A liderança ocupa um papel central na estratégia de inovação das cooperativas. No entanto, nem sempre os líderes estão cumprindo essa função. A falta de liderança para a inovação, portanto, representa uma grande fragilidade para os negócios.
Segundo a Tendências de Gestão de Pessoas 2023 da GPTW, a falta de uma mentalidade inovadora por parte dos líderes é o principal empecilho para a inovação nas organizações, afinal.
Diante desse cenário, as cooperativas precisam encontrar caminhos para incentivar a liderança inovadora. O líder moderno deve fomentar novas ideias e difundir a visão de futuro em sua equipe. Inovar é gerar valor, antecipar tendências e adequar a organização ao ambiente de negócios.
Neste artigo, você vai conhecer 10 maneiras de desenvolver a liderança para a inovação e, com isso, fortalecer a sua cooperativa. Aproveite a leitura!
10 formas de desenvolver lideranças inovadoras
Já que a liderança para a inovação é tão importante para a competitividade e a perenização das cooperativas, confira os caminhos para desenvolvê-la!
1. Estabeleça o papel do líder para a inovação
Para exercer a liderança inovadora, um líder precisa conhecer o seu papel e entender as suas atribuições dentro da estratégia da cooperativa. Diante desse planejamento, compreenda quais são as prioridades da organização a fim de conduzir a sua equipe aos rumos adequados de inovação.
Liderar, afinal, é uma tarefa que pode ser feita de diversas formas. Na sua cooperativa, qual é o papel do líder? Facilitar equipes, obter recursos para novos projetos, convencer a direção sobre as sugestões de inovação, resolver problemas inerentes ao negócio, desenvolver produtos…
Ao ter clareza no seu papel dentro da estratégia da cooperativa, será muito mais fácil definir os caminhos da inovação na sua equipe e, com isso, gerar valor para a instituição. Também tenha isso em mente ao selecionar e formar novos líderes.
2. Exercite a ambidestria organizacional
A liderança para a inovação precisa ter uma visão ampla dos negócios de forma a resolver problemas do presente e antecipar as demandas do futuro. Essa é justamente a ideia por trás da ambidestria organizacional.
Ao comparar 35 iniciativas, um estudo publicado pela Harvard Business Review descobriu que 90% das organizações que usam estrutura ambidestra alcançaram seus objetivos estratégicos. No entanto, apenas 25% das organizações que usam outro tipo de estrutura alcançaram os resultados almejados.
Por um lado, é muito fácil ficar perdido nas demandas do dia a dia e deixar o futuro para depois. Por outro, não adianta focar demais no amanhã sem construir hoje a base de sustentação para dar suporte às grandes mudanças no longo prazo.
Seja ambidestro e amplie os horizontes de sua equipe, mas sem nunca deixar de melhorar a todo momento. Veja também nosso e-book sobre o tema!
3. Aprenda continuamente
Um líder inovador não pode ficar parado no tempo. Em meio a um mundo de transformações tão velozes, é necessário aprender a todo momento. Acompanhe as novidades relevantes para o seu setor, aprenda novas habilidades e siga adquirindo conhecimentos. Tudo isso será matéria-prima para a inovação.
Tecnologias, metodologias e ferramentas de gestão surgem a todo momento. Diante disso, seguir a cultura lifelong learning é essencial para a efetividade da liderança para a inovação.
Além disso, promova o aprendizado contínuo em sua equipe. Forneça ferramentas para que seus colaboradores possam estudar e aprender. Equipes mais qualificadas e atualizadas são, também, mais inovadoras.
4. Fique atento às tendências
Ao se manter por dentro das tendências, você vai visualizar os caminhos que o mercado está seguindo, conhecer os avanços tecnológicos e ter uma visão ampla de inovação. Assim sendo, a assertividade para iniciar projetos, adotar ferramentas e absorver métodos será maior.
Periodicamente, reserve algum tempo para ficar por dentro das novidades oportunas ao segmento de atuação da sua cooperativa e ao setor que você lidera. Mantenha seu radar ligado para identificar e antecipar as tendências.
