Conheça os 10 desafios selecionados para o mais novo programa de inovação do cooperativismo brasileiro!
A OCB acaba de divulgar a lista dos 10 desafios que participação da primeira edição do programa Inovacoop Conexão com Startups. A ideia é que, com base na inovação aberta, ou seja, que ocorre com parcerias ou intercooperação, as coops possam aumentar a eficiência de seus projetos, reduzir custos e riscos, aumentar o retorno sobre os investimentos a ampliar as oportunidades e fontes de receita.
Ao todo, foram 30 desafios inscritos. A seleção foi feita pela OCB junto com a parceira Innoscience, levando em conta os seguintes critérios: regularidade da coop junto à OCB, relevância da solução do desafio para o ramo, possibilidade de aplicação da solução em pelo menos cinco coops, capacidade de investimento da coop no projeto piloto, disponibilidade de pessoal para desenvolver o piloto junto à startup e o perfil do desafio adequado para o ecossistema de startups.
PERFIL DAS SELECIONADAS
Crédito: 2 desafios
Saúde: 3 desafios
Agro: 1 desafios
Infra: 1 desafio
Trabalho: 1 desafio
Transporte: 1 desafio
Sistema OCB: 1 desafio
CONFIRA OS DESAFIOS SELECIONADOS
Prontuário Eletrônico (Unimed Vitória): A grande quantidade de usuários e unidades de clínicas dificulta a consolidação de informações do Prontuário do Paciente entre sistemas clínico-assistenciais das Cooperativas que utilizam diferentes ERPs. Além disso, o sistema carece de um barramento tecnológico padrão que permita a troca de informações sobre os pacientes tratados.
Agenda Eletrônica (Uniodonto Paulista): Os usuários enfrentam dificuldades no agendamento de consultas e exames médicos, lidando com um sistema burocrático e pouco eficiente de agendamento, causando desistências e comprometendo a experiência do usuário.
Gestão de acessos a áreas restritas (Unimed Vitória): A minimização da contaminação e transmissão cruzada que é transmitido principalmente pelas mãos dos profissionais da saúde, é um dos principais itens que necessitam de ser atacados dentro dos hospitais. Por não haver nenhuma forma de controle sistêmico, todos EAS's (Estabelecimento Assistencial de Saúde) recorrem a campanhas e vigilâncias manuais que acabam apresentando baixa adesão e consequentemente baixa eficácia.
Marketplaces de serviços (Fetrabalho): Como podemos disponibilizar ao público todo o portfólio de serviços das cooperativas em uma única plataforma? Hoje os cooperados têm dificuldade na oferta própria de seus serviços e não fazem parte da chamada “economia de plataforma”.
Gestão e rastreabilidade do café (cooperativas de café do Espírito Santo): Produtores têm dificuldade de fazer a gestão da sua propriedade. A partir disso, oportunidades de obtenção de certificações e melhorias em termos de custo e produtividade são perdidas com a falta de registro de informações.
Gestão de dados (FECOERMS): A grande quantidade de usuários do sistema dificulta a gestão e atualização de dados pessoais de cada perfil, tornando a operação menos eficiente. Além disso, com a nova lei geral de proteção de dados, se faz ainda mais necessária a organização e validação de dados dos associados e clientes em função da autorização do uso de dados e comunicação.
Solução em transportes (FetransCoop): As cooperativas de transporte de cargas carecem de um modelo de atuação capaz de atender o público consumidor do transporte, efetivando a integração das cooperativas e promovendo a capilaridade para uma atuação mais competitiva no mercado.
Gestão de ações sociais (Central Ailos + Sicoob Central ES): O desafio está no registro, mensuração e histórico de ações sociais e patrocínio. A ferramenta será um importante aliado para organização, gestão e mensuração das demandas de ações sociais e patrocínio, além de proporcionar rapidez e transparência na consolidação de dados para prestação de contas aos cooperados e comunidade.
