O modelo de negócio de plataforma pode ser a chave para as cooperativas surfarem na economia digital
“A maior empresa de hospedagem não é dona de nenhum quarto. A maior empresa de táxi não tem nenhum carro. O mundo mudou.” Essa frase, que viralizou na internet e sempre reaparece com variações pela rede, é uma síntese das profundas mudanças que a economia digital vem promovendo nos negócios. O que ainda não é tão conhecido quanto a frase célebre é o modelo de negócio por trás de tantas mudanças. Estamos falando das plataformas de negócios.
Na nova economia, as plataformas de negócios representam uma ruptura nos negócios que é capaz de mudar não apenas a economia, mas também a cultura e sociedade. Quer exemplos? Google, Apple, Uber, Rappi, Amazon e Airbnb são plataformas.
Todas elas, cada uma do seu jeito, não só revolucionaram os setores onde entraram, mas mudaram hábitos de comunicação, trabalho, transporte, viagem e consumo, as relações de trabalho e a forma de fazer negócios.
Assim sendo, as plataformas de negócios estão para economia digital assim como as fábricas estão para a Revolução Industrial. Elas são o epicentro das profundas transformações nos negócios de empresas de todos os portes e maturidade. Portanto, é fundamental entender esse modelo de negócio e explorar como o cooperativismo pode se posicionar neste contexto.
Plataformas de negócios na nova revolução
É importante lembrarmos que é na Revolução Industrial, momento também marcado por profundas mudanças tecnológicas, com impacto nos negócios e costumes, que o cooperativismo moderno surgiu.
Ariel Guarco, presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em sua palestra de abertura do 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo, resumiu o contexto:
“As primeiras cooperativas foram uma resposta à Revolução Industrial. Hoje, vivemos uma encruzilhada similar: a transformação digital está mudando nosso futuro, nossas vidas. As cooperativas precisam mostrar que há uma nova forma de construir essa economia digital com raízes a serviço das pessoas. Precisamos construir plataformas cooperativas.”
Mas o que há de tão extraordinário nas plataformas e o que as cooperativas têm a ver com isso? Para entendermos essa questão a fundo, precisamos antes mergulhar no modelo de negócio de uma plataforma.
Efeito das redes: o poder das comunidades
Uma plataforma é basicamente uma orquestradora de interações entre produtores e consumidores. Ela cria todas as condições para que essas interações aconteçam de forma rápida, simples e segura, gerando valor para todas as partes. O livro “Plataforma: a revolução da estratégia” resume a situação da seguinte forma:
“Uma plataforma é uma empresa que viabiliza interações que criam valor entre produtores e consumidores externos. A plataforma oferece uma infraestrutura para tais interações e estabelece condições de funcionamento para elas. O propósito primordial da plataforma é consumar o contato entre usuários e facilitar a troca de bens, serviços ou moedas sociais, propiciando assim a criação de valor para todos os participantes.”
A definição acima pode parecer um pouco genérica. Por ela, seria possível dizer que uma feira de rua, por exemplo, é uma plataforma. Afinal, ela cria as condições para interação entre produtores e consumidores, certo? Mas existem outras características das plataformas que uma feira de rua definitivamente não tem. Uma delas é o efeito de rede, algo potencializado pelo fato dyas plataformas serem negócios digitais.
A rede é o maior gerador de valor de uma plataforma. E isso é uma diferença enorme das plataformas para qualquer outro tipo de empresa. Você consegue imaginar uma indústria convencional com apenas 13 funcionários ter valor de mercado de US$ 1 bilhão? Para uma plataforma, isso não só é possível, como já aconteceu de fato. Em 2012, a Meta comprou o Instagram, que tinha somente 13 colaboradores, por esse valor.
Isso só foi possível por conta do efeito de rede, que é o impacto exercido pela comunidade de usuários de uma plataforma sobre o valor criado para cada um deles individualmente. Ou seja, a Meta viu o valor do Instagram em sua rede, e não no tamanho de sua equipe ou da infraestrutura física.
A rede em ação
Para entender melhor esse fenômeno, vamos analisar o efeito de rede de um aplicativo de motoristas. Para o passageiro, participar da rede de um aplicativo com poucos motoristas não seria algo tão atrativo. O tempo de espera será maior e a área de cobertura muito pequena. Já para o motorista, se existem poucos passageiros na rede, o número de corridas será pequeno e o faturamento, consequentemente, menor.
Mas essa situação muda se a rede crescer. O valor gerado para cada usuário irá crescer na medida em que novos participantes se juntarem a ela. Para os passageiros, isso significará menor tempo de espera e melhor área de cobertura. Para os motoristas, por outro lado, gera mais corridas e maior faturamento. Isso é um exemplo típico de um efeito de rede acontecendo.
Já no caso da plataforma em si, o crescimento da rede significa uma maior quantidade de dados dos usuários e de suas interações, o que é fundamental para ela exercer a sua função de orquestradora.
Se as redes são o principal gerador de valor das plataformas de negócios, os dados são o principal insumo para abastecer o efeito de rede. As organizações que conseguem atrair mais pessoas para sua rede têm uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes.
Retornemos ao exemplo de um aplicativo de motoristas. São os dados que permitem a rede crescer e as interações promovidas pela plataforma acontecerem. Vamos analisar as informações básicas que um aplicativo de motoristas utiliza para parear uma corrida: nome, localização, forma de pagamento/recebimento, distância, tempo estimado; tudo isso são dados usados de forma estruturada.
O valor do efeito de rede para as plataformas de negócios
O livro “Plataforma: a revolução da estratégia” explica a importância do efeito de rede da seguinte maneira:
“Empresas como Uber, Dropbox, Airbnb e Instagram não têm seu valor atribuído pela estrutura de custos - o capital que emprega, o maquinário que operam ou os recursos humanos que comandam. Todas são valiosas por conta das comunidades que participam de suas plataformas.”
O grifo acima em “comunidades” é nosso e proposital. Pois é nele que está a chave para algo que trataremos mais adiante neste texto: as cooperativas e o efeito de rede. Mas antes vamos dar um passo para trás e nos aprofundar um pouco mais nas características das plataformas.