E como acompanhá-las, então? Há diversas maneiras de ficar por dentro das novidades - e você pode conhecê-las clicando aqui.
5. Monte equipes diversas e inclusivas
A inovação surge a partir de diferentes ideias e perspectivas de mundo. A coexistência de diferentes valores, culturas, etnias, religiões, raças, gênero, orientação sexual, status socioeconômico, idade e habilidades, por exemplo, funciona como combustível para o nascimento de novas ideias.
O fato de existirem pessoas com culturas, hábitos e origens diferentes faz com que existam percepções variadas sobre a vida, o trabalho, o ensino - sobre tudo, na verdade. Essa variedade nas visões de mundo enriquece as equipes e dá origem a ideias mais sólidas e criativas.
Promova a diversidade e a inclusão em sua equipe, portanto. De que adianta comandar somente pessoas que pensam igual a você? Ao formar novos líderes, também leve isso em conta. Veja o poder da liderança feminina no cooperativismo e se inspire!
6. Fortaleça valores, princípios e objetivos da cooperativa
O líder é o elo que conecta os colaboradores aos valores, princípios e objetivos da cooperativa. Tenha clareza sobre a visão de negócio da organização a fim de incorporá-la na sua estratégia de inovação.
Guie seu time em um trajeto de inovação que esteja de acordo com os valores da cooperativa e seja o exemplo de respeito e valorização desses valores. O pensamento de todos precisa estar alinhado. Promova o sentimento de pertencimento e valorização.
7. Cultive talentos
Busque ferramentas para conhecer a fundo as forças e vulnerabilidades da equipe como um todo e as características de cada colaborador. A partir disso, cultive seus talentos. Entenda os objetivos e diferenciais das pessoas a fim de conduzi-las a um processo de melhoria contínua.
Para tanto, não se limite às habilidades acadêmicas e conhecimentos técnicos. Entenda o que motiva cada colaborador, avalie suas capacidades interpessoais e aptidões. Depois disso, é hora de potencializar os pontos fortes e trabalhar os pontos fracos.
É preciso orientar e inspirar as pessoas para que elas cresçam e, com isso, ajudem a cooperativa a inovar. Identifique perfis para novos líderes e seja um mentor dessa transformação.
8. Dê espaço para novas ideias e projetos
Uma das principais armadilhas contra a inovação é gastar todo o tempo resolvendo as questões imediatas. Como é possível inovar se não há tempo para refletir, dar asas à imaginação, desenvolver conceitos e aprimorá-los?
O Google, por exemplo, disponibiliza tempo para que seus colaboradores desenvolvam novas ideias. Nessa divisão, funcionários técnicos devem dedicar 80% para realizar suas tarefas. Já nos 20% restantes eles podem trabalhar em projetos de seu interesse. Muitas inovações do Google foram criadas a partir desse processo. O cotidiano pode sufocar a criatividade, não deixe isso acontecer.
Tenha uma margem de recursos (pessoas, tempo e dinheiro, por exemplo) para tentar criar coisas novas e arriscadas. Nem sempre uma ideia de inovação vai dar certo, mas mesmo quando falha, ela gera aprendizados relevantes.
9. Tenha capacidade de comunicar e persuadir
Para liderar, é importante saber se comunicar. Isto é: repassar ideias, objetivos e instruções com efetividade. A comunicação também é responsável pela transmissão de valores. É assim que um líder conquista a confiança de seus liderados.
Ser um bom líder significa ser, também, um bom comunicador. Entenda as diferentes maneiras de conversar e convencer a sua equipe. Transmita confiança nas interações para engajar a equipe e conquistar a dedicação nos projetos de inovação.
Uma ótima forma de potencializar a capacidade de persuasão é usar técnicas de storytelling. Dê uma olhada no curso do InovaCoop sobre o tema e aprenda a contar histórias a fim de exercer a liderança para a inovação!
10. Assuma riscos controlados e aprender com erros
Disponha-se a assumir riscos calculados. A inovação, afinal de contas, é incerta. Desse modo, o erro é inerente ao processo de experimentação. Conheça o limite da sua equipe e arrisque dentro dele. O erro é inevitável dentro da cultura de inovação. O importante é errar logo.
