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Tendências e oportunidades: 4 dicas para sua coop ficar de olho e inovar

Aliadas à criatividade, novas tendências e tecnologias proporcionam oportunidade de inovação 

TENDÊNCIAS19/08/202212 minutos de leitura

Diante de um mundo em constante mudança, as oportunidades de inovação podem estar nos mais diversos lugares. Por isso, é importante estar atento às novas tendências para identificar possibilidades para inovar.

As novas tecnologias que conduzem a transformação digital proporcionam um ambiente fértil para ideias inovadoras. O potencial de muitas ferramentas que despontam como tendências para o futuro dos negócios ainda está sendo explorado, e a sua cooperativa pode fazer parte desse processo de descobertas.

Por isso, analisar tendências e entender o que o novo panorama tecnológico tem a oferecer é fundamental para encontrar soluções inovadoras. Confira nossa seleção de cinco dicas para ficar de olho e encontrar oportunidades de inovar na sua cooperativa! Afinal, uma nova ideia para inovar pode estar:

1. Na criatividade

Independentemente do quão a tecnologia esteja avançando, a inovação sempre estará ligada à criatividade. O poder de imaginar, criar e construir coisas originais capazes de resolver problemas é valioso. A inovação surge a partir desse processo.

A criatividade entra em ação quando deixamos de reproduzir padrões e, em vez disso, optamos pela criação de novas possibilidades. Diferente de uma crença muito comum, a criatividade não é um mero talento nato, mas sim uma habilidade que pode - e deve - ser estimulada, treinada e aperfeiçoada.

Decifrando a criatividade

Para desenvolver algo novo, não basta fazer análises de mercado e aderir às ferramentas mais modernas disponíveis. É essencial usar a cabeça para descobrir soluções.

Conforme explicamos neste artigo, a criatividade é um fator que estimula a criação de novas ideias. A inovação acontece a partir do momento em que essas ideias são implementadas na prática.

5 elementos da criatividade

No livro “The Innovator’s DNA” (DNA do Inovador), os autores enumeram 5 habilidades que diferenciam as mentes inovadoras das comuns:

  1. Capacidade de associação: ocorre quando o cérebro consegue dar lógica e coerência no processamento de informações em sequência, conectando fatores aparentemente isolados. Quanto mais diversificada forem as experiências e conhecimentos, a mente será capaz de desencadear conexões mais complexas.
  2. Questionamento: as perguntas ajudam a compreender como as coisas funcionam e, assim, como é possível desenvolvê-las ou subvertê-las. As soluções não surgem das respostas, mas sim dos questionamentos, pois são eles que levam à reflexão.
  3. Observação: enxergar e entender os detalhes dos processos permite o surgimento de insights para a inovação. Examinando fenômenos comuns, chega-se a ideias disruptivas. Por exemplo: quer desenvolver novos métodos de lidar com seus clientes? Primeiro observe como eles se comportam.
  4. Networking: a criação de relações com diferentes pessoas e grupos possibilita o contato com novas visões de mundo e acesso a perspectivas variadas. O ConexãoCoop possui um curso sobre como criar uma rede de relacionamentos profissionais para potencializar a carreira. Confira!
  5. Experimentação: a busca por novas ideias deve passar pela constante experimentação de coisas novas. Por meio de experiências interativas, pessoas experimentadoras tentam provocar situações que escapam à obviedade e proporcionam ideias inovadoras.

Para estimular a criatividade

O desenvolvimento e treinamento da mente para que ela se torne mais criativa passa pela criação de hábitos que estimulam a criatividade.

