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Robôs autônomos: como a automação contribui para a eficiência nos negócios

Embora tenham a imagem muito ligada à indústria, os robôs autônomos podem ser aproveitados em diversos ramos da economia - e do cooperativismo 

TENDÊNCIAS02/06/202211 minutos de leitura

A sofisticação da robótica e da inteligência artificial apresenta, como um de seus resultados mais notáveis, o desenvolvimento de robôs autônomos capazes de realizar tarefas sem controle humano. Essa tecnologia tem papel central no desenvolvimento da indústria 4.0 e pode representar avanços em distintas áreas da economia.

Robôs autônomos podem ser apresentados em amplo leque de funções, aplicabilidades e recursos, a depender da intenção de seu uso. Suas características podem variar em tamanho, mobilidade, inteligência e custo. O que dá autonomia a um robô é a sua capacidade de entender o contexto e tomar decisões independentes.

Dentro dessas características, existe uma ampla gama de dispositivos que se enquadram na definição, perpassando por diversos escopos. Um robô autônomo pode ser desde um aspirador de pó doméstico que opera de forma automatizada até carros que se guiam sozinhos - as opções e possibilidades são amplas.

Uma curva para cima

Os benefícios dessa tecnologia estão sendo abraçados por diversos ramos da economia. Um relatório da consultoria Next Move Strategy avaliou o valor de mercado global dos robôs autônomos em 2021 no valor de 1,61 bilhão de dólares. E a tendência de crescimento é exponencial: em 2030, essa quantia deve chegar a 22,15 bilhões de dólares.

No Brasil, a tecnologia também segue um bom ritmo de expansão. Segundo a Associação Brasileira de Internet Industrial, os robôs móveis autônomos crescem, anualmente, mais de 30%.

Neste artigo, iremos apontar os principais benefícios do uso de robôs autônomos, entender suas diferentes aplicações e ver como as cooperativas podem tirar proveito da tecnologia. Aproveite a leitura!

Razões para adotar o uso de robôs autônomos

O uso robôs autônomos tende a fazer com que as cadeias de produção se tornem mais integradas e automatizadas. É isso que defende a consultoria Deloitte, em relatório que explora as possibilidades que a inovação apresenta aos diferentes mercados.

Segundo o estudo, os benefícios primários do uso de robôs autônomos são:

  • Aumento na eficiência e na produtividade: robôs não sentem fadiga, e são capazes de operar por períodos longos de forma contínua.
  • Redução de erros, retrabalhos e taxas de risco: devidos a movimentos programáveis e com alta precisão, os riscos de falta de uniformidade caem drasticamente.
  • Melhorias na segurança de trabalhadores: as máquinas podem ser utilizadas em ambientes de alto risco, de forma a diminuir a exposição de colaboradores a ambientes que apresentam perigos.
  • Realização de trabalhos de menor valor: robôs podem ficar a cargo de funções repetitivas com baixo valor agregado, permitindo que humanos foquem em tarefas estratégicas que não são passíveis de automação
  • Crescimento de receita: isso se dá por meio de melhorias na eficiência dos serviços prestados e, consequentemente, na satisfação dos clientes e cooperados.

O que um robô autônomo pode e não pode fazer

Os robôs autônomos são uma tecnologia em evolução constante, com novas habilidades e aplicações descobertas a todo momento. Mas, ainda assim, há limites para o que eles são capazes de fazer. A Omni Robotic listou três coisas das quais eles são capazes e outras três que não estão em seu escopo de atuação.

Primeiro, o que eles podem:

  1. Ajudar com tarefas repetitivas: robôs autônomos conseguem operar tarefas repetitivas com ainda mais eficiência do que robôs tradicionais. Isso se dá porque eles conseguem se adaptar a eventuais pequenas alterações no contexto, que equipamentos sem autonomia não teriam capacidade de lidar, pois só têm movimentos específicos programados.
  2. Responder a estímulos não-estruturados: a autonomia parte do princípio que esses robôs são capazes de se adequar a situações que não foram previamente planejadas. Esse processo acontece por meio da detecção sensorial de elementos visuais ou auditivos. Por isso, a arquitetura do robô precisa ser capaz de processar estímulos inesperados.
  3. Criar empregos atrativos: uma das preocupações oriundas da difusão de robôs autônomos se dá pela suposta redução de empregos que eles causariam. Na prática, contudo, eles vão possibilitar que os humanos possam executar tarefas mais produtivas.

