que é, afinal, o ChatGPT?
Até então, a inteligência artificial geralmente se limitava a identificar e validar algum dado - como em uma ferramenta de reconhecimento facial, por exemplo. O ChatGPT, por outro lado, produz conteúdo. Pense na possibilidade de criar um estatuto social para sua cooperativa por meio de uma IA que já leu milhares de estatutos sociais diferentes - a ideia geral é essa.
O Chat GPT é um robô que utiliza inteligência artificial generativa para criar textos. Isto é, os usuários dão um comando para a ferramenta, ela interpreta o pedido e gera um texto com as especificações. Essas interações podem ser por meio de perguntas, como em uma conversa, mesmo, ou instruções sobre conteúdo, tema, tamanho e até estilo do texto.
Para explicar melhor: a inteligência artificial generativa é uma inteligência artificial mais criativa, capaz de gerar textos, imagens, e até obras de arte, em vez de simplesmente analisar dados ou agir com base em roteiros programados com antecedência.
Antes do ChatGPT, o Dall-E, uma IA que cria imagens a partir de comandos por texto, já tinha viralizado na internet representando como funciona a inteligência artificial generativa.
O aprendizado do ChatGPT
Na prática, o ChatGPT é um robô treinado para interagir com humanos por meio do texto. Ele absorveu uma quantidade enorme de conteúdos e informações por meio de uma técnica chamada aprendizado de máquina (machine learning), que consiste na ideia de que os sistemas possam aprender com os dados, identificar padrões e encontrar respostas.
O que surpreende no ChatGPT é justamente o tamanho da biblioteca de conteúdos em que ele aprendeu. Além disso, ele consegue encadear perguntas em sequência e entende o contexto do que está sendo dito. Ou seja: se a ferramenta deu uma resposta rasa sobre um assunto, não é necessário repetir o questionamento. Basta pedir: diga mais sobre isso.
Devido a essa natureza de aprendizado, quanto mais gente usa o ChatGPT, mais sofisticado ele fica. É como um treinamento constante na interação com seres humanos.
Quem está por trás do ChatGPT
O ChatGPT é obra da OpenAI, uma companhia de tecnologia fundada em 2016 por investidores entusiasmados com as possibilidades da inteligência artificial - dentre os quais Elon Musk, um dos homens mais ricos do mundo. O bilionário, contudo, abandonou o projeto antes do sucesso. Além dele, o principal nome é o do investidor Sam Altman, atual CEO.
Apesar de ter alcançado o grande público no ano passado, a OpenAI já vinha chamando a atenção de grandes nomes da tecnologia. Tanto que o principal parceiro da companhia é a Microsoft, que aposta nas ferramentas da OpenAI desde 2019, quando destinou 1 bilhão de dólares para a empresa. Desde então, a parceria só cresceu.
No começo de 2023, a Microsoft anunciou outro investimento multibilionário na OpenAI. Essa é a terceira fase na parceria e também envolve a disponibilização de infraestrutura - afinal, o ChatGPT e as outras iniciativas da OpenAI exigem muito poder de processamento para funcionar. Estima-se que a companhia pode valer até 29 bilhões de dólares.
Impactos e aplicações do ChatGPT
O surgimento do ChatGPT é muito recente e ainda não é possível tirar conclusões sobre seus impactos no dia a dia com muita convicção. Entretanto, já há uma série de questionamentos e especulações diante da capacidade que a IA generativa já apresenta.
Por exemplo: já que o ChatGPT escreve tão bem e a tendência é que ele melhore ainda mais, como evitar que estudantes usem a ferramenta na hora de fazer trabalhos e o dever de casa? O escritor Stephen Marche diz até mesmo que as redações acadêmicas estão com os dias contados.
Além disso, o impacto da inteligência artificial nas artes é uma polêmica que veio para ficar. Veja: um designer americano usou o ChatGPT para escrever um livro infantil. As ilustrações da obra também são fruto de uma IA. Em três dias, o livro foi escrito, ilustrado, e já estava sendo vendido em uma das maiores plataformas de varejo online do mundo. Esse processo levantou perguntas:
- O ato de inserir comandos em uma ferramenta é uma forma de produzir arte?
- Uma vez que a IA é treinada com obras de outras pessoas, é ético se apropriar delas?
- Copiar o estilo de um artista é um tipo de plágio?
- A quem pertence, afinal, os direitos autorais de uma obra feita pela IA?
- Esse tipo de uso da inteligência artificial deixará artistas e escritores obsoletos?
O ChatGPT não gera conhecimento
Suzana Herculano-Houzel, bióloga e neurocientista brasileira que atua na Universidade de Vanderbilt (EUA), aponta que nós já usamos algoritmos para facilitar nossas vidas. É o caso das calculadoras, por exemplo.
O ChatGPT, argumenta a cientista, é, de fato, capaz de juntar palavras seguindo a gramática e informações seguindo associações encontradas no banco de dados. Só que a ferramenta tem uma lacuna impossível de contornar: ela agrega informações, mas não gera conhecimento.
Conhecimento é construído quando as informações são usadas e interconectadas. “Quem delega seu dever de casa ao ChatGPT abre mão dessa oportunidade de gerar conhecimento em seu próprio cérebro”, escreve.
