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Conheça 8 tecnologias disruptivas para inovar na sua cooperativa

Romper com estruturas estabelecidas é um dos pilares da inovação 

TENDÊNCIAS19/04/202215 minutos de leitura

Embora inovação e disrupção andem de mãos dadas, elas não são a mesma coisa. A disrupção é uma das formas de inovação, mas não é a única. A inovação, afinal, é um processo complexo que existe em diversas maneiras distintas e complementares.

O termo ‘disrupção’ acabou se tornando um clichê, um lema muito apreciado para campanhas de marketing. Distinguir o que é disrupção no discurso e na prática pode ser a diferença entre enxergar e aderir a uma tendência dominante ou ficar preso em ideias antigas com novas roupagens.

Antes de conhecer quais as maiores disrupções tecnológicas no horizonte, é necessário compreender o que faz uma inovação ser disruptiva. Neste artigo, iremos entender o que é a disrupção e apresentar 8 tecnologias que podem trazer a disrupção para dentro da sua cooperativa. Boa leitura!

Inovação disruptiva x inovação incremental

Os diferentes processos de inovação caminham lado a lado, mas possuem lógicas, mecânicas e propósitos diferentes. A natureza da inovação praticada vai ser determinante para o planejamento da gestão de inovação.

Os conceitos com que vamos trabalhar são:

  • Inovação disruptiva: a disrupção é uma mudança radical de paradigma, criando serviços, produtos e métodos de gestão que rompem com o que está sendo praticado pelo mercado. A inovação disruptiva vai reimaginar estruturas consolidadas e repensar as lógicas e crenças estabelecidas.
  • Inovação incremental: pode ser sumarizada com uma frase do estilista Marc Jacobs: “inovação é um processo evolutivo, então não precisa ser radical o tempo todo”. A inovação incremental é feita a pequenos passos, através da otimização de processos e melhorias contínuas que visam agregar valor a algo que já existe de forma alicerçada.

Enxergando a disrupção

Um exemplo de disrupção que alterou o mercado e o hábito das pessoas se deu com a Netflix, desenvolvendo o mercado de streaming. Enquanto isso, a Blockbuster, líder dentre as locadoras de vídeo, não se antecipou à mudança do mercado e entrou em recuperação judicial em 2010. Já a Netflix revolucionou o mercado de home video e agora vale US$ 176 bi.

Colaboração também é disrupção. A Wikipédia, uma enciclopédia descentralizada construída a partir de contribuições da comunidade, se tornou o repositório de informações mais difundido da internet. A construção coletiva da Wikipédia subverte a lógica das enciclopédias tradicionais, escritas por especialistas.

Um artigo preparado pela Deloitte argumenta que as próximas grandes disrupções devem ser voltadas para tecnologias ligadas à indústria do consumo. Tais inovações devem fazer a diferença entre os negócios que crescem e os que ficam pelo caminho.

Disrupção digital

A transformação digital proporcionou um contexto favorável para desmontar paradigmas e impulsionar a digitalização, promovendo inovações. Diante desse cenário, as cooperativas precisam ficar atentas às mudanças que as disrupções vão causar aos diferentes mercados e setores da economia.

A edição de 2021 do estudo Digital Vortex, feito pelo Global Center For Digital Business And Transformation, expõe que a disrupção está em foco, mas ainda há dificuldades de implementação. O levantamento ouviu profissionais de 14 diferentes áreas da economia.

Mais de 90% dos entrevistados creem que a disrupção digital terá um impacto transformador grande em suas indústrias. Essa percepção foi acelerada pela pandemia - sobretudo no mercado de varejo. Ao mesmo tempo, apenas pouco mais de um terço (36%) deles sentem que suas lideranças estão atuando ativamente em prol da disrupção digital.

Implementar inovações disruptivas requer lideranças abertas à aceitação de novas ideias e absorção de conceitos que vão em via oposta às práticas tradicionais. As novas tecnologias seguem, continuamente, apresentando soluções e ferramentas que podem ser empregadas pelas cooperativas em seus processos de modernização e transformação.

1. Inteligência artificial e machine learning

O relatório Creative Disruption: The impact of emerging technolgies on the creative economy, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a consultoria McKinsey, coloca a IA e o machine learning em destaque. Mas o que elas são e no que diferem?

  • Inteligência artificial: dar a capacidade de as máquinas realizarem tarefas similares aos seres humanos, em diferentes graus de complexidade. As ações são baseadas em padrões obtidos a partir de um banco de dados.
  • Machine learning: o aprendizado de máquina se refere à habilidade de um computador aprender conceitos, padrões e encontrar soluções por conta própria, através de análises e observações.