Iniciativas que não dão certo também são ótimas fontes de aprendizado. Quando uma ideia não funcionar, analise e tente entender o motivo disso. O erro foi na ideia ou no processo de implementação? O que influenciou nesse resultado? Leve essas lições em conta em projetos futuros. E também confira nosso curso sobre a Metodologia Fail Fast!
Conclusão: exercendo a liderança para inovação
Para ser um líder inovador, é necessário ter uma mentalidade voltada para a inovação. É recomendável que um líder inovador e disruptivo seja capaz de:
• Dar o exemplo: um líder que não se dedica também não inspira confiança. É importante dar duro, reconhecer erros e demonstrar profissionalismo.
• Ser otimista: é preciso visualizar o futuro e passar adiante a visão do quão bom será quando todo o time atingir os objetivos.
• Ser seguro: ter segurança e saber disseminá-la para o time é essencial, sobretudo em tempos de crise ou mudanças nos processos.
• Ter autoridade: o líder inovador tem a responsabilidade de orientar e motivar o time para que, juntos, alcancem um objetivo em comum. Autoridade não é autoritarismo.
• Ser sincero: a sinceridade é uma grande aliada da empatia na hora de apontar falhas e discutir assuntos desconfortáveis com a equipe.
A liderança inovadora de Steve Jobs é a grande responsável pela Apple ser, hoje, uma grande referência mundial em inovação. Nem sempre foi assim. Quando Jobs assumiu a companhia, ele alterou a estrutura de gestão e criou um novo perfil para os líderes, privilegiando uma cultura de experts, imersão em detalhes e abertura para o debate.
A nova maneira de organizar a liderança e explodiu a capacidade de inovar dentro da Apple resistiu ao crescimento da companhia, mas sem perder os princípios estabelecidos por Jobs responsáveis por isso.
Para saber mais sobre liderança inovadora, confira também o guia prático que produzimos sobre o tema!
Para fomentar a inovação, é necessário gerir pessoas e dominar processos
O papel de um líder é guiar as cooperativas com destino aos objetivos estratégicos e à saúde do negócio. Dentro desse cenário, ser uma organização inovadora é essencial para crescer, manter a relevância e perenizar. O papel da liderança na inovação, portanto, deve ser de protagonismo.
Inovar não é um luxo, mas sim uma necessidade das cooperativas que almejam prosperar na nova economia diante das diversas mudanças tecnológicas, econômicas e sociais. Dessa forma, a liderança na inovação é central para a construção de cooperativas modernas.
Estimular uma cultura corporativa voltada para a inovação é, afinal de contas, responsabilidade da liderança. Lidar com isso, por si só, é um grande desafio que não pode ser deixado de lado. Sem a dedicação dos líderes, a inovação não encontra espaço, não há estímulo para novas ideias e o risco de cair no marasmo, assim como o de ficar para trás da concorrência, só cresce.
Já que há tanto valor da atuação da liderança na inovação, este artigo irá mostrar o que se espera de um líder moderno, quais são as habilidades de uma liderança inovadora e como aplicar a governança na inovação. Aproveite a leitura!
O novo papel da liderança na inovação
A função do líder muda com o passar do tempo. O exercício da autoridade dá lugar à mediação e ao estímulo às equipes. O papel da liderança na inovação é, cada vez mais, potencializar a mentalidade empreendedora dentro das cooperativas.
A cultura organizacional voltada à inovação não surge do vácuo. Ela precisa, isso sim, ser construída aos poucos, com solidez e incentivos à mentalidade empreendedora. O relatório Tendências de Gestão de Pessoas 2023 da GPTW revela que a mentalidade da liderança permanece a mais apontada como principal empecilho para a inovação nas organizações.
Quando há falta de uma mentalidade empreendedora na liderança, a inovação não consegue prosperar dentro da cooperativa. “É natural e do instinto humano a lei do mínimo esforço, e tendemos a seguir sempre o status quo. Inovação dá trabalho e requer esforço. Por isso, é preciso sempre capacitar as lideranças mostrando as vantagens e benefícios da inovação para que possam fazer esse movimento antinatural com mais frequência”, diz Cauê Oliveira, CEO da Youleader, que faz parte do ecossistema GPTW.
