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Índice Global de Inovação: Brasil avança e mostra potencial, mas investimentos caem

Mesmo com redução de recursos, o ecossistema de inovação brasileiro demonstra força e resiliência


Em 2022, o Brasil avançou três posições no Índice Global de Inovação, em comparação ao ano anterior. Com isso, o país saltou para a 54ª posição no ranking mundial. O levantamento é produzido pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês) e conta com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Brasil.

O recorte da América Latina e Caribe também apresenta evolução brasileira. Se em 2021 o país estava fora do pódio, em quarto lugar, agora aparece na segunda posição, ultrapassando México e Costa Rica. O Chile, contudo, segue sendo o país mais inovador da região.

Todavia, o relatório não traz somente boas notícias. Segundo os dados apontados pela CNI, os investimentos em inovação estão em baixa no país. Diante desses números, é possível concluir que os agentes do ecossistema brasileiro de inovação estão obtendo melhores resultados a despeito da redução de recursos. Ou seja, estão fazendo mais com menos.

Neste artigo, iremos analisar os resultados do Índice Global de Inovação, entenderemos o que os dados dizem sobre o ambiente de inovação brasileiro e vamos discutir o papel do cooperativismo nesse ecossistema. Aproveite a leitura!

Resultados gerais do Índice Global de Inovação

O Índice Global de Inovação mensura o desempenho dos ecossistemas de inovação de 132 países e suas economias, a fim de identificar tendências globais. O conceito de ecossistema de inovação diz respeito a um conjunto de atores e conexões que estimulam e apoiam o surgimento de novas ideias.

Segundo os dados, esses são os sistemas de inovação mais pujantes analisados pelo levantamento:

  1. Suíça
  2. Estados Unidos
  3. Suécia
  4. Reino Unido
  5. Holanda
  6. Coreia do Sul
  7. Singapura
  8. Alemanha
  9. Finlândia
  10. Dinamarca

Como é possível notar, as primeiras colocações são dominadas por países com economias desenvolvidas, capazes de direcionar seus investimentos para pesquisa e inovação.

Há, ainda, uma correlação entre o Índice Global de Inovação e o ranking de liberdade econômica produzido pela Heritage Foundation: cinco países aparecem no top 10 dos dois levantamentos. Além disso, os 10 melhores colocados do IGI são considerados, no mínimo, majoritariamente livres pela Heritage.

Brasil nos subíndices

O Índice Global de Inovação é calculado a partir de dois subíndices. O primeiro deles é o que se refere a “insumos de inovação”. Esse fator avalia elementos que facilitam e viabilizam o desenvolvimento de iniciativas inovadoras. Assim, seus cinco pilares são:

  • Instituições
  • Capital humano e pesquisa
  • Infraestrutura
  • Sofisticação do mercado
  • Sofisticação empresarial

O segundo diz respeito aos “produtos de inovação” e visa captar e medir os resultados efetivos da atividade inovadora dentro do ecossistema. Seus dois pilares são:

  • Produtos de conhecimento e tecnologia
  • Produtos criativos

Dentro desses dois índices, o Brasil apresentou resultados inconstantes. Isso porque o país caiu na classificação de insumos de inovação - de 56º, em 2021, para 58º, em 2022 - mas, por outro lado, melhorou nos resultados de inovação (saiu de 59º para 53º). Além disso, na América Latina, o Brasil é líder no quesito sofisticação empresarial.

Potencial de inovação

Os dados do Índice Global de Inovação evidenciam, também, que o Brasil tem potencial para a inovação. Como dissemos, mesmo com a queda nos investimentos, o ecossistema de inovação brasileiro evoluiu. Ou seja: há talento e vontade de inovar.

Outra informação que reforça essa conclusão é que o Brasil está no grupo de países que apresentaram um desempenho acima do esperado, em relação ao nível de desenvolvimento. Com isso, 2022 é o segundo ano consecutivo em que a inovação brasileira supera as expectativas.

Superando expectativas, faltando investimentos

O levantamento também indica que o país passou por melhorias significativas em uma série de quesitos, principalmente em relação aos produtos criativos.

O ecossistema brasileiro evoluiu, por exemplo, nos subpilares de Ativos intangíveis e Criatividade on-line, bem como nos indicadores Marcas (19ª) e Criação de aplicativos móveis (34ª).

No mais, um dos poucos clusters de ciência e tecnologia nos países de renda média fora da China está no Brasil, em São Paulo.

Gianna Sagazzio, diretora de inovação da CNI, enxerga que a capacidade de inovação no Brasil seria melhor explorada caso melhores condições fossem proporcionadas. “Se houvesse investimentos perenes em inovação, o que não acontece, o Brasil poderia ser uma potência em inovação", argumentou.

