A transformação digital é um termo já conhecido no mundo da gestão. Justamente por ele envolver mudanças é que enfrenta tanta resistência para ser aderido em larga escala. Veja como abraçar este mindset digital.
A natureza do cérebro humano é avessa a alterações de hábitos, o que só reafirma a dificuldade de inserir novos conceitos e práticas em qualquer esfera da vida em sociedade, incluindo aí o ambiente profissional.
Exatamente por isso que, antes mesmo da transformação, é necessário trabalhar o mindset digital para que seja possível trazer os processos da cooperativa para o século certo e, com isso, expandir possibilidades e gerar melhores resultados.
Entenda o que é mindset digital
Podendo ser traduzido para mentalidade ou modelo mental, o mindset é o constante exercício de treinar o raciocínio para que ele seja favorável a situações que nos beneficie. Assim, no contexto de mindset digital, isso significa trabalhar a mente para que ela acolha a ideia de inserir tecnologia na rotina de trabalho. Isso porque mudanças geram desconforto.
Por isso, é preciso trabalhar a mentalidade de forma que ela se torne mais receptiva, a ponto de considerar e aderir o que é proposto ao invés de rechaçar a ideia e ir contra ela de imediato. Essa linha de raciocínio é um exemplo simplificado do que é muito trabalhado no best-seller “Mindset: A Nova Psicologia Do Sucesso”, de Carol Dweck.
Mais que tendência
Um equívoco comum é incorporar a tecnologia como uma tendência. Então, após lerem termos diversos em artigos de negócios, muitos gestores investem na tecnologia de forma isolada, sem entender o papel daquela ferramenta no contexto da operação; ou, ainda, contratam um profissional high tech e terceiriza a ele a “digitalização” da cooperativa quando, na prática, esse colaborador não tem autonomia para articular internamente as mudanças.
Ambos os exemplos são antecessores ao caos, pois, ao resultarem em um óbvio fracasso, eles alimentam o sentimento de todas as pessoas de que tecnologia pode dar certo em outras organizações, mas nessa não. Com o aumento da resistência e tal senso comum viralizado entre os setores, o projeto de transformação digital é abandonado completamente.
Em resumo, para que dê resultado, a liderança precisa estar comprometida com a digitalização — sendo esse o princípio de toda estratégia de sucesso. Somente assim serão feitos todos os esforços necessários para propagar o mindset digital e a transformação que vem junto a ela.
Pandemia, o propulsor do mindset digital
O relatório “As tendências de RH em 2020” feito antes da pandemia pela Great Place to Work, com base de dados referentes a 2018 e 2019 trazia as seguintes informações:
“Criar a mentalidade digital entre a liderança” em terceiro lugar e “Criar a mentalidade digital entre os colaboradores (fora da liderança)” em 11º em resposta à quais os principais desafios relacionados ao tema pessoas.
Com a mudança completa de cenário, o e-commerce brasileiro soma recordes como a abertura de 135 mil lojas online entre março em junho, quando o índice médio anterior era de 10 mil ao mês.
Porém, a transformação digital vai além de abrir uma plataforma online, sendo mais profunda ao abranger as operações internas. Uma vez que a iminência de reinvenção foi a responsável pelas organizações darem abertura à digitalização, citamos abaixo os benefícios gerados por ela e as etapas de aplicação. Com isso esperamos contribuir para a consolidação do mindset digital para as que já deram o primeiro passo e encorajar as demais a iniciar.
Tecnologia para as pessoas
Trabalhar o mindset digital gera diversos ganhos a rotina da cooperativa. Os mais fáceis de serem percebidos serão a produtividade nas atividades, economia de insumos físicos e agilidade no atendimento ao cliente. A ideia é digitalizar processos a fim de facilitar o acesso e o encontro de informações, bem como automatizar tarefas repetitivas.
Muitas vezes esse caminho é mais simples do que se imagina. Ao aderir ferramentas online, como Google Docs e Trello e/ou assinar softwares de gestão e migrar os departamentos para o ambiente digital ou de atendimento com chatbots ou bots para WhatsApp, já é possível perceber uma otimização sistêmica na rotina da cooperativa.
No entanto, para evitar os equívocos já mencionados, é preciso que a liderança envolva os colaboradores nesse processo, pois eles só serão favoráveis se enxergarem os benefícios que terão com a mudança e participarem ativamente das alterações.
Ao conquistar qualidade na utilização do tempo da equipe, o que fazer com que restou livre? Há inúmeras possibilidades, focar em estratégia e no aumento da capacidade de atendimento são apenas as mais óbvias delas. Fortalecer a cultura da cooperativa, criar jornadas alternativas e flexíveis são mais alguns exemplos de como investir no mindset digital pode contribuir com a organização.
E se já está convencido a respeito do aderir a essa estratégia, vale a pena ver como colocá-la em prática.
Mindset digital na prática
Para avaliar a maturidade digital dos negócios, a consultoria mundialmente renomada McKinsey se vale de quatro dimensões que podem servir de norte para os gestores.
A primeira trata da Estratégia. Afinal, a tecnologia é uma aliada para melhorar o trabalho dos colaboradores e a experiência do cliente. Esse sempre é o norte da decisão sobre quais ferramentas utilizar ou no que investir primeiro. Entre o que é avaliado pelo relatório estão:
- consciência da mudança
- aspiração ambiciosa e de longo prazo
- vinculação à estratégia de negócio
- centralidade do cliente
- oportunidades de crescimento
A segunda dimensão é a de Capacidade, pois ao digitalizar os processos há uma infinidade de dados que podem ser explorados para otimizar a conversão em relacionamento, bem como índices que precisam ser monitorados para as avaliações e tomadas de decisão. Entre os tópicos estão:
- marketing e vendas digitais
- jornadas do cliente
- dados e analytics
- modelos e plataforma tecnológica
- foco na geração de valor
A penúltima dimensão é a Organização. O líder precisa estar a par de tudo para que invista e delegue o que necessitar de conhecimento técnico ou, até mesmo, terceirizada. O mindset digital se desdobra na organização como um propulsor de insights para melhorias constantes, como transparecem as características da dimensão:
- estrutura
- colaboração entre negócio e tecnologia
- talentos
- proficiência em analytics e digital
- governança e métricas
Para finalizar, a Cultura. Essa dimensão deixa clara a necessidade de reforçar o entendimento e fazer esforços para a adesão e colaboração contínuas dos colaboradores sobre a tecnologia.