Em contrapartida, os robôs autônomos também enfrentam restrições e barreiras. As três principais limitações mencionadas são:

  1. Definir as próprias metas: a habilidade de designar objetivos é, essencialmente, humana. Os robôs não têm capacidade de pensamento abstrato e precisam que suas tarefas sejam definidas e delimitadas por pessoas.
  2. Operar sem modelos de processos: dando continuidade à limitação prévia, os robôs, mesmo quando dotados de autonomia, são delimitados pelos processos impostos pela programação determinada por humanos, que ficam a cargo do planejamento.
  3. Dominar o mundo: no clássico filme O Exterminador do Futuro, as máquinas se revoltam contra a humanidade e tentam tomar o controle do mundo. Na vida real, isso requer não apenas força para tal, mas uma motivação própria, e os robôs autônomos não têm essa capacidade cognitiva.

Aplicações práticas de robôs autônomos

Levando em conta esses princípios, os robôs autônomos já têm aplicações práticas que podem ser observadas. Eles realizam tarefas que vão desde algumas mais simples a outras que demandam um determinado grau de sofisticação. São alguns exemplos:

  • Robô faxineiro: a animação futurista Os Jetsons introduziu a ideia de um aparelho que limpava a casa automaticamente. Hoje, já é possível ter acesso a diversos tipos de robôs autônomos que auxiliam na limpeza doméstica.
  • Robô concierge: em um hotel japonês, robôs uniformizados são os responsáveis pela recepção dos hóspedes e têm a tarefa de levar as malas a seus quartos.
  • Robô babá: a companhia sul-coreana KT Telecom desenvolveu o Kibot, um macaquinho eletrônico capaz de contar histórias, fazer chamadas de vídeo e tirar fotos, atuando como uma espécie de babá eletrônica.

Robôs autônomos nos setores da economia - e do cooperativismo

Um relatório elaborado pela consultoria PwC informa que os robôs autônomos devem afetar uma gama bastante ampla de áreas da economia e da indústria, afetando o futuro dos negócios. Essas são algumas das áreas que mais devem sentir a evolução da tecnologia.

1. Agronegócio

Os robôs autônomos representam uma grande parcela da transformação digital enfrentada pelo campo - e a tendência é que essa fatia siga crescendo. O engenheiro agrônomo Roberto Okumura defende que a iminente chegada das redes de internet 5G vai acelerar ainda mais a automação no agro.

A tecnologia apresenta algumas aplicabilidades visíveis no ramo, como:

  • Controle de plantas daninhas: robôs autônomos navegam pelo campo e fazem pulverizações de defensivos direcionadas às plantas invasoras. Isso deixa a tarefa mais assertiva, já que as aplicações se tornam menos frequentes e mais eficientes, além de reduzir a necessidade de exposição humana aos produtos de potencial tóxico.
  • Colheitas: certos cultivares precisam ser colhidos com destreza e delicadeza, sob o risco de dano à integridade dos produtos. Robôs autônomos modernos, dotados de sensores e tecnologias de inteligência artificial, conseguem identificar o momento correto em que um vegetal está apropriado para ser colhido e o extrai sem danificá-lo.
  • Plantio de mudas e sementes: em viveiros de mudas, robôs autônomos são capazes de executar tarefas como movimentação de bandejas de mudas em diferentes momentos de desenvolvimento da estufa. Com isso, o processo fica mais eficiente e há redução de mão de obra.
  • Manejo e controle de criações: equipamentos dotados de autonomia conseguem atuar no monitoramento da saúde nutricional e bem-estar dos animais criados em ambientes protegidos, como galinheiros. Outra aplicação dos robôs autônomos nesse quesito se dá na condução dos animais. A Cargill é pioneira na utilização de máquinas com essa funcionalidade.

As tendências para o futuro indicam um agronegócio cada vez mais automatizado e eficiente. Até mesmo a ficção corrobora essa crença - no filme futurista Interestelar, de 2014, as fazendas são tocadas inteiramente por robôs autônomos. E, como já vimos aqui no InovaCoop, a ficção é uma ótima forma de antecipar tendências.

Frimesa: investimento rapidamente recuperado

As cooperativas agrícolas não ficam para trás quando o assunto é inovar, e essa lógica também se aplica à adoção de robôs autônomos. No Radar da Inovação, contamos como a Frimesa automatizou suas linhas de corte, reduzindo desperdícios e aumentando a segurança dos colaboradores.

Em 2015, a cooperativa investiu R$ 6,5 milhões na instalação de três robôs no processo de abate do frigorífico de Medianeira, no Paraná. Com essa planta, a Frimesa se tornou a primeira do Brasil a contar com tal tecnologia, empregada nos processos de corte e serra das carcaças dos animais. Até então, essas tarefas eram feitas manualmente.

Após a integração dos robôs autônomos em sua linha de abate, a Frimesa registrou ganhos na velocidade de produção e aumento na qualidade dos cortes de carne e carcaças. Soma-se a isso, a redução de custos com mão de obra e desperdícios de materiais. Graças às otimizações, o sistema se pagou após pouco mais de um ano, apenas.