Dessa forma, portanto, a liderança precisa acender a faísca da inovação e seguir trabalhando para manter esse fogo aceso. Nada disso é possível sem a consolidação de uma mentalidade empreendedora. Nesse cenário, os gestores precisam dar o exemplo e proporcionar um ambiente receptivo às novas ideias e sem medo de mudanças.
Fomento ao intraempreendedorismo
Mais do que gerir suas demandas, um líder precisa atuar em prol do desenvolvimento de pessoas. Dessa forma, o gestor é responsável por criar contextos capazes de potencializar as competências de suas equipes, a fim de tirar as pessoas de suas zonas de conforto, engajá-las e motivá-las.
No quesito inovação, então, estimular o intraempreendedorismo significa extrair boas ideias dessas pessoas que estão envolvidas todos os dias com a operação e os desafios enfrentados pela cooperativa. Por esse motivo, elas têm a capacidade de enxergar soluções e oportunidades de inovação.
Nesse sentido, o líder deve ser um facilitador ao intraempreendedorismo, extraindo e estimulando e dando espaço para novas ideias que surgem dentro das equipes. Diversas iniciativas de sucesso surgiram assim. Em nossos cases de inovação, por exemplo, contamos como a nova linha de refeições prontas da Aurora Coop surgiu do intraempreendedorismo.
As habilidades de um líder inovador
A partir dessas mudanças no papel da liderança na inovação, uma série de novas habilidades passaram a ser essenciais para os líderes que almejam guiar suas cooperativas em uma jornada inovadora de sucesso.
Habilidades interpessoais e voltadas ao lado humano estão no centro do desenvolvimento de um líder inovador moderno. Selecionamos algumas das soft skills mais importantes para a liderança na inovação:
Empatia
Para engajar as pessoas em prol da inovação, um líder precisa ser capaz de se colocar no lugar do outro e entender as diferentes perspectivas de mundo contidas em uma equipe diversa. A empatia precisa estar presente em todos os processos de inovação e não é diferente para quem lidera esse processo.
A empatia impulsiona a facilitação para a inovação, amplia a visão de mundo do gestor e faz com que ele entenda melhor tanto a sua equipe quanto os seus clientes. A partir de então, é possível praticar técnicas de incentivo à inovação adequadas a cada situação e para os colaboradores. Veja aqui como fazer o mapa de empatia!
Ambidestria
Um outro grande desafio da liderança na inovação é conseguir equilibrar a pressão por resultados imediatos e iniciativas inovadoras com foco no futuro. Em meio a essas duas demandas brigando por sua atenção, um líder precisa ser ambidestro. Isto é: projetar o futuro, mas sem abrir mão das melhorias incrementais de impacto imediato.
Nesse contexto, o gestor tem que encontrar saídas para que sua equipe não seja sugada pelas obrigações cotidianas. A inovação precisa de tempo, dedicação e recursos. É função do líder proporcionar isso. É o que faz, por exemplo, o Google, ao disponibilizar tempo para que seus funcionários possam se dedicar a projetos alheios às suas obrigações.
Comunicação
Para que seja respeitado e tenha sua visão acolhida pelas pessoas, um líder precisa se comunicar bem, com clareza e assertividade. A comunicação é central para a efetividade de um trabalho em equipe em que todos entendam bem a sua função e consigam expressar suas ideias.
Dessa maneira, um líder que consegue incentivar a comunicação em sua equipe gera mais conexões entre pontos de vista, aproxima vivências e, consequentemente, obtém inovações mais sólidas. Entendendo o quão essencial é essa habilidade para a liderança na inovação, o CapacitaCoop preparou um curso de Comunicação Assertiva.
Resolução de conflitos
A comunicação eficaz também contribui para a mediação de conflitos. Evitar mal-entendidos e brigas faz com que as equipes fiquem mais unidas e, com isso, colaborem na busca por soluções inovadoras.
Debates devem ser fomentados, mas com respeito entre todos. A liderança deve prezar pela convivência pacífica, o que evita perdas de tempo e mantém as equipes focadas na busca por ideias inovadoras.