- agilidade
- teste e aprendizado
- experimentação
- colaboração interna
- orientação externa
- mentalidade baseada em dados
Ao propagar o sentimento de aliado entre tecnologia e equipe, forma-se um ciclo virtuoso em que erros são fases de um crescimento posterior, de que obter parceiros fora da cooperativa é acrescentar know-how o que proporciona sustentabilidade a longo prazo à organização.
Assim, o mindset digital é uma forma de auxiliar cada colaborador a ser um profissional mais pró-ativo, construtivo e colaborativo o que fará todo o esforço necessário se converter em resultados.
“A vida não é um esporte para telespectadores”. Em outras palavras, na vida é necessário ter ação, e não somente discurso.
Viver em tempos de grandes mudanças traz oportunidade de reflexões profundas. Para a maioria de nós, os últimos 12 meses foram um período de mudanças contínuas e as perguntas sobre as quais temos refletido são profundas.
Muitos estão pensando: será que nossos resultados são importantes ou até mesmo relevantes neste novo mundo? Será que nossos empregos têm significado? Será que vivemos de uma maneira sustentável ou estamos apenas criando mais e mais problemas?
Essas são perguntas difíceis de responder. No entanto, como sociedade, começamos a entender que nossas vidas “normais” não eram sustentáveis. Elas estavam esgotando nossos recursos mentais, físicos e ambientais. Isso nos leva a outra pergunta: quem é responsável por esse estado de esgotamento? Para a maioria de nós, a resposta é uma mistura de nossas escolhas pessoais e daquelas que foram feitas para nós. E isso é algo preocupante de se pensar. Em algumas áreas de nossa vida, estamos vivendo como espectadores que assistem a seu próprio futuro ser criado por outras pessoas. E, infelizmente, muitas vezes essas pessoas não têm nosso bem-estar como prioridade.
Estamos passando por um período de rápida transição e agir é fundamental. Ser espectador é problemático, pois pode levar a um futuro distópico baseado em desejos que não são nossos. É importante começar a imaginar uma visão desejável do futuro e, em seguida, começar a caminhar ativamente em direção a ela. Sair de uma posição passiva para uma posição ativa é o que faz surgir novas possibilidades, criando razões para sonhar com um mundo melhor e para começar a fazer escolhas diferentes. O primeiro passo para criar um novo futuro é começar a construir novos cenários com base no que o mundo deveria ser.
Sinais fortes vs. sinais fracos
Um dos primeiros passos para construir um novo cenário futuro é descobrir tendências sociais e ambientais que influenciam ou vão influenciar nossos futuros. Essas tendências são chamadas de sinais. Os futuristas usam sinais para analisar como as tendências vão crescer e influenciar a sociedade ao longo do tempo. Existem dois tipos de sinais: fortes e fracos.
Um sinal forte é um grupo de tendências que são fáceis de identificar. Um exemplo de sinal forte é o envelhecimento da população ou a transição para economias baseadas em conhecimento. A maioria das organizações e indivíduos não têm problemas em identificar e desenvolver essas tendências. Somos capazes de ponderar sobre as consequências delas e de nos preparar para elas à medida que nos aproximamos do futuro.
Um sinal fraco, por outro lado, não é tão fácil de identificar. É um pequeno indicador de algo que pode se tornar uma mudança maior. Eles diferem de sinais fortes porque não é tão fácil imaginar as consequências de seu desenvolvimento. Sinais fracos são usados para identificar tendências que um dia podem influenciar o futuro de uma maneira profunda. Para descobrir sinais fracos, é preciso observar as “margens” dos principais movimentos e sociedades. É ali onde coisas não ordinárias emergem. No futuro, elas podem se transformar em sinais fortes que podem ter consequências positivas ou negativas.
Um exemplo de sinal fraco é um novo canal de mídia social que está crescendo em popularidade, uma nova maneira de ensinar em uma instituição acadêmica ou uma startup que encontrou uma nova solução para um problema antigo. Ou podem até ser usuários apaixonados por certos produtos e serviços que criam uma cultura própria.
Prestar atenção a essas microtendências é importante, porque algumas delas podem se tornar grandes no futuro. E como seu impacto ainda é pequeno, é possível criar diferentes futuros alternativos com base em seus possíveis impactos. Quanto mais versões de futuros são criadas, mais fácil é encontrar a versão mais desejável de futuro. Ser capaz de imaginar diferentes possibilidades requer criatividade. A melhor versão do futuro pode ser uma que foi difícil de imaginar.
Descobrindo sinais fracos
Prestar atenção a sinais fracos é uma das partes mais importantes quando se trata de especular sobre o futuro. E embora eles sejam essenciais, é importante não estreitar o foco. Isso pode fragmentar nosso pensamento.
Ao tentar descobrir sinais fracos, é importante manter a mente aberta. Tente olhar para onde poucas pessoas estão olhando. Observe espaços que são relativamente desconhecidos. Basicamente, trata-se de ir além dos limites e de mergulhar mais profundamente em fatos não óbvios.
A futurista Amy Webb identificou 11 fontes de disrupção ou de macro-mudanças que as organizações devem observar ao especularem sobre o futuro. Webb desenvolveu um processo chamado de Teoria das Forças Futuras. Ela criou uma estrutura que se baseia nos sinais fracos como fontes de ruptura.
Webb explica que “as organizações devem prestar atenção a todas as 11, uma vez que elas rastreiam tendências. Os líderes devem ligar os pontos no contexto de suas indústrias e organizações e colocar equipes para agir”.
Fonte: https://amywebb.io/futures-tools
Depois de coletar informações e sinais relacionados a elas, use o poder da especulação para fazer conexões com algumas das fontes para começar a desenvolver diferentes cenários. É o pontapé inicial para especular sobre o futuro. Para começar esse exercício, baixe a ferramenta de Webb.