A demanda por novas ideias não para de crescer e, como vimos, a criatividade é uma competência que pode ser desenvolvida por meio do treinamento. Por isso, também listamos oito hábitos que ajudam a desenvolver habilidades criativas. Veja:

  1. Não julgue as ideias assim que elas surgirem; espere para que amadureçam antes de avaliar.
  2. Tire um tempo para a solitude - o contato consigo próprio potencializa a reflexão.
  3. Arrisque-se e perca o medo de errar. A inovação depende de ideias ousadas.
  4. Saia de sua bolha. Converse com pessoas experiências de vida diferentes da sua; descubra novos conteúdos artísticos.
  5. Use a mão que você não costuma usar para atividades simples, como escovar os dentes. Isso estimula a formação de conexões cerebrais.
  6. Mude o caminho que faz você ir para o trabalho, pois assim é possível conhecer novos lugares.
  7. Escreva seus sonhos noturnos. Pesquisadores afirmam que existe uma relação direta entre os sonhos noturnos e a criatividade.
  8. Alimente-se com um repertório de referências inspiradoras. Vá a exposições, ande pela cidade, leia livros, veja filmes.

Criatividade a serviço da inovação

O passo seguinte à criatividade é o processo de ideação, ou seja, a materialização e discussão das ideias para que elas sejam estruturadas e se tornem inovação. Uma metodologia útil para essa finalidade é o Design Thinking, que une a sensibilidade do design com métodos para entender as necessidades das pessoas.

A captação de ideias que resultam em inovação pode ser feita com a realização de um brainstorm, por exemplo. Trata-se de uma “tempestade de ideias” em grupo que estimula a criatividade. Conheça mais sobre essa metodologia em nosso guia prático dedicado ao tema.

2. No cooperativismo de plataforma

A proliferação de recursos tecnológicos também resulta no surgimento de modelos de negócios, possibilitados pelas novas ferramentas digitais. É o caso do cooperativismo de plataforma.

Conceito desenvolvido pelo professor Trebor Scholz, da universidade The New School, de Nova York, o cooperativismo de plataforma surgiu como uma resposta ao crescimento da gig economy.

Embora disruptivos, serviços como Uber, AirBNB e iFood originaram uma série de questionamentos éticos sobre a natureza do trabalho. Em teoria, essas plataformas proporcionam flexibilidade aos trabalhadores. Na prática, entretanto, elas impulsionaram a informalidade

No cooperativismo de plataforma, a proposta é empoderar os trabalhadores a partir de uma mudança estrutural na economia do compartilhamento. O objetivo é colocar os trabalhadores em posse das plataformas. Ainda em processo de maturação, esse novo modelo de negócios representa oportunidades para o surgimento de cooperativas inovadoras.

Cooperativismo de plataforma no Brasil

Em 2019, quando veio ao Brasil para palestrar no 14° Congresso Brasileiro de Cooperativismo (CBC), organizado pelo Sistema OCB, Scholz disse ver o potencial do modelo no país. Segundo ele, “o Brasil é um dos países mais propícios para as cooperativas de plataforma”. Contamos aqui qual é o panorama do cooperativismo de plataforma no Brasil.

O InovaCoop é um dos principais impulsionadores do cooperativismo de plataforma em terras brasileiras. Já publicamos diversas postagens, cases e e-books para disseminar o tema. Este papel é corroborado pelo pesquisador Rafael Zanatta, em seu estudo “Cooperativismo de Plataforma no Brasil: Dualidades, Diálogos e Oportunidades”.

Zanatta argumenta que o cooperativismo de plataforma é percebido como um impulsionador da inovação e uma oportunidade de gerar novos negócios para as cooperativas. Por isso, as plataformas operam como uma forma de reinvenção do cooperativismo em mercados que já são relevantes para o setor, como transporte, crédito e saúde.

A OCB defende que o futuro do setor no Brasil passa pelo desenvolvimento do cooperativismo de plataforma. O modelo apresenta soluções sustentáveis e inovadoras diante das novas realidades econômicas.

Desafios

No artigo, Zanatta explica que o cooperativismo de plataforma também enfrenta barreiras para crescer. A maior delas é o conjunto de restrições regulatórias em relação às possibilidades de investimento em cooperativas. Isso causa dificuldades na hora de angariar financiamento para colocar cooperativas de plataforma de pé.

Por causa disso, o desenvolvimento das plataformas acaba restrito às cooperativas de grande porte. Coops menores têm dificuldade em exercer o modelo, o que deixa o amadurecimento do cooperativismo de plataforma mais lento.