Feedback
Cabe à liderança na inovação identificar as forças e as fraquezas de seu time, tanto em caráter coletivo quanto no âmbito individual. Esse diagnóstico contribui para entender os elementos que freiam a inovação e, com isso, o líder pode buscar soluções para suprir lacunas e traçar planos de evolução para os colaboradores.
Quando tem a confiança das pessoas, portanto, a liderança inovadora pode indicar como os colaboradores podem evoluir e corrigir seus erros. Além disso, feedbacks positivos aumentam a moral e a confiança das pessoas.
Nessa mesma lógica, o líder também deve buscar feedbacks sobre si. Assim, ele pode aprender sobre como sua forma de liderar é avaliada tanto por sua equipe quanto por seus pares. O objetivo é entender onde é possível melhorar e em quais áreas é necessário aprender.
Aprendizado contínuo
O aprendizado, afinal de contas, não pode parar. Na era digital, tudo muda muito rápido e as exigências vão aumentando sem dar trégua. Para exercer uma liderança inovadora moderna e ágil, o líder precisa estar sempre atrás de atualizações e novos conhecimentos sobre inovação, gestão, tecnologias e outros temas que impactam diretamente sua cooperativa.
Um líder deve não só praticar o lifelong learning, mas também instigá-lo entre os colaboradores. Quanto mais conhecimento uma equipe possui, maior é o potencial para o surgimento de novas ideias. Além disso, essa é uma maneira de enxergar tendências e antecipá-las. Confira os cursos do InovaCoop para colocar o aprendizado contínuo em prática!
Mentoria
Em vez de somente ordenar, a liderança inovadora tem que atuar como um guia, proporcionando caminhos para que as equipes evoluam e contribuam para tornar a cooperativa mais inovadora. Assim sendo, o gestor deve ser um mentor que libera o potencial das pessoas com base no planejamento e nos princípios da organização.
Para isso, o gestor precisa ser um exemplo de liderança com inteligência emocional, capaz de aprender com suas experiências e compreender seus erros. Somando isso tudo, a liderança inovadora não só dá origem a novas ideias, como também gera novos líderes para o futuro.
Mente aberta
Liderar pessoas requer que o gestor amplie os seus horizontes e entenda que há uma ampla variedade de visões de mundo, personalidades, modos de agir, jeitos de pensar e formas de se expressar. Uma liderança inovadora é aquela que é receptiva a sugestões, mesmo que a princípio soem estranhas.
Um líder, nesse sentido, não deve se prender a dogmas e conclusões pré-estabelecidas. O questionamento gera insights, o contraditório cria ideias. Mexer com a ordem estabelecida incentiva a criatividade e dá origem à inovação.
Governança na inovação
A liderança inovadora também tem que ficar atenta à governança da inovação. Trata-se do caminho para dar consistência aos processos de inovação em meio a um cenário incerto e complexo marcado por transformações repentinas.
Esse contexto faz com que as decisões precisem considerar os riscos presentes ao mesmo tempo em que se alinham às estratégias do futuro. Essa inovação sustentada pela ambidestria, no entanto, não é simples. É aí que entra a governança, a fim de arquitetar os processos, delegar as responsabilidades e alocar recursos.
Para estruturar sua governança da inovação, as cooperativas solidificam duas premissas essenciais, explica a Ace Cortex:
• Heterogeneidade do negócio: é a análise de mercado sobre o ambiente de negócios e a concorrência, a fim de entender as peculiaridades da cooperativa. Caso o modelo de negócios seja mais específico e fechado, a estrutura será mais centralizada. Por outro lado, caso a coop atue em diversos segmentos, com vários produtos e serviços, a estrutura de inovação é mais difusa e com mais autonomia entre os setores.
• Filosofia de gestão: a estratégia de inovação vai refletir a estrutura de gestão do negócio. Uma cooperativa com uma hierarquia rígida vai repetir esse modelo na hora de inovar. Já quando a cultura organizacional é mais fluída, os setores e gestores terão mais autonomia para implementar projetos de inovação. Transitar do primeiro modelo para o segundo demanda uma jornada de transformação cultural.
