Conheça o panorama da agricultura digital no Brasil e as inovações das cooperativas agro
A tecnologia avança cada vez mais na agricultura do Brasil. Prova disso é que 84% dos agricultores entrevistados numa pesquisa da Embrapa já utilizam ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola. A pesquisa, que contou com 750 participantes, foi realizada em parceria com o Sebrae e o Inpe.
Termos como sensores, drones, big data, gerenciamento de dados e tantos outros são cada vez mais comuns no agro brasileiro. Por isso, não há dúvidas de que a agricultura digital passou a contribuir de forma significativa para o aumento da rentabilidade e produtividade no campo.
Pensando nisso, o objetivo deste post é apresentar o que é a agricultura digital, as aplicações, o panorama do uso das tecnologias no país e alguns exemplos de cooperativas agropecuárias que vêm apostando em tecnologia e inovação.
O que é agricultura digital
Podemos resumir a agricultura digital ou agricultura 4.0 como um conjunto de tecnologias que auxiliam o produtor nas mais diversas atividades rurais. Um exemplo são os softwares e dispositivos que coletam e analisam dados sobre a lavoura para basear decisões estratégicas.
Quando falamos de dados, estamos nos referindo a informações sobre clima, solo, lavoura, equipamentos etc. Com essas e outras informações, os sistemas de gerenciamento de dados conseguem entender todas as variáveis e, assim, propor as melhores soluções, como pulverização, adubação em taxas variáveis, planejamento mais preciso na aplicação de defensivos, entre outras soluções.
Portanto, os serviços ficam muito mais precisos e as decisões passam a ser tomadas com base em dados reais, além de possibilitar que o produtor saiba o exato momento e a quantidade certa de recursos a ser utilizada. Então, quanto mais tecnologia, mais previsibilidade para o produtor, que pode ter mais produtividade sem necessariamente aumentar a área de sua lavoura.
Isso tudo nos remete à chamada agricultura de precisão, termo que surgiu antes da agricultura digital. Na verdade, a agricultura digital é uma derivação ou a evolução do conceito de agricultura de precisão, conforme explica Antônio Luis Santi, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão da UFSM.
“A agricultura de precisão surgiu no final da década de 1990, trazendo uma bagagem de softwares, sensores e de atuadores ao agricultor. Com a evolução da tecnologia, em 2017, por meio da chegada das imagens via satélite, da evolução da internet, nós assistimos a uma nova revolução digital: os algoritmos gerados por plataformas começaram a cruzar as informações geradas no campo pela agricultura de precisão e a integrar os dados e a gerar índices”, explicou o professor ao blog da Climate Fieldview.
Portanto, a agricultura digital veio para melhorar o que a agricultura de precisão já faz, que é entender a variabilidade do solo e, a partir disso, evoluir e compreender o cenário da planta dentro do sistema produtivo. “A agricultura digital é uma quebra de paradigma, pois o olhar agronômico não fica mais generalizado”, completa o professor.
Principais aplicações e tecnologias
Para ser viabilizada, a agricultura digital demanda automatização, tecnologia de ponta e análise de dados. Esse tripé garante, entre outras coisas, a melhora da produtividade agrícola, a eficiência na utilização de insumos, o aumento da segurança dos trabalhadores e a redução de custos e impactos ambientais.
A seguir, listamos algumas aplicações que viabilizam a agricultura digital:
Esses são apenas alguns exemplos de tecnologias já utilizadas no setor atualmente. Se usadas corretamente, elas ajudam as cooperativas a otimizar todo o processo ao longo da cadeia produtiva, reduzindo perdas e aumentando a produtividade. Por exemplo: se houver infestação de pragas na sua plantação, o produtor consegue, por meio de sensores, identificar o local exato que foi infestado. Assim, ele abre a pulverização somente nesses locais específicos, trazendo economia e eficiência.
Por falar em economia, outro exemplo são os sistemas de irrigação inteligente. A água é aplicada ao solo de acordo com a necessidade hídrica da planta. Aplicativos e softwares determinam, sem desperdício, a quantidade de água a ser aplicada por meio de dados coletados por sensores.
Mas lembre-se: nem sempre é necessário adquirir equipamentos com tecnologia de ponta para adotar a agricultura digital. Celulares, tablets e computadores com acesso à internet já possibilitam o uso da agricultura digital por meio de aplicativos e softwares. Além disso, o produtor deve saber qual problema tem de resolver. Só assim poderá saber qual tecnologia deve aplicar.
Panorama da agricultura digital no Brasil
Agora que você já sabe o que é agricultura digital, chegou a hora de conhecer melhor esse mercado no Brasil. Para isso, vamos apresentar alguns dados da pesquisa realizada pela Embrapa em parceria com o Sebrae e o Inpe, que contou com mais de 750 participantes entre produtores rurais, empresas e prestadores de serviço - destes últimos, mais da metade atua de alguma forma associada a cooperativas ou outras entidades ligadas ao produtor.
O estudo mostrou que boa parte dos produtores rurais que participaram da pesquisa já utiliza aplicações a partir de sensores remotos e de campo, eletrônica, aplicativos ou plataformas digitais para fins específicos em uma cultura ou sistema de produção.
Veja alguns números de destaque da pesquisa:
- 84% dos produtores rurais utilizam pelo menos uma tecnologia digital no processo produtivo;
- 68% adquiriram e fazem uso de tecnologia digital por conta própria;
- 31% tiveram acesso aos serviços por meio de terceiros, como cooperativas e associações.
Sobre as tecnologias digitais mais utilizadas, a pesquisa revelou que:
- 70,4% usam a internet para atividades gerais da propriedade;
- 57,5% usam aplicativos como WhatsApp e Facebook para comercialização;
- 22,2% usam aplicativos ou programas de gestão da propriedade;
- 20,4% usam GPS;
- 17,5% usam imagens de satélite, avião ou drone;
- 16,3% possuem sensores instalados no campo.
O pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (SP) e coordenador do estudo, Édson Bolfe, destaca um número que mostra a tendência de alta da agricultura digital: 95% dos produtores desejam mais informações sobre o assunto. Além disso, ele vê como áreas com tendência de crescimento aquelas voltadas para o bem-estar animal, citada por 21,2% dos respondentes; e para certificação e rastreabilidade dos alimentos, mencionada por 13,7% deles.
Para a pesquisadora do Inpe, Ieda Sanches, o levantamento evidencia também um interesse bastante relevante em várias soluções para a agricultura que podem ser viabilizadas com a ajuda do sensoriamento remoto, tanto aéreo quanto orbital. São aplicações para detecção e controle de plantas daninhas, pragas e doenças, falhas de plantio e para estimativa de produção e produtividade.
De fato, a pesquisa demonstra uma mudança no setor e uma tendência de transformações ainda maiores. “É a nova agricultura. Existe uma projeção para 2030 indicando que haverá uma intensa revolução no campo e ela já começou”, comenta Francisco Severino, gerente técnico corporativo da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana). A cooperativa firmou parceria com a Embrapa no fim de 2019 para inovar no modelo de trabalho, melhorando a produtividade e, consequentemente, a renda dos produtores, com o uso de tecnologia blockchain e soluções em sensoriamento remoto.