Pesquisa de satisfação (Sicoob Central Crediminas + Sicoob Central Paulista): Atualmente não há uma ferramenta padrão que possibilite às cooperativas singulares avaliarem o atendimento prestado pela cooperativa Central e nem para que os associados avaliem os serviços prestados pela cooperativa.
Comunicação interna e rastreabilidade de informações (Sistema OCB): Precisamos conectar os dados, informações, ações em uma rede única e intuitiva de comunicação, fazendo circular o conhecimento em todo o Sistema OCB.
PRÓXIMOS PASSOS
De julho a agosto as startups poderão se inscrever no programa e a nossa parceira Innoscience vai filtrar aquelas com potencial para solucionar os desafios do programa.
E, durante a Semana InovaCoop, a ser realizada pelo Sistema OCB entre os dias 13 e 17 de setembro, as coops verão as apresentações das startups selecionadas. As startups com as melhores soluções serão escolhidas para seguir para a próxima etapa de conexão e parceria com as coops para desenvolvimento de um projeto piloto.
Quem tiver interesse em saber mais sobre o programa, veja aqui: https://inova.coop.br/conexao
Este programa tem sido uma grande oportunidade para fomentar ainda mais a inovação e intercooperação em nossas coops. Temos um grande potencial para desenvolvermos soluções para vários ramos!
Promovido pela Fenasbac, com apoio do Banco Central e apoio da OCB, seletiva vai revelar as cooperativas que inovam seguindo os propósitos do cooperativismo
A partir desta quinta-feira, as cooperativas de crédito poderão se inscrever na seleção que resultará no Reconhecimento Inovação com Propósito Brasil, realizado pela Federação Nacional dos Bancos (Fenasbac) e apoiado pelo Sistema OCB e Banco Central. O objetivo é estabelecer referenciais e orientar a gestão das cooperativas para a inovação. As inscrições vão até o dia 22 de agosto.
O evento de lançamento, que acontece neste 1º/7, às 10h, ao vivo pelo Youtube, conta com a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, do diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, do chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições Não Bancárias do Banco Central, Harold Espínola, do presidente do Sistema OCB Márcio de Lopes Freitas e de dirigentes das cooperativas de crédito do país.
Segundo a Fenasbac, o Reconhecimento Inovação com Propósito, que também conta com o apoio da Bureau Veritas e do FGCOOP (Fundo Garantidor das Cooperativas de Crédito), foi criado para comunicar o valor do cooperativismo financeiro para a comunidade brasileira e aumentar as capacidades de gestão e inovação das cooperativas financeiras para expansão do setor, atentando-se aos propósitos do cooperativismo.
O objetivo é mapear a capacidade de inovação do setor de cooperativismo financeiro; estabelecer referenciais, de modo a orientar a gestão das cooperativas para a inovação; provocar a reflexão do setor de cooperativismo financeiro sobre a necessidade de inovar, seguindo sempre os propósitos do cooperativismo; e contribuir com a expansão do cooperativismo financeiro no Sistema Financeiro Nacional.
A iniciativa vai reunir os grandes cinco sistemas de crédito do país, sendo eles, Sicoob, Sicredi, Unicred, Ailos e Cresol, para identificar as capacidades de inovação das cooperativas.
Como participar
Basta que a coop interessada preencha o instrumento de avaliação. E aí é só aguardar as próximas fases do programa. A relação de finalistas será conhecida em setembro e a entrega do prêmio Reconhecimento Inovação com Propósito está programada para março do ano que vem, quando a instituição fará o lançamento do segundo ciclo da avaliação.
Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, essa é uma excelente oportunidade para que as cooperativas de crédito se consolidem como players essenciais no mercado financeiro nacional. “As coops de crédito são aliadas do Banco Central no que diz respeito à educação e à inclusão financeira. Além da capilaridade delas, há, também o interesse pela comunidade, um dos princípios do modelo de negócios cooperativo. É por isso que convido todas as coops a participarem dessa seletiva que certifica a competência das cooperativas de crédito em atender bem o seu cooperado, sempre com qualidade, criatividade e excelência”, estimula Freitas.
