Uma das resposta para superar barreiras à inovação pode já estar no 6º princípio do cooperativismo. Veja como a intercooperação impulsiona projetos inovadores e cria um ambiente propício ao surgimento de novas ideias
O cooperativismo traz a união em sua essência. E não só entre os membros de uma mesma cooperativa, mas também do setor como um todo, atuando de forma conjunta. Tanto que esse trabalho colaborativo está presente nos princípios do cooperativismo - é a intercooperação. Além de fortalecer o modelo de negócio cooperativista, a intercooperação ainda pode impulsionar a inovação.
O 6° princípio define que o cooperativismo deve trabalhar junto. As cooperativas dão mais força ao movimento e servem de forma mais eficaz aos seus cooperados. Independentemente do escopo da iniciativa de intercooperação, o objetivo é sempre o mesmo: a colaboração em torno de um bem comum.
Apesar de tradicional, o princípio de intercooperação segue mais forte do que nunca e não deixa de ser uma tendência de inovação.
Neste artigo, vamos ver como a intercooperação ajuda a criar um ambiente de inovação cooperativista, apresentaremos a intercooperação digital, analisaremos como a união das coops otimiza a gestão de recursos para a inovação e iremos conhecer exemplos de inovação fomentados pela intercooperação. Boa leitura!
Intercooperação: criando um ambiente de inovação cooperativista
A inovação não pode se contentar com iniciativas isoladas. Para que a inovação seja constante, coerente e contínua no cooperativismo, é necessário que exista um ambiente propício e receptivo às ideias inovadoras.
A intercooperação ajuda a proporcionar esse ambiente. Em meio a um mundo cada vez mais volátil e cheio de transformações - sejam elas digitais, culturais ou sociais -, a inovação é imprescindível para a perenização das cooperativas e a competitividade dos negócios.
Possibilitando a inovação sistêmica
Thiago Martins Diogo, coordenador do Programa de Inovação para o Cooperativismo do Isae Escolas de Negócios, avalia que a intercooperação favorece os negócios e a inovação:
“Em função dos seus princípios, as cooperativas possuem uma certa vantagem frente a outros ambientes empresariais, potencializando as ações que já existem com base na colaboração”, declarou ao Blog do Isae.
Ele acrescenta que “quando pessoas engajadas em pensar e agir diferente se unem, isso facilita a condução de processos de inovação e de criatividade coletiva, permitindo a testagem de ideias e a ampliação de possibilidades com base em oportunidade de inovação”.
Contudo, ainda assim há desafios que precisam ser superados para a promoção desse sistema intercooperativo. Segundo Thiago, muitas instituições confundem tecnologia com inovação. “Muitas vezes, é preciso resgatar o conceito de inovação e desmistificá-la antes de passar para a prática”, explica.
Habilidades de fomento à inovação sistêmica
Rodrigo de Barros, professor de Criatividade e Inovação do Isae, acrescenta que o ecossistema de inovação deriva de uma cultura de experimentação.
Thiago argumenta, ainda, que há cinco habilidades que diferenciam profissionais inovadores dos profissionais comuns - e que elas podem ser desenvolvidas dentro das cooperativas. São elas:
- Experimentar: ideias não nascem prontas. Para aprimorá-las, é necessário testar hipóteses em busca de encontrar soluções.
- Observar: é fundamental olhar o mundo ao redor e como ele funciona. Isso inclui clientes, produtos, tecnologias, serviços e concorrentes, dentre outros. Assim, torna-se possível identificar oportunidades e elaborar novas ideias.
- Associar: conectar informações potencializa a capacidade de inovar. Dessa maneira, fica mais fácil descobrir novos caminhos por meio de ligações entre problemas, ideias e questões sem relação aparente entre si.
- Questionar: quem inova, faz perguntas. Questionamentos desafiam o pensamento padrão, especulam novas possibilidades e ajudam a desenvolver ideias.
- Ampliar a rede de contatos: o networking permite o contato com pessoas das mais diversas culturas, experiências, opiniões e pontos de vista. Isso ajuda a ampliar os horizontes - algo fundamental para inovar.
Cooperativismo: um modelo com DNA inovador
Como mostramos neste artigo, o cooperativismo é um modelo de negócios cada vez mais atual e inovador. E um dos motivos para isso é, justamente, a intercooperação.
O efeito de rede - ou seja, a disseminação de uma inovação para que ela se torne viável e agregue valor - é intrínseco ao cooperativismo. Apesar de ser visto como um conceito preponderante na nova economia, o efeito de rede é, na verdade, a base da operação das cooperativas.
A ideia do efeito de rede é que, quanto maior for o acesso a algum produto ou serviço, maior vai ser, também, a demanda. No caso das coops, os próprios cooperados constroem a comunidade, de forma a dar escalabilidade aos projetos de inovação.
A intercooperação potencializa ainda mais esse fenômeno de disseminação de iniciativas inovadoras. Unindo forças, recursos tecnológicos e base de cooperados e clientes, as cooperativas aumentam a rede de impacto e a viabilidade dos novos projetos.
Intercooperação digital: a inovação na era da transformação tecnológica
As cooperativas estão envolvidas no processo de transformação digital e modernização da economia. Esses processos foram ainda mais acelerados pela pandemia, proporcionando oportunidades de inovação perante os novos hábitos de consumo.
A intercooperação também está envolvida nesse processo de aceleração. Novas tecnologias e plataformas possibilitaram o desenvolvimento da intercooperação digital, como forma de buscar soluções inovadoras e coletivas nos ambientes virtuais.
A intercooperação digital proporciona o desenvolvimento de um ecossistema cooperativista, que fortalece o setor como um todo e possibilita a existência de um ambiente inovador.
Benefícios da intercooperação digital
Diante dos desafios impostos pelas mudanças nas lógicas econômicas catalisadas pela tecnologia, a intercooperação digital emerge como uma alternativa benéfica às cooperativas. Dessa forma, elas conseguem ampliar sua área de atuação e podem, ainda, aprimorar o relacionamento com os cooperados.