Serviços financeiros lideram na América Latina

Os bancos digitais se destacaram no ambiente de investimentos em startups da América Latina. O banco digital com maior número de clientes no mundo é brasileiro, por exemplo.

Esse movimento indica um caminho importante de inclusão digital financeira que pode apresentar oportunidades para as cooperativas de crédito.

Já tem cooperativa explorando o mercado das fintechs. Um exemplo é Woop, uma plataforma bancária desenvolvida pela Sicredi. Eduardo Corso, head de digital banking da coop, indicou que com o Woop, a Sicredi conseguiu alcançar um novo público. Os dados da OCB apontam, inclusive, que o cooperativismo de crédito é o ramo que mais inova.

O futuro do crescimento impulsionado pela inovação

O IGI 2022 visualiza, ainda, duas possíveis novas ondas de inovação. Elas são:

  1. Onda de inovação da era digital: potencializada por meio da supercomputação, inteligência artificial e automação, que está prestes a gerar impactos relevantes na produtividade e em pesquisas científicas.
  2. Onda de inovação da ciência profunda: impulsionada por progressos nas biotecnologias, nanotecnologias, novos materiais e demais ciências que produzem inovações revolucionárias. Afeta quatro áreas primordiais para a sociedade - saúde, alimentação, meio ambiente e mobilidade.

O efeito dessas ondas, contudo, vai levar algum tempo para se materializar. Isso porque, primeiramente, é necessário superar uma gama de obstáculos. O maior deles é a adoção e a difusão das tecnologias.

O papel do cooperativismo na inovação

O cooperativismo, com seu DNA inovador, ajuda a impulsionar o ecossistema de inovação brasileiro. Uma pesquisa feita pelo Sistema OCB com quase 500 cooperativas de todos os ramos e regiões desenhou o panorama da inovação no setor.

Os dados indicam que as cooperativas brasileiras já entenderam que inovar é fundamental: 84% dos participantes acreditam que a inovação é importante para o setor.

Contudo, as coops também estão cientes de que podem fazer mais. Por meio de uma autoavaliação, as cooperativas deram uma nota média de 6,1 para seu grau de inovação.

Assim, o cooperativismo brasileiro, nesse retrato, corrobora os indícios apresentados pelo Índice Global de Inovação. Isso quer dizer que o setor sabe do valor de inovar e apresenta um potencial grande para seguir desenvolvendo novas ideias, produtos, serviços e métodos.

Inovação durante a pandemia

Os investimentos globais em inovação registraram aumento marcante no auge da pandemia de Covid-19, registra o Índice Global de Inovação. Em 2021, os valores destinados à inovação dispararam ainda mais.

Uma explicação para esse fenômeno é que a pandemia alterou diversas dinâmicas sociais e comportamentais, exigindo adaptações. O consumo, por exemplo, foi diretamente atingido pelas consequências da pandemia. Por isso, muitos negócios precisaram adaptar seus modelos.

No cooperativismo, isso também aconteceu. O levantamento da OCB informa que 47% das cooperativas aceleraram seus projetos de inovação durante a pandemia. Além disso, mais 22% das coops iniciaram projetos de inovação no período. O impacto desse cenário também fica evidente quando vemos em quais setores as cooperativas inovaram:

Ou seja: as cooperativas precisaram buscar novas formas para interagir com clientes e cooperados. Para isso, tiveram que acelerar suas inovações no atendimento digital e no e-cmmerce, o que demanda investimentos em comunicação, atendimento e tecnologias.

InovaCoop: impulsionando a inovação no cooperativismo

Por meio de artigos, guias práticos, cursos e e-books, o InovaCoop atua para impulsionar o cooperativismo cada vez mais inovador.

Nosso Radar da Inovação, ainda por cima, comprova, por meio de histórias de sucesso, a força do cooperativismo brasileiro nesse ambiente. A iniciativa serve, também, como oportunidade de benchmarking para outras coops.

Já o programa Conexão com Startups promoveu a inovação aberta, viabilizando soluções inovadoras para várias cooperativas e para a própria Unidade Nacional do Sistema OCB.

A plataforma, inclusive, foi incluída como um dos atores do ecossistema de inovação cooperativista produzido pela Coonecta.

Conclusão

O Índice Global de Inovação aponta tendências, caminhos e evidencia a força da inovação brasileira.

Superando expectativas e melhorando os resultados mesmo com escassez de investimentos, o Brasil demonstra que tem um ambiente povoado por atores resilientes em proporcionar ideias inovadoras.

O cooperativismo vem cumprindo seu papel de ajudar a dar solidez ao ecossistema de inovação, deixando-o mais participativo, solidário e social.

No mais, a inovação tem um grande papel no atingimento da meta do BRC1Tri - Brasil Mais Cooperativo 1 trilhão de prosperidade. Vamos juntos?


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