Segundo ele, é necessário destacar que essa primeira edição do Reconhecimento da Fenasbac é um processo que vem para somar aos prêmios que o Sistema OCB já realiza. “Quanto mais iniciativas que certifiquem o esse compromisso com a inovação e com a excelência das cooperativas, melhor! É por isso que somos parceiros desta edição, pois acreditamos será uma parceria de muitos ganhos para as coops”, enfatiza o presidente do Sistema OCB.
Dimensões
O questionário que as cooperativas deverão preencher leva em consideração os cinco indutores da Inovação com Propósito, todos eles ligados direta ou indiretamente aos princípios do cooperativismo. Confira:
- Inovação Participativa: diz respeito à participação da comunidade no processo de inovação e se compõe de aspectos como: relacionamento com o cooperado, discussão de novas ideias e compartilhamento de conhecimento e redução da resistência a novos produtos.
- Desenvolvimento de capacidades, estruturas e recursos: tem a ver com a alocação de recursos para inovação. Essa dimensão é composta por: qualificação e desenvolvimento profissional, estruturas organizacionais voltadas para o desenvolvimento de novos produtos e desenvolvimento e aquisição de sistemas de informação.
- Comportamento inovador: avalia a liderança, a orientação estratégica e o estímulo para fomentar a inovação. Possui os seguintes eixos: estímulo ao corpo técnico para a busca de soluções e desenvolvimento de novos produtos e objetivos e indicadores estratégicos voltados à inovação.
- Inovação colaborativa: abrange a colaboração com atores externos à cooperativa e está relacionado ao princípio do cooperativismo de intercooperação.
- Inovação com propósito: são as iniciativas voltadas para a comunidade. Por exemplo, as focadas na redução de custos e impactos ambientais, na inclusão social, nas soluções de problemas da comunidade como a melhoria da qualidade de vida e, por fim, em novos mercados.
Serviço
Lançamento do 1º Reconhecimento Inovação com Propósito
Informações pelo link. Evento online, pelo canal do Youtube.
Dia 1° de julho, às 10h.
Mudança de comportamento das pessoas e cidades em transformação demandam infraestruturas cada vez mais sustentáveis
Há mais de 80 anos as cooperativas brasileiras de infraestrutura se dedicam à prestação de serviços básicos como distribuição e geração de energia elétrica, água, saneamento básico, irrigação, entre outros. E mais recentemente, com a reclassificação promovida pelo Sistema OCB em 2019, o ramo ficou ainda mais amplo.
Isso porque as cooperativas habitacionais passaram a fazer parte do Ramo Infraestrutura, além da incorporação de novas iniciativas, como a prestação de serviços de telecomunicações. A atuação diversificada reflete bem o papel do cooperativismo que é atender às necessidades e buscar soluções para seus cooperados e comunidade.
Hoje, ao todo, são oito segmentos principais no ramo: água e saneamento; construção civil habitacional; construção civil comercial; desenvolvimento; distribuição de energia; geração de energia; irrigação; e telecomunicações.
Na proporção, as cooperativas habitacionais (30%) e as de distribuição de energia (26%) representam mais da metade do ramo, que conta, no total, com 265 cooperativas e mais de 1,1 milhão de cooperados, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2020, produzido pelo Sistema OCB.
Contexto desafiador
Independentemente da atuação da cooperativa, o contexto é desafiador. Pois, de certa forma, a pandemia evidenciou o déficit de infraestrutura social existente entre as camadas mais pobres da população em boa parte do mundo. E no Brasil não seria diferente.
Sem infraestrutura, um país perde produtividade e competitividade, sem contar os baixos níveis de desenvolvimento social. Portanto, os investimentos são mais que necessários, são urgentes.
De acordo com estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina e o Caribe precisam de investimentos anuais da ordem de 2,5% (150 bilhões de dólares) do PIB de toda a região durante pelo menos uma década e meia, especialmente em setores ligados à produção e distribuição de energia, transportes, telecomunicações e construção civil.