Além de apoiar a produção, as soluções digitais também apoiam a área comercial: 40,5% dos agricultores já utilizam tecnologias digitais para atividades de compra e venda, como é o da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc). Por meio da parceria com startups de Salvador e São Paulo, eles estão conseguindo chegar a novos mercados e reverter uma queda de mais de 70% nas vendas, causada pela pandemia em 2020.
Obstáculos a serem superados
Por outro lado, algumas barreiras ainda desestimulam a agricultura digital. Os resultados indicam que, para 67,1%, o valor do investimento para a aquisição de equipamentos e aplicativos assusta o agricultor. A questão aparece à frente de problemas estruturais (mencionados por 61,4% dos profissionais), como a qualidade de conexão na área rural. No entanto, já existem soluções acessíveis no mercado, que podem ajudar o produtor no início da jornada de agricultura digital.
Segundo a Embrapa, pequenos e médios produtores ainda dependem muito de políticas públicas que favoreçam a inserção de tecnologias como essa. Uma alternativa apontada é a adoção da tecnologia via cooperativas e prestadores de serviço, que poderão atender vários grupos de uma região.
Visando ampliar a disseminação da agricultura digital no país, foi criada, em 2019, a Câmara do Agro 4.0, resultado de uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) faz parte do Conselho Superior da iniciativa ao lado de representantes do Mapa, do MCTIC e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Veja aqui mais informações sobre a Câmara do Agro 4.0.
Outra novidade recente, no sentido de levar mais conectividade ao campo, são as duas leis publicadas pelo governo federal após mobilização da OCB e de outras entidades do agro e do setor telecom. São elas:
- Lei nº 14.109/2020, que trata da utilização de recursos do Fust para conectividade rural;
- Lei nº 14.108/2020, sobre desoneração da internet das coisas.
Para o Sistema OCB, as novas legislações garantem um ambiente favorável para o avanço da conectividade rural, considerando que um dos grandes empecilhos para a implantação de infraestrutura de internet no campo era justamente o fomento a projetos com essa finalidade, por meio de financiamentos com custo acessível.
Com o incentivo a diferentes arranjos produtivos para essa atividade, as novas legislações vão estimular consequentemente o fortalecimento das cooperativas de telecom, além, é claro, de promover a agricultura digital nas cooperativas agro.
Inovação nas cooperativas agro
Para completar o panorama da agricultura digital, destacamos algumas iniciativas dentre as várias existentes no cooperativismo atualmente. A Coopercitrus, por exemplo, agregou novas soluções em seu portfólio de serviços de agricultura de precisão, levando seus cooperados para o que ela já chama de “Agricultura 5.0”.
Entre os serviços disponíveis estão:
- Mapeamento de áreas por satélite;
- Análise de solo georreferenciada;
- Aplicação de insumos agrícolas a taxas variáveis;
- Pulverização localizada com drones;
- Tecnologias para plantio, irrigação e pulverizações com alta precisão.
Com um departamento exclusivo para a área de Tecnologia Agrícola, a Coopercitrus mantém um time de profissionais dedicados a viabilizar as inovações para os produtores, elaborando projetos, fazendo a prestação dos serviços e análise de informações. Essa política contribui para que os cooperados, principalmente pequenos e médios, tenham acesso às principais inovações do mercado em suas propriedades.
E para facilitar ainda mais o acesso a esses recursos, a cooperativa disponibiliza o aplicativo Coopercitrus Campo Digital para que os cooperados possam conhecer as soluções disponíveis e solicitar a aplicação em sua propriedade, direto pelo celular ou pelo computador.
Da região Sul, podemos destacar o exemplo da Fundação ABC, instituto de pesquisa agropecuária privado mantido pela intercooperação de Frísia, Castrolanda e Capal. Ela implantou um campo experimental de agricultura inteligente para orientar seus mais de 5 mil associados de cooperativas parceiras na escolha e utilização de novas tecnologias.
Numa área batizada de “ABC Smart Farming”, a Fundação ABC decidiu aplicar as soluções em campo para a próxima safra verão em uma área de 29,15 hectares, no município de Ponta Grossa (PR). Os pesquisadores mediram a condutividade elétrica do solo, o que permitiu entender os tipos de solo presentes na área, bem como definir os pontos de coleta para análise.
Com resultados apurados através de algoritmos, foi possível entender a variedade de textura da área, de umidade e também os teores de fertilidade do solo. A Fundação também fez a captação de imagens espectrais do solo, para verificar a quantidade de matéria orgânica através de um aparelho e algoritmo desenvolvido pela própria instituição.
Por fim, vale lembrar que o case vencedor do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2020 na categoria Inovação é do cooperativismo agro: Avance Hub, da Coplacana. O hub de inovação surgiu porque a Coplacana era muito assediada por fornecedores ofertando novos produtos e serviços. Ao mesmo tempo, se via no desafio de acompanhar o boom das tecnologias no campo e saber selecionar as que realmente faziam sentido para seu cooperado.
Dessa forma, o projeto surgiu para lidar com essas demandas, garantindo uma visão estruturada da inovação e apoiando a cooperativa na seleção de produtos e serviços inovadores, inclusive testando e validando cada uma deles.
Afinal, como alertamos ao longo do texto, há várias tecnologias e inovações disponíveis, mas o primeiro passo da cooperativa é entender a sua real necessidade no campo. Só assim poderá escolher a melhor solução e fazer os investimentos necessários, de forma consciente.
Posição do país no Índice Global de Inovação mostra que é preciso inovar mais
Você nunca ouviu falar tanto sobre inovação como nos últimos tempos. Não só no cooperativismo como em todos os setores da economia. É, de fato, um movimento em ascensão no Brasil, mas ainda com um longo caminho pela frente.
Neste blogpost, vamos entender o estado da inovação no Brasil e no cooperativismo: sua importância, estado atual e lacunas a serem preenchidas.
Começaremos por um dos indicadores mais abrangentes sobre o tema, que é o Índice Global de Inovação (IGI), de 2020. Nele, o Brasil é apenas o 62º colocado no ranking que abrange 131 países, o que representa um ganho de quatro posições em relação a 2019. Quando olhamos apenas para os países da América Latina e Caribe, o Brasil aparece somente na 4ª posição entre as 37 nações, ficando atrás de Chile (54º), México (55º) e Costa Rica (56º).
Por isso que, para muitos especialistas, a posição do Brasil no ranking de inovação é incompatível com o fato de o país ser a 9ª maior economia do mundo. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, por exemplo, é um dos que afirmam que o Brasil continua numa posição abaixo de seu potencial.
“Precisamos melhorar o financiamento à inovação, fortalecer parcerias entre governo, setor produtivo e academia, estruturar políticas de longo prazo e priorizar a formação de profissionais qualificados”, disse Andrade ao portal da CNI.