Construindo uma visão do futuro para as organizações
É importante entender que uma visão do futuro, mesmo que seja desejável para uma organização, é apenas uma de muitas possibilidades. Permita que a visão e o caminho a seguir evoluam ao longo do tempo. Uma boa maneira de pensar em uma visão de futuro desejável é como se ela fosse a luz de um farol distante. Não é clara o suficiente para que você veja os detalhes, mas mostra uma direção para a qual você pode rumar. Uma vez que o caminho esteja estabelecido, é possível criar experimentos com os quais se pode aprender rapidamente. Isso ajuda você a se manter na direção certa e a desviar quando necessário. Construir um futuro desejável é como liderar um projeto de inovação. A inovação não ocorre em linha reta; ela evolui por meio de ciclos de experimentação e aprendizagem. É necessário ter uma mentalidade aberta para avaliar o que surge de cada etapa da jornada.
A Echos foi contratada por uma agência governamental australiana que gerencia saúde, segurança e lesões em locais de trabalho. Eles reconheciam a importância de criar uma visão de futuro para 2049, estavam conscientes dos sinais fracos que poderiam criar um caminho para um futuro indesejável e precisavam agir rapidamente para criar uma visão do que era possível e trabalhar para chegar a esse novo futuro.
Um novo futuro foi definido para que eles passassem de uma organização voltada para a recuperação de lesões em local de trabalho a uma organização que previne a ocorrência dessas lesões e promove o bem-estar. O novo cenário pensado para 2049 criou uma visão em que as lesões no trabalho serão reduzidas pela disseminação da Inteligência Artificial (IA) e pelas tecnologias de automação, com máquinas realizando tarefas fisicamente e mentalmente inseguras. Além disso, as doenças serão reduzidas devido ao desenvolvimento de tecnologias de saúde e trabalho. Plataformas de saúde digitais como as da Google e da Amazon poderão definir um parâmetro mais alto para o bem-estar. No futuro desejável que essa organização traçou para 2049, haverá uma mudança, deixando de focar na recuperação para focar no bem-estar, pois as novas tecnologias resolverão os principais problemas que enfrentamos hoje.
Essa visão está agora moldando as decisões tomadas em todos os níveis da organização. As inovações e mudanças nos processos continuarão a orientá-los em direção ao cenário criado para 2049.
Em outro projeto, foi feita uma parceria com o governo brasileiro para redesenhar o modelo de remuneração do sistema de saúde. Lidar com várias partes interessadas com diferentes agendas em uma escala tão grande nos ensinou que definir um propósito compartilhado pelas diferentes partes interessadas é fundamental para alcançar um futuro desejável. Isso trouxe a visão do futuro para a realidade, pois cada pessoa pôde entender como esse novo futuro beneficiará sua vida.
O que o futuro reserva
Não existem certezas sobre o futuro, apenas especulação. A importância de planejar e criar possibilidades nunca foi tão importante. À medida que nos esforçamos para redesenhar os sistemas e descobrir melhores maneiras de viver no novo normal, precisaremos criar uma visão de onde queremos estar.
Prestar atenção aos sinais fracos é apenas parte do processo de criar futuros desejáveis. Para saber mais sobre tendências, veja nosso e-book sobre o tema.
Entenda a novidade e o status da transformação digital no sistema financeiro e nas cooperativas de crédito
Dentre as infinitas possibilidades para definir o que é inovação, podemos dizer que é, também, a capacidade de encontrar meios para otimizar processos mesmo em ambientes desfavoráveis. Dois exemplos podem ajudar a entender essa afirmação.
Primeiro, vamos pensar no setor de aviação. Poucas áreas de negócio têm tanta regulamentação e, consequentemente, restrições para atuar, certo? É comum ouvir dizer que a cada acidente aéreo a aviação fica mais segura justamente porque as investigações dão origem a mais e mais regras. Ainda assim, há muita inovação tecnológica e de processos no meio aeronáutico. Inclusive com testes para aviação comercial com pilotagem autônoma.
O outro exemplo vem de outro setor extremamente regulado, o financeiro. Grandes crises internacionais que colocaram o planeta em décadas de recessão tiveram origem em brechas nas regras do setor bancário. Portanto, é natural que o catálogo de regras desse setor seja bastante extenso.
Novamente, isso não é motivo para impedir a inovação de acontecer. Tanto é que, apenas no Brasil, há pelo menos cinco fintechs - startups financeiras - em vias de se tornarem unicórnios - quando o valor de mercado passa de US$ 1 bilhão. Isso além de Nubank e Ebanx, que já ultrapassaram essa marca. Como sabemos, startups são baseadas em inovação. Logo, o sucesso desses negócios mostra que há oportunidades - e apetite - no mercado para quem ousa inovar no meio bancário.
Dado todo esse contexto, imagine, agora, que o principal agente regulatório do setor financeiro criasse um ambiente favorável à inovação. Ou seja, com mais autonomia, empoderamento, clareza e segurança aos clientes para experimentar novos produtos e serviços, eliminando o receio de perder todo um histórico de bom relacionamento com a instituição financeira.
Tal possibilidade foi batizada de Open Banking, cujas regras no Brasil são ditadas pelo Banco Central, e que já tem provocado mudanças profundas na forma como as instituições mais tradicionais têm se portado. Agora, vamos entender o que é Open Banking e como influencia na inovação no setor.
O que é open banking?
Lançado no Brasil no dia 1º de fevereiro de 2021, o Open Banking pode ser resumido como um conjunto de regras que permite às empresas do setor financeiro compartilhar dados de clientes entre si.O Banco Central determina que instituições enquadradas nas categorias S1 e S2 são obrigadas a aderir ao open banking.
O S1 é composto por instituições com porte igual ou superior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) ou que exerçam atividade internacional relevante, independentemente do porte. No S2 entram instituições com porte inferior a 10%, mas superior a 1% do PIB. Para as demais empresas, a adesão é facultativa.
Em todos os casos, o compartilhamento de informações se dá sempre mediante autorização do cliente, que ganha mais controle sobre a forma como suas informações financeiras são usadas.