Inclusive, na área da construção, o déficit habitacional só vem aumentando no Brasil. Segundo dados da Fundação João Pinheiro, levantados até 2019, o país precisa de 5,8 milhões de moradias - número que, segundo especialistas, já cresceu devido à pandemia. Além disso, 14,2 milhões possuem carência de infraestrutura urbana e 11,2 milhões de moradias possuem carências edilícias. Portanto, o total de domicílios inadequados no país corresponde a 24,8 milhões.
Vale lembrar que um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados pela Organização das Nações Unidas (ONU), trata exatamente da necessidade de investimentos em infraestrutura e em inovação, que, segundo a entidade, são condições básicas para o crescimento econômico e para o desenvolvimento das nações.
Tendências e oportunidades para as cooperativas de infraestrutura
Se há desafios, também há oportunidades. Por isso, exploramos um dos principais estudos mundiais sobre o tema, que aponta perspectivas do setor para os próximos 10 anos e pode ajudar as cooperativas em suas tomadas de decisão.
Produzido pela KPMG International, o relatório Emerging Trends In Infrastructure 2021 (Tendências Emergentes em Infraestrutura 2021) aponta tendências relacionadas a um conjunto de fatores que englobam não só tecnologia, mas também a conjuntura socioeconômica, aspirações sociais de natureza comportamental e conceitos de sustentabilidade. Sem esquecer, é claro, dos efeitos da pandemia.
Veja a seguir as principais tendências e como elas impactam as cooperativas brasileiras de infraestrutura.
1. Planejamentos e processos mais flexíveis
O primeiro tópico do estudo aponta que o setor precisa de uma abordagem mais ágil e flexível para o planejamento, desenvolvimento e entrega da infraestrutura. Isso se torna necessário porque, hoje, vivemos num cenário de alta incerteza, que pode exigir planos reservas para prever e prevenir situações.
Os especialistas da KPMG lembram que, desde 2016, a companhia aponta que os players de infraestrutura tinham muito a aprender com os líderes de tecnologia, que possuem maior capacidade de se reinventar, recalibrar projetos e se moldar de forma ágil e flexível a um mercado em constante evolução.
Em termos de tendências, a consultoria vislumbra a necessidade de estudar os métodos mais eficazes de utilizar Data Analytics, aproveitando, por exemplo, tecnologias, como a Internet das Coisas, para otimizar operações e manutenções.
Também será preciso, mais do que nunca, acompanhar atentamente o comportamento das pessoas, para detectar suas principais necessidades em infraestrutura, sobretudo as novas formas de viver e trabalhar. Afinal, a pandemia impôs a necessidade de repensar desde as formas de interação social até a intensidade e relevância da tecnologia em absolutamente todos os segmentos - o que afeta diretamente as entregas da cooperativa.
2. Cidades com crise de identidade e em transformação
Outro fato é inegável: atualmente, as pessoas estão cada vez mais focadas no seu próprio tempo, segurança e conveniência, com padrões diferentes de vida, trabalho e diversão. E essa nova realidade impacta em como enxergamos as cidades.
Na prática, isso significa que o que hoje torna uma cidade atraente para viver, trabalhar e se divertir não necessariamente tem a ver com o que priorizávamos no passado recente. Por exemplo, em meio à pandemia, houve quem preferiu se mudar para o interior, “abandonando” a cidade grande.
A consultoria prevê que os modelos híbridos devem ganhar cada vez mais espaço - e, assim, cidades grandes já não serão o único “ímã” a atrair pessoas, ideias e negócios. Logo, é possível prever que cidades pequenas passem a demandar infraestrutura de cidade maior, em especial de telecomunicações, imóveis comerciais etc.
No interior do Rio Grande do Sul, por exemplo, a Coprel Telecom - coligada à Coprel Cooperativa de Geração de Energia e Desenvolvimento - viu os pedidos de banda larga aumentarem mais de 20% no início da pandemia, em 2020. Para atender à demanda, a solução veio com a intercooperação.