Iniciativas

Mesmo com essas complicações, entretanto, já há iniciativas que buscam dar vida ao cooperativismo de plataforma brasileiro.

A Ciclos, por exemplo, é uma cooperativa de plataforma originada pelo hub de inovação da Sicoob do Espírito Santo. Ela disponibiliza acesso a serviços de planos de saúde, telefonia e energia a seus cooperados.

Ao redor do mundo, já há instituições bem-sucedidas inspiradas pelo conceito de Schols. Na Driver’s Seat Cooperative, por exemplo, os motoristas são remunerados pelos dados gerados a partir das corridas realizadas. Na Grã-Bretanha, a Eccoo foi idealizada para colocar em contato profissionais e pessoas que precisam de cuidados especiais em seu dia a dia.

No Radar da Inovação, também já contamos as histórias da Midata, da CoopCycle e da Smart Coopérative. O cooperativismo de plataforma mostra que um novo modelo de negócio pode ser um ótimo lugar para se deparar com oportunidades de inovação para as cooperativas.

3. Na internet do futuro - web 3.0 e metaverso

A internet se tornou indispensável para o cotidiano das pessoas. A rede é cenário de interações sociais, consumo de entretenimento e, cada vez mais, uma nova forma de comportamento humano. E conforme a tecnologia avança e os hábitos mudam, a internet também se transforma.

O futuro da internet é descentralizado, aponta Gavin Wood, responsável por cunhar o termo “web 3.0”. Na atual internet 2.0, o poder está nas mãos das grandes companhias de tecnologia, como Google e Meta. A terceira geração da internet busca descentralizas essas forças, empoderando os usuários. Essa é a lógica por trás da blockchain, que sustenta criptomoedas, NFTs e DAOs.

DAOs e cooperativismo

E o cooperativismo já está ingressando nesse universo digital descentralizado. As DAOS (Decentralized Autonomous Organizations, ou Organizações Autônomas Descentralizadas) são organizações autônomas que operam de forma autônoma.

As regras de funcionamento são descritas em código de programação e verificadas por meio de contratos inteligentes, os smart contracts. As decisões em respeito à operação de uma DAO são democráticas, uma vez que elas adotam princípios de governança compartilhados pelos seus membros.

Soa parecido com o cooperativismo? Pois, nos Estados Unidos, muitas DAOs estão adotando o modelo cooperativista e inovando em seus modelos de negócios. O conceito conecta as coops às DAOs é a patronagem: maneira com que os membros se relacionam à cooperativa. A distribuição do lucro entre os membros, característica inata das cooperativas, é um exemplo.

Mas a natureza digital das DAOs não quer dizer que elas atuam somente no mundo virtual. Um exemplo de DAO constituída como cooperativa é a Employment Commons. Trata-se de uma organização que negocia planos de saúde e benefícios para trabalhadores informais de forma coletiva, atuando como uma cooperativa de consumo.

Metaverso

Em sua apresentação no festival SXSW, a futuróloga Amy Webb apontou que a expressão mais evidente da web3 é o metaverso. Principal aposta para o futuro da Meta (ex-Facebook), o metaverso consiste em um mundo digital de convivência, onde pessoas interagem entre si e com outros objetos por meio de avatares.

Ainda longe de ser uma tecnologia estabelecida, há quem veja um grande potencial para o universo virtual. A consultoria Gartner prevê que 2 bilhões de pessoas vão estar no metaverso até 2026.

Ainda que o metaverso não seja, por enquanto, uma tecnologia difundida, há atores importantes da economia explorando suas potencialidades de inovação. Já tem grife fazendo desfile imersivo, operadora de telefonia abrindo lojas e até fábrica de avião planejando utilizar o metaverso para projetar aeronaves

Aplicações do metaverso

Novidades como o metaverso trazem consigo um leque de oportunidades de inovação que só serão descobertas e testadas com o tempo. A princípio, algumas atividades se destacam, em relação à utilidade da plataforma:

  • Marketing e vendas: no universo virtual, pode ser possível criar espaços de exibição e demonstração de produtos com custos reduzidos, em relação à manutenção de estruturas físicas.
  • Trabalho e reuniões: a instauração de ambientes virtuais cria a possibilidade de que assembleias sejam realizadas de forma remota, por exemplo. Além disso, pessoas em lugares diferentes podem trabalhar simultaneamente em um mesmo projeto.