No centro da proposta do Banco Central está, justamente, modernizar a regulamentação do mercado financeiro e, assim, aumentar a competição entre as instituições bancárias brasileiras. Com a novidade entram definitivamente no jogo, além dos próprios bancos tradicionais, as fintechs e outras instituições, como é o caso das cooperativas de crédito.
O que se espera, no fim das contas, é que o estímulo à concorrência leve à elaboração de novos produtos e serviços, com consequente redução de tarifas e taxas, inclusive de juros. Há uma grande expectativa do setor bancário em torno das possibilidades decorrentes do Open Banking, conforme afirma o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney. “O open banking incentivará a inovação e tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes com novos produtos e serviços, acelerando a transformação digital do mercado financeiro”.
Uma das consequências do compartilhamento de dados é a possibilidade de personalizar ou customizar os serviços financeiros a nível individual. Isso porque, com dados dos clientes disponíveis aos participantes do ecossistema, as instituições conseguem desenvolver e ofertar serviços ajustados às necessidades de cada cliente e ao momento de vida pelo qual estão passando. Ou seja, a oferta de valor é muito mais relevante e é tida como um dos grandes trunfos do open banking.
Cesar Gioda Bochi, diretor executivo de Administração do Sicredi e conselheiro indicado pela OCB para compor o Conselho Deliberativo do Open Banking, acredita na visibilidade que o open banking pode proporcionar às cooperativas. “O Open Banking trará novas oportunidades para que as pessoas conheçam os benefícios que as cooperativas de crédito oferecem, pois a perspectiva é de um ambiente com mais informação, transparência e liberdade para escolha. Dessa forma, podemos fortalecer ainda mais o cooperativismo de crédito no Brasil, gerando mais inclusão financeira e contribuindo com o desenvolvimento econômico e social das comunidades”.
Além de permitir a portabilidade dos dados com facilidade, a nova regulamentação permite ao consumidor conectar suas contas bancárias a aplicativos agregadores, por exemplo. Ou seja, com funcionalidades que permitam analisar toda sua vida financeira em uma só tela. Se por um lado aumenta a facilidade para os clientes, por outro a agregação de dados permite às instituições ofertar investimentos e outros produtos que sejam aderentes ao perfil do cliente.
Implementação em fases
A implementação dos protocolos está prevista para ocorrer em quatro fases, conforme a tabela a seguir.
A importância das parcerias para a inovação no setor financeiro
Como pudemos ver, uma das palavras-chave do Open Banking é o compartilhamento de informações, com atuação intensa de aplicativos e soluções que extrapolam os limites dos bancos tradicionais. A novidade proporciona, portanto, a criação de um verdadeiro ecossistema financeiro, com integração de funcionalidades diversas que não dependem em nada da instituição em que o cliente tem conta.
Se por um lado a abertura pode soar como uma ameaça à hegemonia dos bancos tradicionais, incluindo grandes cooperativas de crédito, como Sicredi e Sicoob, por outro pode ajudá-los a se consolidarem como hubs de soluções tecnológicas. Afinal, com a possibilidade de compartilhar informações com terceiros, as instituições não ficam mais restritas à sua própria capacidade de desenvolver tecnologia internamente. Pelo contrário, podem se associar a fintechs que enderecem dores cuja falta de solução poderia fazer os clientes começarem a procurar alternativas no mercado.
Ao integrar soluções de fintechs, as grandes instituições atendem completamente a jornada financeira do cliente ao mesmo tempo em que proporcionam segurança a esse cliente, que não se vê obrigado nem a ficar refém de uma empresa que não atende todas suas necessidades nem a procurar uma solução de uma empresa pequena, que não passa a solidez que ele precisa.
Essa é a mentalidade por trás da atuação das cooperativas de crédito citadas acima. Com 9,4 milhões de cooperados e cerca de 500 cooperativas associadas em todo o País, Sicoob e Sicredi voltaram esforços para a construção de um ecossistema de inovação em torno de suas operações. Por meio do Sicredi Conecta a cooperativa estimula a geração de negócios online entre seus associados. Já o programa Inovar Juntos tem como objetivo estabelecer parcerias com startups que possam gerar soluções inovadoras.
A importância das parcerias para a construção de um ecossistema de inovação é tanta que mesmo bancos tradicionais investem em hub dedicados a identificar e incubar oportunidades de mercado. É o caso do Cubo, do Itaú, do InovaBRA, do Bradesco, do Original Hub, do Banco Original, por exemplo.
Neste último caso, a iniciativa resultou na parceria com o PicPay, empresa de meio de pagamentos do qual o Original se tornou controlador. Para os próximos três anos, o Original espera que a vertente de integrações represente 30% das receitas do banco.
Transformação digital no sistema financeiro
De acordo com a Deloitte, 84% das pessoas utiliza serviços bancários e 72% faz uso de aplicativos móveis para acessar suas operações. A pesquisa que identificou esse comportamento - Acelerando a Transformação Digital no setor bancário - também verificou uma relação entre oferecimento de conveniência e engajamento com a marca. Em outras palavras, a pesquisa conclui que há uma correlação positiva entre uso de meios digitais para transações financeiras e engajamento emocional com as marcas bancárias.
Dados divulgados pela Febraban indicam que aproximadamente 80% dos consumidores de vários setores, inclusive o financeiro, valorizam a experiência proporcionada tanto quando os produtos e serviços oferecidos. Além disso, 56% afirmam procurar comprar de companhias inovadoras.
O efeito prático da presença digital é a percepção de que as instituições bancárias tornam a vida financeira mais conveniente e prática, com maior oferta de valor, transparência, entendimento das necessidades dos clientes e melhoria contínua da experiência.
Transparência, aliás, é um dos apelos para conquistar clientes do Nubank, que oferece serviços gratuitos e praticidade de uso, motivos que ajudam a explicar o crescimento exponencial da fintech, avaliada em US$ 25 bilhões e com uma base de clientes com mais de 26 milhões de clientes.
Experiência real no meio digital
O engajamento almejado por meio da virtualização do atendimento passa pela melhora da experiência, como dissemos. Na prática, isso significa uma vivência digital em que o cliente encontre, de acordo com a pesquisa da Deloitte, segurança às transações, resolução de problemas em tempo real e amplo leque de serviços realizados virtualmente.