Foram intensificados os investimentos de ampliação e construção de novas redes de internet em conjunto com outras cooperativas. Algumas cooperativas parceiras disponibilizaram suas estruturas e recursos financeiros, a exemplo da Cooperativa Agrícola de Água Santa (Coasa), que contribuiu para levar internet para seus associados durante a crise.
Quando o assunto é o futuro das cidades, não podemos esquecer das “smart cities”, ou seja, as cidades inteligentes que conseguem se desenvolver economicamente ao mesmo tempo em que aumentam a qualidade de vida dos habitantes ao gerar eficiência nas operações urbanas.
Atrelada a essa tendência, temos também as redes inteligentes de energia elétrica, as “smart grids”, que já estão bem difundidas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, da Ásia e até do Oriente Médio, mas ainda com pouco avanço no Brasil.
3. Meio ambiente, enfoque social e governança
Sua cooperativa tem colocado em prática o ESG? Se ainda não, deveria. ESG é a sigla em inglês para environmental, social and governance (ambiental, social e governança, em português), que serve para medir as práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização.
Ou seja, pode ser usada para dizer quanto um negócio busca formas de minimizar seus impactos no meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas em seu entorno e manter os melhores processos de administração. Um exemplo nesse sentido é a cooperativa Certel , que, por meio de uma intercooperação com cooperativas do Sicredi, tem ampliado sua geração de energia renovável e limpa.
De acordo com o relatório da KPMG, se antes já havia um despertar para a agenda ESG, a pandemia acelerou esse anseio por uma infraestrutura que contemple aspectos ambientais, sociais e de governança, de modo que o seu desenvolvimento contribua para um mundo mais justo, inclusivo e equitativo.
De certa forma, a pandemia coletivizou o desejo de reconstruir do zero com sustentabilidade e bem-estar, além da vontade de reparo de desigualdades e os desequilíbrios coletivos. Ou seja, a agenda ESG chegou para valer no ramo de infraestrutura.
Um dos tópicos neste tema é a promoção da eficiência energética, com democratização do acesso aos benefícios gerados por essa infraestrutura. A expectativa é de valorização dos micro e pequenos produtores, com inclusão dos mais vulneráveis nos sistemas financeiros e produtivos.
Essa é justamente a proposta da Ciclos, a cooperativa de plataforma do Sicoob ES, que proporciona acesso dos cooperados a energia elétrica fotovoltaica. Na prática, os associados conseguem reduções de até 80% em seus custos com energia elétrica.
Outra iniciativa nesse sentido é a Cooperativa de Energia Solar (Coopsolar). Fundada em 2019, ela visa a geração compartilhada de energia através de fontes renováveis. Construída com recursos dos próprios cooperados, a cooperativa já começa a dar os primeiros resultados: a primeira usina foi concluída em meados de 2020 e tem capacidade de geração de 75 kWp, com 240 painéis solares fotovoltaicos instalados no solo de um terreno localizado em Praia Bela, município de Pitimbú, na Paraíba. Veja essa e outras iniciativas semelhantes no site Energia Cooperativa.
4. Mundo digital e poder público
A realidade é que as tecnologias de conectividade serão fundamentais para impulsionar a inovação e o valor da infraestrutura. Diversas pesquisas já constataram que a pandemia acelerou, de fato, os processos de digitalização que estavam em curso há anos, antecipando a adesão maciça a ferramentas virtuais de trabalho, armazenamento e tráfego de dados.
Os entes governamentais atuarão em frentes de incentivo à economia digital, implementando ou provendo melhorias em acesso à internet, largura de banda e tecnologias de conectividade, que incluem o 5G e a nuvem.
Ter em foco esses elementos será fundamental para planejar, delinear e colocar em curso projetos de infraestrutura que correspondam aos anseios e às necessidades do momento que vivemos e do futuro próximo.
O estudo conclui que o foco na conectividade tende a se intensificar, com os governos cientes de suas deficiências em infraestrutura digital e empenhados em dirimir essas lacunas para, desse modo, impulsionarem o crescimento de suas economias.