Além disso, a intercooperação digital apresenta uma série de fatores positivos para as cooperativas. Alguns deles são:
- Possibilidade de ganhos de escala;
- Uma nova forma de se relacionar e realizar negócios com os cooperados;
- Ampliação na divulgação de produtos e serviços;
- Por se tratar de um sistema colaborativo, há uma redução na concorrência e competitividade entre as cooperativas;
- Os cooperados são beneficiados pela variedade de produtos e/ou serviços.
Intercooperação digital na prática: NegóciosCoop
O Sistema OCB avaliou que a intercooperação digital seria uma ótima aliada para enfrentar as dificuldades impostas pela pandemia. Dessa forma, seria possível integrar a tecnologia para inovar e driblar as barreiras do isolamento social e os impactos econômicos negativos.
Essa é a origem da plataforma NegóciosCoop, que opera como um comércio eletrônico cooperativo. Na prática, o NegóciosCoop atua como uma vitrine em que as coops podem se conhecer e comprar produtos e serviços umas das outras. Márcio Lopes Freitas, presidente do Sistema OCB, enalteceu a iniciativa:
“Estamos criando mecanismos para que a cooperativa não precise buscar o que necessita fora do NegóciosCoop. Uma das novidades, por exemplo, e que pretendemos lançar em breve, é uma forma de pagamento feita de uma coop para outra, diretamente. Assim a coop ganha tempo e a plataforma segue cumprindo seu papel de facilitar e fomentar a intercooperação”, diz.
Intercooperação e os recursos para inovação
Um dos grandes gargalos para a inovação é a escassez de recursos disponíveis para investimento em novas ideias e iniciativas. Muitas cooperativas podem não ter a capacidade financeira adequada para empregar em iniciativas sem um retorno garantido. A inovação, afinal, presume algum risco.
Além dos recursos de capital, a inovação ainda emprega recursos de conhecimento e recursos organizacionais. Desse modo, a busca pela inovação incentiva a diversificação das interações com outras organizações de desafios semelhantes. A saída para essa situação pode estar, justamente, na intercooperação.
Em um estudo produzido para o 6º Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC), pesquisadores ligados à Universidade de Brasília (UnB) apontam que organizações que se conectam com outras geram conhecimento coletivo. Como consequência, esse conhecimento aumenta a capacidade de inovar.
“Assim, essas relações podem oportunizar a transferências de recursos entre organizações, ou mesmo a execução de ações conjuntas”, escrevem os autores. Dessa forma, argumentam, a intercooperação consegue “possibilitar o acesso a recursos críticos que a estrutura interna hierárquica não poderia obter individualmente”.
Transferência de recursos para inovação
Com foco no ramo agropecuário, o estudo aponta que a realização de parcerias possibilita a transferência de inovações de tecnologia e processos entre as cooperativas. Portanto, diante da necessidade de acesso aos diferentes recursos que promovem a inovação, existe o incentivo para acordos de intercooperação.
Dessa maneira, a intercooperação “possibilita a otimização do cooperativismo por meio do desenvolvimento de redes”. Essas conexões estabelecem vínculos para a união de forças e o compartilhamento de recursos em prol da inovação.
As inovações proporcionadas pela intercooperação são distribuídas pelo ecossistema cooperativo. Consequentemente, todo o setor fica mais moderno e eficiente. O efeito disso é que a produção ganha em valor agregado.
Os autores argumentam, portanto, que a intercooperação por meio da transferência e do compartilhamento de recursos difunde o acesso ao conhecimento necessário para inovar. Isso gera valor para os produtos das coops e fortalece todo o ambiente de inovação em que elas estão inseridas.
Casos de inovação impulsionada pela intercooperação
A relação entre intercooperação e inovação pode ser visualizada na prática. Uma série de iniciativas nascidas da colaboração entre cooperativas já apresenta resultados inspiradores. Veja alguns casos:
CoopMode: união de forças para superar desafios
Um dos exemplos é o CoopMode, projeto que envolve cooperativas agropecuárias que atuam no estado do Paraná.
Criado em 2021, o CoopMode foi fundado pelas cooperativas agroindustriais Frísia, Castrolanda e Capal. Depois, a Agrária também foi convidada a fazer parte da iniciativa. O projeto tem como base um conjunto de três pilares:
- Cultura da inovação: visa sensibilizar - por meio de palestras e capaciptações, dentre outros - colaboradores, cooperados e gestores sobre a importância de inovar.
- Realização de projetos conjuntos: o mais notável busca soluções para otimizar a conectividade nas propriedades produtivas do grupo.
- Conexão com ecossistema de inovação: realizado através de editais de pesquisa, encontros e iniciativas de inovação aberta.
Alessandra Heuer, responsável pela Comunicação e Marketing da Capal, explica que a intercooperação já tem apresentado resultados positivos. Segundo ela:
“Já vemos a cultura da inovação presente no dia a dia da Capal. Estamos pensando de forma mais inovadora, buscando parcerias e ferramentas que vão nos ajudar nos resultados”.
Unium: intercooperação como modelo de negócios
Antes mesmo da criação do CoopMode, Frísia, Capal e Castrolanda já inovaram juntas utilizando a intercooperação.
Criada em 2017, a Unium surgiu como uma forma de as cooperativas atuarem conjuntamente em mercados que antes tinham que disputar entre si. Como atuavam de forma isolada, os recursos disponíveis para investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias era limitado. A intercooperação foi a alternativa para solucionar esse problema.
Ao unir as operações, as cooperativas puderam deixar de ter gastos redundantes. Isso fez com que a disponibilidade de recursos para inovação aumentasse. A iniciativa também resultou em uma significativa redução de custos administrativos.
A criação da Unium representa uma importante inovação em relação ao modelo de negócios, gerando uma marca que nasce com força e competitividade. Contamos a história da Unium no Radar da Inovação, confira.
Outros exemplos de intercooperação no Radar da Inovação
A intercooperação marca presença no nosso Radar da Inovação. Há exemplos de dentro e fora do Brasil, mostrando a força dessa conexão. Veja, então, outras histórias inovadoras envolvendo a intercooperação que contamos no InovaCoop:
- CCGL: fundada em 2018, a Rede Técnica Cooperativa reúne mais de 30 cooperativas e 800 técnicos de especialidades diversas. O objetivo é desenvolver soluções inovadoras que atendam os problemas que as coops têm em comum. Dessa forma a iniciativa otimiza investimentos, agrega recursos e amplifica o impacto das novas soluções.