Segundo o relatório, a inteligência artificial e o machine learning cumprem um papel de alta relevância no mercado que vimos como exemplo de disrupção, o streaming. Eles possibilitam a criação de algoritmos capazes de aprender os hábitos e preferências dos espectadores, otimizando recomendações e até mesmo atuando na produção de novos conteúdos.

A difusão dos chatbots

Para as cooperativas que precisam fazer atendimentos a clientes e cooperados, os chatbots baseados em inteligência artificial podem ser úteis. A tecnologia é capaz de resolver problemas simples e tirar dúvidas com grande eficiência, deixando os atendentes humanos disponíveis para lidar com situações mais complexas.

Já existem exemplos de cooperativas provendo chatbots para otimizar a relação com seus cooperados, como:

  • Sicoob: batizada como Alice, a assistente virtual do Sicoob nasceu do Programa de Transformação Digital da cooperativa. A Alice utiliza inteligência artificial para desenvolver uma linguagem natural. Dados da Siccob apontam que o chatbot soluciona 70% dos atendimentos que inicia.
  • Sicredi: nomeado como Theo em homenagem a Thedor Amstad, fundador da Sicredi e pioneiro do cooperativismo brasileiro, o chatbot da Sicredi usa a IA para sanar dúvidas e efetuar serviços. Como não depende de atendentes humanos, fica disponível 24h por dia.
  • Ailos: grupo que reúne 13 cooperativas de crédito, o Ailos conta com ajuda dos atendimentos da assistente digital Aila. O chatbot foi desenvolvido para aprender com cada interação, ficando mais completa com o passar do tempo.
  • Unimed: quem for entrar em contato com a central nacional da cooperativa de saúde será atendido pela Carol. O chatbot foi desenvolvido com o objetivo de reproduzir “o jeito de cuidar Unimed”.
  • Cooperaliança: o atendimento por WhatsApp da cooperativa de energia é feito pela Lia, que fica a postos 24 horas por dia.

Além disso, os chatbots ajudam a personificar a marca pela criação dos personagens que realizam os atendimentos. Essa, inclusive, é uma das tendências de comunicação e marketing que listamos para que as cooperativas fiquem de olho.

Aplicações no sistema financeiro

As possibilidades da inteligência artificial e do machine learning para as cooperativas de crédito não param com os chatbots. Instituições financeiras de grande porte já estão usando a IA em diversas áreas, tais quais:

  • Análise de risco
  • Modelagem de crédito
  • Precificação
  • Infraestrutura
  • Segurança
  • Prevenção contra fraudes

Para Maurício Maiola, vice-presidente para a América Latina da Fanplayr, a IA tem muito a acrescentar a esse mercado. Segundo ele, as instituições financeiras “poderão ser capazes de descobrir e aprender o padrão de comportamento e pesquisa do cliente e atender todas as necessidades e dúvidas”.

2. Big Data e Analytics

O estudo State of CIO revela que a coleta de quantidades massivas de dados (Big Data) e a tomada de decisões com base na análise desse material (analytics) têm grande potencial. A pesquisa relata que 32% dos líderes de TI (tecnologia da informação) enxergam o uso de dados como maior tendência disruptiva para 2022.

A capacidade de coletar e avaliar dados em grande escala possibilita a antecipação de tendências e percepção de pontos fracos de gestão. Uma análise inteligente de dados é capaz de munir gestores das cooperativas de informações relevantes para tomadas de decisões e planejamento futuro.

Matemarketing

As técnicas de análise de dados são cada vez mais complexas, utilizando métodos científicos para a obtenção de informações com alto nível de qualidade. Os dados crus, sem o tratamento adequado, não têm muita serventia, afinal.

O matemarketing surge justamente para aplicar técnicas estatísticas no setor de marketing digital, uma das áreas que mais se beneficia do Big Data. Nesse outro texto, aqui no InovaCoop, nós explicamos o matemarketing a fundo.

Eis os cinco passos para começar a aplicar esse conceito nas cooperativas:

  1. Conhecer o arsenal da análise de dados
  2. Investigar padrões de comportamento nos dados
  3. Definir um objetivo a longo prazo
  4. Começar pequeno e ir amadurecendo
  5. Designar uma equipe para implementar um projeto

Outras aplicações

O Big Data tem, ainda, uma gama diversas de aplicabilidades de que as cooperativas podem aproveitar:

  • Saúde: serviços de saúde, como hospitais e clínicas, podem usar dados para otimizar seus serviços de atendimento, reduzindo filas e tempos de espera. Dentro do exercício médico, dados ajudam na obtenção de diagnósticos.
  • Serviços financeiros: trabalhando em conjunto com a IA e o machine learning, dados são usados na avaliação de crédito e prevenção contra fraudes.
  • Recursos humanos: a contratação de novos talentos que se encaixam nas exigências técnicas e culturais da cooperativa pode se beneficiar do alto volume de dados. 