Num contexto como esse, em que 60% das transações são realizadas por meio de celular ou computador, a inteligência artificial e a machine learning têm um papel fundamental. Afinal, a ampliação do acesso passa pela humanização do contato, com intensivo uso de chatbots e assistentes virtuais. Isso é o que leva os bancos brasileiros a investir R$ 20 bilhões por ano em tecnologia, de acordo com a Febraban.
Os massivos investimentos se justificam não somente pela melhoria da experiência do cliente, mas porque trazem redução de custos para as instituições. De acordo com a Febraban, a tecnologia contribui com a otimização dos serviços em backoffice, na área jurídica, de recursos humanos e cadastramento de contas.
No caso do Santander, por exemplo, os investimentos nessas duas tecnologias visam a melhorias nas estratégias antifraude, relacionamento com o cliente (CRM) e desenvolvimento de modelos de crédito.
Possivelmente, um dos cases mais emblemáticos de uso da IA (inteligência artificial) é o do Bradesco, cuja solução se chama, não por acaso, BIA, sigla para Bradesco Inteligência Artificial. Baseada na tecnologia da plataforma IBM Watson, a solução nasceu em 2016 com a finalidade de responder a dúvidas de funcionários. Passou a atender aos clientes em 2017, proporcionando uma redução expressiva de tempo de resposta, de minutos para segundos.
Com 168 milhões de interações já realizadas, a BIA já atendeu a 12 milhões de clientes, sendo 1,4 milhões pelo WhatsApp. O sucesso foi tanto que o Bradesco está desenvolvendo uma plataforma de IA própria, para rodar em paralelo à solução da IBM.
O Santander, por sua vez, registrou redução de até 80% no tempo consumido com tarefas que agora são realizadas por tecnologia de IA. É o caso, por exemplo, de atividades de backoffice, reconhecimento de imagens para abertura de contas, financiamentos e modelos de crédito.
No caso do Banco do Brasil, a IA foi responsável por reduzir em 75% as chamadas na central de help desk, além da redução de 11% na quantidade de positivos falsos de alertas.
Dentre os usos mais comuns da IA por bancos estão:
Inovação e digitalização no cooperativismo de crédito
O cooperativismo de crédito não fica atrás das inovações que têm movimentado o setor financeiro. O tema Inovação, aliás, foi um dos pilares do 14º Congresso Brasileiro de Cooperativismo, em 2019. Na ocasião, o Sistema OCB reforçou a importância de as cooperativas voltarem os seus olhos e esforços para redesenhar processos e buscar novas soluções e tecnologias capazes de transformar digitalmente seus processos.
De lá para cá, a importância que o cooperativismo dá para a inovação só cresceu. O ramo de crédito, por exemplo, já realizou seu 1º Encontro Técnico do Open Banking com as Cooperativas de Crédito.
Essa atenção se reflete na prática, no dia a dia das cooperativas de crédito. O Sicoob, conforme falamos anteriormente, tem buscado melhorar a experiência dos usuários que têm preferência pelo atendimento digital. Foi o que levou a cooperativa a, por exemplo, desenvolver um processo de filiação totalmente digital, por meio do App Sicoob.
As inovações incluem um sistema de reconhecimento facial que evita o deslocamento dos cooperados até as agências para liberação do aplicativo, de tokens e senhas e a evolução do sistema para viabilizar pagamentos por aproximação nas funções débito e crédito.
O Sicoob Empresas RJ, por sua vez, criou o programa Plataforma.Space, que conecta startups à cooperativa, gerando conhecimento, relacionamento e melhoria de processos internos. O mote para a criação do programa foi a intenção de trazer o ecossistema de inovação para dentro da realidade da cooperativa. Como resultado, pelo menos 10 startups foram contratadas pela cooperativa para proporcionar melhoria em produtos e serviços, além de processos internos.
A transformação digital do Sicredi conta com o apoio do Sicredi Conecta, uma plataforma que cria um marketplace para pequenos empreendedores. É uma verdadeira frente de intercooperação, conectando associados por meio de uma vitrine virtual de produtos e serviços. Com mais de 20 mil associados cadastrados, a plataforma conta com mais de 10 mil anúncios publicados.
Outro apoio à transformação digital vem do programa de relacionamento com startups Inovar Juntos, que já apresentou como resultados a captação de mais de R$ 100 milhões em investimentos por parte dos associados e economia de R$ 1 milhão por ano com gestão de despesas de viagens corporativas. Graças a iniciativas como essa o Sicredi ficou entre as 100 organizações mais inovadoras do Brasil, de acordo com o ranking 100 Open Startups, de 2020.
No Sistema Ailos, a iniciativa Ailos Aproxima também apresenta a proposta de atuar como um marketplace para empreendedores. Criada no início da pandemia, no começo de 2020, a plataforma já tinha mais de 4,5 mil pessoas e 2,3 mil produtos cadastrados no primeiro mês de funcionamento.
Anterior a todas essas iniciativas, a Agência Mais, da Unicred União, é tida como a primeira agência digital do cooperativismo. Sua proposta é dar suporte digital aos 19,5 mil associados da Unicred União que não queriam ou não podiam ir às agências físicas.
Além de obter um índice de satisfação de 94%, a Agência Mais proporcionou o fechamento de agências físicas, com diminuição de custos. Não à toa, como podemos ver, esse case ficou em 2º lugar no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano, em 2020, na categoria Inovação.
Conclusão
A revolução no setor bancário já está em curso e será ainda mais acelerada conforme avançam as fases de implantação do Open Banking. As instituições tradicionais que não procurarem maneiras de se reinventar, inclusive incorporando soluções e funcionalidades externas, desenvolvidas por startups, correm sérios riscos de perder participação no mercado. E isso vale para organizações de todos os tipos, inclusive cooperativas.
Atentas a isso, as instituições financeiras têm investido muito em inovação como forma de transformar a experiência do consumidor, levando conveniência, transparência e segurança. O Open Banking, para as organizações que estão preparadas para as mudanças, é um advento positivo, que amplia o leque de possibilidades e pode aumentar sua competitividade.