Assim, ela argumenta, o ChatGPT pode ser uma ferramenta importante até mesmo para fazer o dever de casa, unindo a máquina com o conhecimento humano. Voltando ao exemplo das calculadoras: alguém parou de aprender matemática depois que elas foram inventadas ou elas se tornaram mais uma ferramenta para a potencializar a solução de problemas, afinal?
Aplicações práticas do ChatGPT
Deixando essas discussões um pouco de lado, é difícil imaginar que a Microsoft teria investido tanto dinheiro na OpenAI sem vislumbrar aplicações práticas paras suas ferramentas, não é?
A ideia da Microsoft é liderar a revolução da Inteligência Artificial, largando nas frente de seus concorrentes. Essa visão foi externada pelo próprio CEO da Big Tech, Satya Nadella.
"Nós iremos liderar a era da inteligência artificial, sabendo que o maior valor das empresas é criado durante a mudança de plataformas”, anunciou durante uma reunião da companhia.
Nesse processo, o ChatGPT será integrado ao Bing, o mecanismo de buscas da Microsoft, como uma tentativa de ameaçar a soberania do rival Google, que domina esse mercado. O objetivo é aprimorar o buscador com o recurso capaz de criar respostas parecidas com um diálogo.
O Google, por outro lado, está apostando em conteúdos feitos por humanos e para humanos. Em uma recente atualização, o buscador irá privilegiar textos feitos por humanos, combatendo conteúdo gerado via inteligência artificial.
O que sua Coop poderá fazer com o ChatGPT
Segundo o próprio CEO da OpenAI, ainda não é hora de confiar tarefas importantes ao ChatGPT. Afinal, até o momento, não é possível verificar a fonte de onde o robô tirou determinada informação ou garantir sua veracidade.
Por isso, em seu atual estado, o ChatGPT deve ser usado com cautela em tarefas como:
- Tirar dúvidas: o ChatGPT pode ser usado para elucidar explicações sobre praticamente qualquer assunto.
- Redigir textos: a ferramenta consegue produzir textos dos mais diversos gêneros, temas, tons e estilos - desde uma abertura de e-mail até uma poesia na estrutura de um soneto. O limite está na criatividade de quem insere as instruções.
- Traduzir conteúdos: o ChatGPT está disponível em cerca de 100 idiomas, dentre os quais o português, e pode traduzir textos em diferentes línguas.
- Resolver problemas matemáticos: a IA é capaz, ainda, de resolver operações relativamente complexas - tanto que foi aprovada em uma prova de MBA na renomada Wharton Business School.
- Escrever códigos: o ChatGPT é capaz de criar códigos em uma série de linguagens de programação.
No momento, o ChatGPT pode ser acessado gratuitamente. Basta fazer um cadastro na plataforma clicando neste link e usar a ferramenta. A OpenAI, porém, já anunciou que irá monetizar o chatbot por meio do ChatGPT Professional, uma versão paga que oferecerá mais recursos aos usuários.
Conclusão: o futuro do ChatGPT
Há vários cenários para o futuro da IA e de ferramentas como o ChatGPT. Tem gente otimista, defendendo que a IA irá automatizar tarefas e, assim, as pessoas terão mais tempo livre. Em contrapartida, há quem tema por seus empregos ou até mesmo especule cenários de catástrofe.
A previsão mais razoável é a do pragmatismo, em que a IA irá contribuir em prol da eficiência, sem nunca substituir os humanos. O InovaCoop decidiu, então, perguntar ao próprio ChatGPT sobre o que podemos esperar em seu futuro. Veja o que o robô respondeu:
“O futuro do ChatGPT é desenvolver ainda mais suas capacidades de compreensão e geração de linguagem natural. Isso pode incluir coisas como melhorar a capacidade de entender contextos mais complexos, aumentar a precisão de respostas, e aprender a lidar com diferentes tipos de conversas, como diálogos comerciais ou de atendimento ao cliente”.
“Além disso”, continuou a IA, “é provável que vejamos o ChatGPT sendo usado em uma variedade cada vez maior de aplicações, como assistentes virtuais, robôs de atendimento ao cliente e chatbots”.
E no cooperativismo?
Para encerrar este artigo, também questionamos o ChatGPT sobre como ele pode contribuir para as cooperativas. Como resposta, o robô listou estes quatro itens:
- “Fornecer informações e educação sobre cooperativismo: O ChatGPT pode fornecer informações precisas e atualizadas sobre o que é cooperativismo, suas principais características e como ele funciona”.
- “Auxiliar na tomada de decisão: O ChatGPT pode ser usado para ajudar os membros de uma cooperativa a tomar decisões informadas sobre questões importantes, como investimentos, estratégias de negócios e questões regulatórias”.
- “Melhorar a comunicação: O ChatGPT pode ser usado como uma plataforma para melhorar a comunicação entre os membros da cooperativa, incluindo a troca de informações, a realização de votações e a coordenação de atividades”.
- “Facilitar a automação de processos: O ChatGPT pode ser usado para automatizar tarefas repetitivas e manuais, o que libera tempo para que os membros da cooperativa se concentrem em questões mais importantes”.
“Em resumo”, concluiu, “o ChatGPT pode ser usado como uma ferramenta valiosa para ajudar a impulsionar o sucesso e a eficiência das cooperativas”.