A importância do Índice Global de Inovação (IGI)
O IGI é uma ferramenta imprescindível para comparar o Brasil com os países mais inovadores do mundo. Atualmente, o top 10 do ranking é formado por: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Singapura, Alemanha e Coreia do Sul.
De forma macro, é importante olhar para o IGI porque ele vem se tornando um instrumento quantitativo essencial para auxiliar em decisões globais, estimular a atividade inovadora e impulsionar o desenvolvimento econômico e humano.
Composto por 80 indicadores de 30 fontes internacionais públicas e privadas, o ranking é divulgado anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI ou WIPO, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Cornell e a Insead. No Brasil, a CNI, por meio da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), é parceira na produção e divulgação do IGI desde 2017.
Em sua última edição, em 2020, o estudo mostrou que Brasil, México e Argentina abrigam empresas globais de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e estão entre as primeiras 10 economias de renda média no critério qualidade da inovação. Destacou também que Chile, Uruguai e Brasil produzem altos níveis de artigos científicos e técnicos, com o Brasil tendo também um alto impacto em matéria de patentes.
O estudo também pontuou que os 100 melhores clusters de Ciência e Tecnologia estão localizados em 26 economias, seis das quais (Brasil, China, Índia, Irã, Turquia e Rússia) são de renda média. O IGI 2020 destacou o cluster de São Paulo entre os 100 melhores do mundo.
Além disso, a pesquisa constatou que a pandemia desencadeou uma paralisação econômica global sem precedentes, atingindo também o panorama de inovação no mundo. Ao comentar o resultado, a CNI afirmou que o papel da inovação se mostra cada vez mais imprescindível diante de um período de incertezas e de retração na economia provocadas pela pandemia.
Por fim, o estudo lembra que a maioria das economias que subiram na classificação do IGI ao longo do tempo se beneficiaram de sua integração em cadeias de valor e redes de inovação. China, Vietnã, Índia e Filipinas são exemplos importantes. Além disso, a atual conjuntura causada pela Covid-19 mostrou que a cooperação, não só nacional mas também internacional, é uma ferramenta poderosa em prol da inovação. E de cooperação o nosso setor entende bem.
A inovação dentro das organizações
Além de olhar a situação do país de forma geral, é importante analisar a inovação dentro das organizações. Por isso, trouxemos aqui outro estudo relevante: a Pesquisa de Inovação (Pintec) 2017, que o IBGE divulgou em 2020 com dados sobre o esforço de empresas dos setores da indústria, serviços, eletricidade e gás, entre 2015 e 2017, para a inovação de produtos e processos.
No período de 2015 a 2017, das 116.962 empresas brasileiras analisadas pelo estudo, 33,6% delas fizeram algum tipo de inovação em produtos ou processos. A taxa, porém, é inferior aos 36% registrados no triênio anterior, de 2012-2014.
Por outro lado, pela primeira vez na série histórica da Pintec, os investimentos em inovação ficaram à frente de aquisição de máquinas e equipamentos: R$ 25,6 bilhões foram para atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D); R$ 21,2 bilhões foram aplicados na aquisição de máquinas e equipamentos; e mais R$ 7 bilhões na aquisição externa de P&D.
Embora os dados da Pintec sejam de 2017, eles são muito relevantes porque trazem uma semelhança com o nosso período atual. O gerente responsável pela pesquisa, Flávio Peixoto, lembra que no período entre 2015 e 2017 houve recessão econômica no país, com a redução do apoio do governo à inovação por meio de linhas de financiamento. “O apoio público é muito importante. Quando esse apoio diminui, existe grande tendência de as empresas também diminuírem suas atividades inovativas”, afirma Peixoto.
Prova disso é que, de acordo com o IBGE, os riscos econômicos excessivos ganharam importância para as empresas inovadoras e se configuraram, para 81,8% das organizações consultadas, como o principal obstáculo para inovar.
“A inovação é uma decisão estratégica e de longo prazo da empresa. É um fenômeno que custa a aparecer. Tem maturação longa em vários aspectos. No momento em que a empresa se depara com riscos econômicos, é muito natural que ela retraia os seus investimentos em inovação”, afirma o gerente da pesquisa.
Ao mesmo tempo, a inovação também pode ser a principal solução para superar uma crise como a causada pela Covid-19. De acordo com a Strategy&, consultoria estratégica da PwC, é a inovação que tem ajudado a maioria das empresas brasileiras a superarem a crise. A conclusão faz parte da pesquisa que baseou a elaboração do ranking das 150 empresas mais inovadoras do país, que faz parte do anuário Valor Inovação Brasil 2020.
A pesquisa ouviu 214 organizações, que juntas somam investimento de R$ 65 bilhões por ano em inovação, e mostrou que 96% delas disseram que a inovação está ajudando a companhia a enfrentar a crise da Covid-19.
“A inovação cresceu em relevância para as empresas. Ao todo, 64% das empresas consideram a inovação entre as três prioridades de investimento”, afirmou Gerson Charchat, sócio da Strategy&, em publicação do Valor Econômico.
E como anda a inovação no cooperativismo?
No cooperativismo, é notável que nos últimos anos se intensificou um movimento de transformação digital e promoção da inovação. O Radar da Inovação, por exemplo, tem mapeadas dezenas de iniciativas inovadoras de cooperativas de diversos portes e ramos - e o número cresce semanalmente.
Uma pesquisa realizada em 2020 pela Coonecta - Cooperativismo e Inovação com 92 colaboradores de cooperativas apontou que a pandemia de Covid-19 intensificou a inovação e transformação digital. 88% dos respondentes classificaram a transformação digital como um tema com “alto grau de importância” em suas cooperativas, e 64,6% apontaram que as iniciativas de inovação foram aceleradas por conta da pandemia.
Os dados disponíveis sobre inovação no cooperativismo, no entanto, ainda são pouco abrangentes. Não há um levantamento amplo sobre o tema, o que dificulta o entendimento sobre o estado da inovação atual nas cooperativas e também o planejamento de médio e longo prazo para um cooperativismo mais inovador.
É para mudar este cenário que o Sistema OCB, por meio do InovaCoop, está realizando uma abrangente pesquisa para conhecer o cenário de inovação nas cooperativas, além de identificar desafios e oportunidades para seu desenvolvimento. Os resultados vão balizar os próximos passos do Sistema OCB no incentivo à inovação no cooperativismo.
A Checon, empresa especializada e com experiência no cooperativismo, está conduzindo a pesquisa, que estará aberta até dia 29 de janeiro. O questionário não dura mais que 5 minutos e toda e qualquer cooperativa pode responder, tenha ela iniciativas de inovação estruturadas ou não.
“Nós queremos reforçar a necessidade de participação de todas as coops. Pequenas e grandes; as que inovam ou não; do Norte ao Sul do país. Só com ampla adesão conseguiremos um resultado que represente, de fato, o cooperativismo brasileiro”, argumenta o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
Clique aqui para acessar o questionário e ajudar o cooperativismo na sua mais ampla pesquisa de inovação.
Você ainda não conhece o neuromarketing ou deseja entender melhor sobre seu conceito e aplicações?