O que são as plataformas de negócios
Lembra da frase do início deste artigo? “A maior empresa de hospedagem não é dona de nenhum quarto. A maior empresa de táxi não tem nenhum carro. O mundo mudou.” Pois bem, ela remete a outra característica marcante das plataformas de negócios.
Nelas, atividades e recursos que eram internos se tornam externos. Os motoristas de aplicativo não são funcionários do Uber, por exemplo. O estoque da Amazon não é sempre dela, e sim de fornecedores parceiros. Ou seja, a atividade de produção que antes seguia um esquema linear, agora é matricial e produzida pela rede.
“Nos mercados de plataforma, a natureza do fornecimento muda. Capacidades ociosas são descobertas, e a comunidade, que antes costumava apenas demandar, passa a contribuir como fornecedora. Enquanto as empresas tradicionais mais enxutas funcionam com estoque just-in-time, as plataformas de negócios operam com estoque not-even-mine (‘não é nem meu’, em uma tradução livre)”, explica o livro Plataforma: a revolução da estratégia.
Ainda sobre o fornecimento, as plataformas têm uma característica marcante: produtores e consumidores podem facilmente trocar de lado em uma plataforma de negócios. De forma simples e totalmente digital, você pode por exemplo publicar um livro na Amazon, se tornar motorista de aplicativo na Uber, alugar sua propriedade no Airbnb ou vender um produto no Mercado Livre.
Plataformas de negócios e ecossistemas
A gigante do varejo no Brasil, Magalu, também está caminhando para o modelo e lançou, em março de 2020, uma plataforma para autônomos e pequenas empresas venderem dentro de seu ecossistema, com todo o suporte comercial e logístico oferecido pela própria plataforma.
Por meio de uma série de aquisições, a varejista construiu um ecossistema amplo com uma série de serviços conectados em diferentes graus à sua atividade principal. Há desde soluções de logística para acelerar entregas até portais de conteúdo sobre tecnologia e cultura. Veja:
Numa plataforma, portanto, você pode transitar da posição de consumidor para produtor facilmente. E é a capacidade da plataforma em facilitar essas interações que será decisiva para o efeito de rede acontecer, como explica o livro “Seja disruptivo”:
“Como é o público quem fornece as informações de oferta e procura, cabe à empresa criar uma plataforma para conectar as duas. O resultado é um mercado de dois lados em um setor no qual nenhum negócio como este existia antes. Na nova economia colaborativa, vários empreendedores utilizam o mesmo modelo para tudo, desde ferramentas elétricas e cortadores de grama até caronas e aluguel de roupas.”
Por isso, é comum dizer que as plataformas invertem as organizações. A estratégia nas plataformas é outra, afinal. Ela não trata mais do controle de recursos internos exclusivos. Agora, seu papel é orquestrar recursos externos e garantir que o efeito de rede aconteça, criando um ambiente com a infraestrutura necessária para as interações de forma rápida, simples e segura.
O desenvolvimento dos ecossistemas
Para tornar a explicação simples, usamos como exemplo plataformas conhecidas e dissecamos apenas sua interação básica. Mas as plataformas podem se desenvolver em complexos ecossistemas de negócios, onde diversas empresas utilizam a mesma plataforma e fazem ofertas integradas de produtos e serviços.
A Amazon e a Magalu são um exemplo disso: diversos fornecedores parceiros são agregados à plataforma dessas duas gigantes do varejo. Esse modelo de ecossistemas de negócios, que já era uma tendência, se tornou ainda mais forte com a pandemia de Covid-19, indica uma pesquisa divulgada pela consultoria McKinsey.
A consultoria também acredita que essa digitalização beneficia consumidores e está transformando diversos setores da economia. Além disso, agora que as plataformas que ligam vendedores aos consumidores finais já estão maduras, chegou a hora das plataformas B2B tornarem o ecossistema ainda mais dinâmico.
Por outro lado, a consultoria afirma que muitos negócios que tentaram reproduzir o sucesso de gigantes da tecnologia como Google e Amazon em ecossistemas vêm tendo dificuldades. Como os ecossistemas são complexos, definir a abordagem certa para capturar o máximo valor deles é um desafio. Por isso, as organizações devem determinar sua estratégia de ecossistema avaliando as características e tendências do mercado.
Plataformas de negócios e o cooperativismo
Pelas explicações do modelo que conduz as plataformas de negócios, você já deve ter notado que o cooperativismo tem características que podem ser um diferencial dentro desse modelo. Lembra quando falamos que o maior gerador de valor das plataformas é o efeito de rede? Esse efeito é nada mais do que uma comunidade gerando valor para si mesma na medida em que ela cresce. E as cooperativas entendem muito sobre comunidades, já que nascem a partir delas.
Para o efeito de rede acontecer, o indivíduo (produtor ou consumidor) precisa ver valor em participar dela. No caso das cooperativas, o fato de produtores ou consumidores (ou até mesmo ambos) poderem não só participar, mas serem proprietários com direito a voto nessa rede, pode ser um diferencial e tanto.
Muitas cooperativas, em especial as grandes e as confederações, já estão fazendo essa transição. Elas estão se movimentando para se tornarem plataformas digitais facilitadoras e intermediadoras de negócios, tanto entre cooperativas, como entre associados e outras instituições.
Ecossistemas e plataformas cooperativas
O cooperativismo de crédito, que já conta com bastante tecnologia embarcada, faz parte de um movimento de digitalização e descentralização das finanças. O Open Finance, um sistema digital aberto, possibilita a criação de um ecossistema mais dinâmico e vivo para que as cooperativas inovem e criem comunidades em suas plataformas.
O Sicoob Confederação, por exemplo, já fez a abertura de APIs (Interface de Programação de Aplicativos) para parceiros, com a visão de ter uma plataforma de negócios digitais para oferecer seus produtos para cooperativas, empresas de tecnologia, fintechs e até mesmo outros bancos.
Já no ramo Saúde, o Sistema Unimed também trabalha no desenvolvimento de uma plataforma após identificar uma dispersão e fragmentação de informações voltadas à inovação dentro do Sistema, composto por 345 cooperativas. Por isso, lançou o hub Unimed Lab, que opera como uma plataforma capaz de conectar todas as cooperativas do Sistema com o ecossistema de inovação.