- Fundação ABC: é um instituto de pesquisa agropecuário privado mantido por mais de 5 mil cooperados de Frísia, Castrolanda e Capal - as mesmas que criaram o CoopMode e a Unium. Ela visa desenvolver e adaptar tecnologias para o agronegócio, apresentando alternativas inovadoras e instruindo os produtores rurais sobre como empregá-las.
- Cooperacción Verde: criada em 2009, é resultado da parceria de 52 cooperativas colombianas de ramos variados. Sua missão é executar projetos de reflorestamento, compensação de pegada de carbono e recuperação de solo. Assim, o projeto combate as mudanças climáticas ao mesmo tempo em que gera receita pela comercialização de créditos de carbono.
Conclusão
Intercooperação e inovação andam lado a lado. Quando unem forças - e recursos - em prol de colocar novas ideias em práticas, as cooperativas solidificam o ecossistema de inovação e fortalecem o modelo de negócios do cooperativismo.
Em meio a mudanças tão velozes proporcionadas pela transformação digital, a intercooperação promove uma rede de apoio aos projetos inovadores.
A inovação não é um processo linear e depende do compartilhamento de experiências, conhecimentos e recursos. Por isso, ela pode ser potencializada pela colaboração entre as cooperativas prevista no princípio da intercooperação.
Já que falamos sobre as constantes mudanças e inovações que permeiam a sociedade e os negócios, confira o nosso curso de transformação digital, desenvolvido em parceria com a Descola. Nele, você vai aprender como ler os cenários para não perder o timing das mudanças e inovações e como implementar a transformação digital na sua coop.
Uso de dados setoriais como referência aprimora gestão e ajuda a identificar oportunidades de inovação
Para saber como está a saúde dos negócios, fazer análises de mercado e estudar a viabilidade de novas ideias, é fundamental ter dados de referência. Para que possam ser interpretadas, as informações precisam ser contextualizadas dentro do ambiente de negócios e do cenário econômico. Essa é a função do benchmarking.
O benchmarking é uma forma de analisar o mercado para encontrar boas referências sobre as melhores práticas empregadas por outras instituições do mesmo setor. Robert Camp, considerado o fundador do benchmarking, afirma que o método representa “a busca pelas melhores práticas da indústria que levam a uma performance superior”.
Ou seja: o benchmarking consiste em uma maneira de encontrar referências para aprimorar processos, identificar a situação dos negócios e identificar oportunidades de inovação.
Benchmarking para cooperativas
As cooperativas também podem tirar proveito dos benefícios proporcionados por essas ferramentas. Esse é o papel do Programa de Desenvolvimento Econômico-Financeiro (Desempenho), desenvolvido pelo Sistema OCB.
As cooperativas mantêm um modelo de negócio distinto do que é realizado pelas empresas mercantis. Por isso, em muitas ocasiões, usar dados de instituições com fins lucrativos como referência pode não ser a maneira mais adequada de executar o benchmarking para cooperativas.
O Desempenho existe para desenvolver benchmarkings de olhos voltados ao setor cooperativista. Ele é um sistema de cadastro e consolidação dos balanços contábeis, financeiros e sociais das cooperativas brasileiras.
Neste artigo, iremos conhecer melhor o que é o benchmarking (seus tipos, princípios e benefícios) e apresentar o Desempenho, uma valiosa ferramenta que visa promover e impulsionar o benchmarking para cooperativas. Boa leitura!
Benchmarking: tipos, princípios e benefícios
Para começar, vamos entender melhor a ideia geral do benchmarking.
Na prática, o benchmarking é um processo de pesquisa com o objetivo de analisar o desempenho da sua coop em relação ao setor.
Esse monitoramento de mercado é executado por meio do levantamento de dados que depois serão mensurados, avaliados e interpretados. Tudo isso levando em conta o contexto do setor analisado.
A seleção de quais critérios serão utilizados como referência precisa ser cuidadosa. Essas métricas são os indicadores-chave de performance, que vão servir de base às comparações. A escolha deve levar em conta qual é objeto do benchmarking.
Tipos de benchmarking
Há uma série de maneiras para colocar o benchmarking em prática. Cada modalidade será mais adequada para situações específicas. Conheça os diferentes tipos para escolher o melhor para alcançar o objetivo da sua cooperativa.
Os principais tipos de benchmarking são:
- Cooperativo: ocorre quando duas ou mais instituições firmam uma parceria a fim de trocar experiências, dados e informações mutuamente.
- Competitivo: usa a situação da concorrência como referência, com o intuito de mensurar como seu negócio se posiciona no mercado, em relação à competitividade. Utiliza, geralmente, dados públicos e oficiais de critérios como faturamento e crescimento, por exemplo.
- Genérico: aplicado para organizações que realizam processos semelhantes, ainda que não disputem espaço em um mesmo mercado - até mesmo o produto pode ser diferente. Ainda assim, o benchmarking pode ajudar a identificar possibilidades de aprimoramento.
- Funcional: busca por etapas que podem ser utilizadas por qualquer negócio, mesmo que o produto não seja semelhante e nem haja disputa direta de mercado. O estudo dos métodos de gestão contábil, por exemplo, se enquadra nessa modalidade.
- Interno: os diferentes setores da cooperativa também podem trocar dados, experiências e conhecimentos entre si.
Princípios do benchmarking
A execução do benchmarking deve levar em conta alguns princípios que garantem ética, lisura e boa execução do processo.
Com isso em mente, confira os princípios mais importantes do benchmarking:
- Legalidade: as informações utilizadas para o benchmarking devem ser obtidas de forma legal e transparente.
- Reciprocidade: quando sua cooperativa solicitar informações específicas a uma concorrente ou utilizar alguma plataforma de dados para benchmarking (como o Desempenho), ela também deve disponibilizar os próprios dados equivalentes em troca.
- Confidencialidade: os dados levantados para benchmarking têm a finalidade de estudo, desenvolvimento e aprendizagem. Por isso, eles não podem ser publicamente divulgados - a não ser que haja uma autorização expressa para tal.