Entender o pensamento e o comportamento do consumidor sempre foi uma preocupação das equipes de marketing. E com a evolução do conhecimento e da ciência, diversos foram os estudos realizados nesse sentido. Entre as novidades da área está o neuromarketing, que busca compreender as alterações cognitivas que ocorrem conosco ao nos relacionarmos com as marcas.
Embora em um primeiro momento essa ideia possa parecer um pouco de “ficção científica”, o neuromarketing tem ganhado terreno e está sendo usado com sucesso em diversas campanhas de marcas ou políticos, inclusive com destaque na eleição de Barack Obama em 2012 e depois na campanha de Donald Trump em 2016.
Outro exemplo bem legal de aplicação do neuromarketing é na rede da hamburgueria Five Guys, que utiliza as estratégias no seu ponto de venda e até na forma de entregar os lanches aos consumidores. São várias as ações usadas, como o poder do “grátis”, oferecendo mais itens para que os clientes sintam-se satisfeitos e até “dicas” de outros consumidores no menu, funcionando como uma prova social.
O que é o neuromarketing e qual sua importância?
O neuromarketing é a ciência que estuda o comportamento do consumidor, avaliando de que forma o nosso cérebro reage quando somos expostos à marcas e incentivos de compra.
Para isso, são usadas técnicas de pesquisa da neurociência aliadas aos estudos da psicologia do comportamento do consumidor e do marketing. Os estudos usam imagens e outros mecanismos para avaliar as respostas e reações do nosso cérebro aos estímulos externos, entendendo o que influencia o nosso poder de decisão.
Assim, é possível compreendermos melhor o nosso inconsciente e o papel dele nas decisões de compra, criando campanhas mais efetivas e “impossíveis” de serem ignoradas pelo nosso cérebro, criando sentimentos como desejo, urgência e até vínculo afetivo.
As pesquisas, apesar de recentes, já possuem algumas conclusões que demostram que ao estimular emoções, memórias e experiências positivas é possível fazer com que os clientes se afeiçoem a determinadas marcas, tornando-se mais fiéis a elas.
Vantagens
Ao entender e usar esse novo campo do conhecimento, é possível:
- desenvolver campanhas que sejam mais focadas nas respostas do subconsciente dos consumidores, tornando as mensagens mais efetivas;
- compreender melhor as reações dos seus consumidores a itens como som, cor, cheiro, textura, sabor, formato e demais características do seu produto, tornando-o mais memorável para essas pessoas;
- aplicar pesquisas de desenvolvimento de produtos com resultados mais próximos da realidade;
- entender profundamente o comportamento do seu consumidor, pensando em ações publicitárias e também inovações que ajudem a traduzir esses desejos;
- criar experiências únicas e valiosas para essas pessoas, modificando a percepção e o relacionamento delas com a sua marca.
Neuromarketing e comportamento do consumidor: qual a relação?
Como dissemos, o neuromarketing é o campo de estudo que visa entender melhor como o nosso cérebro funciona ao mantermos contato com organizações, produtos, serviços e propagandas.
O nosso processo de decisão, apesar de parecer, não é algo racional e lógico. Existe uma participação significativa do nosso inconsciente de acordo com os estímulos que o nosso cérebro recebe.
Compreender quais são esses estímulos e como eles agem no cérebro das pessoas auxilia a perceber melhor o comportamento do consumidor, criando ações e soluções mais efetivas. De uma maneira bem simples e didática, podemos dividir o nosso cérebro em 3 partes, que são:
- cérebro reptiliano: é o nosso “cérebro” primitivo e ligado à sobrevivência, controlando pontos como respiração e batimentos cardíacos. Ele é ativado por emoções mais primitivas como a raiva, o medo ou a fome;
- cérebro límbico: responsável por armazenar informações e processar emoções mais complexas (não ligadas à sobrevivência). É ativada por sensações que envolvam olfato, visão, paladar, tato e audição;
- neocórtex: responsável pelo nosso raciocínio lógico e envolvimento social.
Os estímulos externos (sons, cheiros, interações com outras pessoas, propagandas etc.) conseguem ativar, ainda que de forma inconsciente, os sistemas límbicos e reptilianos do nosso cérebro, influenciando as nossas decisões.
Quando isso acontece, o neocórtex entra em cena, tentando dar uma “explicação racional” para a nossa decisão. É aí que montamos a nossa experiência com as marcas.
Por exemplo, para um apaixonado por livros é difícil explicar porque ele comprou mais 1 exemplar sendo que já tem mais de 10 parados na estante. O neocórtex explicará questões sobre o título, a resenha e o autor. Mas os outros sentidos podem ter ajudado nesse processo, despertando sensações ao folhear o livro, manusear as páginas, sentir o cheiro, entrar em uma livraria e assim por diante.
Em quais áreas o neuromarketing pode ser aplicado?
É importante compreender que o neuromarketing não é uma nova “maneira” de fazer o marketing, mas sim um campo de estudo, cujo conhecimento pode ser aplicado em uma infinidade de áreas dentro dos negócios. Veja as principais.
Inovar é indispensável em qualquer negócio. Mas para essa inovação fazer sentido ela precisa ser focada nas pessoas, trazendo soluções para as suas demandas.
O neuromarketing ajuda a compreender melhor a mente dos seus consumidores, inclusive as questões do subconsciente, que nem sempre estão visíveis nas tradicionais pesquisas de mercado.
Ao entender profundamente as relações cognitivas que essas pessoas fazem ao se relacionar com seus produtos e propagandas, fica mais fácil pensar em inovações e lançamentos de linhas e produtos que realmente façam sentido e tenham significado para os seus clientes.
É possível, por exemplo, pensar em novas cores, sabores ou até cheiros que ajudem a despertar sensações positivas nessas pessoas, criando vínculos afetivos e aumentando a relação desses consumidores com a sua cooperativa.
O branding é todo o conjunto de ações que ajuda a criar a identidade da sua marca. É ele que associa características e qualidades (até mesmo intangíveis) a sua cooperativa. Quanto mais forte for o branding, melhor será o reconhecimento de mercado, o preço premium e a lembrança das pessoas ao seu negócio.
Está difícil? Porque ao comprar um refrigerante de cola, a primeira marca que vem à lembrança de muitas pessoas é a Coca-Cola? Muitos vão responder pelo sabor e qualidade, mas outros farão associações como cheiro, gosto, boas lembranças, marca de respeito etc.
Todos esses atributos são trabalhados pelo branding e ajudam a valorizar e diferenciar uma marca, posicionando-a corretamente frente à concorrência.
Ao usar os conhecimentos do neuromarketing, você entenderá melhor as associações inconscientes feitas pelos seus consumidores e terá mais dados valiosos para trabalhar as suas campanhas de branding.
Por que as pessoas decidem comprar de você? Ao entrarem no seu ponto de venda, o que influencia essa compra? Ou ao se relacionarem com a sua propaganda, quais estímulos são decisivos?