Outro exemplo é a criação da plataforma Ciclos pelo Sicoob Central ES, que identificou a necessidade de ofertar novos produtos e serviços aos cooperados, além dos serviços financeiros. Hoje, a Ciclos, que também é uma cooperativa, oferece serviços de telecom, energia limpa e, em breve, também planos de saúde e marketplace.
Por fim, o amadurecimento do cooperativismo de plataforma no Brasil vem acelerando a adesão das cooperativas à economia de plataforma. Além da própria Ciclos, que se enquadra na definição, iniciativas como a LigaCoop, uma federação de cooperativas de mobilidade urbana, indicam o futuro promissor do cooperativismo nas plataformas de negócios.
Conclusão
Como vimos, plataformas de negócios atuam como orquestradoras de interações entre produtores e consumidores. São negócios que em vez de gerir estoques, recursos internos e uma produção linear, estão focadas em organizar e potencializar seu efeito de rede.
E o efeito de rede, nada mais é do que o valor gerado pelo crescimento da comunidade para cada um de seus usuários. Este fenômeno é algo que o cooperativismo conhece de longa data, pois as cooperativas têm forte ligação com as comunidades onde atuam.
Além disso, o efeito de rede permite também um contato constante e próximo com o público, gerando dados que possibilitam à cooperativa continuar sendo relevante para seus públicos. No livro “Gestão do amanhã”, os autores Sandro Magaldi e José Salibi reforçam que:
“As organizações devem desenvolver competências centrais orientadas a atender o que os consumidores precisam, mas nem sequer tinham imaginado. [...] A melhoria incremental é fundamental para evolução da organização, no entanto, ela não assegura longevidade. Ela deve estar aliada a iniciativas concretas orientadas ao futuro. O comportamento do consumidor evolui com rapidez e as plataformas evoluem na mesma velocidade.”
Atentas a essa vocação das cooperativas em se relacionar com comunidades, muitas cooperativas já estão fazendo a transição para um modelo de plataforma e, aos poucos, criando complexos ecossistemas de negócios. As cooperativas têm tudo para se beneficiar cada vez mais dele, gerando maior impacto econômico e social para suas comunidades por meio do efeito de rede conectando mundos físico e digital.
Definir os caminhos para inovar ajuda a distribuir recursos e tomar decisões assertivas
Todo começo de ano, o foco está no planejamento, a fim de definir objetivos e desenhar os caminhos para alcançá-los. Nesse cenário, já apontamos quais são as principais tendências de inovação de 2024. Mas por que elas importam? A resposta depende de quais são os objetivos de inovação das cooperativas, afinal.
Ao definir os objetos de inovação, as cooperativas conseguem enxergar quais métodos, ferramentas e tecnologias fazem sentido para adotar. Além disso, os investimentos em inovação se tornam mais assertivos e certeiros.
Os objetivos de inovação são influenciados por diversos fatores, como o segmento em que a cooperativa atua, as demandas de mercado, preferências de consumo, melhorias na produtividade e necessidades de aprimoramento de processos internos, dentre outros. Neste artigo, então, iremos conhecer nove objetivos de inovação para as cooperativas em 2024!
9 objetivos de inovação para as cooperativas em 2024
Ao determinar quais são os seus objetivos de inovação, as cooperativas passam a contar com uma bússola para tomar decisões e direcionar investimentos. Portanto, o InovaCoop selecionou nove objetivos de inovação que podem ser interessantes para sua cooperativa em 2024. São eles:
1. Aprimorar a automação
Um dos maiores ganhos com as recentes inovações tecnológicas, como a IA e a robótica, é a automação dos processos. Diversas tarefas repetitivas e complexas podem ser automatizadas, o que aumenta a eficiência das operações e faz com que os humanos possam se dedicar a outras atividades.
A automação é uma demanda crescente em diversos ramos do cooperativismo. As cooperativas agropecuárias automatizam processos agroindustriais e comerciais, como é o caso da Lar, por exemplo. Já as cooperativas financeiras buscam soluções para automatizar as análises de crédito, enquanto as de saúde usam a tecnologia para facilitar o agendamento de consultas e exames.
2. Melhorar a experiência dos clientes e cooperados
Proporcionar uma experiência capaz de encantar clientes e cooperados não é uma tarefa simples, mas é um objetivo comum a todas as cooperativas que lidam com o público. Em um contexto de competitividade crescente, a experiência dos clientes pode ser o grande diferencial de fechar ou não uma venda.
Dentro desse objetivo, há uma ampla gama de inovações relevantes, como o uso de algoritmos em apps e chatbots que resolvem diversas situações sem intervenção humana e com rapidez. A Unimed Poços de Caldas utiliza a metodologia NPS para mensurar o impacto das inovações no atendimento a seus pacientes e está colhendo resultados positivos com isso.
3. Alcançar objetivos mensuráveis
Falando nisso, obter métricas e mensurar resultados é um grande desafio na era do big data. Por um lado, os dados sobre os mais diferentes tópicos estão disponíveis em uma quantidade nunca antes vista. Por outro, aumenta a complexidade de entender esses dados, tratá-los da maneira adequada e transformá-los em informação relevante.
Nesse cenário, é uma boa hora para inovar nas metodologias operacionais e de mensuração dentro das cooperativas. A metodologia KPI, que se baseia em indicadores-chaves de performance, se apresenta como uma grande aliada para a gestão de inovação das cooperativas.
4. Construir uma cultura de inovação e inclusão
Inovar é necessário e quem não inova, corre um sério risco de ficar para trás da concorrência que se acirra a todo momento. Afinal de contas, inovar é um requisito para manter a competitividade nos negócios. A melhor forma de encontrar soluções inovadoras é construir uma cultura corporativa de inovação e inclusão.
Para que seja efetiva, a inovação precisa ser incentivada e valorizada tanto pelos líderes quanto pelos colaboradores das cooperativas. Assim sendo, a cooperativa deve estar aberta a novas ideias. Além disso, construir equipes diversas e inclusivas é uma maneira de agregar novas visões de mundo e encontrar soluções por meio de novos prismas e princípios.
