7 tendências de inovação no cooperativismo de transporte
Tecnologias e a maior capacidade de processamento de dados tendem a tornar fretes e viagens cada vez mais econômicas e eficientes
Assim como ocorre com grande parte dos setores econômicos, a logística tem passado por profundas transformações no sentido de tornar suas atividades cada vez mais digitalizadas. E é por meio da incorporação de tecnologia que o setor pretende reduzir custos e aumentar a segurança em suas operações.
Dessa maneira, o ramo de transporte tem muito a ganhar com a disseminação de inovações, tecnologias e conceitos de gestão que otimizam processos e aproximam clientes e pessoas. Afinal, este ramo do cooperativismo acaba por seguir as mesmas tendências que têm se aplicado para o setor de logística como um todo.
Logo, a expectativa é de que cada vez mais tecnologia e capacidade de processamento de dados sejam aplicadas às cooperativas deste ramo, tornando fretes e viagens mais econômicas e eficientes.
A seguir, vamos dar uma olhada nas sete principais tendências para o cooperativismo de transporte se tornar cada vez mais competitivo.
1. Big data, analytics, blockchain e tecnologias verdes
É sabido que os principais custos no transporte de cargas estão relacionados a consumo de combustível, mão de obra, manutenção dos veículos e desgaste dos pneus. Para chegar a uma equação correta e a uma solução adequada para aumentar a rentabilidade, estes custos não podem ser avaliados isoladamente. Afinal, um desgaste acentuado dos pneus, assim como hábitos ruins de condução certamente acarretam maior consumo de combustível.
Nesse contexto, big data e analytics são aliados do setor ao identificar tendências e padrões de comportamento. Na prática, big data, analytics e machine learning, associados, permitem fazer análise preditiva, levando à identificação precoce de quebras em caminhões com determinado comportamento.
A análise de dados globais de viagem – e não isolados – dá ao gestor das cooperativas a chance de buscar reduções de custo e melhorar resultados de entregas aos clientes, com melhor atendimento a prazos e menos riscos. Dentre as possibilidades está a adoção de tecnologias verdes para a frota, como veículos híbridos, que ainda não estão devidamente difundidos, mas que apresentam consumo de combustível reduzido.
Então, de forma geral, o processamento de dados proporciona à logística:
Já o blockchain proporciona uma camada a mais de segurança a toda a operação logística ao tornar as transações muito mais transparentes. Por meio do blockchain todas as empresas e cooperativas envolvidas conseguem acessar uma mesma rede e, assim, verificar as informações diretamente na fonte.
Com isso, além de não depender de um único sistema monolítico, sujeito a falhas, contratante e contratado ficam imunes a possíveis fraudes, já que a rastreabilidade passa a ser compartilhada em tempo real.
2. Robotização
A robotização associada a outras tecnologias tem potencial para proporcionar até 40% de economia em centros logísticos. Esse dado é do BCG (Boston Consulting Group), que realizou um estudo sobre como a robótica altera a produtividade industrial. Dessa maneira, não é surpresa a expectativa de que, em 2021, o setor logístico faça investimentos de US$ 22,4 bilhões em robôs.
O crescimento na quantidade de autômatos em armazéns logísticos visa à melhoria e otimização do trabalho humano, com redução das tarefas repetitivas ou que exigem esforço elevado ou colocam as pessoas em risco. Em paralelo, há também um ganho de eficiência derivado da automação logística, melhorando prazos de entrega e reduzindo custos operacionais.
De acordo com a pesquisa Advanced Robotics in the Factory of the Future, do BCG, a robótica avançada é a aposta de 52% dos executivos e gerentes de operações consultados para a melhora da produtividade em logística até 2025.
É importante notar que há dois tipos principais de automação para armazéns logísticos. Uma delas se dá via adoção de robôs industriais, que são máquinas programadas para executar processos industriais de modo preciso. No caso da logística, essa frente é formada por transelevadores ou transportadores automáticos.
A outra frente é a dos chamados cobots. Ou seja, robôs colaborativos. Estes são concebidos para auxiliar os humanos na realização de tarefas, sendo mais versáteis, já que são programados pelo trabalhador. É o caso, por exemplo, de braços mecânicos para movimentação de cargas ou de máquinas para embalar.
3. Entregas autônomas
A automação não fica restrita aos armazéns. Embora ainda em fase embrionária, o uso de veículos de carga autônomos já é uma realidade e essa modalidade deve crescer cada vez mais no mundo. A Scania, inclusive, já tem feito testes no Brasil para uso de caminhões autônomos em minas de extração de minério em Minas Gerais.
Outra frente que ganha importância é a de e-CAVs, como são chamados os carros elétricos, autônomos e conectados. Seu crescimento tem sido determinado pela queda no custo das baterias, bem como da manutenção e operação. Esse tipo de veículo funciona como computadores sobre rodas, gerando e processando dados que melhoram continuamente seu desempenho e o processo como um todo.
Em estágio um pouco mais avançado está o uso de drones para entregas de pequeno porte por parte de empresas como Amazon e Google. Este modal tem capacidade de transportar mercadorias em até 30 minutos nas grandes cidades. Embora promissor, essa possibilidade ainda carece de regras por órgãos reguladores.
De maneira geral, o que se espera é que o uso de veículos autônomos melhore a segurança das pessoas. Relatório da McKinsey afirma que esse tipo de veículo pode reduzir em até 90% a incidência de acidentes. Entretanto, ainda há questões éticas em aberto e que afetam diretamente a lógica de tomada de decisão desses equipamentos no caso de situações de risco. São discussões que devem determinar o futuro do desenvolvimento dessa tecnologia na sociedade.