Vale lembrar que, em 2020, o ramo infraestrutura se beneficiou da aprovação de duas leis: a 14.109, que trata da utilização de recursos do Fust para conectividade rural; e a 14.108, sobre desoneração da internet das coisas. As novas legislações garantem um ambiente favorável para o avanço da conectividade rural, considerando que um dos grandes empecilhos para a implantação de infraestrutura de internet no campo era justamente o fomento a projetos com essa finalidade, por meio de financiamentos com custo acessível.
Com o incentivo a diferentes arranjos produtivos para essa atividade, as novas legislações vão estimular consequentemente o fortalecimento das cooperativas de telecomunicações, além da possibilidade de intercooperação para cooperativas agropecuárias, de infraestrutura e de crédito.
5. Parcerias público-privadas
Ampliando o raciocínio do tópico anterior, a KPMG afirma que alguns governos devem procurar parceiros e começar a reconsiderar o papel que o setor privado desempenha não apenas na entrega de ativos, mas também na entrega de serviços.
De acordo com a consultoria, há anos o setor privado vem assumindo um papel mais ativo na entrega e operação de ativos e serviços de infraestrutura, com relevância crescente na captação, no financiamento e no fornecimento da infraestrutura governamental.
Em alguns casos, as parcerias serão necessárias muito por conta do ônus da pandemia aos governos, que buscarão modelos alternativos. Em outros, novas parcerias serão motivadas mais pela inovação e desejo de entregar mais às partes interessadas. O fato é que elas são imprescindíveis para que as soluções de infraestrutura sejam entregues de fato.
É importante entender e ressaltar que as perdas que a pandemia acarretou aos cofres públicos são um elemento a mais de pressão para que os governos busquem modelos alternativos de cooperação e negócios.
6. Novos modelos de financiamento
Por fim, a consultoria ressalta que as novas opções de financiamento para o setor de infraestrutura têm crescido de forma consistente nos últimos anos, proporcionando, sobretudo aos governos, chances sem precedentes de aproveitar as diferentes fontes de recursos, incluindo capital institucional e fundos sustentáveis, além dos bancos locais e regionais e mercados de capitais.
Atualmente, os investidores tendem a priorizar as oportunidades que acenam com retornos de longo prazo sustentáveis e protegidos contra a inflação. Essa tendência é hoje especialmente válida no Brasil, onde as taxas dos títulos do tesouro se tornaram relativamente baixas quando comparadas com 5 anos atrás.
Atento a esse movimento, o Sicredi buscou recursos fora do país , firmando acordo de parceria para captação com a International Finance Corporation (IFC), membro do Grupo Banco Mundial, para estimular projetos de energia solar. A linha de crédito internacional é de US$ 120 milhões (cerca de R$ 600 milhões) e vai financiar projetos de energia solar dos cooperados Sicredi em todo o Brasil.
Esta é a primeira operação de uma instituição financeira cooperativa brasileira a receber certificação emitida pela Climate Bonds Initiative (CBI), organização internacional que atua para promover investimentos na economia de baixo carbono, estabelecendo as melhores práticas para o mercado em termos de integridade ambiental dos produtos de economia verde. A operação também detém certificação pelo Green Loan Principles (GLP), que atesta que os projetos oferecem benefícios ambientais claros e verificáveis e que os processos de avaliação e seleção, assim como a gestão dos recursos e o seu monitoramento, seguem padrões internacionais.
Conclusão
Essas foram algumas tendências principais que elencamos do estudo da KPMG. E como vivemos em um mundo em constante mudança, ainda mais depois da pandemia de Covid-19, nossa recomendação final é clara: procure sempre estar atento às tendências para manter e ampliar a competitividade e sustentabilidade da sua cooperativa. Por isso, fique ligado em nossos conteúdos e acesse agora o nosso curso online “Pesquisador de Tendências”, aqui no InovaCoop.
Vivemos na era da Big Data, na qual o tempo inteiro nossas informações deixadas no mundo virtual são usadas como dados para criar novos negócios ou melhorar os existentes. Mas será que só os dados bastam?