Entender o comportamento do consumidor de uma maneira profunda oferece subsídios essenciais para a sua tomada de decisão, por exemplo, modificando aspectos dentro do seu PDV, como vitrine, iluminação, cheiros, som ambiente etc.
O seu produto e a embalagem dele também podem ser modificados pensando na decisão de compra, criando uma experiência sensorial difícil de ser recusada pelos seus consumidores.
Esse conhecimento preciso pode ser aplicado para decidir vários pontos do seu negócio, como a forma de se pronunciar dos seus representantes, a propaganda on e offline, o design dos produtos e serviços, os programas de fidelidade etc.
Como usar essa ciência na minha cooperativa?
Apesar de os estudos em neuromarketing envolverem questões complexas, como eletroencefalogramas e imagens de ressonância magnética, existem alguns itens que você pode começar a usar na sua cooperativa, sem necessariamente investir nessas pesquisas. Confira!
Os estudos têm mostrado que os conteúdos visuais conseguem envolver mais as pessoas do que frases de efeito. Assim, você poderá usar nas suas propagandas imagens do seu produto ou que contextualizem a sua mensagem.
Os rostos de pessoas felizes, de crianças e de bebês atraem muito a atenção, afinal somos seres sociáveis. Por isso, uma boa ideia é investir em imagens com rostos de pessoas para as ações nas redes sociais, por exemplo.
As cores são capazes de afetar as nossas emoções e a psicologia das cores faz justamente esse estudo. Assim, escolher as tonalidades certas para seu logotipo, embalagem e produto faz toda a diferença na hora de despertar boas.
A confiança é a base de qualquer relacionamento e é importante que a sua marca mostre confiar nos seus consumidores, por exemplo, oferecendo uma versão gratuita para testes, dando garantia incondicional de 30 dias após a compra (para desistência em caso de arrependimento), fornecendo mais opções de pagamentos etc.
Conclusão
Como você viu, o neuromarketing é um novo campo de estudo do marketing que utiliza dados de pesquisa da neurociência para compreender mais profundamente o comportamento do consumidor e os pontos que influenciam a sua tomada de decisão e relacionamento com as marcas.
Ao trabalhar justamente com o inconsciente, vale a pena também lembrarmos sobre a importância da ética, para não usar esses conhecimentos de maneira manipulativa ou abusiva, mas sim para tornar suas campanhas, ações, inovações e design de produtos mais efetivos aos desejos da sua clientela.
Veja como preparar a sua cooperativa para os desafios que vêm pela frente
O mundo não voltará a ser como era antes da pandemia. As transformações, que vieram para ficar, colocaram à prova o poder de gestão e enfrentamento à crise de milhares de organizações. Foi preciso não só se adaptar, mas evoluir em termos de formatos de trabalho, agilidade, digitalização, inovação e tantos outros desafios.
Ou seja, passado o “modo sobrevivência”, focando apenas no que era essencial, é momento de se reorganizar e entender o que vem pela frente. Por isso, o InovaCoop selecionou 9 tendências importantes para o cooperativismo brasileiro do ponto de vista da gestão das cooperativas.
Se sua cooperativa pretende se manter atual e inovadora, fique atento às nossas dicas! Inclusive, se desejar se aprofundar no mapeamento de tendências e entender o “novo normal” a partir de diversas pesquisas de mercado, baixe agora o nosso e-book “mapear tendências: dicas para planejar o futuro de sua cooperativa”.
1. Programas de inovação aberta
Embora não seja uma novidade, os programas de inovação vêm se consolidando no cooperativismo e ajudando diversas cooperativas a superarem a crise. Inclusive, o vencedor do prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2020, na categoria Inovação, foi um programa de inovação aberta: o Avance Hub, da Coplacana.
Além disso, vimos em 2020 o lançamento de hubs de inovação no cooperativismo, programas de relacionamento com startups, programas de ideias (intraempreendedorismo), entre outras iniciativas. Por exemplo:
- Hub Vibee, da Unimed VTRP
- InovaCoop Goiás, do Sistema OCB/GO
- Unimed Lab, da Unimed do Brasil e que conecta todas as cooperativas do Sistema
- Digital Agro Coonection, da Frísia
- InPulse Ailos, do Sistema Ailos
- Inovar Juntos, do Sicredi
Esses são apenas alguns exemplos (clicando em cada um você tem mais informações) que mostram a importância de inovar em parceria, pois é uma forma de acelerar o processo. Saiba que um programa de inovação permite criar uma cultura de inovação dentro da cooperativa, possibilitando o desenvolvimento de novos processos de trabalho, novos produtos e serviços, melhoria contínua etc.
E o mais interessante é que, em geral, um programa de inovação cria um ambiente apartado da operação para evitar que as iniciativas sofram ou exerçam interferências no negócio. Dessa forma, há mais liberdade para trabalhar a aprendizagem e as experimentações.
Há companhias, como o Lego, que trabalham com inovação aberta a partir dos próprios clientes, que podem compartilhar suas ideias e sugestões com a empresa. Outras, como o Sicredi, simplesmente lançam desafios de negócio e abrem chamadas para startups que podem resolver tais desafios. Assim, gera um aprendizado mútuo e uma relação ganha-ganha entre cooperativa, startups e outros atores envolvidos.
2. Cooperativismo de plataforma
Não é novidade que o modelo de negócio de plataforma tem revolucionado setores inteiros. Por definição, uma plataforma é uma organização que viabiliza interações entre produtores externos e consumidores, oferecendo regras e uma infraestrutura para que elas ocorram de forma eficiente e segura. Assim, logo lembramos de empresas como Uber, iFood, Amazon, Google, Apple, Airbnb e muitos outros gigantes da tecnologia.
Mas não são só as empresas mercantis que estão adotando esse modelo. Cooperativas do mundo todo estão unindo as bases do modelo de negócio de plataforma, com a doutrina cooperativista, e dando início a um novo tipo de negócio: as cooperativas de plataforma, que passam a ganhar mais relevância pós-pandemia.
Afinal, há uma demanda crescente por plataformas e negócios digitais, conforme explica Mário De Conto, diretor geral da Escoop. “Em 2020, notadamente no contexto da pandemia, esse modelo de negócio foi evidenciado por diversos fatores, como o desenvolvimento exponencial do comércio online, a necessidade dos empreendedores na utilização de plataformas digitais para manter seus negócios, a utilização em larga escala de aplicativos de entregas, entre outros”, explica.
Mas engana-se quem pensa que cooperativismo de plataforma é algo voltado apenas para novas cooperativas. As cooperativas tradicionais também podem tirar proveito do surgimento das plataformas. Aliás, algumas cooperativas, em especial as grandes e as confederações, já estão fazendo essa transição. Elas estão se movimentando para se tornarem plataformas digitais facilitadoras e intermediadoras de negócios, tanto entre cooperativas, como entre seus associados e outras empresas.
Um exemplo é a criação da plataforma cooperativa Ciclos pelo Sicoob Central ES, que identificou a necessidade de ir além da oferta de serviços financeiros e oferecer novos produtos e serviços aos cooperados de suas singulares. Hoje, a Ciclos oferece serviços de telecom, energia limpa e, em breve, também planos de saúde e marketplace.