4. Logística em tempo real
A logística real time (em tempo real) é considerada um complemento indispensável à chamada logística 4.0. Afinal, uma das premissas do conceito 4.0 é a informação em tempo real para toda a cadeia, com visão integrada de suprimentos, centros de distribuição inteligentes e estoque enxuto.
Assim, o acompanhamento da movimentação de cargas em tempo real é beneficiado pelo uso de tecnologias, como a IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas, em português). Na prática, os itens a serem transportados – ou os próprios veículos – se conectam à internet para comunicar de maneira ativa a sua localização e status durante todo o translado.
É devido ao potencial desta tecnologia na transformação digital da cadeia logística que são esperados investimentos de US$ 10 bilhões em IoT na logística até 2022.
Nesse contexto, é importante entender e atender o conceito de “last mile”. Ou seja, à complexidade da última etapa da entrega da mercadoria ao consumidor final. Isso porque, com o fortalecimento do e-commerce, a relação das empresas com os consumidores passa a depender também do processo logístico. E muitas vezes os problemas acontecem justamente nessa última etapa do transporte.
E é nessa etapa em que o consumidor tem mais contato com o processo logístico, já que as ferramentas de e-commerce geralmente proporcionam a possibilidade de acompanhar o deslocamento das mercadorias até a entrega. Atrasos e problemas nesse momento geram frustração nos consumidores e são decisivos para compras futuras.
É na last mile que se concentram alguns dos maiores desafios do e-commerce e que as empresas de logísticas têm a oportunidade de endereçar:
- Custos elevados: até 28% do custo de um produto é o frete, em alguns casos. A falta de planejamento adequado nessa etapa pode comprometer a viabilidade de uma transação comercial
- Rastreamento pelo cliente: o acompanhamento em tempo real é uma demanda por parte dos consumidores, sendo decisivo para sua satisfação com relação à qualidade do serviço prestado
- Comunicação com o cliente: especialmente no caso do e-commerce, a única interação real com os clientes se dá por meio da entrega. Então a postura do entregador e a qualidade das informações trocadas com o cliente são valiosas
5. Plataformização
Na era das plataformas, o setor logístico também se beneficia da integração digital de dados ao conectar embarcadores e transportadores num mesmo ecossistema. Com isso, esses sistemas otimizam a atuação de transportadoras e profissionais autônomos, reduzindo custos para contratantes de frete ao evitar o retorno de veículos vazios ao seu local de origem.
Quando não oferecem a opção incorporada, essas plataformas também permitem integração com sistemas de gestão de frotas e documentos. Além disso, podem oferecer como funcionalidades:
Dessa maneira, as plataformas melhoram a eficiência das entregas, com análise precisa das informações e otimização de custos para contratantes e contratados.
6. MaaS
O conceito de economia compartilhada trouxe muitas mudanças para as relações de consumo. Ao viabilizar o consumo de itens e serviços sem a necessidade de aquisição, viabilizou um novo modelo com o Uber, por exemplo. Assim, as pessoas contratam o deslocamento de um ponto ao outro sem a necessidade de comprar um carro.
É o que se chama de MaaS (Mobility as a Service, ou Mobilidade como serviço, em português). Pesquisas indicam que os aplicativos de transporte são a opção para 10% da população brasileira, chegando a 75% em regiões urbanas. O leque de opções de MaaS não para de crescer. Desde aplicativos que conectam motoristas a passageiros até empresas que oferecem locação de automóveis de longo período.
Em todo caso, o que é ofertado é o pagamento pelo uso, não pela propriedade, viabilizando o acesso das pessoas à mobilidade.
7. Consciência ambiental
A otimização de processos e custos proposta pelas novas tecnologias e os conceitos que estão pautando o setor logístico têm um efeito colateral positivo: a redução dos impactos ambientais decorrentes da operação logística.
A capacidade de conexão entre pessoas e empresas proporcionada pela tecnologia tem potencial para reduzir o desperdício de alimentos ocasionado pelo transporte, que pode chegar a 14% da carga embarcada.
Ao repensar a logística é possível melhorar as relações de consumo e estimular as transações locais, reduzindo as distâncias a serem percorridas e aumentando o mercado para produtores locais. Nesse contexto, o setor logístico tem a chance de aproveitar a atual tendência em que as pessoas começam a se preocupar com a origem dos alimentos que consomem.
Essa preocupação inclui entender a pegada de carbono dos produtos. Ou seja, o quanto cada ato de consumo contribui ou não para o aquecimento global. Há um crescimento relevante na importância que as pessoas têm dado para essa questão e o segmento de logística está, inevitavelmente, exposto. Logo, as cooperativas desse ramos precisam ter essa questão em foco.
Conclusão
A eficiência do setor logístico é determinante para a produtividade da economia. A forma como a produção é escoada influencia diretamente na competitividade das indústrias. Da mesma maneira, é um setor repleto de oportunidades para incorporar melhorias tecnológicas.
Além disso, devido ao potencial estratégico, o cooperativismo de transporte precisa estar atento a essas tendências para não perder a chance de ajudar a impulsionar a economia nacional ao deixar de incorporar as melhorias que tais tendências trazem para o negócio.
Agora que você já conhece as tendências de inovação, veja também as novidades na saúde e no agro, além do post de tendências para o cooperativismo. Até o próximo post!
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