Benchmarking para inovação
O benchmarking pode ser um grande aliado da inovação. Ideias boas e factíveis surgem de diversas maneiras e precisam ser sustentadas por dados e informações que considerem a viabilidade no ambiente de negócios.
Com isso, a realização do benchmarking ajuda na antecipação de tendências a partir da observação dos direcionamentos de mercado. Além disso, os dados ajudam a indicar os caminhos para aplicar as ideias de inovação.
A inovação, afinal, também pode ser um processo incremental, feita em pequenos passos, através da otimização de processos e melhorias contínuas que visam agregar valor a algo que já existe. Ou seja, novas ideias emergem a partir de produtos, serviços e conceitos já estabelecidos, de forma a aprimorá-los ou ressignificá-los.
Diante disso, o benchmarking ajuda na compreensão de uma situação consolidada que pode ser alvo de inovação. Esse método opera como uma fonte que dá origem a ideias inovadoras que são factíveis perante um cenário de negócios consistente, aumentando a assertividade e reduzindo riscos do projeto de inovação.
Benchmarking para cooperativas: conheça o Desempenho
Agora que entendemos os conceitos básicos do benchmarking e como ele se relaciona com as práticas de inovação, vamos conhecer o Desempenho, o Programa de Desenvolvimento Econômico Financeiro do Sistema OCB.
Com ele, você tem acesso de forma rápida, fácil e confiável às principais informações econômicas e financeiras de todas as cooperativas da sua região. Assim, a plataforma ajuda a realizar benchmarking com as outras coops do seu ramo.
O que é o Desempenho?
O Programa de Desenvolvimento Econômico-Financeiro (Desempenho) é um sistema de cadastro e consolidação de dados de benchmarking para cooperativas brasileiras. O sistema reúne informações de balanços contábeis, financeiros e sociais de representantes do cooperativismo.
O conceito do Desempenho surgiu no Paraná, há cerca de três décadas, como uma ferramenta distribuída entre as coops agropecuárias da região. As cooperativas acompanhavam os indicadores do setor como forma de impulsionar e aprimorar a autogestão.
Com isso, a OCB Nacional encampou a missão de dar escala à ferramenta, disseminando-a para as cooperativas de todos os ramos e lugares do país.
Como o Desempenho funciona?
O Desempenho opera como uma ferramenta de disponibilização de dados e indicadores para cooperativas. As coops alimentam o sistema com informações diversas sobre sua operação, como dados contábeis, informações de recursos humanos e parâmetros societários (referentes ao atendimento aos cooperados).
A inserção dos dados pode ser feita manualmente ou por mecanismos automatizados de importação das informações diretamente pelos documentos. Neste segundo caso, o sistema do Desempenho produz um leque de indicadores com as informações disponibilizadas. Esses indicadores facilitam o acompanhamento dos resultados da organização em comparação aos seus pares cooperativistas. No mais, as informações ficam disponíveis 24 horas por dia.
Segmentação dos dados
Cada ramo do cooperativismo apresenta suas próprias características e peculiaridades. Por isso, o Desempenho leva em consideração as variáveis de cada negócio, seja pela área de atuação, escopo da cooperativa ou localização geográfica.
Para tanto, o Desempenho conta com mais de 300 indicadores, que são separados por grupos de dados correlacionados. Na página inicial da ferramenta há, ainda, um painel que exibe os indicadores mais importantes do ramo da sua cooperativa.
Um diferencial do Desempenho está na riqueza dos dados disponibilizados. Isso acontece porque o sistema faz uma importação massiva de dados públicos provenientes de órgãos reguladores de determinados ramos.
Esse é o caso de dois ramos: o de crédito e o de saúde. No mercado do cooperativismo de crédito, o Desempenho agrega informações fornecidas pelo Banco Central. Já em relação às cooperativas de saúde, a ferramenta agrega dados oriundos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Para que o Desempenho pode ser usado?
Com o Desempenho, as cooperativas ficam aptas a realizar benchmarking levando em consideração as peculiaridades do setor cooperativista. Além disso, o Desempenho ajuda a deixar o setor ainda mais transparente.
Algumas das principais aplicações dos dados disponibilizados pelo Desempenho são:
- Identificar tendências do setor de atuação da cooperativa que proporcionam possibilidades de inovação.
- Pesquisa de mercado para comparar o seu desempenho ao do setor, ao longo dos anos.
- Analisar as informações para auxiliar na tomada de decisões estratégicas com base nos dados disponíveis.
- Prestar contas aos cooperados, demonstrando seu compromisso com a transparência da gestão.
- Facilitar o trabalho de monitoramento das contas da cooperativa pelo conselho fiscal, pela auditoria interna e também pelo conselho de administração.
- Acompanhar riscos de insolvência da cooperativa, por meio de uma classificação com sete diferentes faixas de risco.
Como aderir ao Desempenho?
Quer integrar a sua cooperativa ao Desempenho, para fazer benchmarking, encontrar oportunidades de inovação e realizar análises de mercado? Então procure a sua unidade estadual da OCB.
Ao entrar em contato com a OCB do seu estado, você receberá o apoio e as instruções para integrar o Desempenho e ter acesso à ferramenta. Dessa forma, a sua cooperativa ainda contribui para construir um ecossistema cooperativista cada vez mais forte, unido e inovador.
Conclusão
O benchmarking se apresenta como uma ferramenta importante para impulsionar a gestão e a inovação nas cooperativas. O levantamento de dados e a identificação de parâmetros ajudam a iluminar o caminho rumo à inovação.
O cooperativismo, que traz a intercooperação como um de seus princípios, só tem a ganhar quando reúne forças para construir um benchmarking para cooperativas. É por isso que o Desempenho representa uma oportunidade de integrar e fortalecer um ecossistema de inovação e reciprocidade cooperativista.
Ao levar em conta as peculiaridades do modelo de negócios do cooperativismo, seus diferentes ramos e distinções geográficas, o Desempenho incentiva o benchmarking para cooperativas. A ferramenta tem o objetivo consolidar as informações dos balanços contábeis, financeiros e sociais das cooperativas brasileiras em âmbito nacional
Coopavel e Coopapi foram selecionadas para a segunda edição do programa da ABDI que busca a inovação no agronegócio. Entenda o programa e a importância de inovar no agro!