As oportunidades de inovação proporcionadas pelo metaverso ainda estão passando por um processo de descoberta e experimentação. Por isso, é importante ficar de olho no desenvolvimento e na popularização dessa tecnologia, que pode render boas ideias para inovar.

4. Na rede 5G

Em início de seu processo de implementação no Brasil, a internet de quinta geração promete revolucionar as telecomunicações e acelerar ainda mais a transformação digital. Uma rede mais rápida e estável indica um futuro mais conectado, inteligente, eficiente e inovador.

As expectativas acerca das novas possibilidades proporcionadas com o advento do 5G são grandes. O relatório sobre os impactos econômicos do 5G até 2030 da Omdia argumenta que a internet de quinta geração será uma força a guiar os negócios rumo à transformação digital.

O estudo The Global Economic Impact of 5G, da PwC, avalia que, até 2030, a rede de quinta geração vai acrescentar quase US$ 1,4 trilhão à economia mundial. A consultoria acredita que a revolução será tamanha que a chama de “próximo salto quântico”.

Impactos no negócios brasileiros

Já no Brasil, a IDC estima que a tecnologia 5G deve movimentar US$ 25,5 milhões no país até 2025. Em relação aos impactos da modernização da competitividade, os líderes corporativos brasileiros ouvidos pela Deloitte, acreditam que a adesão às novas tecnologias de internet vão resultar em:

  1. Redução de custos (39%)
  2. Melhoria de eficiências (37%)
  3. Obtenção de novas vantagens tecnológicas (31%
  4. Melhoria de interação com os clientes (31%)
  5. Melhoria de segurança (31%)

Influência setorial

O 5G tem a capacidade de impactar alguns setores importantes com forte presença do cooperativismo, tais quais:

  • Agro: a conectividade 5G promete impulsionar a automação no setor agropecuário, difundindo o uso de máquinas e robôs. A consultoria EY acredita que o aumento na conectividade do campo vai incentivar o desenvolvimento das agtechs - startups especializadas no agronegócio.
  • Saúde: a telemedicina ganhou força desde o início da pandemia de covid-19 e o 5G pode deixá-la ainda mais sofisticada. Com o aumento de dispositivos conectados, dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, vão ser mais difundidos e capazes de coletar informações sobre a saúde.
  • Finanças: a PwC avalia que a integração do 5G nos serviços financeiros pode ter um impacto de US$ 86 bilhões na economia mundial. A rede ainda tem potencial de melhorar os sistemas de segurança e detecção de fraudes financeiras. Do ponto de vista dos clientes, o processamento das transações ficará mais rápido.

O 5G deve impactar, ainda, nos hábitos dos consumidores, fortalecendo ainda mais o consumo online, a produção de conteúdos em vídeo e a difusão de games multijogadores. Nesse contexto, as coops devem acompanhar as influências do 5G nos negócios e na sociedade, a fim de encontrar possibilidades para inovar empregando seus recursos.

Conclusão

A inovação é um processo multidisciplinar, que integra processos mentais, construção de equipes, metodologias de gestão e ferramentas tecnológicas.

Por isso, as cooperativas que desejam inovar devem ficar de olho em diversos aspectos, internos e externos, para desenvolver novas ideias e encontrar soluções inovadoras.

A transformação digital proporciona uma gama de ferramentas e tecnologias passíveis de experimentação. Isso otimiza processos, aumenta a produtividade e cria oportunidades de negócios.

Com o tempo, novas utilidades são descobertas, mesclando as possibilidades da tecnologia e a criatividade para inovar. Dessa forma, as novas ideias surgem para tirar proveito dos recursos modernos, mas sempre com foco nas pessoas.

Conteúdo desenvolvido
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Coonecta