Estratégia e arquitetura para liderar a inovação
Para colocar a governança da inovação em prática, a liderança necessita entender a estratégia da cooperativa. A inovação, afinal, é uma ferramenta para alcançar objetivos, obter bons resultados nos negócios e causar impacto nas comunidades.
A partir de então, os líderes alocam equipes, pessoas e recursos em prol da inovação. Esse processo conta com três estruturas funcionais, que são: decisão, articulação e execução. A decisão cabe à alta administração. A articulação, por sua vez, é papel das lideranças capazes de influenciar, comunicar e gerir as pessoas que, enfim, executarão a inovação.
Tudo isso estando em conformidade, é hora de definir processos e caminhos que uma ideia deve percorrer começando pela idealização, passando por avaliações, feedbacks, testes, experimentações, aprimoramentos, definição de métricas e, se tudo der certo, execução da inovação.
Conclusão: criando liderança na inovação
A liderança inovadora está em falta. Uma cultura corporativa restritiva ainda muito disseminada desestimula a inovação ao privilegiar o controle e o comando como formas de gerir pessoas. Em sua coluna no site da revista Exame, a professora Glaucia Guarcaello, que leciona no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral explica que:
“Um primeiro e importante grande passo é reconhecer que temos um problema sistêmico: não formamos ou incentivamos historicamente líderes com comportamentos a favor da inovação, apesar de cobrarmos que estes inovem. Precisamos permitir que estes líderes experimentem inovações na prática, arrisquem, busquem soluções alternativas e até mesmo transformacionais. Que entendam os fenômenos disruptivos e estejam presentes no ecossistema de inovação aberta”.
Nessa seara, a liderança na inovação é central para dar solidez à governança e unir a estratégia geral da cooperativa com a execução das práticas de inovação. O surgimento e a evolução de lideranças inovadoras se apresenta como algo pelo que as cooperativas devem prezar na busca por um futuro inovador.
A liderança inovadora é um tema prioritário aqui, no InovaCoop. Confira aqui a retrospectiva que reúne nossos diversos conteúdos sobre o tema em 2023!
Oportunidades de fomento em Inovação para coops brasileiras
O desenvolvimento de projetos de inovação para cooperativas é fundamental para manter e ampliar a competitividade no cenário brasileiro e global. Entretanto, o investimento nesses projetos demanda recursos financeiros. Muitas vezes, organizações privadas hesitam em fazer tais investimentos por conta das incertezas associadas aos resultados desses projetos, sobretudo quando se referem a inovações tecnológicas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
Felizmente, existem oportunidades oferecidas por atores do ecossistema de inovação brasileiro, especialmente aqueles vinculados ao governo. Esses atores propõem mecanismos de fomento para compartilhar os riscos relacionados a projetos de inovação.
Os principais mecanismos de fomento são:
Recursos reembolsáveis: Correspondem a financiamentos onde a organização recebe o recurso, mas precisa devolvê-lo posteriormente. Vale salientar que agências como FINEP e BNDES, que incentivam a inovação no Brasil, oferecem taxas de juros mais baixas e prazos maiores para pagamento em comparação com bancos comerciais.
Recursos não reembolsáveis: Se a organização tiver sua proposta aprovada, não precisa devolver esse recurso.
Incentivos fiscais: São benefícios concedidos pelo governo para incentivar setores ou atividades econômicas. Incluem isenções, deduções e compensações, entre outros, reduzindo a carga tributária de empresas que investem em P&D.
Destaque para abril:
1. EMBRAPII | Innosuisse 5ª CHAMADA TECHMAKERS:
Região: Nacional
Setor: Não especificado
Tipo de Suporte: Recurso não reembolsável
Tipo de organização apoiada: Startup; Pequena; Média; Grande
Prazo para submissão da proposta: 30/09/2024
Objetivos: Desenvolvimento de soluções prontas para o mercado em produtos, serviços baseados em tecnologia ou métodos com potencial de mercado significativo em ambos os países (Brasil e Suíça). Preferência por projetos nas áreas de Biotech, Medtech, Healthtech, Agritech, Foodtech, Bioeconomia, Economia circular, Climatech, Sustentabilidade, Cleantech, Energia limpa e Água.