5. Desenvolver novas lideranças
Trazer novas mentes e experiências para dentro do cooperativismo é uma etapa importante para construir essa tão necessária cultura de inovação. Diante disso, um dos grandes objetivos de inovação para 2024 é desenvolver novas lideranças para guiar os caminhos das cooperativas no futuro.
Já há cooperativas dando o exemplo quando o assunto é formar novas lideranças. Aqui mesmo, no InovaCoop, falamos sobre o Núcleo Jovem, da Coplacana e o projeto Juventude Conectada, da Cresol. Ambas as iniciativas fomentam o surgimento de novas lideranças a partir das bases das cooperativas.
6. Aprender continuamente
Métodos, ferramentas e tecnologia de inovação demandam atualização constante. Para 2024, as cooperativas devem dar protagonismo ao lifelong learning, portanto. Oferecer cursos e treinamentos para colaboradores e cooperados é uma forma muito efetiva de aprimorar a produtividade e estimular a inovação.
Para começar o lifelong learning na sua cooperativa desde já, confira os cursos do InovaCoop na plataforma CapacitaCoop. Os cursos são gratuitos e separados em cinco temas, que são:
• Quero ser ágil
• Foco no cliente
• Super apresentações
• Agente de transformação
• Design Thinking
7. Melhorar a comunicação
A comunicação entre os diversos setores e departamentos das cooperativas é um elemento que evita silos de informação e possibilita que as áreas possam convergir em busca de soluções inovadoras capazes de surtir efeito para a cooperativa como um todo.
Integrar e mapear dores comuns que perpassam por toda a cooperativa resulta em inovações abrangentes, além de promover a interação e a criatividade entre colaboradores de áreas distintas.
8. Encontrar soluções sustentáveis
A agenda ESG chegou para ficar e, com ela, vem junto a inovação sustentável. Iniciativas inovadoras que levam em conta a sustentabilidade ambiental, o impacto social e a governança agrega valor para as cooperativas, atende às novas demandas de consumo e ainda proporciona novas oportunidades de negócios.
Aumentar o protagonismo e liderar ações ligadas à agenda ESG é um dos grandes objetivos de inovação para 2024 no cooperativismo. O Sicoob Credip, por exemplo, é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento sustentável do polo cafeeiro de Rondônia, usando a ciência em benefício da comunidade e do meio ambiente.
9. Inovar continuamente
A inovação não pode parar. Essa é uma máxima primordial para fortalecer a cultura da inovação nas cooperativas. Inovar continuamente precisa ser um norte para os objetivos de inovação em 2024.
Projetos para construir culturas de inovação, como faz a Unimed BH; iniciativas de impulso ao intraempreendedorismo, como a da Aurora Coop; e programas de inovação aberta, do jeito que a Sicredi faz, são maneiras de manter a inovação ativa.
Conclusão: em busca dos objetivos de inovação
Inovar é central para as cooperativas em 2024. Os objetivos de inovação apontam caminhos e elucidam as melhores decisões para que essa jornada tenha sucesso, tornando as cooperativas mais competitivas.
Para encontrar recursos e colocar as suas inovações em prática, confira as oportunidades no Radar de Financiamento do InovaCoop! Lá, você vai encontrar diversas fontes de fomento à inovação que podem se adequar ao que sua cooperativa precisa - fique de olho nas novidades!
As startups verdes podem ser grandes parceiras para a jornada de sustentabilidade das cooperativas
A inovação sustentável é uma das grandes tendências para 2024, como explicamos em nosso artigo sobre o tema. É dentro desse cenário que as greentechs, startups sustentáveis, protagonizam grandes avanços na agenda ESG.
Em meio ao acirramento das regulações de sustentabilidade e um público que dá valor aos produtos que respeitam o meio ambiente, as greentechs apresentam soluções inovadoras para potencializar os projetos ESG em diversos setores da economia e ramos do cooperativismo. Tudo isso é construído por meio da cultura de startups, voltada à disrupção e agilidade.
Neste artigo, portanto, iremos saber mais sobre as greentechs, entender qual o papel dessas startups verdes para a inovação ecológica, visualizar os cenários em que elas atuam e conhecer exemplos de parcerias de sucesso entre greentechs e cooperativas. Aproveite a leitura!
O que são as greentechs
As greentechs são startups de tecnologia que desenvolvem soluções, produtos e serviços inovadores de caráter ambiental e social. O termo greentech, aliás, vem dos termos “tecnologia verde”. Desse modo, as greentechs começaram a ganhar espaço no século XXI, quando a pauta ambiental começou a ganhar protagonismo.
Agora, as greentechs ocupam um lugar de protagonismo nos avanços tecnológicos relacionados à agenda ESG, pois conseguem desenvolver e dar escalabilidade às soluções verdes. Por esse motivo, as startups sustentáveis estão ganhando força no mundo todo.
Segundo um levantamento da ABStartups, as startups que promovem soluções para o segmento de tecnologias limpas estão crescendo no Brasil. A aceleradora Quintessa estima que existem mais de 190 greentechs operando no Brasil.
Já no cenário global, a previsão da consultoria Beetroot em seu Greentech Report 2023 é de que o mercado de greentechs valha US$ 417 bilhões em 2030. O documento aponta, ainda, que os especialistas estão surpresos com o crescimento acelerado do segmento.
Áreas de atuação das greentechs
A agenda ESG é bastante ampla e, portanto, as greentechs apresentam uma área de atuação bastante diversificada. Assim sendo, alguns dos principais setores em que elas atuam são:
Por que se aliar às greentechs?
Desenvolver soluções sustentáveis do zero é complexo e caro. Inovar na agenda ESG pode demandar altos investimentos em tecnologia e tempo para absorver o conhecimento necessário para o sucesso dessas iniciativas.
As greentechs, por outro lado, já possuem o know how e têm soluções prontas para diversas situações. Além disso, elas possuem uma agilidade característica das startups. Aqui, no InovaCoop, já mostramos como a conexão com startups pode ser produtiva para as cooperativas.
Greentechs e cooperativismo
Cooperativas e greentechs já possuem grandes parcerias em prol da inovação sustentável. Confira três exemplos que mostram como essa parceria pode dar origem a projetos de ESG no cooperativismo.