3. Internet 5G

O estudo The global economic impact of 5G, da consultoria PwC, aponta que a internet de quinta geração terá um impacto massivo na economia global, no decorrer da década. Até 2030, estima o estudo, o 5G vai ser responsável por 1,34 trilhão de dólares no PIB mundial.

O relatório descreve o 5G como “o próximo salto quântico”, criando valores em diversas áreas da economia e da sociedade. No Brasil, o 5G ainda está em um estágio inicial, e apenas 12 capitais estão prontas para receber a conexão, que, onde foi aplicada, aumentou a velocidade da internet em até 147%.

A PWC discorre, ainda, sobre impactos e aplicações que o 5G terá em setores da economia. Vejamos como a nova conexão atua em áreas com relação ao cooperativismo.

Saúde: resultados melhores e mais rápidos

A pandemia resultou em um aumento na prática de telemedicina e ajudou a antecipar essa tendência no futuro do mercado de cuidados com a saúde. O 5G irá aprimorar ainda mais a telemedicina, melhorando a interação entre médicos e pacientes.

Dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, também vão se unir ao 5G para monitoramento e transmissão de dados sensíveis dos pacientes. Assim, diagnósticos precoces são obtidos. Essa comunhão de tecnologias também permite o acompanhamento remoto de recuperação com maior facilidade - como num paciente cardíaco que tem as batidas coletadas.

Serviços financeiros: suporte a interações virtuais

O acesso aos serviços bancários está cada vez mais digitalizado. O advento do 5G possibilita que as cooperativas que trabalham com produtos financeiros possam reformar seus métodos de relação com os cooperados por meio de experiências virtuais.

O 5G também vai aumentar a segurança das transações financeiras, difundindo ainda mais soluções biométricas, como o reconhecimento facial, para acesso às contas. Isso vai possibilitar que os cooperados possam usar caixas eletrônicos sem precisar ter o cartão em mãos, por exemplo.

4. Infraestrutura em nuvem

As soluções de TI em nuvem estão ganhando o espaço que era das soluções locais de armazenamento e processamento. A migração acelerou com a pandemia e deve se intensificar ainda mais no decorrer dos anos.

Os recursos em nuvem deixam o trabalho remoto mais eficiente, já que não é necessário ter o acesso físico aos bancos de dados e documentos necessários para determinadas funções. Dessa forma, cooperativas que apresentam ganhos de eficiência e economia de recursos com o trabalho remoto ou híbrido podem aproveitar do modelo no longo prazo.

O desafio na adoção da nuvem vem da preocupação com a segurança dos dados. Por isso, quem for adotar serviços de armazenamento e processamento remoto de dados deve estar atento à segurança das soluções contratadas.

5. Drones

Inicialmente desenvolvidos como tecnologia militar, os drones não param de ganhar espaço e aplicações em diversos setores. A pandemia teve responsabilidade por essa popularização, mas a tendência é que o uso de drones continue a crescer.

Reforçando essa ideia, um estudo do Drone Industry Insights prevê que o mercado global de drones deve atingir US$ 41,3 milhões em 2026. Com o tempo, a tecnologia dos drones deve, ainda, se tornar mais acessível.

Uma ferramenta a serviço do agro

Os drones se mostram muito úteis para atividades envolvendo o agronegócio. Tanto que, ao fim de 2021, a tecnologia ganhou uma regulamentação específica para ser empregada por produtores rurais. O crescimento do uso de drones no agronegócio brasileiro surpreende até mesmo entidades setoriais.

As cooperativas agro, portanto, têm muito a ganhar em produtividade e eficiência com o uso de drones. Diante desse cenário, a Fundação Roge, voltada ao desenvolvimento do agro, listou quatro utilidades dos drones na agricultura:

  1. Detecção de áreas de plantio
  2. Contagem de plantas
  3. Identificação de pragas
  4. Pulverização

6. Blockchain

O blockchain está no coração do movimento em prol da descentralização da economia digital, servindo como base para as criptomoedas, NFTs e contratos inteligentes.

Em resumo, o blockchain funciona como um banco de dados sem um controlador central, armazenado de forma que suas informações podem ser auditadas por qualquer pessoa. Nele, os dados não são guardados em apenas um servidor, mas sim por toda a rede de usuários encadeados.

Pagamentos e DAOs

Por enquanto, as criptomoedas ainda falham na escalabilidade - no sentido de que transações menores comuns ao cotidiano podem sair caras demais ou levar muito tempo para processar. Mas, aos poucos, o mercado está começando a aceitar criptomoedas como meio de pagamento.