Valor máximo: Não especificado.
% Apoiada: 66% do valor total do projeto.
Custo elegíveis: Apenas aqueles necessários para a execução adequada do projeto. Estes englobam custos de pessoal, custos com materiais, custos de coordenação, custos de viagem e custos indiretos.
Duração do Projeto: 18 a 36 meses
Link da chamada: https://embrapii.org.br/cooperacao-internacional/oportunidade-para-inovar-com-a-suica/
Para maiores detalhes, não deixe de acessar Radar de Financiamento!
Para continuar no topo da lista, a Suíça não abre mão do conhecimento e da educação
Segundo o Fórum Econômico Mundial, a Suíça é o país mais inovador do mundo. Mas o que podemos aprender com a Suíça sobre inovação?
Em 2023, o Brasil ultrapassou o Chile e se tornou líder de inovação na América Latina. No entanto, apesar de ter subido de posição no ranking mundial do Índice Global de Inovação (IGI), o país está na 49ª colocação. Já entre os países do BRICS, o Brasil está em terceiro lugar, atrás de Rússia e África do Sul.
Mesmo apresentando bons resultados, o Brasil ainda pode aprender muito com outras nações líderes em inovação no mundo, em especial a Suíça. Então, pegue o caderno e a caneta e se prepare para anotar todas as lições e implantá-las em sua cooperativa.
Diversidade e cultura
Apesar de ter um território bem menor que o Brasil, a Suíça conta com uma grande diversidade quando o assunto é idioma e cultura. O país conta com quatro línguas nacionais - alemão, francês, italiano e romanche - e é lar de diversas culturas e estilos de vida.
Mesmo com tantas diferenças, a sociedade suíça reconhece a importância da inovação e da ciência. Com a valorização da pluralidade cultural e de pensamento, o país construiu instituições de ensino e pesquisa de primeira, atraindo cientistas competentes.
De acordo com o relatório Research and Innovation in Switzerland 2020, a maioria da população confia na comunidade científica. A segurança na ciência e o reconhecimento da importância da inovação, ambos intrínsecos na cultura suíça, são essenciais para implementar políticas de inovação.
Colaboração e participação ativa
A realização dos projetos de inovação só é possível com a lei de inovação da Suíça, conhecida pela sigla RIPA. A norma responsabiliza o governo pelo estímulo da pesquisa e desenvolvimento. Além disso, ela também é responsável por promover discussões e submeter as propostas para aprovação da assembleia legislativa.
No entanto, diferentemente do Brasil, as decisões não são tomadas pelos representantes eleitos e sem a opinião da população. Questões fundamentais para a Suíça, por exemplo, são votadas pelos próprios eleitores.
Diante desta grande responsabilidade, a população é preparada para entender sobre os assuntos abordados e participar das discussões que vão afetar o desenvolvimento do país.
Valorização da cultura de inovação
O sistema de voto colaborativo também é responsável pela valorização da cultura da inovação na Suíça. Por entenderem as consequências positivas e negativas, os suíços têm a consciência de que propostas de inovação aumentam a qualidade de vida e a riqueza.
Com um sistema que incentiva o conhecimento, o desejo por inovação continua constante.
Educação precisa ser prioridade
Para construir a responsabilidade social dos suíços, a educação é essencial. O país não mede esforços para prover um sistema de educação de qualidade desde o jardim de infância até a pós-graduação.
A Suíça também incentiva a formação de estudantes em outros países e tem programas para receber estrangeiros nas universidades. A ideia é compartilhar conhecimentos que possam contribuir com o desenvolvimento do país, e fomentar a cultura da inovação no mundo.
Investimentos na academia e em pesquisas
O compromisso com a educação também pode ser observado nas universidades. A Suíça valoriza e incentiva a pesquisa por meio de fundos financiadores. A Fundação Nacional de Ciências da Suíça (SNSF), por exemplo, direciona os recursos para pesquisa básica. Já a pesquisa aplicada conta, majoritariamente, com a iniciativa privada.