Ao que tudo indica, as cooperativas de crédito estão antenadas e participando ativamente das mudanças, abrindo caminhos para um crescimento sem precedentes para este ramo do cooperativismo. Sem dúvidas, os próximos meses e anos vão trazer uma nova organização para todo o setor e, se tudo der certo, com as cooperativas como protagonistas.
Não existe dúvida entre as cooperativas: inovar é o caminho do futuro! E são elas mesmas que disseram isso, na pesquisa Inovação no Cooperativismo Brasileiro, realizada pelo Sistema OCB.
Um dos dados mais emblemáticos da pesquisa é que 84% delas afirmam que inovação é essencial para o desenvolvimento do setor. O dado, além de mostrar que as coops já têm feito o dever de casa, evidencia que existe uma ótima receptividade para o tema, pois em nenhum momento a importância ou a pertinência da inovação foram questionadas ou taxadas como irrelevantes.
Quer conhecer outros números interessantes dessa pesquisa? A gente te conta agora!
Por quê?
O objetivo da pesquisa era conhecer melhor o cenário de inovação no cooperativismo, fazendo os seguintes recortes:
- planejamento e iniciativas de inovação nas cooperativas
- projetos de inovação realizados pelas cooperativas e seus resultados
- desafios e oportunidades para inovação nas cooperativas
- planejamento para o futuro na temática inovação
- expectativas frente ao papel do Sistema OCB no fomento à inovação
Fizemos a pesquisa, para balizar nossas estratégias de fomento à inovação no cooperativismo. Para entender quais são os desafios para direcionarmos nosso trabalho. E para, num futuro próximo, comparamos os dados para entendermos os impactos de nossas iniciativas e, se preciso, revisarmos algumas estratégias.
Como?
A CHECON, empresa especializada e com experiência em atuação no cooperativismo, foi contratada pelo Sistema OCB para conduzir esta pesquisa. Foram realizadas 14 entrevistas em profundidade, com lideranças dos sete ramos do cooperativismo, em julho de 2020. Essa etapa qualitativa foi fundamental para elaboração da segunda etapa da pesquisa, que teve início em novembro de 2020. O questionário foi respondido pelas coops via web, entre os dias 16/11/20 e 1º/2/21.
Foram realizadas 474 entrevistas quantitativas com cooperativas de todos os ramos, tamanhos e segmentos. Vale destacar que, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro, há pouco mais de 5,3 mil cooperativas registradas na OCB. Ou seja, o total de entrevistas realizadas chega a quase 10% - o que, para os especialistas, representa uma amostra bem satisfatória.
Com relação ao percentual de respostas, considerando as regiões, a Sudeste e a Sul foram as que mais tiveram participação na pesquisa, com 33% e 24% respectivamente. Já no recorte dos ramos, temos o Crédito e Agro como aqueles que tiveram mais cooperativas participando. Os percentuais são: 30% e 22% respectivamente.
Contexto em destaque
Segundo as respostas, 84% das cooperativas consideram a inovação muito importante. Porém, ao avaliarem o grau de inovação as coops acreditam que podem melhorar nesse quesito, pois, a média da nota que se deram na autoavaliação foi de 6,1 mostrando que existe espaço para melhorias.
Aliás, vale comentar que o Brasil é uma terra oportunidades e desafios quando o assunto envolve inovação. Segundo o Índice Global de Inovação, mais conhecido como IGI, o Brasil ocupou a 62ª posição no ranking mundial em 2020. Diante disso, é possível concluir que o trabalho para melhorar a inovação é uma demanda de todos os tipos de negócios verde-e-amarelos.
A pandemia acelerou a inovação em diversos setores da economia e não foi diferente no cooperativismo. 47% das cooperativas relataram que tiveram projetos acelerados devido ao novo cenário e 22% das coops disseram que começaram a inovar devido ao novo contexto.
Inovações das coops
Merece destaque que, 2 em cada 3 cooperativas relataram que já inovavam antes do Covid-19. E podemos ver uma considerável diversidade de setores onde essas cooperativas realizaram suas inovações. Na média, cada cooperativa implementou inovações em 3,9 setores diferentes.
E as áreas onde as coops mais inovaram foram:
- Atendimento ao cliente: 64%
- Marketing e comunicação externa: 60%
- Tecnologia: 53%
- Comercial (vendas, exportação): 45%
Os impactos com o lançamento e a implementação de inovações são bem diversificados:
Segundo elas, o tempo para que os resultados do processo de inovação sejam percebidos surpreende por ser reduzido. Em praticamente 9 de cada 10 dessas cooperativas (88%), o tempo médio de retorno da inovação é inferior a 12 meses.
Planejamento para inovação
A pesquisa de inovação no cooperativismo também constatou que, pra as coops, os setores prioritários para ações inovadoras nos próximos meses indicam forte concentração em marketing e comunicação externa (50%), em atendimento aos clientes (49%) e em tecnologia (43%).
Quer saber quais são as prioridades para as coops do seu ramo? Veja na imagem abaixo que os setores prioritários variam de acordo com o ramo da cooperativa.
Os maiores especialistas sempre afirmam que inovar não exige, necessariamente, um investimento muito alto, entretanto, separar uma fatia do orçamento para as ações inovadoras faz toda a diferença para o futuro do negócio. Como disse o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, “Mais do que estar na agenda das coops, a inovação precisa estar no orçamento! Sem dinheiro não se faz nada!”.
E esse poder está na mão dos líderes das cooperativas. É o que mostra a pesquisa, pois 77% dos respondentes disseram que as decisões estratégicas de inovação estão a cargo da presidência ou diretoria da coop.
Está claro que inovar é um dos melhores caminhos para se manter relevante, tanto que, as ações inovadoras já estão presentes em 84% dos planejamentos estratégicos elaborados pelas cooperativas.
O que estamos fazendo
A pesquisa realizada pelo Sistema OCB mostrou que as cooperativas reconhecem a importância da inovação para competitividade de seus negócios. E também reforça uma das diretrizes eleitas por mais de 1,6 mil lideranças no 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo, ocorrido em maio de 2019: promover e estimular a cultura da inovação entre as cooperativas.
