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Por que diversidade e inclusão são essenciais para a inovação?

A diversidade é o conjunto de diferenças e valores compartilhados em sociedade pelas pessoas.

GESTÃO DA INOVAÇÃO29/09/20238 minutos de leitura

A diversidade é o conjunto de diferenças e valores compartilhados em sociedade pelas pessoas. Ou seja, diversidade é a coexistência de valores, culturas, etnias, religiões, raças, gênero, orientação sexual, status socioeconômico, idade e habilidades. O fato de existirem pessoas com culturas, hábitos e origens diferentes faz com que existam percepções variadas sobre a vida, o trabalho, o ensino, sobre tudo. Da mesma maneira, há demandas e interesses diferentes devido à diversidade e inclusão.

No entanto, praticar diversidade e inclusão não é somente reconhecer que há pessoas diferentes de nós na sociedade, significa também ter consciência e repensar a relação entre nós e os outros. Afinal, nós também somos diversos aos olhos do outro.

Ao começar a pensar na diversidade que existe em nossa sociedade, vem à tona a questão da inclusão, que é a ação de envolver e incluir todas as categorias de pessoas que representam a sociedade como um todo. Ou seja, considerar categorias excluídas historicamente do processo de socialização e promover a diversidade dentro das organizações.

Do ponto de vista do negócio, é interessante praticar a inclusão para criar produtos e serviços que estejam de acordo com as demandas do público existente na sociedade. E é claro que, antes disso, é preciso considerar o aspecto humano. A inclusão acontece na interação colaborativa, colocando pessoas com diferentes perspectivas para resolverem conflitos e desafios em conjunto gerando resultados mais justos e criativos.

Ao pensar em diversidade e inclusão não basta pensar em questões quantitativas. Ou seja, em números a serem apresentados em concordância com as relações existentes na sociedade. Inclusão significa garantir e proporcionar igualdade de condições para recrutamento, desenvolvimento e promoção dentro das instituições.

Falta diversidade e inclusão às organizações no Brasil

Um indício de que há pouca diversidade no mercado de trabalho como um todo está na discrepância entre a proporção de negros na população em geral e sua representatividade em cargos gerenciais.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 29,5% dos cargos gerenciais são ocupados por pretos ou pardos. Em paralelo, o mesmo IBGE indica que os negros representam 53,8% da população brasileira.

Com relação ao gênero, a situação é semelhante. Números da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostram que os homens ocupam 71% das posições de decisão no setor e somente 14% das organizações têm áreas específicas dedicadas à promoção de igualdade de gênero no local de trabalho.

Desigualdade no cooperativismo

Dentro das cooperativas brasileiras, as mulheres ocupam apenas 22% dos quadros de dirigentes, apesar de comporem 41% do quadro social das cooperativas, revela o AnuárioCoop 2023, produzido pelo Sistema OCB.

O cooperativismo, contudo, está construindo um futuro focado em diversidade e inclusão. Nesse sentido, diversas cooperativas colocam em prática iniciativas e programas focados no impacto social - e nós reunimos seis exemplos neste artigo.

A despeito dos impactos sócio-econômicos decorrentes desta configuração, investir em diversidade é muito benéfico às próprias organizações, independente de sua natureza, especialmente no que diz respeito à inovação. Afinal, diversidade e inclusão também são ESG. É o que veremos a seguir.

Diversidade e inclusão impulsionam os negócios

A legislação ou o desejo de criar uma imagem positiva são motivadores para promoção da diversidade em organizações. Entretanto, não deveriam ser os principais, pois a diversidade aumenta o potencial de obter lucros acima da média, conforme aponta o estudo Diversity Matters (Diversidade Importa), da McKinsey.

A pesquisa analisou 366 instituições de diversos setores nas Américas e na Europa. Alguns dos resultados foram:

• Organizações no quartil superior em diversidade racial e étnica são 35% mais propensas a obter retornos financeiros acima da média do setor.

• Organizações no quartil superior em diversidade de gênero são 15% mais propensas a obter retornos financeiros acima da média do setor.

• Organizações no quartil inferior tanto em diversidade de gênero quanto em etnia e raça são menos propensas a obter retornos financeiros acima da média do que empresas médias do conjunto de dados. Isso significa que organizações no quartil inferior ficam cada vez mais para trás.

• A relação entre diversidade racial e étnica e melhor performance financeira é linear nos Estados Unidos. Assim, para cada 10% de aumento na diversidade racial e étnica dos executivos seniores, o lucro antes dos juros e impostos (EBIT) aumenta 0,8%.

• Diversidade racial e étnica tem impacto mais forte do que diversidade de gênero sobre a performance financeira nos Estados Unidos.

• No Reino Unido, a diversidade de gênero entre executivos seniores correspondeu ao maior aumento da performance dentre os países do conjunto de dados considerado pela McKinsey. Lá, para cada 10% de aumento na diversidade de gênero, o EBIT aumentou 3,5%.