Cooxupé realiza agricultura regenerativa
Em nossos cases de inovação, contamos como a Cooxupé desenvolveu o projeto “Sustenta Mais: Agricultura Regenerativa” para apoiar seus cooperados. Diante das dificuldades para implementar a agricultura de precisão, a cooperativa se uniu com a startup Quanticum e o IFSuldeMinas (Instituto Federal do Sul de Minas Gerais) em busca de soluções.
O projeto tem o objetivo de mapear a saúde do solo em fazendas cooperadas com tecnologias de baixo custo e oferecer ao pequeno produtor análises mais ricas sobre a lavoura, visando a preservação de suas condições originais.
A startup Quantum desenvolveu um método para identificar as nanopartículas do solo por meio da tecnologia de mapeamento magnético. As mudanças nessas nanopartículas indicam uma mudança no equilíbrio dos micro-organismos, nas respostas à aplicação de adubos e ao armazenamento de carbono.
Com esse diagnóstico, os produtores podem tomar decisões em prol de uma lavoura mais saudável, produtiva e ecologicamente responsável. O projeto foi reconhecido na categoria de inovação do Programa Coopera Mais, da Bayer, que direcionou R$ 1,5 milhão para a iniciativa.
Coocafé e NetZero reaproveitam palha do café
Em parceria com a greentech francesa NetZero, a cooperativa mineira Coocafé criou a primeira usina de aproveitamento de palha da América Latina. A planta transforma o resíduo oriundo da lavoura em biochar, que é uma biomassa de origem vegetal oriunda do carvão.
O biochar é usado para enriquecer e condicionar o solo visando uma agricultura mais sustentável. A usina, que fica na cidade de Lajinha, opera com dois reatores com capacidade de processar até 16 mil toneladas de palha proveniente do café. Além de dar origem ao biochar, esse processo ainda contribui para reduzir as emissões de carbono.
Pesquisas realizadas por diversas entidades acadêmicas indicam que o biochar da Coocafé já apresenta ganhos de produtividade no cultivo de café e de cana-de-açúcar, assim como na redução do uso de fertilizantes nas lavouras.
Por fim, o projeto produz energia limpa a partir do processo de queima da palha de café. Essa eletricidade beneficia os produtores que contribuem com a palha e reduz a dependência das energias não-renováveis.
Cooperativa Recicle a Vida se alia à Eureciclo
O NegóciosCoop contou a história da Recicle a Vida, uma cooperativa de reciclagem que atua no Distrito Federal. Idealizada em 2005 por um grupo de catadores, a cooperativa alinha o trabalho da coleta seletiva e da reciclagem à transformação social do ser humano, através de capacitação, desenvolvimento e inclusão.
A Recicle a Vida realiza parcerias com diversas entidades para atuar na logística reversa. Nesse cenário, a cooperativa é parceira da Eureciclo, uma greentech especializada em certificação de logística reversa. Desde 2016, o programa já repassou mais de R$ 41,5 milhões para centrais de triagem e garantiu a reciclagem de mais de 695 mil toneladas de resíduos pós-consumo.
Conclusão
As greentechs chegam para ocupar um espaço nobre e valioso dentro do ecossistema de inovação de diversos setores, inclusive o cooperativista. Afinal, a inovação verde contribui para um progresso responsável capaz de unir sustentabilidade ambiental, impacto social e produtividade.
E uma vez que a inovação aberta já uma realidade para diversas cooperativas, a conexão com as greentechs desponta como um passo intuitivo em prol das políticas de ESG, cada vez mais importantes para obter novas oportunidades de negócios.
Para ficar por dentro das maiores tendências de ESG que afetam as cooperativas, confira também o nosso e-book espacial sobre ESG no cooperativismo! Veja por que o ESG é bom para os negócios, entenda cada um de seus pilares e conheça cooperativas que dão exemplos inspiradores.
Conheça exemplos de iniciativas nos ramos de saúde, transporte, trabalho, consumo e outros.
O cooperativismo de plataforma ainda enfrenta seus desafios, mas, mesmo assim, tem se mostrado viável nos mais diversos ramos, desde transporte até saúde, passando, inclusive, por produções artísticas. Para mostrar esse cenários na prática, vamos listar a seguir exemplos de cooperativas de plataforma pelo mundo.
Antes, porém, vamos falar brevemente sobre o que é o modelo de plataforma e como ele se associa ao cooperativismo. Para um entendimento mais amplo sobre o tema, recomendamos a leitura do post "O que é cooperativismo de plataforma", que apresenta a conceituação sobre o assunto.
O que são cooperativas de plataforma?
Para entender o que é uma plataforma cooperativa é preciso, antes, entender o que é uma plataforma. Negócios baseados em plataforma têm como premissa facilitar o contato entre seus usuários e promover trocas de bens, serviços e produtos. Isso significa que atuam na organização das relações envolvendo pessoas e empresas.
Um exemplo bastante conhecido é o da Rappi. A companhia multinacional oferece a base tecnológica para que pessoas que tenham carro, moto ou bicicleta entreguem itens para outras que compram algo que esteja à venda na plataforma.
Note que o exemplo cita pessoas em geral, e não necessariamente entregadores profissionais. E aí é que está um dos segredos da plataforma: atuar somente como intermediária de relações e contar com um gigantesco potencial de escalabilidade e, consequentemente, de ganhos.
Devido à estrutura de propriedade baseada em rodadas de investimento, as plataformas mercantilistas acabam por gerar problemas nas relações socioeconômicas. Como resultado, os prestadores de serviço - entregadores, no caso da Rappi - acabam sofrendo com escalas de trabalho longas, falta de direitos trabalhistas e baixa remuneração.
Portanto, as plataformas cooperativas surgem como alternativa para esse cenário, pois preveem que a propriedade do negócio seja dos próprios cooperados, os prestadores de serviço ou ofertantes de produtos. Com isso, a gestão é democrática e a distribuição dos resultados fica entre os cooperados.
Essas características fazem com que o cooperativismo de plataforma se apresente como uma solução bastante atraente. No entanto, as plataformas cooperativas enfrentam alguns obstáculos para sua atuação e crescimento no mercado.