Desde então, o Sistema OCB tem trabalhado para que essa diretriz saísse do papel e transformasse a rotina das coops brasileiras. Tanto que, em 2020, lançou este site, onde é possível encontrar cases, cursos, ferramentas, livros digitais, além de matérias, entrevistas e diversos outros subsídios para inovação.
Recentemente, lançou, também as primeiras turmas do Programa de Formação de Agentes de Inovação, com representantes de cooperativas e de unidades do Sistema OCB que terão o papel de estimular a cultura e prática inovadoras dentro do ecossistema cooperativista.
Além disso, está preparando o lançamento do programa Conexão com Startups e Semana Coop de Inovação, ambos previstos para ocorrerem ainda em 2021.
“Nós temos visto ao longo da história humana que fora da inovação não há solução durável. E, nas cooperativas, essa busca constante pelo aperfeiçoamento de seus processos, produtos e serviços é algo que faz parte do DNA delas. É isso que assegura que as nossas coops ampliem sua competitividade no mercado. Inovar é a resposta”, conclui Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB.
Saiba mais
Que tal conhecer os principais números dessa pesquisa? Clique aqui e baixe o infográfico.
Veja aqui a live onde os principais resultados foram apresentados:
Tecnologias e a maior capacidade de processamento de dados tendem a tornar fretes e viagens cada vez mais econômicas e eficientes
Assim como ocorre com grande parte dos setores econômicos, a logística tem passado por profundas transformações no sentido de tornar suas atividades cada vez mais digitalizadas. E é por meio da incorporação de tecnologia que o setor pretende reduzir custos e aumentar a segurança em suas operações.
Dessa maneira, o ramo de transporte tem muito a ganhar com a disseminação de inovações, tecnologias e conceitos de gestão que otimizam processos e aproximam clientes e pessoas. Afinal, este ramo do cooperativismo acaba por seguir as mesmas tendências que têm se aplicado para o setor de logística como um todo.
Logo, a expectativa é de que cada vez mais tecnologia e capacidade de processamento de dados sejam aplicadas às cooperativas deste ramo, tornando fretes e viagens mais econômicas e eficientes.
A seguir, vamos dar uma olhada nas sete principais tendências para o cooperativismo de transporte se tornar cada vez mais competitivo.
1. Big data, analytics, blockchain e tecnologias verdes
É sabido que os principais custos no transporte de cargas estão relacionados a consumo de combustível, mão de obra, manutenção dos veículos e desgaste dos pneus. Para chegar a uma equação correta e a uma solução adequada para aumentar a rentabilidade, estes custos não podem ser avaliados isoladamente. Afinal, um desgaste acentuado dos pneus, assim como hábitos ruins de condução certamente acarretam maior consumo de combustível.
Nesse contexto, big data e analytics são aliados do setor ao identificar tendências e padrões de comportamento. Na prática, big data, analytics e machine learning, associados, permitem fazer análise preditiva, levando à identificação precoce de quebras em caminhões com determinado comportamento.
A análise de dados globais de viagem – e não isolados – dá ao gestor das cooperativas a chance de buscar reduções de custo e melhorar resultados de entregas aos clientes, com melhor atendimento a prazos e menos riscos. Dentre as possibilidades está a adoção de tecnologias verdes para a frota, como veículos híbridos, que ainda não estão devidamente difundidos, mas que apresentam consumo de combustível reduzido.
Então, de forma geral, o processamento de dados proporciona à logística:
Já o blockchain proporciona uma camada a mais de segurança a toda a operação logística ao tornar as transações muito mais transparentes. Por meio do blockchain todas as empresas e cooperativas envolvidas conseguem acessar uma mesma rede e, assim, verificar as informações diretamente na fonte.
Com isso, além de não depender de um único sistema monolítico, sujeito a falhas, contratante e contratado ficam imunes a possíveis fraudes, já que a rastreabilidade passa a ser compartilhada em tempo real.
2. Robotização
A robotização associada a outras tecnologias tem potencial para proporcionar até 40% de economia em centros logísticos. Esse dado é do BCG (Boston Consulting Group), que realizou um estudo sobre como a robótica altera a produtividade industrial. Dessa maneira, não é surpresa a expectativa de que, em 2021, o setor logístico faça investimentos de US$ 22,4 bilhões em robôs.
O crescimento na quantidade de autômatos em armazéns logísticos visa à melhoria e otimização do trabalho humano, com redução das tarefas repetitivas ou que exigem esforço elevado ou colocam as pessoas em risco. Em paralelo, há também um ganho de eficiência derivado da automação logística, melhorando prazos de entrega e reduzindo custos operacionais.
De acordo com a pesquisa Advanced Robotics in the Factory of the Future, do BCG, a robótica avançada é a aposta de 52% dos executivos e gerentes de operações consultados para a melhora da produtividade em logística até 2025.
É importante notar que há dois tipos principais de automação para armazéns logísticos. Uma delas se dá via adoção de robôs industriais, que são máquinas programadas para executar processos industriais de modo preciso. No caso da logística, essa frente é formada por transelevadores ou transportadores automáticos.
A outra frente é a dos chamados cobots. Ou seja, robôs colaborativos. Estes são concebidos para auxiliar os humanos na realização de tarefas, sendo mais versáteis, já que são programados pelo trabalhador. É o caso, por exemplo, de braços mecânicos para movimentação de cargas ou de máquinas para embalar.
3. Entregas autônomas
A automação não fica restrita aos armazéns. Embora ainda em fase embrionária, o uso de veículos de carga autônomos já é uma realidade e essa modalidade deve crescer cada vez mais no mundo. A Scania, inclusive, já tem feito testes no Brasil para uso de caminhões autônomos em minas de extração de minério em Minas Gerais.
Outra frente que ganha importância é a de e-CAVs, como são chamados os carros elétricos, autônomos e conectados. Seu crescimento tem sido determinado pela queda no custo das baterias, bem como da manutenção e operação. Esse tipo de veículo funciona como computadores sobre rodas, gerando e processando dados que melhoram continuamente seu desempenho e o processo como um todo.