Se você deseja saber mais e se aprofundar no tema, recomendamos a leitura do nosso e-book “Cooperativismo de Plataforma: desafios e oportunidades”.
3. Ecossistema de negócios integrados
Um artigo da McKinsey do começo de dezembro de 2020 chama atenção para um tema que deve ganhar mais relevância em 2021, inclusive no Brasil: os ecossistemas de negócios integrados. A consultoria estima que esse setor pode chegar a 30% de participação na economia mundial até 2025. Para se ter ideia, hoje eles representam entre 1 e 2% da economia.
Basicamente, estamos falando de plataformas digitais integradas, nas quais os usuários conseguem consumir serviços e produtos variados condensados em um mesmo lugar. O ecossistema age como um orquestrador: conectando provedores terceiros a consumidores. A vantagem para o usuário é poder fazer tudo com um mesmo login e forma de pagamento, passando com facilidade de uma oferta a outra, e alavancando rewards e programas de fidelidade.
Dois bons exemplos são a chinesa Alibaba e a brasileira Magazine Luiza. As duas apostaram na criação de complexos ecossistemas, interligando todas as pontas da cadeia varejista para a construção de redes inteligentes de negócios.
Uma característica marcante do Alibaba é que ele não compra nem mantém estoque - e também não tem logística própria. É uma estratégia diferente da Magazine Luiza, por exemplo, que além do estoque e logística de parceiros, também têm suas próprias estruturas.
"O Alibaba é o que se obtém quando todas as funções associadas ao varejo são coordenadas on-line numa rede ampla alimentada por dados de vendedores, anunciantes, prestadores de serviços, empresas de logística e fabricantes", resume o presidente do conselho acadêmico do Grupo Alibaba, Ming Zeng.
Tanto Magazine Luiza como Alibaba têm no efeito de rede um importante gerador de valor. Pois o efeito de rede permite que pessoas ou empresas cooperem on-line para resolver problemas empresariais com muito mais eficácia e eficiência do que qualquer participante conseguiria por meio de uma integração vertical, em um modelo de cadeia linear.
4. Intercooperação
O sexto princípio do cooperativismo nunca esteve tão atual como agora, sendo colocado em prática para acelerar a inovação e, sobretudo, superar os impactos da pandemia de Covid-19. O próprio Sistema OCB inovou ao lançar o CooperaBrasil, uma grande rede nacional na qual é possível encontrar produtos e serviços de cooperativas brasileiras, fomentando a intercooperação.
No Sistema Unimed, a Unimed do Brasil notou uma dispersão e fragmentação de informações voltadas à inovação dentro do Sistema, composto por 345 cooperativas. Por isso, decidiu criar o Unimed Lab, um hub para conectar todas as cooperativas do Sistema e ganhar convergência e escalabilidade de soluções, além de promover a intercooperação entre todas as Unimeds.
E não tem como falar de intercooperação sem lembrar da Unium, resultado da união entre as cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal. A iniciativa de intercooperação possui um modelo inovador que vem otimizando recursos e proporcionando aumento anual de cerca de 20% no faturamento conjunto das três cooperativas nos segmentos de lácteos, suínos e trigo.
A marca Unium, que representa as três cooperativas, completou 3 anos em 2020 e tem faturamento anual de cerca de R$ 7 bilhões. “Esse modelo, que já demonstrava bons resultados, teve sua força evidenciada durante a crise da Covid-19”, comenta Cracios Clinton Consul, gerente de Marketing da Unium.
5. Velocidade organizacional
Uma pesquisa da McKinsey confirma que a velocidade organizacional, eliminando burocracias, é um ingrediente essencial para um desempenho superior em um período de mudanças inéditas. A consultoria aponta três maneiras pelas quais as organizações podem ganhar velocidade para o longo prazo:
- Desenvolver mecanismos para uma tomada de decisões mais rápida;
- Melhorar a comunicação e a colaboração internas;
- Aumentar o uso da tecnologia.
Os resultados da pesquisa indicam que vale a pena fazer um esforço para ganhar velocidade. Pois as organizações rápidas superam as outras por uma larga margem em uma ampla gama de resultados, como lucratividade, resiliência operacional, saúde organizacional e crescimento.
Além disso, por causa da pandemia, a pesquisa aponta que os executivos estão observando uma mudança sísmica no funcionamento das organizações. “Na maioria dos setores, mais da metade dos líderes entrevistados estão cogitando ou planejando mudanças em grande escala por necessidade”, diz a pesquisa.
Um líder do setor de saúde entrevistado pela McKinsey exemplificou: “pudemos implantar uma solução de atendimento virtual em toda a empresa em questão de semanas porque era só o que tínhamos. Essa implementação vinha sendo planejada havia mais de um ano, antes disso”.
Uma pesquisa do Gartner confirma essa tendência mostrando que, em 2021, as organizações precisam estar mais preparadas para lidar com qualquer tipo de disrupção em seus ambientes de negócios. Por isso, a consultoria lista a necessidade das organizações buscarem por negócios inteligentes combináveis, engenharia de Inteligência Artificial e hiperautomação.
6. Experiência digital
Como vimos no tópico anterior, estratégias de digitalização planejadas para meses tiveram que ser aceleradas para semanas durante a pandemia. Atualmente, no cooperativismo, só para citar dois exemplos, a associação digital e as assembleias virtuais são realidades no setor.
Segundo o Gartner, esse movimento de “independência de localização”, consequência do isolamento social, obriga as organizações a se adaptarem para prover uma boa experiência digital. Um exemplo é o Sicoob, que anunciou, recentemente, a marca de cerca de 100 mil cooperados digitais e, por isso, teve que reestruturar a experiência de associação. A cooperativa informa que toda tecnologia e processos de onboarding passaram por uma completa reformulação.
Desde 4 de dezembro, os interessados em se associar ao Sicoob contam com uma experiência completamente reformulada, em que foram utilizados os conceitos mais modernos de experiência do usuário. O Sicoob também modificou exigências de documentos e teve todo processo de backoffice modernizado, a fim de ter aprovações mais rápidas.
“Já oferecemos um serviço de excelência no atendimento físico. Queremos aprimorar cada vez mais os canais digitais para que eles estejam alinhados com esse nosso pilar”, afirma Francisco Reposse Junior, diretor de Comercial e de Canais do Centro Cooperativo Sicoob. "Com a reestruturação e o refinamento no backoffice, esperamos alcançar a marca de 15% de todas as associações realizadas no Sicoob via meio digital, sendo que atualmente estamos em 9%", completa.
A experiência digital do cooperado também passa pelas assembleias virtuais, que este ano obteve a regulamentação para ser permitida de forma permanente. Ou seja, as assembleias virtuais são uma realidade para as cooperativas e não apenas uma solução provisória devido à pandemia. É preciso tirar proveito disso para melhorar a experiência dos cooperados. Para saber mais, baixe o manual “como fazer assembleias digitais”.