Desafios para a criação de cooperativas de plataforma
As cooperativas de plataformas enfrentam cinco desafios principais, começando com a falta de compreensão da população sobre o que é e como funcionam as cooperativas. Já as que entendem um pouco mais, nem sempre dominam a parte estratégica necessária para atuar no digital.
Além disso, poucas pessoas sabem da existência de plataformas cooperativas. Isso acontece porque o modelo tradicional de plataforma é mais simples e sua difusão na mídia é maior.
O quesito econômico também é um problema para o desenvolvimento das cooperativas. Mesmo precisando de investimentos para o crescimento acontecer, o acesso ao capital é mais complicado.
Dificuldade de entender o cooperativismo
Possivelmente, o principal desafio para a criação de mais cooperativas de plataforma é a dificuldade que as pessoas têm de entender o cooperativismo. Este problema foi apontado por Greg Brodsky, fundador da aceleradora Start.Coop.
Para ele, embora 78% das pessoas afirmem ter intenção de comprar de cooperativas, apenas 11% sabem explicar o que é o modelo cooperativista.
Como consequência, apesar da aceitação crescente acerca do modelo ao redor do mundo, há relutância por parte das próprias plataformas em adotar o termo “coop” como sufixo ou prefixo.
Disseminação do cooperativismo de plataforma
Além da compreensão do cooperativismo, Rafael Zanatta - que traduziu para o português o livro “Cooperativismo de Plataforma”, de Trebor Scholz - destaca a necessidade de tornar a possibilidade do cooperativismo de plataforma mais visível. Essa urgência pode ser atendida por meio da circulação mais intensa de ideias e projetos de democratização da economia na Internet.
Segundo Zanatta, há esforços isolados de divulgar tecnologias de blockchain e o projeto de cooperativismo de plataforma. Entretanto, para isso acontecer, são necessárias mais iniciativas nessa agenda.
Modelo mercantilista de plataforma é mais simples
Em contrapartida, o modelo tradicional de plataforma é muito mais simples e compartilhado na mídia. Não é à toa que usamos um exemplo mercantilista para explicar o que são plataformas.
O problema é que não são apenas os públicos consumidor e empreendedor que têm dificuldade de entender o modelo. E isso nos leva ao próximo desafio: a falta de investimento.
Acesso dificultado ao capital
O modelo de plataforma demanda investimentos relevantes em infraestrutura tecnológica e marketing. E o desafio, na verdade, está na forma de conseguir tal capital, porque a legislação brasileira não permite sócios-investidores, conforme explica Mário De Conto, superintendente do Sescoop/PR e pesquisador desse tema no Brasil:
“Não são permitidos sócio-investidores que só participam do negócio como investidores, buscando um retorno financeiro. A legislação não permite ter um sócio meramente investidor, mas permite, por exemplo, a criação de uma empresa subsidiária, da qual a cooperativa pode ser sócia”.
De Conto observa que em outros países é comum cooperativas de plataforma que têm uma parcela da propriedade destinada aos investidores.
“Muitas das cooperativas de plataforma internacionais que nós pesquisamos são cooperativas multi-stakeholders, ou seja, que permitem diversos grupos e associados. É uma situação um pouco rara no Brasil, que gera o desafio de pensar numa cooperativa com essa configuração”, explica.
Se já não bastassem todos esses obstáculos, o meio cooperativista também precisa abraçar as estratégias do universo digital.
Importância de fortalecer a visão estratégica digital
O meio cooperativista precisa desenvolver e disseminar uma visão cada vez mais estratégica no universo digital. Ou seja, capaz de colocar os princípios do cooperativismo para concorrer igualmente com as iniciativas mercantilistas num mundo cada vez mais online.
Para se manterem competitivas no mercado digital, é importante que as cooperativas se posicionem em busca do chamado “efeito de rede” positivo para o sucesso do negócio. Os efeitos de rede traduzem o impacto dos usuários em uma plataforma, sua geração de valor e criação de um círculo virtuoso.
Nesse contexto, a estratégia de lançamento da Stocksy é um bom exemplo. Esta cooperativa de plataforma se lançou no mercado baseada na estratégia de atrair bons cooperados, uma sólida base de clientes e com foco em seu potencial de crescimento.
Para entender um pouco mais deste assunto, recomendamos o livro “Plataforma: a revolução da estratégia”, dos autores Geoffrey Parker, Marshall Van Alstyne e Sangeet Paul Choudary.
Exemplo de cooperativas de plataforma no mundo
Existem várias iniciativas que conseguiram superar os desafios e atuam com sucesso pelo mundo. Aqui no InovaCoop, você encontra os cases detalhados das plataformas: Fairbnb, Savvy Cooperative, Stocksy United, Up&Go, Coopcycle, Drivers Seat e Ciclos.
Vamos conhecer outros exemplos?
Resonate: cooperativa de streaming de música
A Resonate se autodefine como uma comunidade ética de streaming de música. Na prática, é uma plataforma coletiva na qual os donos são os usuários – sejam eles os músicos, ou os próprios ouvintes cadastrados. Além disso, a remuneração dos artistas é superior à praticada pelas tecnologias tradicionais.
A intenção da cooperativa irlandesa, que foi criada em 2015, é reconectar a economia da música com base num modelo de negócios justo, transparente e cooperativo. Assim, para os ouvintes, a Resonate tem como proposta a contribuição - e propriedade - de algo que tenha valor real na economia digital.
Para os artistas, a organização quer se tornar sinônimo de propriedade sobre o próprio trabalho e das redes sociais criadas em torno de sua produção musical. A Resonate quer promover justiça para os músicos e conceder-lhes controle sobre a distribuição e as receitas geradas.
O modelo da cooperativa é o chamado multi-stakeholder, ou seja, composto por múltiplas partes interessadas e com funções diferentes: músicos, fãs e as pessoas que a constroem. A distribuição dos resultados se dá da seguinte forma:
• Músicos: 45%
• Ouvintes: 35%
• Funcionários: 20%
Além disso, a Resonate recebe uma comissão de 30% de toda a receita, o que significa que 70% vai direto para os artistas e titulares de direitos autorais. A cooperativa usa o dinheiro para aplicar melhorias à plataforma, ou distribui aos membros - inclusive os artistas.