As ferramentas de Big Data são de grande importância na definição de estratégias de marketing. Com elas é possível, por exemplo, aumentar a produtividade, reduzir custos e tomar decisões de negócios mais inteligentes. O problema acontece quando as decisões são baseadas apenas nestes dados. Até porque, o que leva realmente uma pessoa consumir são suas emoções e necessidades. E por melhor que sejam os algoritmos, histórias, emoções e interações não podem ser quantificadas.
Além disso, é muito fácil se perder no mar de dados que podem ser gerados. “Investir em Big Data é fácil, difícil é decidir o que fazer com esses dados”, diz a etnógrafa de tecnologia Tricia Wan. Em 2009, ela realizou uma pesquisa de campo para a Nokia, na qual identificou o desejo das pessoas pelo smartphone em uma época em que esse produto ainda não existia para consumo. A empresa não acreditou nesta informação, porque ela não vinha da big data. Todas as outras concorrentes lançaram o produto antes da Nokia, e o faturamento da instituição caiu drasticamente nos anos seguintes. “Amostras pequenas podem trazer muitos significados”, conclui Tricia.
O grande insight da Netflix
E são essas “amostras pequenas”, vindas de interação real e profunda com o público, conhecidas como small data, que tem ajudado as organizações a realmente inovarem.
Segundo Martin Lindstrom, especialista em pesquisa que esteve em mais de 2 mil casas e morou em mais de 77 países, “se olharmos para as 100 maiores inovações de nosso tempo, de 60 a 65% se basearam em Small Data”.
E esse número pode aumentar ainda mais se considerarmos a combinação entre os métodos: “a big data oferece insights em grande escala e ajuda a alavancar a inteligência das máquinas, enquanto a small data ajuda a recuperar o contexto perdido, o que torna a big data útil e extrai o melhor da inteligência humana”, conta Tricia Wan.
A Netflix é um bom exemplo deste caso. Nos seus primórdios, quando ainda não tinha um bom algoritmo de recomendação de filmes e séries, ela lançou um desafio: um prêmio de 1 milhão de dólares para qualquer um que pudesse melhorá-lo. Com os resultados obtidos, descobriram que as melhorias eram apenas incrementais.
Para saber o que realmente estava acontecendo, eles contrataram um etnógrafo, chamado Grant McCracken para ter insights baseados em pequenos dados. E aí ele descobriu algo que os algoritmos não tinham identificado: as pessoas amavam fazer maratonas de séries e filmes. Elas nem se sentiam culpadas por isso.
Depois de ter esse insight, eles o escalaram por meio da big data, verificando e validando a informação e por fim, decidiram fazer algo simples e impactante: em vez de oferecer diferentes tipos do mesmo programa, ofereceram mais do mesmo programa. Eles criaram a opção das maratonas e redesenharam toda experiência de usuário para encorajar esse hábito.
O melhor dos dois mundos
Se a big data é sobre achar correlações, a small datas é sobre achar causalidades. Uma pequena pergunta feita em uma casa pode revelar que provavelmente os números estão um pouco equivocados: otimistas ou pessimistas demais. Isso é o que esquecemos quando nos tornamos obcecados em provar tudo por meio de números.
Big Data e Small Data atendem à diferentes demandas e possibilitam melhores resultados, decisões mais embasadas e geração de novos insights. Vale sempre lembrarmos que elas são estratégias complementares e quando usadas combinadas otimizam o potencial das análises dos dados.
Leia a entrevista do gerente de Produto da Fairbnb, o brasileiro João Carlos Silva e conheça um pouco da história dessa cooperativa italiana.
Desde o que o coronavírus começou a passear pelo mundo, tivemos que nos recolher. Muitas viagens e eventos, como passeios e festas foram cancelados por conta das orientações sanitárias de distanciamento social. E não resta dúvida: entre os setores mais prejudicados com isso, está o de turismo.
E as cooperativas que lidam diretamente com esse segmento econômico fazem parte do grupo que sofreu e ainda sofre com a redução no número de viagens. Entretanto, elas perceberam que, para sobreviver, a única saída seria a reinvenção, ou seja, encontrar formas inovadoras de continuar com as portas abertas.