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) selecionou duas cooperativas para o Programa Agro 4.0. As cooperativas Coopavel e Coopapi participarão da iniciativa que tem o objetivo de adotar e disseminar tecnologias 4.0 no agronegócio.
Os projetos das coops fazem parte de um total de 8 iniciativas selecionadas que receberão, ao todo, R$ 1,65 milhão para colocar as inovações em prática. Os projetos-pilotos serão contemplados com tecnologias de sensoriamento remoto, internet das coisas e inteligência artificial.
Conheça mais sobre os projetos das cooperativas que foram contemplados:
Coopavel: Internet das Coisas a serviço da avicultura
O projeto direcionado a Coopavel irá contar com soluções da Internet das Coisas (IoT) ligada a softwares de gestão para a cooperativa monitorar, em tempo real, fatores ligados à avicultura 4.0. Por meio de um aplicativo, o bem-estar das aves e a produtividade de cada aviário serão controlados.
A plataforma oferecerá informações sobre a qualidade do ambiente, consumo de ração, peso das aves e índices zootécnicos da produção. Esses dados auxiliarão o produtor no manejo e na tomada de decisão e a equipe técnica da agroindústria irá conduzir um trabalho mais eficiente no controle sanitário, assim reduzindo perdas.
Coopapi: automatização em prol da colheita
Já a Coopapi, relacionada ao setor de frutas, irá implementar um sistema machine vision automatizado. Trata-se de uma nova tecnologia que permite com que as máquinas adquiram a capacidade de observar e interpretar o ambiente em que se encontram. Com isso, é possível aumentar a eficiência de e reduzir custos de atividades industriais.
O sistema fará o controle da classificação da colheita até chegar no produto final. A ferramenta também usará a Internet das Coisas para desenvolver um sistema que monitora parâmetros físico-químicos da água utilizada no processo de produção.
A ferramenta permitirá a classificação das frutas quanto ao tamanho, grau de maturidade e presença de imperfeições. Já os critérios físico-químicos serão avaliados em relação ao pH, condutividade, salinidade, teor de sólidos dissolvidos e cor da polpa.
Dessa forma, a iniciativa pretende garantir frutas sãs, limpas, isentas de matéria terrosa, parasitas e detritos de animais ou vegetais.
Cooperativas já haviam participado em 2020
O primeiro edital do programa ocorreu em 2020 e selecionou 14 projetos de adoção e difusão de tecnologias no campo. Dentre eles, o Programa Agro 4.0 selecionou os projetos das cooperativas Cotrijal, LAR e Cocamar. As aplicações renderam importantes resultados para o agronegócio.
Dentre eles estão:
- Redução de 70% no uso de herbicidas;
- Potencial de redução em 20% da quantidade de água para irrigação e de 30% no custo de energia elétrica;
- Redução de até 25% na emissão de poluentes na pecuária e redução de 50% no uso de inseticida químico.
Essa primeira edição demonstrou como um ecossistema de inovação no agro pode unir aspectos de eficiência, sustentabilidade, segurança alimentar e agricultura digital. O potencial do programa já é visível, mas as expectativas para o segundo edital são ainda maiores, tendo em vista que ele abrange todo o setor produtivo.
Sobre o Agro 4.0
O agronegócio brasileiro representou 27,4% do PIB brasileiro em 2021. A grandiosidade do setor é resultado de diversos fatores: políticas específicas para aumentar a produção e a produtividade, investimentos em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia. Entretanto, essa gradual expansão também leva a maiores desafios.
Nesse cenário, a ABDI, conectada à indústria 4.0, lançou o programa Agro 4.0 para fomentar, estimular e colaborar no processo de adoção e difusão desse tipo de tecnologia no campo. A iniciativa é fruto de uma parceria da ABDI com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
As tecnologias 4.0 - que promovem aumento de eficiência e produtividade - representam um conjunto de equipamentos e aplicações tecnológicas que permitem a fusão do mundo físico e digital. Suas aplicações proporcionam, por exemplo, as capacidades de monitoramento e/ou atuação em tempo real. Algumas dessas ferramentas são:
- Internet das Coisas (IoT)
- Sensoriamento Remoto
- Data Analytics
- Big Data
- Inteligência Artificial
- Realidade Virtual
- Realidade Aumentada
- Blockchain
- Robótica
Os editais do programa dispõem de recursos para premiação e acompanhamento de projetos de implantação e difusão de tecnologias 4.0 pelo setor produtivo. Além disso, o programa também abrange eventos, mapeamento do ecossistema de inovação e relatórios para o setor público e privado.
Entrevista com Isabela Gaya, líder do Programa Agro 4.0
Para saber mais sobre a inovação no agronegócio e o Programa Agro 4.0, o InovaCoop conversou com Isabela Gaya, líder do Programa e Analista de Produtividade e Inovação da ABDI. Ela falou sobre o ecossistema de inovação no agro, a importância do cooperativismo e de novas tecnologias para esse setor, e muito mais. Confira!
InovaCoop - Qual a importância do cooperativismo para o ecossistema de inovação no agro?
Isabela Gaya - As cooperativas têm um papel relevante no Brasil, compondo um modelo de inclusão de cooperados, coordenação da cadeia produtiva, geração e produção de renda, prestação de serviços, acesso a mercados, entre outros, com foco no desenvolvimento econômico e social do país.
O agronegócio é o maior segmento dentro do cooperativismo. Essas cooperativas são responsáveis por boa parte dos alimentos que entram nas casas dos brasileiros todos os dias. Segundo dados do IBGE, o modelo cooperativista representa aproximadamente 48% do total da produção de alimentos do País (quase 50% do PIB do agronegócio), com importante papel na distribuição de leite, café, trigo, soja, arroz, feijão, carnes, legumes, frutas e demais produtos alimentícios.