E as vantagens não param por aí! Os ouvintes também possuem diversas vantagens ao usarem o serviço de streaming de música cooperativo. Diferente de outras plataformas, o Resonate cobra um valor baixo, cerca de ¼ de centavo, para cada música escutada. Caso você queira repetir a faixa, uma cobrança maior vai acontecer.
Mas não se preocupe! Depois de gastar 1,40 dólar escutando uma música, você a possuirá, não precisando mais pagar para escutá-la. O ouvinte também pode garantir sua adesão como membro na plataforma após uma doação de 10 dólares.
Fairmondo: marketplace cooperativo
Criada na Alemanha em 2012, a Fairmondo é um marketplace global e descentralizado. Sua principal característica é ser de propriedade dos próprios usuários.
A proposta da cooperativa é ser um mercado online em que os usuários possam descobrir itens interessantes com facilidade, e adquirir artigos justos e sustentáveis. Os interessados em participar da Fairmondo podem se associar com valores a partir de 10 euros. Caso não tenha interesse em se tornar um cooperado, você pode contribuir com valores mais baixos, como 3 ou 5 euros, para ajudar no desenvolvimento da cooperativa.
Esta é uma estratégia da plataforma cooperativa para evitar grandes investidores e manter o modelo acessível à população. A organização considera prioritária a participação online dos associados e visa manter total transparência nas atividades da empresa.
De fato, não há grandes investidores por trás da Fairmondo, mas sim mais de 2 mil indivíduos e comerciantes que constroem e participam da cooperativa atualmente. Saiba mais sobre esta plataforma cooperativa europeia por meio de suas redes sociais: Facebook, Instagram e X (antigo Twitter).
Midata: cooperativa de dados de saúde
A Midata é uma plataforma cooperativa criada em 2015, cuja missão é mostrar como os dados podem ser usados para o bem comum. Baseando-se na premissa da governança de dados, a organização tem a proposta de garantir, também, o controle dos cidadãos sobre seus dados pessoais.
Dessa maneira, o modelo da Midata é projetado para que a aplicação internacional seja possível. Na prática, a organização fundada na Suíça fornece apoio à fundação de cooperativas de plataforma Midata em outros mercados por meio de subsidiárias regionais ou nacionais. Todas, nesse contexto, podem compartilhar a infraestrutura da plataforma de dados.
Além disso, os cooperados se tornam proprietários de uma conta de dados na cooperativa e podem se tornar contribuintes ativos para pesquisas médicas e estudos clínicos. Para essa finalidade, eles podem conceder acesso seletivo aos seus dados pessoais, como mostra o esquema a seguir:
A iniciativa mais recente da Midata é desenvolver o Plano de Medição de Reabilitação. O projeto piloto conta com a parceria da BFH Medical Informatics e da Brightfish para fortalecer a perspectiva do paciente e o resultado da qualidade de vida quando relacionado com a saúde.
A ideia é medir os resultados do plano com os relatos de pacientes. Assim, o serviço pode ser feito com muito mais qualidade e garantia.
Smart Coop: iniciativa de serviços gerais compartilhados
A Smart nasceu na Bélgica em 1998 como uma associação sem fins lucrativos. A transformação de associação para cooperativa de plataforma ocorreu em 2016, com a criação da Smart Coop, sociedade cooperativa de responsabilidade limitada com finalidade social.
Hoje, a Smart é uma cooperativa com mais de 37 mil membros, que são trabalhadores autônomos de vários setores. A organização está presente em cerca de 40 cidades de 8 países da Europa, inclusive com escritórios disponíveis aos seus membros.
A Smart Coop oferece uma estrutura compartilhada de serviços para seus cooperados como declarações sociais e fiscais decorrentes das atividades, cálculo e pagamento das contribuições para a segurança social e pagamento de vários impostos. Além disso, oferece uma gama de serviços compartilhados extras, como:
• Assessoria;
• Formação;
• Ferramentas (administrativas, jurídicas, fiscais e financeiras) de apoio ao desenvolvimento da atividade profissional dos trabalhadores independentes.
A cooperativa também incentiva os associados a se juntarem para desenvolver projetos com outros membros da organização. O projeto intitulado SmartLabs são laboratórios de coprodução, onde experiências sobre diversos ramos são compartilhadas.
O estatuto de empresário-empregado na Smart Coop permite conciliar proteção social com uma verdadeira dinâmica empresarial. A Smart coloca o trabalhador, portador de valor econômico e social, no centro de sua missão para que ele adquira direitos sociais e desenvolva ao máximo sua atividade profissional.
FairCab: cooperativa de transporte com tarifas e ganhos justos
A intenção da FairCab é ser uma cooperativa de plataforma de transporte urbano compartilhado de propriedade dos próprios motoristas. Mais do que isso, a FairCab oferece o melhor preço para viagens desde 2016.
Aliás, um dos lemas desta plataforma cooperativa, que faz parte da New Economics Foundation, é: “We can do better than Uber” ou “Nós podemos fazer melhor que o Uber”. E, dentre os princípios da FairCab estão:
1) Promover justiça e transparência;
2) Ser pessoal e confiável;
3) Dar valor adequado para o dinheiro.
A ideia por trás da iniciativa é que a experiência de pegar um táxi seja simples, segura e com preço justo para todas as partes. Para manter o foco nos seus princípios, a FairCab atua apenas com transporte de idade e volta para o aeroporto, e para estações de trem.
Assim, os passageiros podem agendar suas corridas on-line, com, no máximo, 24 horas de antecedência. De acordo com a cooperativa, quanto antes a reserva for feita, melhores os preços.
Além disso, os clientes podem escolher qual tipo de carro necessitam, considerando a quantidade de passageiros e de malas. O canal de comunicação entre os motoristas e o passageiro é aberto, resultando em um serviço mais atencioso e cuidadoso.
A cooperativa atua nos aeroportos da área Benelux, que compreende a Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, além de aeroportos alemães próximos à fronteira holandesa, como Dusseldorf, Colônia, Weeze e até mesmo para Frankfurt e Dortmund.