Foi o que fez a italiana Fairbnb, cooperativa de plataforma fundada em 2016 com a meta de ser o Airbnb no modelo cooperativista. E, mesmo com a proposta de garantir tanto condições mais acessíveis aos viajantes como melhor remuneração aos proprietários, também teve de se repensar para driblar as dificuldades da maior crise sanitária da história humana.
Aqui no Brasil, a gente conversou com o gerente de Produto da Fairbnb, o brasileiro João Carlos Silva. Ele contou um pouco de como foi esse processo. Confira!
Como você conheceu a cooperativa?
Eu conheci a Fairbnb através do LinkedIn e me aprofundei um pouco sobre a cooperativa que já foi destaque na grande mídia (The Guardian, The New York Times e Financial Times), como um modelo de negócios diferente, baseado no cooperativismo.
Qual o propósito da Fairbnb?
Uma das principais dores que a cooperativa busca sanar diz respeito aos efeitos negativos causados pelo turismo de massa como, por exemplo, a gentrificação* e o fato de que, muitas vezes, a riqueza gerada pelo turismo não fica na região.
Por isso, uma das nossas iniciativas é de que 50% do valor da comissão sejam doados a um projeto socioambiental da cidade que recebe o viajante. Então, no momento da reserva, o turista tem a opção de escolher um projeto para o qual gostaria de fazer a doação. Essa é uma das principais âncoras da nossa plataforma.
Além dessa questão dos 50% do valor da comissão que ficam, necessariamente, no local, existem outras iniciativas da cooperativa que garantam que o turismo seja feito de forma sustentável. Além dos atores principais, como cooperados e colaboradores, também temos os hosts (anfitriões), os guests (viajantes) e os embaixadores nas cidades em que estamos e, claro, os projetos socioambientais.
Os embaixadores são responsáveis por garantir que os hosts que se inscrevem na plataforma estejam regulares com as prefeituras (ou municipalidades, como chamamos fora do país) e que a presença da Fairbnb também esteja de acordo com as necessidades e leis que aquela cidade propõe.
Como a pandemia impactou a operação da cooperativa?
Com a pandemia a gente teve alguns impactos, assim como os outros setores. As pessoas não estavam mais viajando e os hosts também estavam bem preocupados em receber os hóspedes na casa deles, mas durante o processo, o nosso principal foco foi olhar para as necessidades desses atores. Nós fizemos várias entrevistas para entender qual eram as expectativas, analisamos os movimentos do mercado... e fomos nos adaptando. Isso foi muito importante para que a gente conseguisse se manter relevante, ganhando mais força e mais espaço no coração e na mente das pessoas. Vale dizer que, atualmente, temos 18 cooperados pela Europa e alguns colaboradores que não são membros da cooperativa.
Já que a Fairbnb trabalha com turismo, qual a relevância da sustentabilidade para a coop?
Eu acredito que, para este momento de pandemia, negócios sustentáveis como este são cada vez mais importantes. E essa questão da sustentabilidade é muita complexa, pois passa por diversos setores, como os departamentos internos e as ações externas, por exemplo, por isso, acredito que é essencial inserir essa pauta – a sustentabilidade – nos negócios, sobretudo nesse momento de pandemia, que tem nos ensinado que o mundo precisa se sustentar. Então, se continuarmos caminhando como estávamos, ou seja, sem esse olhar, não vai dar muito certo. Hoje em dia, vale a muito a pena buscar metodologias que nos ajudem a compreender as dores dos nossos clientes e parceiros, aplicando a sustentabilidade em todas as fases do nosso negócio.
Quer conhecer um pouco mais sobre a FairBnb? Veja o case aqui no Radar da Inovação.
*Gentrificação é um processo de transformação urbana que expulsa moradores de bairros periféricos e transforma essas regiões em áreas nobres. A especulação imobiliária, aumento do turismo e obras governamentais são responsáveis pelo fenômeno.