O Brasil possui 1.170 cooperativas agrícolas, com mais de 1 milhão de cooperados. Elas são importantes canais de difusão de inovação no agronegócio, pela possibilidade de testar novos processos, produtos e modelos e replicar aos seus cooperados.
Segundo o Mapeamento do Ecossistema de Inovação, realizado pela ABDI em 2021, o Sistema OCB tem realizado ações que colaboram com essa prática, como o mapeamento de iniciativas de inovação, apoio a realização de eventos, disponibilização de conteúdos, entre outros. Várias cooperativas já vêm estruturando seu processo de inovação por meio de capacitações, criação de comitês de inovação, realização de eventos, criação de hubs e disponibilização de plataformas digitais.
Como a inovação pode auxiliar a tornar o setor agropecuário mais competitivo, eficiente e sustentável?
A inovação traz modernidade ao agronegócio em seus processos, práticas, produtos e modelos de negócios, trazendo ganhos de eficiência, produtividade, sustentabilidade e redução de custos.
Diversas ações têm sido realizadas neste sentido, incluindo políticas voltadas para o aumento de produtividade e sustentabilidade, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, extensão rural, crédito, além de investimentos em tecnologia. Segundo dados da Embrapa, no período entre 1975 e 2015, os avanços tecnológicos foram responsáveis por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola.
Quanto à adoção de tecnologia, um exemplo é a rastreabilidade, que pode trazer oportunidades relacionadas à diferenciação de produtos, ao aumento de exportações, a uma maior integração dos elos da cadeia produtiva, trazendo mais eficiência, sustentabilidade e competitividade ao país.
De que maneiras o Programa Agro 4.0 impulsiona o uso de novas tecnologias para o desenvolvimento econômico e social do agro?
O Programa Agro 4.0 é uma iniciativa da ABDI e parceiros (MAPA, ME e MCTI), iniciada em 2020 e visa estimular e fomentar o uso de tecnologias 4.0 no agronegócio, por meio de editais, eventos, encontros, informações e demais ações focadas em produtividade e sustentabilidade.
Os dois editais do Programa selecionaram e premiaram projetos pilotos de adoção e de difusão de tecnologias 4.0 no agronegócio, somando mais de 6 milhões de reais, de forma a identificar modelos viáveis de aplicação de soluções, focadas em aumento de eficiência, de produtividade e redução de custos.
São mais de 50 produtores rurais e agroindústrias com implantação de tecnologias 4.0 em seus processos produtivos, de diversos portes, nas 5 regiões do país, com temáticas em categorias ao longo da cadeia produtiva (insumos, produção e colheita, processamento e integração de elos) e diversas tecnologias 4.0: IOT, Sensoriamento Remoto, IA, Analytics, Visão Computacional, Robótica, Geolocalização, entre outras.
Essas experiências servem como casos demonstradores e o Programa colabora com a difusão e o compartilhamento dos aprendizados e indicadores, de forma a incentivar a adoção por demais fazendas e indústrias.
Como o Brasil se situa no cenário de adoção de tecnologias inovadoras no agro em relação a desafios e oportunidades?
Muitos são os desafios para a adoção dessas tecnologias, quando falamos, por exemplo, em infraestrutura (especialmente, em relação à conectividade), capacitação técnica dos colaboradores da fazenda/indústria, cultura de inovação, modelos de negócios para retornos de investimentos, entre outras.
Dados de um estudo recente do MAPA e ESALQ apontaram que 70% do território nacional não possui conectividade.
Assim, iniciativas voltadas ao desenvolvimento do ecossistema de inovação voltadas para o agronegócio, pesquisa e desenvolvimento, assistência técnica especializada e extensão rural, créditos voltados para inovação e expansão da conectividade são oportunidades para otimizar o cenário de adoção de tecnologia no país.
Conclusão
Programas como o Agro 4.0 são um exemplo de promoção às novas técnicas de inovação, dado que a tecnologia avança cada vez mais no agro brasileiro. O panorama da agricultura digital e suas aplicações é vasto e cheio de inovações.
Caso a sua cooperativa tenha se interessado em participar do programa, fique de olho nos editais publicados no portal do Agro 4.0. A ABDI ainda proporciona um Guia de Boas Práticas do Programa Agro 4.0.
O Sistema OCB também atua para impulsionar ainda mais o ambiente de inovação no cooperativismo agropecuário. Um exemplo disso é a segunda edição do programa Conexão com Startups, que se dedicou a encontrar soluções inovadoras para cooperativas do ramo.
Quer saber mais sobre o cenário do cooperativismo agropecuário? A Análise Econômica nº 73 abordou a promoção de iniciativas para abrir novos mercados, produtos brasileiros e atrair novos investimentos para o agro brasileiro. Já se você estiver mais interessado no Plano Safra, confira a edição n° 68.
Ágil e flexível, metodologia proporciona um ambiente receptivo a soluções inovadoras
Para ser efetiva, a gestão administrativa e estratégica precisa ser pautada por objetivos claros e bem definidos. Afinal, só é possível definir os melhores caminhos e tomar decisões assertivas quando há um destino evidente. A metodologia OKR foi desenvolvida justamente para apoiar essa jornada.
A sigla OKR quer dizer Objectives and Key Results - ou seja: objetivos e resultados-chave, em português. A ideia da metodologia OKR é estabelecer metas agressivas, mas realizáveis, de forma a guiar os trabalhos da cooperativa em prol de atingir esses objetivos.
Quando a cooperativa sabe aonde quer chegar e quais conquistas pretende alcançar, as escolhas de gestão são pautadas por esses objetivos. Com isso, todas as áreas da organização podem atuar de forma sistemática em prol de atingir esse ponto de chegada.
Origem do OKR
A metodologia OKR foi criada na década de 70 por Andrew Grove, então presidente da Intel. Inserido no dinâmico mercado de tecnologia, a empresa via a necessidade de se adaptar com rapidez e constância aos novos cenários impostos pelo ecossistema em que ela se encontrava.
Assim, a metodologia OKR surgiu como maneira de estabelecer resultados interconectados que, juntos, contribuem para alcançar os objetivos definidos no planejamento, com base no gerenciamento dos processos e execução de tarefas.
A ideia foi difundida a partir do livro High Output Management (Administração de Alta Performance, em português), escrito por Grove e publicado pela primeira vez em 1983.