Castrolanda: robôs ordenhadores

A Castrolanda, cooperativa agrícola focada na produção de carnes, leite e batata, é pioneira na robotização da ordenha na América do Sul. A Fazenda de Santa Cruz de Baixo foi a primeira a adotar o sistema de ordenha automatizada no continente.

Segundo a coop, o sistema de ordenha voluntária (VMS) consiste num braço hidráulico que executa todo procedimento de ordenha sozinho, de forma automática. O equipamento identifica a vaca, faz a limpeza do local, estimula e faz a ordenha, levando em conta as características de cada animal. As informações da extração são computadorizadas.

O uso dos robôs se mostrou acertado: as vacas ordenhadas autonomamente passaram a produzir 5 kg de leite a mais por dia. Os efeitos também foram positivos em relação ao trabalho, deixando a jornada menos cansativa para os trabalhadores.

2. Saúde

Mais um setor em que os robôs autônomos apresentam oportunidades para otimização dos processos, melhor destinação dos recursos humanos e execução de tarefas delicadas. O uso de equipamentos automatizados já é difundido na saúde - setor que, tradicionalmente, adota tecnologias de ponta.

A Intel, uma das principais companhias de tecnologia do mundo, descreve como os robôs autônomos podem contribuir para esse campo. Máquinas capazes de se locomover de forma autônoma podem ser usadas, por exemplo, a fim de intermediar a interação entre paciente e médico em um hospital.

Limpeza e desinfecção de ambientes hospitalares também podem ser tarefas delegadas aos robôs autônomos, evitando que humanos tenham contatos com ambientes potencialmente perigosos.

A aplicação mais destacada de robôs autônomos dentro do campo médico é na realização de cirurgias. As máquinas conseguem fazer microprocedimentos complexos sem a necessidade de largas incisões. Na maioria dos casos, eles são usados como assistentes a cirurgiões humanos, mas há expectativas de que possam realizar cirurgias mais simples sozinhos.

3. Transporte e armazenamento

Segundo o estudo, a cadeia logística é a que apresenta o maior potencial para a adoção de tecnologia automatizada. Em um segmento em que a agilidade impacta fortemente os resultados, o uso de robôs autônomos representa uma ótima oportunidade para aumentar a eficiência.

Um estudo da Tractica estima que o mercado de robôs dedicados ao setor em 2021 atingiu a quantia de mais de 22 bilhões de euros. Associada a outras tecnologias, a robotização tem potencial para proporcionar até 40% de economia em centros logísticos, aponta o Boston Consulting Group.

Durante a Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (Feimec) deste ano, a Sew Eurodrive Brasil apresentou um equipamento voltado à logística industrial. O Automated Guided Vehicle (Veículo guiado automaticamente) facilita o transporte de materiais dentro das plantas.

Solução

Na Robotic Business Review, Phil Britt argumenta que a perspectiva futura é, inclusive, de que a automatização chegue aos próprios caminhões. A difusão de caminhões autônomos seria uma saída para a escassez de motoristas enfrentada por diversos países.

No Brasil, a automação faz parte da modernização que o setor precisa enfrentar, argumenta a MIT Technology Review. O futuro do setor passa pela difusão de veículos que se guiam sozinhos e a adoção de robôs para tarefas como carregamento e descarregamento de cargas.

Não é por menos que listamos a robotização como uma das sete principais tendências de inovação no cooperativismo de transporte.

Unimed-BH: logística automatizada em prol da saúde

Mesclando os ramos de logística e saúde, a robotização já chegou à Unimed de Belo Horizonte, pioneira na ideação e construção de um Centro de Distribuição Automatizado.

O Centro conta com um robô, sensores e Internet das Coisas (IoT). Com isso, há a automatização da logística nos processos de recebimento, fracionamento, etiquetação, armazenagem e distribuição de medicamentos, materiais médicos e insumos hospitalares.

O sistema logístico da cooperativa da capital mineira é complexo, indica o diretor-presidente Samuel Flam. “Uma atuação em 34 municípios, uma rede de atendimento própria e um sistema de logística composto por compra, transporte, armazenamento, distribuição e entrega dos mais variados insumos necessários para operação e provimento de saúde aos mais de 1,37 milhão de clientes”, diz.

Conclusão

O avanço da automação em diversas áreas da economia e a sofisticação da inteligência artificial faz com que a adoção dos robôs autônomos se torne um caminho sem volta. O desenvolvimento de tecnologias inovadoras complexas implica que um número cada vez maior de procedimentos será delegado aos robôs autônomos.

A automação de uma ampla gama de tarefas e funções é uma das faces mais evidentes e palpáveis da transformação digital. Embora ainda sejam muito associados à industrialização, os robôs autônomos já fazem parte da realidade de cooperativas e companhias dos mais variados ramos.

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