Means TV: streaming de vídeo cooperado
O primeiro serviço de streaming pós-capitalista do mundo operado de forma cooperativa. É desta forma que a Means TV se autodefine desde seu lançamento em 2020. Trata-se de uma plataforma de filmes, documentários e programas, além de conteúdos semanais ao vivo, como noticiários, jogos, e esportes.
Com mais de 19 mil apoiadores, a Means TV conta com dois tipos de assinatura para acessar os conteúdos. A assinatura mensal, com um período de 7 dias de teste grátis, custa 10 dólares. Já a assinatura anual custa 110 dólares e dá ao assinante 1 mês grátis.
Em resumo, é como se fosse uma Netflix, só que como cooperativa de plataforma. A Means TV é inteiramente financiada pelos seus assinantes (os cooperados), sem patrocinadores ou investidores de venture capital (capital de risco).
Ao todo, a construção da plataforma cooperativa levou mais de um ano, considerando todas as exigências para se tornar, de fato, uma estrutura funcional e democrática. Falando na gestão democrática, a organização foi dividida em 3 níveis de membros. Todos os resultados do final do ano são distribuídos entre eles com base na respectiva participação:
• Sócios trabalhadores (70% do lucro): categoria para funcionários em tempo integral da Means TV. Esses membros podem servir no conselho e ter plenos direitos econômicos e de voto na cooperativa;
• Membros contratados (20% do lucro): esta é uma categoria secundária para aqueles que trabalham para a cooperativa com frequência, mas que também atuam em outras empresas;
• Membros royalty (10% do lucro): categoria para cineastas, distribuidores e equipe de produções originais. Funciona como royalties para pessoas que contribuíram com obras criativas ou propriedades de entretenimento significativas. Este grupo tem direitos econômicos na cooperativa.
A Means TV também conta com dois jogos interativos, um de 2020 e outro de 2022. Eles podem ser comprados e jogados em diversos consoles, como Nintendo Switch, Playstation, Xbox, e até no PC.
Mensakas: Alimentação e entrega sustentáveis
A plataforma cooperativa Mensakas se dedica às entregas. O foco são entregas de refeições, atendendo apenas empresas comprometidas com o consumo responsável, com a economia social e, especialmente, com os direitos trabalhistas. Por isso, a organização afirma prestar um serviço tanto eficiente, quanto ético.
A Mensakas tem a missão de ser uma alternativa de distribuição responsável, oferecendo serviço de qualidade capaz de gerar emprego digno. A cooperativa de plataforma procura colocar seu quadro de entregadores no eixo central da operação. Além disso, a plataforma visa incentivar o comércio local e o respeito ao meio ambiente.
O surgimento da plataforma cooperativa se deu após uma greve que engajou milhares de entregadores do aplicativo Deliveroo, em várias cidades da Europa no ano de 2017. Em Barcelona, 30 dos entregadores grevistas demitidos pela Deliveroo iniciaram um processo de auto-organização que acabou resultando na criação cooperativa, que é apoiada pela CoopCycle, Federação Europeia das cooperativas de ciclistas entregadores.
Conclusão
Apesar dos desafios enfrentados no acesso a investimentos e na própria estruturação do negócio, as cooperativas de plataforma seguem surgindo e fazendo sucesso. E é por meio de iniciativas bem sucedidas que outros empreendedores e investidores se interessam pelo tema e promovem o crescimento da modalidade.
Esperamos que esta matéria ajude, inclusive, a pavimentar o caminho para o florescimento desse tipo de plataforma que gera benefícios econômicos em escala a partir dos princípios do cooperativismo. Ou seja, plataformas que tenham em sua essência a busca por uma sociedade mais justa e equilibrada e com geração de valor sustentável para todos.
Estudo busca detectar tendências e desafios para os próximos anos
Com o intuito de manter o coop em movimento, o Sistema OCB abriu a Pesquisa de Inovação do Cooperativismo Brasileiro, nesta segunda-feira (22). O estudo está em busca de identificar as principais tendências e desafios que irão desenhar o futuro da inovação desse modelo de negócio no Brasil.
A pesquisa pretende coletar novos dados que podem contribuir para o crescimento contínuo do setor cooperativista, com o objetivo de avaliar os novos níveis de inovação, compreender o que precisa ser otimizado e identificar as áreas de oportunidade que podem fortalecer o segmento. Será uma sequência da análise realizada entre os anos de 2020 e 2021, em parceria com a Checon Pesquisa.
Para Guilherme Costa, gerente do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, os resultados devem funcionar como uma chave para o crescimento sustentável e a adaptação às mudanças no cenário econômico e social. "Com essa nova pesquisa, poderemos descobrir como o cenário de inovação está sendo moldado e quais são os obstáculos enfrentados, além de oportunidades para que as cooperativas consigam seguir com o compromisso de inovar", disse.
A pesquisa anterior revelou que 84% das cooperativas consideravam a inovação um ponto essencial para que o movimento cooperativista cresça. Agora, o novo estudo pretende avaliar novos números para uma melhor compreensão dos aspectos que podem ser aperfeiçoados. Guilherme acredita que a primeira verificação reuniu informações e dados estratégicos para promover e estimular a cultura de inovação dentro das cooperativas.
A atualização das informações permitirá ao Núcleo de Inteligência e Inovação a detecção de tendências que surgiram desde a última pesquisa. "O intuito é ter uma visão melhor das novas inclinações e oportunidades do setor. Queremos viabilizar um destaque para as cooperativas que buscam se modernizar", afirmou.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, acredita que a pesquisa é um grande passo em direção ao futuro. Para ele, inovar é uma jornada constante e coletiva. "A inovação é um fator que agrega e permite a competitividade das cooperativas brasileiras. A modernização impulsiona o nosso movimento para frente", disse.
Para participar, basta preencher o formulário on-line: https://in.coop.br/pesquisa-inova
Mas atenção! Só é permitida uma resposta por CNPJ, então é importante ter certeza de quem é a pessoa mais indicada para preencher a pesquisa aí na sua coop. Se essa pessoa for você, não perca tempo! Acesse agora.