7. Pessoas no centro
Por fim, mas não menos importante, vamos falar de outra tendência apontada pelo Gartner: a centralização nas pessoas, o que já é uma característica do cooperativismo.
Segundo a consultoria, a pandemia mudou a forma como as pessoas interagem com as organizações. Agora, elas passaram a estar, de fato, no centro de todos os negócios. Por isso, o Gartner aponta três tendências nesse sentido.
A primeira delas é a “internet dos comportamentos”, que nada mais é do que o uso de dados para mudar comportamentos. Por exemplo: monitorar dados sobre perfil de direção dos veículos para direcionar ações de melhoria da segurança no trânsito. Para o Gartner, as fontes de dados estão mais abundantes que antes, assim como a capacidade de analisar e gerar insights para a gestão também.
A segunda está ligada ao que o Gartner chama de “experiência total”, ou seja, a transformação dos negócios por meio da combinação da experiência do colaborador e experiência do usuário. Foi o que aconteceu diante da pandemia, com as empresas usando tecnologias para reduzir o contato entre cliente e funcionário sem prejudicar a experiência de atendimento.
E a terceira tem relação com a utilização de tecnologias que melhoram a privacidade das pessoas. Cibersegurança virou um tema ainda mais crítico com a pandemia. Para o Gartner, isso significa que a tecnologia deve encontrar caminhos que protejam a privacidade do usuário ao mesmo tempo que utiliza seus dados, atendendo também aos requisitos da LGPD.
Inclusive, para saber mais sobre a LGPD e como se adaptar a ela, acesse o nosso e-book.
8. Valores na comunicação
Desde o início da pandemia, a consultoria McKinsey tem ouvido centenas de pessoas no intuito de rastrear os novos hábitos pessoais e profissionais decorrentes do isolamento. A tendência mais marcante é a reflexão pessoal sobre o que é, de fato, essencial nas vida das pessoas.
Dessa forma, quando falamos em valores, existe uma preferência cada vez mais acentuada por trabalhar e consumir de organizações baseadas em propósito e não somente em lucro. Isso representa uma potencial oportunidade para cooperativas, que são organizações focadas em propósito e contribuem para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão inseridas.
Sempre gostamos de lembrar que os valores do cooperativismo são bem atuais e totalmente conectados com a nova economia. Por isso, a tendência é aproveitar o momento para comunicar melhor sobre o modelo de negócio, para que as pessoas possam escolher conscientemente uma cooperativa. Inclusive, uma facilidade nesse sentido é o uso do carimbo SomosCoop, criado pelo Sistema OCB.
É hora, portanto, de criar engajamento em torno do cooperativismo. O desconhecimento tem sido um empecilho, prova disso é que a cada 10 brasileiros, apenas 4 sabem o que é cooperativismo, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2019, da OCB.
9. Aprendizado constante
A capacidade de aprender, reinventar e se adaptar foi necessária em 2020 e continuará essencial em 2021. São novos processos, tecnologias, padrões e desafios para nos adaptarmos todos os dias. O desenvolvimento de soft skills como resiliência, empatia, liderança, ética e colaboração são pré-requisitos para um trabalho inovador e alinhado com a realidade pós-Covid.
Por isso, leve este termo na sua jornada: lifelong learning. Na tradução livre para o português significa algo como “aprendizado ao longo da vida” ou aprendizado constante. Portanto, pressupõe que nunca é cedo ou tarde demais para aprender algo novo. Sempre haverá tempo para aprender algo novo na vida, seja no lado pessoal ou profissional.
Aliás, é essencial o desenvolvimento profissional. Vai muito além da graduação ou pós-graduação e precisa ser encarado como um processo sem fim, necessário para encarar a complexidade empresarial e as transformações.
Portanto, mais do que nunca, o investimento em novos aprendizados será essencial em 2021. Afinal, é preciso estar aberto para acompanhar as mudanças e não só se adaptar a elas, mas criar oportunidades e inovações.
Quer saber mais? Acesso nosso e-book: Tendências que impactam o Cooperativismo.
Líder do Avance Hub, da Coplacana, explica estratégias para pensar a inovação com foco no cooperado e se relacionar com startups
No dia 24 de novembro de 2020, a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) foi contemplada com o primeiro lugar no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano, na categoria Inovação. Foi o reconhecimento de um trabalho que começou em 2017, quando a cooperativa sediada no Vale do Piracicaba (SP) decidiu colocar o projeto do Avance Hub em seu planejamento estratégico.
A demanda surgiu porque a Coplacana era muito assediada por fornecedores ofertando novos produtos e serviços. Ao mesmo tempo, se via no desafio de acompanhar o boom das tecnologias no campo e saber selecionar as que realmente faziam sentido para seu cooperado.
O projeto surgiu para lidar com essas demandas, garantindo uma visão estruturada da inovação e apoiando a cooperativa na seleção de produtos e serviços inovadores, inclusive testando e validando cada uma deles.
Por isso, o Avance Hub é mais do que um espaço de inovação: é uma unidade de negócio da Coplacana, com missão, visão e valores próprios. O Hub possui uma enxuta equipe própria de duas pessoas, mas conta com o apoio de toda a estrutura da Coplacana.
Quem está à frente do projeto desde sua criação é o superintendente da Coplacana, Klever Coral José. Para ele, o sucesso do Hub se deve à sua estrutura totalmente dedicada à inovação. “Porque aí a gente só pensa nisso e traça metas, planeja e acompanha. E, claro, isso tudo precisa, no final, dar um retorno financeiro para a cooperativa. Tudo no Avance Hub é definido como se fosse uma unidade estratégica dentro da Coplacana”, explica.
Para se ter ideia, nos últimos dois anos, o faturamento da Coplacana com produtos e serviços de agricultura de precisão, que surgiram dentro do Hub, foi de R$ 4 milhões.
Escala para startups, tecnologia para cooperados
Um dos pilares de atuação do Avance Hub é o relacionamento com startups. A cooperativa conseguiu estabelecer uma relação ganha-ganha com o ecossistema, na medida em que ajuda as startups a terem acesso a seus mais de 15 mil cooperados. Para isso, elas passam por mentorias e validação dos produtos e serviços pela Coplacana.
A cooperativa pode, inclusive, dar apoio financeiro às startups. Nos últimos dois anos, o Avance já investiu cerca de R$ 1 milhão em venture capital nas startups. Mas segundo Klever, a modalidade mais simples e que tem funcionado muito bem no Hub é o financiamento dos produtos e serviços da startup pela cooperativa.
“Esse é o modelo mais fácil de ser assertivo. Porque da outra forma, investindo no equity, eu tenho os créditos, mas também os débitos disso”, explica.
Do ponto de vista do cooperado, esse relacionamento também é interessante, visto que dá acesso com segurança às novas tecnologias das startups. Tudo é validado e testado antes de ser oferecido ao cooperado. “Assim, o relacionamento dele fica centralizado na cooperativa e o cooperado não precisa ficar pesquisando empresa a empresa”, explica Klever.