De acordo com a McKinsey, portanto, a performance desigual de empresas do mesmo setor num mesmo país mostra que a diversidade é um diferencial competitivo. Além disso, a diversidade, aponta o estudo, é responsável por ganhos de market share.

Diversidade e inclusão: benefícios além do lucro

O artigo Diversidade: inclusão ou estratégia?, da Harvard Business Review, mostra que a diversidade favorece a inovação.

Fonte: Hay Group

De acordo com o estudo, cerca de 76% dos funcionários de organizações preocupadas com diversidade reconhecem que há espaço para expor ideias e inovar no ambiente de trabalho. Por outro lado, em empresas que a diversidade não faz parte da agenda, esse valor cai para 55%.

Da mesma maneira, quando os colaboradores percebem a diversidade presente dentro da organização, eles se sentem mais motivados. Logo, entendem que empenhar esforços resulta em ganho para a companhia e para seu desempenho individual. Em instituições reconhecidas pelo incentivo à diversidade, os funcionários são 17% mais engajados e dispostos a ir além de suas responsabilidades formais.

Por fim, a diversidade e abertura a diferenças reduzem conflitos que impactam na produtividade e na eficiência. Assim, a incidência de conflitos chega a ser 50% menor em organizações que investem em diversidade.

Inovação, diversidade e inclusão

Uma vez que a inovação está diretamente relacionada à mudança de mentalidade, ela também é beneficiada quando há diversidade nas organizações. É o que afirmou a gerente sênior de sustentabilidade e inovação da Schneider Electric na América do Sul, Regina Magalhães, durante o evento “Ring The Bell For Gender Equality”, promovido pela B3.

Para ela, contar com equipes diversas é premissa para sobreviver à transformação digital. Isso porque, ao representar a variedade da população, é mais fácil entender suas necessidades e, assim, criar produtos e serviços.

Afinal, afirma ela, ofertas de valor para a sociedade visam à solução de problemas reais. E somente é possível entender e endereçar tais problemas quando a realidade da população está refletida no quadro de profissionais da cooperativa.

A afirmação da executiva é corroborada por pesquisa da Accenture que mostra que diversidade e inclusão tornam as organizações até 11 vezes mais inovadoras, com colaboradores seis vezes mais criativos do que os dos concorrentes.

Criando um ambiente de empatia

Um instrumento que pode ser usado como aliado da inclusão é a empatia. De forma geral, podemos considerar que empatia é se colocar no lugar do outro. No entanto, vai um pouco além disso.

Num contexto mais amplo, empatia é procurar se sentir como a outra pessoa está se sentindo. Ou então entender o que está por trás dos pensamentos que ela tem. Empatia envolve presença e escuta ativas.

Há quatro passos iniciais para colocar a empatia em prática:

Para aprender como praticar a empatia cada vez mais, utilize a ferramenta do mapa de empatia proporcionada pelo Sistema OCB.

Inovação, impacto social e competitividade

A diversidade e a inclusão não são apenas essenciais para a justiça social e, consequentemente, para a redução das desigualdades acentuadas que existem no Brasil. Ao investir em políticas que equalizam as relações entre pessoas de diferentes origens e características, as cooperativas têm muito a ganhar.

Além de tornar mais dinâmica a inovação devido à pluralidade de pensamentos, a diversidade agrega valor financeiro às organizações, incluindo as cooperativas. E, conforme a gestão democrática pregada nos princípios do cooperativismo, todos devem ter os mesmos direitos e deveres.

Entretanto, para qualquer que seja a organização, a prática da gestão da diversidade e inclusão traz benefícios. Isso porque, ao reconhecer e valorizar grupos de minorias, a organização indica que está disposta a criar um ambiente plural.

Ou seja, mostra que aprecia o seu colaborador por conta da sua competência. Dessa forma, cria-se oportunidades e mecanismos que aumentem a empatia no ambiente de trabalho, assim como nas entregas dos serviços e produtos da cooperativa.

Conclusão: diversidade e inclusão como protagonistas da inovação

No âmbito do trabalho é possível ver resultados positivos com aumento da criatividade e produtividade. Outro efeito colateral positivo é a sensação de pertencimento e a redução na rotatividade de profissionais.

Da mesma maneira, ao se sentir incluído, o profissional sente-se também valorizado, o que leva ao desenvolvimento de habilidades e crescimento profissional. Um quadro de profissionais diversificado, por sua vez, proporciona à cooperativa equipes flexíveis e, portanto, capazes de entender as necessidades da sociedade. Consequentemente, é mais fácil definir estratégias assertivas no desenvolvimento de produtos e serviços vendáveis.

A diversidade e a inclusão proporcionam a entrada em novos nichos de mercado, o que leva a vantagem competitiva. Não bastassem todos esses benefícios, além de atender aos princípios do cooperativismo, cooperativas que promovem a diversidade e a inclusão são percebidas de forma mais positiva pela população em geral.

Proporcionar um ambiente diverso e inclusivo é essencial para engajar as equipes e fomentar novas ideias, Confira, também, nosso e-book Gestão de Equipes: Como engajar seu time para inovar!

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