Para que tudo isso seja possível, a coordenação das pesquisas segue uma gestão descentralizada que evita duplicidade de esforços. Além disso, promove a colaboração entre universidades, centros de pesquisa e iniciativa privada. A ideia principal é fazer com que as instituições de ensino e academias coloquem pesquisas em prática com a ajuda de empresas.
Previsibilidade e estabilidade proporcionam um ecossistema aberto a novas ideias
A valorização da colaboração e da cultura de inovação não foram as únicas variáveis responsáveis por tornar a Suíça líder em inovação no mundo. Por ser uma nação neutra durante diversos conflitos políticos e econômicos, a Suíça se tornou um dos principais centros financeiros.
Outro ponto interessante é que o país tem estabilidade econômica e social, e previsibilidade jurídica. Além disso, o país usa reguladores que fomentam o desenvolvimento.
E para o país poder crescer economicamente, foi necessário estabelecer relações comerciais e de prestação de serviços internacionais. Isso aconteceu, pois a Suíça, diferentemente do Brasil, não conta com uma abundância de recursos naturais. Por conta disso, o país europeu líder em inovação no mundo aproveitou da proximidade com países desenvolvidos para estabelecer relacionamentos.
Cooperativas suíças inovadoras
A cultura da inovação na Suíça também atingiu as cooperativas. Segundo o relatório Monitor Cooperativo 2020 da Idée Cooperative, a população suíça não enxerga as cooperativas como inovadoras, no entanto, o país conta com algumas cooperativas de sucesso - e com foco em inovação.
Gütter
Gütter, ou Bens, em português, é uma cooperativa localizada em Berna, capital da Suíça. A organização consiste em uma loja participativa, onde apenas as pessoas que trabalham lá por duas a três horas por mês podem fazer compras.
Segundo Nicholas Pohl, um dos associados da Gütter, a cooperativa oferece produtos iguais aos dos supermercados, mas a preços mais acessíveis. A ideia é usar o trabalho voluntário para evitar os custos de distribuição das mercadorias.
Red Brick Chapel
A Red Brick Chapel é a única gravadora cooperativa da Suíça. Ela pertence apenas aos músicos e produtores.
De acordo com Christian Müller, um dos cooperados, são os artistas que traçam o futuro da organização e mantêm o controle sobre as obras.
Veloblitz
A Veloblitz é uma cooperativa de entregadores de bicicleta que sempre estão vestidos com roupas refletivas amarelas. O diretor-gerente conta que a organização surgiu em 1989 com o desejo do fundador de empreender, distribuindo a responsabilidade.
Atualmente, os funcionários devem ser coproprietários da cooperativa. Entretanto, trabalhadores que não se tornam associados e ex-funcionários que ainda são cooperados ainda participam das discussões.
Mais que morar
Mais que morar é uma cooperativa habitacional em Zurique, na qual os moradores vivem em comunidade. Além da área residencial, o local conta com espaços para desenvolvimento de projetos de uso comum, como oficinas, sauna, parque interno e escritório compartilhado.
Os moradores também podem firmar parcerias com outras cooperativas. Um dos moradores, por exemplo, tem uma assinatura de colheita de vegetais e colabora com uma organização de leite. Mas, para receber os produtos, ele precisa trabalhar algumas vezes para as cooperativas.
Conclusão: a hora de fomentar a cultura da inovação no mundo é agora
A Suíça aproveita as oportunidades internas e externas para se desenvolver e focar na inovação do país. Mesmo sem muitos recursos naturais para construir sua economia, a nação se esforçou para criar um ambiente desenvolvido. Além disso, a cultura participativa é essencial para que propostas inovadoras continuem sendo implementadas.
Para se aproximar do país líder em inovação no mundo, o Brasil ainda tem um longo caminho a seguir. No entanto, sua cooperativa não precisa esperar tanto tempo assim para apostar em práticas inovadoras.
Se você quer aumentar a cultura da inovação em sua organização, mas ainda não sabe como, confira o Guia Prático: 9 medidas para promover a cultura de inovação na sua cooperativa do InovaCoop. Você não vai se arrepender - e vai inovar muito!
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