Para saber mais sobre o Avance Hub, acesse o case no Radar da Inovação e assista ao vídeo-resumo.
A seguir, veja a nossa entrevista completa com o superintendente da Coplacana, Klever Coral José.
Qual o motivo para a criação do Avance Hub?
Klever Coral José: A Coplacana, assim como outras cooperativas de grande porte, é muito assediada no mercado por fornecedores com novos produtos e serviços. Além disso, internamente também existia uma demanda das áreas por determinadas tecnologias. E nesse contexto a gente se questionava se realmente precisava daquilo, se determinado produto ou serviço novo fazia sentido para o meu cooperado. Foi então que nós levamos esse tema para o planejamento estratégico da Coplacana e ele foi aceito.
Nós criamos o Avance Hub, com uma estrutura apartada, no Agtech Garage (hub de inovação no agronegócio localizado em Piracicaba-SP). A ideia é sair um pouco da rotina da empresa e fazer bastante networking. O Avance tem uma estrutura totalmente focada, com equipe própria pensando unicamente em inovação, com missão, visão e valores próprios - e também as avenidas em que vamos trabalhar. O sucesso que a gente teve é muito por conta da atenção exclusiva à inovação. Porque aí a gente só pensa nisso e traça metas, planeja e acompanha. E, claro, isso tudo precisa, no final, dar um retorno financeiro para a cooperativa. Tudo no Avance Hub é definido como se fosse uma unidade estratégica dentro da Coplacana.
Como foi a organização inicial para definir as prioridades do Avance Hub?
O grande negócio que a gente faz de forma recorrente é entender a demanda do cooperado. Porque não basta só trazer a inovação para dentro da cooperativa. A gente precisa entender a demanda do cooperado, ver se ele tem estrutura, pessoal capacitado etc., para absorver aquilo. Nós identificamos algumas demandas importantes. A primeira é clima. Depois, gestão e capacitação. Então começamos trabalhando com agricultura de precisão, bioinsumos, gestão e treinamento. Estas são as avenidas principais hoje, mas nada impede que trabalhemos com outros temas.
Depois que identificamos as demandas do cooperado, começamos a fazer as parcerias que ofereciam o que eles precisavam. E muitas vezes quando vamos buscar uma tecnologia que ainda não está pronta no mercado e aí precisamos fazer a inovação cruzada, colocando mais de um fornecedor pra conversar.
Nesse processo a gente também se utiliza do nosso corpo técnico. São mais de 100 técnicos agrônomos na Coplacana. Então temos a capacidade de trazer informações que as startups muitas vezes não têm.
Como é a interação do Avance Hub com as startups?
Nós trabalhamos com inovação aberta e ajuda bastante que a maioria das startups do agro tem alguma atuação aqui no Vale do Piracicaba, onde ficamos. Quando identificamos uma startup com uma tecnologia que atenda ao nosso cooperado e se trata de algo muito novo, geralmente precisamos fazer uma mentoria com a startup. Fazemos isso via Sebrae ou diretamente. Essas startups fazem contato com diversos departamentos da Coplacana, como jurídico, financeiro, comercial etc., porque muitas vezes elas precisam dessa visão do mercado. E elas costumam sair dessas mentorias com uma visão totalmente diferente: mudam produto, serviço e às vezes até o nome da empresa.
Nós temos um lema aqui no Avance que é o seguinte: somos um hub de inovação que coloca as startups no mercado comercial. É isso que buscamos fazer. E quando a startup está pronta, eu consigo dar escala no negócio dela, porque ela vai acessar 15 mil cooperados da Coplacana.
Eu tenho a demanda, o público, e uma tecnologia da startup que já passou por todas as etapas de validação e homologação nossa. É uma jornada bem assertiva. E como nos relacionamos com startups aqui do Vale do Piracicaba, atendemos um pilar social também, que é investir na comunidade, gerando empregos e crescimento onde estamos.
O fato de ser cooperativa facilitou ou dificultou algo nesse relacionamento com as startups?
Acho que a dificuldade para a startup é menor do que no caso de uma empresa convencional, uma grande empresa. Porque numa grande empresa a startup vai ter contato mais com o corpo técnico e pouco com os decisores. E aí quando aquela solução sobe para quem decide, ela pode ser alterada, cancelada ou ter um encaminhamento diferente daquilo definido anteriormente. Em uma cooperativa, o acesso aos diretores e o trabalho com eles é muito mais fácil e acessível.
Vocês investem em startups?
Sim, investimos no equity da empresa ou financiando o produto ou serviço da startup. O objetivo é que ela ofereça um bom produto para o nosso cooperado. Mas muitas vezes eu não preciso ter participação na empresa. O que tem acontecido muito é a Coplacana financiar a produção da startup. Porque muitas vezes a startup vai no banco pedir financiamento e não consegue por questões burocráticas. E a cooperativa tem dinheiro mais barato que o banco para emprestar. Esse é o modelo mais fácil de ser assertivo. Porque da outra forma, investindo no equity, eu tenho os créditos, mas também os débitos disso.
Outro ponto importante do relacionamento com as startups é a questão da sucessão. Será que os jovens vão querer trabalhar no modelo de sempre? Quando vamos trabalhar a inovação na Coplacana, também buscamos identificar os diferentes públicos - o jovem, as mulheres, o tradicional - e contemplá-los.
No âmbito do Avance Hub vocês promovem algum tipo de intercooperação?
Sim, já trabalhamos com a CCAB (Companhia das Cooperativas Agrícolas do Brasil) ofertando alguns produtos dela. E o que acontece também é muito networking com outras cooperativas. Antes da pandemia recebemos muitas visitas presenciais e agora fazemos virtualmente. Essa parte da intercooperação é muito importante.
Quais você considera as principais realizações do Avance Hub desde sua criação?
Levar a tecnologia para junto dos nossos cooperados na área de agricultura de precisão. Porque muitas vezes quando identificamos uma nova tecnologia, ela tem um custo alto. O que fizemos foi facilitar o acesso. Por exemplo, criamos um modelo de locação dos equipamentos que facilitou o acesso.
O cooperado, ao contratar uma nova tecnologia, pode fazer isso por meio de combos, escolhendo apenas o que ele precisa. E tudo isso já validado e homologado pela Coplacana. Tudo isso facilita o acesso.
Que orientações você daria para quem está começando agora um programa de inovação?
O primeiro passo é colocar a inovação no planejamento estratégico. A partir do momento em que isso é colocado, todo mundo vai saber que está sendo criada uma área de inovação, desde a diretoria aos técnicos da cooperativa. Depois: criar um departamento ou unidade estratégica de negócios que tenha um budget, pessoas alocadas, valores e missão. É importante ter pessoas exclusivas para pensar em inovação. E saber que em algum momento você vai errar, precisar pivotar, voltar e fazer de novo. Além disso, é importante participar de eventos e premiações, para ter ideia em que nível você está, se comparar e entender os ajustes necessários. E reconhecimento é bom porque retroalimenta, dá visibilidade. Essa jornada toda foi muito assertiva na Coplacana, por isso o sucesso.