Mas, afinal, como esse modelo funciona? Ele pode ajudar a sua cooperativa a ser mais inovadora? Neste artigo, iremos conhecer a estrutura da metodologia de gestão OKR, entender quais são os passos necessários para sua implementação e compreender como ele pode ser um aliado da inovação. Venha conosco e aproveite a leitura!
Impactos do OKR no planejamento
A metodologia OKR tem a capacidade de impulsionar e aprimorar os processos da cooperativa na busca por novas conquistas. Por isso, iremos destrinchar a metodologia, abordando benefícios, estruturas e etapas de implementação que a tornam uma importante aliada para a gestão.
Para começar, veja os principais impactos positivos proporcionados por sua adoção:
- Definição de prioridades: o estabelecimento de objetivos e resultados-chave evidenciam as prioridades da cooperativa. Já que é necessário definir metas específicas, o planejamento será mais focado, uma vez que há um norte definido para guiar as atividades daquele período. Com isso, as decisões têm algo concreto em que se basear.
- Agilidade: a metodologia OKR é executada em ciclos curtos e reuniões periódicas frequentes. Assim, os colaboradores e as equipes podem sugerir e aplicar ajustes constantes e ágeis diante das falhas identificadas.
- Alinhamento organizacional: o uso da metodologia OKR faz com que toda a cooperativa trabalhe em prol de um mesmo fim. Cada um faz sua parte, mas os esforços estão unidos. Isso deixa toda a operação alinhada, integrada e consistente.
- Feedbacks constantes: a aplicação do modelo OKR tem a premissa de estimular a comunicação na cooperativa. Essa dinâmica só é possível quando times e colaboradores têm a liberdade de apresentar seus pontos de vista sobre o projeto. Ao mesmo tempo, todos devem estar receptivos a feedbacks para melhorar a atuação.
Estrutura e implementação do OKR
A evolução da busca por esses objetivos é mensurada a partir dos resultados-chave. Eles serão os indicativos e métricas que irão demonstrar se as metas foram, ou não, alcançadas.
Veja quais são os seis elementos estruturais primordiais que constituem a metodologia OKR:
1. Objetivos
O primeiro passo é indicar quais são os objetivos que a cooperativa almeja alcançar. Eles devem ser concretos e orientados por ações. Afinal, sua finalidade é inspirar as atividades e servir como um norte para a definição do planejamento e a execução do gerenciamento para o sucesso almejado.
Esses objetivos devem ser mensuráveis. Ou seja, não podem ser subjetivas e abstratas. Elas devem ser de simples compreensão.
No mais, esses objetivos têm que ser construídos de forma a inspirar as equipes da cooperativa. Para isso, eles devem ser elaborados para que sejam absorvidos pelos colaboradores como conquistas. O engajamento é pedra fundamental para o sucesso da metodologia OKR.
2. Resultados-chave
A segunda etapa é estabelecer os resultados-chave, que representam processos que devem ser realizados para que o objetivo seja alcançado. Na prática, eles serão os indicadores de sucesso em relação à meta principal.
Eles devem ser específicos e mensuráveis, mas sem nunca deixarem de ser realistas e atingíveis. Cada objetivo contará com seus resultados-chave (idealmente, de dois a cinco).
3. Ciclos
A metodologia OKR opera em ciclos. Na maioria dos casos, esses ciclos duram por volta de três meses
Esse intervalo trimestral favorece a agilidade no cumprimento das metas e permite que avaliações periódicas sejam feitas. A partir delas, a cooperativa será capaz de identificar falhas e realizar ajustes de rota, caso as coisas não estejam avançando conforme o cronograma idealizado.
4. Níveis
Internamente, os OKRs devem ser classificados de maneira hierárquica e interdependente. Ou seja, apesar da classificação em camadas, os objetivos e resultados-chave serão diretamente relacionados e alinhados entre si.
Os três níveis hierárquicos para realizar o OKR são os seguintes:
- Nível organizacional: são os OKRs que direcionam o foco estrutural da cooperativa. Irá representar a inspiração geral; o horizonte almejado.
- Nível departamental: objetivos determinados e delegados para cada equipe. Definem o caminho das ações que cada time irá seguir visando contribuir para o cumprimento das metas organizacionais.
- Nível individual: se refere ao papel e ao desempenho de cada um dos colaboradores para o cumprimento das metas de seu departamento.
Ou seja, é como se fosse uma cascata invertida. Os objetivos individuais contribuem para que os departamentos sejam atingidos. Quando as equipes entregam as metas almejadas, a cooperativa terá sucesso em seu objetivo principal.
5. Reuniões de check-in
São encontros curtos realizados com a finalidade de verificar o andamento dos OKRs.
As reuniões de check-in devem acontecer com frequência, para deixar os processos ágeis e dinâmicos. Idealmente, os encontros de nível organizacional acontecem todos os meses. Já as equipes precisam se reunir com maior frequência: semanal ou quinzenalmente.
É necessário tomar cuidado para que essas reuniões não desviem da finalidade. Elas devem manter o foco nos OKR.
6. Fórmula de metas
O investidor americano John Doerr refinou a metodologia OKR, criando uma fórmula para estabelecer a estrutura com maior assertividade.
A fórmula de Doerr consiste em definir um objetivo a partir da pergunta: o que eu quero ter realizado? Já os resultados-chave resultam do seguinte questionamento: como eu vou conseguir?
13 passos para a adoção do OKR
No nosso guia prático sobre metodologias ágeis, listamos quais são os treze passos mais importantes para implementar o OKR na sua cooperativa. Confira:
- Comece pequeno: a implementação dessa metodologia deve ser feita aos poucos, passo a passo. Inicie pelas práticas mais simples, deixando as mais avançadas para quando sua equipe tiver domínio do modelo.
- Consiga os primeiros resultados: um projeto piloto que conquiste uma vitória inicial ajuda a engajar o time e expandir a cultura OKR.
- Explique motivos e métodos: deixe evidente às equipes os benefícios para adotar a metodologia e mostre a elas como a prática funciona.