Em estágio um pouco mais avançado está o uso de drones para entregas de pequeno porte por parte de empresas como Amazon e Google. Este modal tem capacidade de transportar mercadorias em até 30 minutos nas grandes cidades. Embora promissor, essa possibilidade ainda carece de regras por órgãos reguladores.
De maneira geral, o que se espera é que o uso de veículos autônomos melhore a segurança das pessoas. Relatório da McKinsey afirma que esse tipo de veículo pode reduzir em até 90% a incidência de acidentes. Entretanto, ainda há questões éticas em aberto e que afetam diretamente a lógica de tomada de decisão desses equipamentos no caso de situações de risco. São discussões que devem determinar o futuro do desenvolvimento dessa tecnologia na sociedade.
4. Logística em tempo real
A logística real time (em tempo real) é considerada um complemento indispensável à chamada logística 4.0. Afinal, uma das premissas do conceito 4.0 é a informação em tempo real para toda a cadeia, com visão integrada de suprimentos, centros de distribuição inteligentes e estoque enxuto.
Assim, o acompanhamento da movimentação de cargas em tempo real é beneficiado pelo uso de tecnologias, como a IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas, em português). Na prática, os itens a serem transportados – ou os próprios veículos – se conectam à internet para comunicar de maneira ativa a sua localização e status durante todo o translado.
É devido ao potencial desta tecnologia na transformação digital da cadeia logística que são esperados investimentos de US$ 10 bilhões em IoT na logística até 2022.
Nesse contexto, é importante entender e atender o conceito de “last mile”. Ou seja, à complexidade da última etapa da entrega da mercadoria ao consumidor final. Isso porque, com o fortalecimento do e-commerce, a relação das empresas com os consumidores passa a depender também do processo logístico. E muitas vezes os problemas acontecem justamente nessa última etapa do transporte.
E é nessa etapa em que o consumidor tem mais contato com o processo logístico, já que as ferramentas de e-commerce geralmente proporcionam a possibilidade de acompanhar o deslocamento das mercadorias até a entrega. Atrasos e problemas nesse momento geram frustração nos consumidores e são decisivos para compras futuras.
É na last mile que se concentram alguns dos maiores desafios do e-commerce e que as empresas de logísticas têm a oportunidade de endereçar:
- Custos elevados: até 28% do custo de um produto é o frete, em alguns casos. A falta de planejamento adequado nessa etapa pode comprometer a viabilidade de uma transação comercial
- Rastreamento pelo cliente: o acompanhamento em tempo real é uma demanda por parte dos consumidores, sendo decisivo para sua satisfação com relação à qualidade do serviço prestado
- Comunicação com o cliente: especialmente no caso do e-commerce, a única interação real com os clientes se dá por meio da entrega. Então a postura do entregador e a qualidade das informações trocadas com o cliente são valiosas
5. Plataformização
Na era das plataformas, o setor logístico também se beneficia da integração digital de dados ao conectar embarcadores e transportadores num mesmo ecossistema. Com isso, esses sistemas otimizam a atuação de transportadoras e profissionais autônomos, reduzindo custos para contratantes de frete ao evitar o retorno de veículos vazios ao seu local de origem.
Quando não oferecem a opção incorporada, essas plataformas também permitem integração com sistemas de gestão de frotas e documentos. Além disso, podem oferecer como funcionalidades:
Dessa maneira, as plataformas melhoram a eficiência das entregas, com análise precisa das informações e otimização de custos para contratantes e contratados.
6. MaaS
O conceito de economia compartilhada trouxe muitas mudanças para as relações de consumo. Ao viabilizar o consumo de itens e serviços sem a necessidade de aquisição, viabilizou um novo modelo com o Uber, por exemplo. Assim, as pessoas contratam o deslocamento de um ponto ao outro sem a necessidade de comprar um carro.
É o que se chama de MaaS (Mobility as a Service, ou Mobilidade como serviço, em português). Pesquisas indicam que os aplicativos de transporte são a opção para 10% da população brasileira, chegando a 75% em regiões urbanas. O leque de opções de MaaS não para de crescer. Desde aplicativos que conectam motoristas a passageiros até empresas que oferecem locação de automóveis de longo período.
Em todo caso, o que é ofertado é o pagamento pelo uso, não pela propriedade, viabilizando o acesso das pessoas à mobilidade.
7. Consciência ambiental
A otimização de processos e custos proposta pelas novas tecnologias e os conceitos que estão pautando o setor logístico têm um efeito colateral positivo: a redução dos impactos ambientais decorrentes da operação logística.
A capacidade de conexão entre pessoas e empresas proporcionada pela tecnologia tem potencial para reduzir o desperdício de alimentos ocasionado pelo transporte, que pode chegar a 14% da carga embarcada.
Ao repensar a logística é possível melhorar as relações de consumo e estimular as transações locais, reduzindo as distâncias a serem percorridas e aumentando o mercado para produtores locais. Nesse contexto, o setor logístico tem a chance de aproveitar a atual tendência em que as pessoas começam a se preocupar com a origem dos alimentos que consomem.
Essa preocupação inclui entender a pegada de carbono dos produtos. Ou seja, o quanto cada ato de consumo contribui ou não para o aquecimento global. Há um crescimento relevante na importância que as pessoas têm dado para essa questão e o segmento de logística está, inevitavelmente, exposto. Logo, as cooperativas desse ramos precisam ter essa questão em foco.
Conclusão
A eficiência do setor logístico é determinante para a produtividade da economia. A forma como a produção é escoada influencia diretamente na competitividade das indústrias. Da mesma maneira, é um setor repleto de oportunidades para incorporar melhorias tecnológicas.
Além disso, devido ao potencial estratégico, o cooperativismo de transporte precisa estar atento a essas tendências para não perder a chance de ajudar a impulsionar a economia nacional ao deixar de incorporar as melhorias que tais tendências trazem para o negócio.
Agora que você já conhece as tendências de inovação, veja também as novidades na saúde e no agro, além do post de tendências para o cooperativismo. Até o próximo post!