O blockchain também serve de base para as DAOs, organizações que operam de forma autônoma, com tarefas descritas em código. Elas foram tema de debate no festival South by Southwest. Você pode ver mais sobre as tendências apresentadas no SXSW neste conteúdo que produzimos sobre o que foi destaque no evento.

7. Realidade virtual e aumentada

Dados globais levantados pela Meta apontam que, no Brasil, 77% das pessoas antecipam que a realidade virtual irá se tornar parte do cotidiano no futuro. As experiências digitais imersivas parciais - realidade aumentada - já estão presentes na vida das pessoas, como filtros para fotos ou com o sucesso do jogo Pokémon Go.

A Meta argumenta que a comunicação visual vive um momento de ascensão, desde o uso de emojis em conversas por texto até a popularização das chamadas por vídeo. “Um dos benefícios atuais da realidade aumentada é que tudo está ao alcance das mãos, nos telefones”, declara Fan Huang, gerente da Meta que trabalha no setor de RA e RV.

Encurtando distâncias

A realidade virtual será capaz de transportar as pessoas entre diferentes ambientes, permitindo interações que,d e outra forma, não seriam possíveis. O Oculus, solução da Meta para visor de realidade virtual, já está sendo usado para treinar estudantes de medicina, por exemplo.

Conforme apurou o levantamento da Meta, os brasileiros estão interessados na aplicação da RA nas seguintes áreas, majoritariamente:

  • Viagem (83%): verificar destinos de férias e hotéis
  • Entretenimento (76%): assistir filmes de uma maneira imersiva
  • Varejo (70%): experimentar roupas ou maquiagem
  • Jogos (67%): ser um personagem em um jogo virtual
  • Automóveis (62%): fazer um teste drive em um veículo

8. Metaverso

Embora ainda seja um conceito em construção, a compreensão mais comum de metaverso é a de um universo digital onde pessoas, por meio de seus avatares, interagem entre si e com outros objetos.

A ideia de metaverso ganhou tração quando o Facebook mergulhou de cabeça na ideia - tanto que até mudou seu nome para Meta. Relatório da consultoria Gartner prevê que 2 bilhões de pessoas vão estar no metaverso até 2026.

Na prática, o metaverso ainda é uma tecnologia muito incipiente. Seus gargalos estão na velocidade da conexão e alto custo dos aparelhos necessários (computadores com alto potencial de processamento e óculos de realidade virtual).

Usos em potencial

O potencial do metaverso ainda está sendo descoberto aos poucos. Algumas companhias, como Boeing e Tim, já estão desbravando as possibilidades desse universo digital. As principais aplicações em que o metaverso pode contribuir às cooperativas, a princípio, são para:

  • Marketing e vendas: são os setores que melhor tiram proveito do metaverso. Ele pode ser usado para a criação de showrooms, como forma de exibição de produtos com custos reduzidos de infraestrutura. O marketing de experiência, como a realização de um test-drive, por exemplo, poderá ser feito dentro do metaverso.
  • Reuniões: segundo Bill Gates, fundador da Microsoft, prevê que, até 2024, a maioria das reuniões será feita no metaverso. Para as cooperativas, isso também abre possibilidades para a realização de assembleias virtuais acessíveis e menos custosas.
  • Se quiser se aprofundar sobre o que é e quais são os potenciais do metaverso, a gente preparou esse texto bem completo, explorando seu papel no futuro da economia digital.

Conclusão

Salim Ismail, fundador da Singularity University, a disrupção precisa ser acompanhada de uma transformação cultural em que se propõe a inovar. “Quando você tenta fazer algo disruptivo em uma organização antiquada, os anticorpos atacam você”, argumentou em entrevista ao Brazil Journal.

Para ele, a disrupção não pode ser deixada de lado, pois é fundamental para a sobrevivência em uma economia competitiva. “Ou você promove a disrupção ou ela vai atropelar você. Não tem meio termo”, garante.

Tal afirmação é corroborada por um estudo da Accenture: a disrupção é realidade para a maioria das companhias no mundo todo. Não se trata de um evento aleatório, movido pelo acaso. Promover a disrupção precisa ser um processo intencional, planejado e contínuo, do qual as cooperativas não podem ficar de fora.

A mudança é um processo fundamental para a inovação. Seja através de novas ideias, comportamentos e estruturas, é fundamental estar a par das tendências para mudar. Pensando nisso, o InovaCoop desenvolveu o curso online Gestão de mudança, explorando os aspectos que vão ajudar a implementar mudanças necessárias na sua cooperativa.



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