- Mantenha o foco: tem hora que ser multitarefa mais atrapalha do que ajuda. Por isso, é importante definir prioridades.
- Escolha resultados mensuráveis: os key-results (resultados-chave) devem ser definidos por métricas alcançadas, e não por tarefas realizadas. As iniciativas têm que ser traduzidas em números e dados.
- Defina os OKRs da cooperativa: a cooperativa deve trabalhar com dois tipos de metas: as anuais, mais gerais e englobando toda a instituição; e as trimestrais, detalhadas e delegadas a times específicos.
- Reparta os OKRs: cada setor da cooperativa deve propor suas metas pensando em como ajudar a instituição a atingir os seus objetivos gerais.
- Planeje os OKRs: reuniões de planejamento, com turmas multidisciplinares, ajudam a definir as metas com maior rapidez e assertividade.
- Avalie os OKRs: defina formas de mensurar o progresso para atingir as metas.
- Defina lideranças: ter um profissional dedicado ajuda na implementação da metodologia. Delegar um OKR Master contribui para manter as equipes bem treinadas.
- Integre os OKRs ao cotidiano: para ser eficaz, a metodologia deve fazer parte da cultura da cooperativa e fazer parte do dia a dia das equipes. Não adianta definir uma meta e depois esquecê-la.
- Tenha cautela com metas complicadas: metas muito complicadas de atingir devem, sim, ser integradas ao modelo, mas com cuidado. Não conseguir atingir os resultados almejados pode ser desanimador, afinal.
- Não restrinja as avaliações: os desempenhos das equipes e dos colaboradores não devem ser avaliados somente com base nos resultados dos OKRs. Eles devem ser um fator a ser computado, mas não o único.
Quer saber mais? Preparamos um Guia Prático com 3 ferramentas para otimizar a gestão da sua coop. Confira neste link!
Exemplo de OKR
Para entendermos melhor como essa estrutura funciona, confira um exemplo hipotético simplificado de uma cooperativa que quer aumentar a força de sua marca na percepção dos clientes.
Um OKR de nível organizacional adequado seria:
Objetivo: melhorar a imagem da marca da cooperativa com os clientes na internet.
- Resultado-chave 1: aumentar as menções positivas dos produtos da cooperativa nas redes sociais em 50%.
- Resultado-chave 2: melhorar a avaliação dos produtos no e-commerce para um mínimo de 4,5/5.
- Resultado-chave 3: alcançar uma taxa de 90% de satisfação no atendimento online ao consumidor.
Nesse contexto, o OKR do departamento de atendimento ao cliente poderia ser:
Objetivo: proporcionar uma melhor experiência de atendimento ao cliente pela internet.
- Resultado-chave 1: aprimorar os chatbots para que eles sejam capazes de resolver sozinhos 60% dos problemas.
- Resultado-chave 2: reduzir pela metade o tempo de espera para o início do atendimento com um colaborador humano.
Por fim, o OKR individual do atendente seria:
Objetivo: prestar um atendimento satisfatório.
- Resultado-chave 1: identificar os problemas mais frequentes e oferecer soluções mais ágeis para lidar com esses casos.
- Resultado-chave 2: aumentar em 20% a taxa de clientes que deixam uma avaliação no pós-atendimento.
Erros que devem ser evitados no OKR
Como toda metodologia, o modelo OKR também está sujeito a falhas em sua implementação. Por isso, reunimos as principais delas, para que você possa evitá-las na sua cooperativa. Veja:
- Definir resultados impossíveis de alcançar ou de mensurar: os objetivos e resultados-chave e devem, sim, ser ambiciosos, mas sem abrir mão do realismo. Não é fácil atingir esse equilíbrio. Eventualmente, os colaboradores irão notar a impossibilidade de atingir certos objetivos - e isso gera desmotivação.
- Incluir tarefas no lugar dos resultados: os resultados-chave não podem ser meras listas de tarefas. Elas indicam o que é necessário alcançar, não são um passo a passo de como esse resultado será obtido.
- Elaborar resultados-chave em excesso: se a sua cooperativa exagerar na definição dos OKRs, o foco se perde. Dessa forma, as prioridades perdem sentido. Ao utilizar essa metodologia, tenha em mente o antigo ditado: menos é mais.
- Abandonar o acompanhamento dos OKRs: as reuniões de check-in mantêm o projeto vivo e as equipes engajadas. Não adianta estabelecer objetivos se, com o decorrer do tempo, eles serão deixados de lado.
Conclusão: OKR e inovação
A inovação anda lado a lado com a agilidade. Para que sua cooperativa possa inovar, é necessário que ela seja eficiente e consiga acompanhar o ritmo alucinante das mudanças no mercado. Assim, é preciso estar pronto para otimizar os processos e modernizar a gestão.
É aí que entra a importância da metodologia OKR. Por oferecer uma forma de gerenciar as metas com flexibilidade, esse modelo de gestão ágil favorece e incentiva o desenvolvimento de novas ideias sem deixar o planejamento de lado.
Com isso, a metodologia OKR atua para impulsionar soluções criativas, uma vez que os caminhos para atingir chegar aos objetivos e resultados-chave não são engessados.
Quer aproveitar essa integração entre essa metodologia e inovação na sua cooperativa? Então confira o curso de OKR que preparamos em parceria com a Descola. Nele, você vai descobrir como o conceito surgiu, quais as diferenças entre o OKR e as métricas tradicionais e como aplicá-lo no seu dia a dia para tomar decisões mais assertivas. Clique aqui e confira!
Não perca essa chance!
Foi prorrogado até o dia 22/09 o período de inscrições para o Prêmio SomosCoop Melhores do Ano, que tem o propósito de reconhecer as boas práticas das cooperativas de todo o país.
Para a categoria Inovação podem ser inscritos cases com iniciativas que promoveram mudanças no dia a dia das cooperativas, em seus processos, produtos e serviços, com resultados efetivos.
Lembrando que este ano , além do troféu, as primeiras colocadas serão contempladas com duas vagas para um intercâmbio cooperativista.
Podem participar cooperativas registradas e regulares no Sistema OCB, através do site: https://melhores.premiosomoscoop.coop.br/ .
Vai perder essa oportunidade?