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Entenda a novidade e o status da transformação digital no sistema financeiro e nas cooperativas de crédito
Dentre as infinitas possibilidades para definir o que é inovação, podemos dizer que é, também, a capacidade de encontrar meios para otimizar processos mesmo em ambientes desfavoráveis. Dois exemplos podem ajudar a entender essa afirmação.
Primeiro, vamos pensar no setor de aviação. Poucas áreas de negócio têm tanta regulamentação e, consequentemente, restrições para atuar, certo? É comum ouvir dizer que a cada acidente aéreo a aviação fica mais segura justamente porque as investigações dão origem a mais e mais regras. Ainda assim, há muita inovação tecnológica e de processos no meio aeronáutico. Inclusive com testes para aviação comercial com pilotagem autônoma.
O outro exemplo vem de outro setor extremamente regulado, o financeiro. Grandes crises internacionais que colocaram o planeta em décadas de recessão tiveram origem em brechas nas regras do setor bancário. Portanto, é natural que o catálogo de regras desse setor seja bastante extenso.
Novamente, isso não é motivo para impedir a inovação de acontecer. Tanto é que, apenas no Brasil, há pelo menos cinco fintechs - startups financeiras - em vias de se tornarem unicórnios - quando o valor de mercado passa de US$ 1 bilhão. Isso além de Nubank e Ebanx, que já ultrapassaram essa marca. Como sabemos, startups são baseadas em inovação. Logo, o sucesso desses negócios mostra que há oportunidades - e apetite - no mercado para quem ousa inovar no meio bancário.
Dado todo esse contexto, imagine, agora, que o principal agente regulatório do setor financeiro criasse um ambiente favorável à inovação. Ou seja, com mais autonomia, empoderamento, clareza e segurança aos clientes para experimentar novos produtos e serviços, eliminando o receio de perder todo um histórico de bom relacionamento com a instituição financeira.
Tal possibilidade foi batizada de Open Banking, cujas regras no Brasil são ditadas pelo Banco Central, e que já tem provocado mudanças profundas na forma como as instituições mais tradicionais têm se portado. Agora, vamos entender o que é Open Banking e como influencia na inovação no setor.
O que é open banking?
Lançado no Brasil no dia 1º de fevereiro de 2021, o Open Banking pode ser resumido como um conjunto de regras que permite às empresas do setor financeiro compartilhar dados de clientes entre si.O Banco Central determina que instituições enquadradas nas categorias S1 e S2 são obrigadas a aderir ao open banking.
O S1 é composto por instituições com porte igual ou superior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) ou que exerçam atividade internacional relevante, independentemente do porte. No S2 entram instituições com porte inferior a 10%, mas superior a 1% do PIB. Para as demais empresas, a adesão é facultativa.
Em todos os casos, o compartilhamento de informações se dá sempre mediante autorização do cliente, que ganha mais controle sobre a forma como suas informações financeiras são usadas.
No centro da proposta do Banco Central está, justamente, modernizar a regulamentação do mercado financeiro e, assim, aumentar a competição entre as instituições bancárias brasileiras. Com a novidade entram definitivamente no jogo, além dos próprios bancos tradicionais, as fintechs e outras instituições, como é o caso das cooperativas de crédito.
O que se espera, no fim das contas, é que o estímulo à concorrência leve à elaboração de novos produtos e serviços, com consequente redução de tarifas e taxas, inclusive de juros. Há uma grande expectativa do setor bancário em torno das possibilidades decorrentes do Open Banking, conforme afirma o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney. “O open banking incentivará a inovação e tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes com novos produtos e serviços, acelerando a transformação digital do mercado financeiro”.
Uma das consequências do compartilhamento de dados é a possibilidade de personalizar ou customizar os serviços financeiros a nível individual. Isso porque, com dados dos clientes disponíveis aos participantes do ecossistema, as instituições conseguem desenvolver e ofertar serviços ajustados às necessidades de cada cliente e ao momento de vida pelo qual estão passando. Ou seja, a oferta de valor é muito mais relevante e é tida como um dos grandes trunfos do open banking.
Cesar Gioda Bochi, diretor executivo de Administração do Sicredi e conselheiro indicado pela OCB para compor o Conselho Deliberativo do Open Banking, acredita na visibilidade que o open banking pode proporcionar às cooperativas. “O Open Banking trará novas oportunidades para que as pessoas conheçam os benefícios que as cooperativas de crédito oferecem, pois a perspectiva é de um ambiente com mais informação, transparência e liberdade para escolha. Dessa forma, podemos fortalecer ainda mais o cooperativismo de crédito no Brasil, gerando mais inclusão financeira e contribuindo com o desenvolvimento econômico e social das comunidades”.
Além de permitir a portabilidade dos dados com facilidade, a nova regulamentação permite ao consumidor conectar suas contas bancárias a aplicativos agregadores, por exemplo. Ou seja, com funcionalidades que permitam analisar toda sua vida financeira em uma só tela. Se por um lado aumenta a facilidade para os clientes, por outro a agregação de dados permite às instituições ofertar investimentos e outros produtos que sejam aderentes ao perfil do cliente.
Implementação em fases
A implementação dos protocolos está prevista para ocorrer em quatro fases, conforme a tabela a seguir.
A importância das parcerias para a inovação no setor financeiro
Como pudemos ver, uma das palavras-chave do Open Banking é o compartilhamento de informações, com atuação intensa de aplicativos e soluções que extrapolam os limites dos bancos tradicionais. A novidade proporciona, portanto, a criação de um verdadeiro ecossistema financeiro, com integração de funcionalidades diversas que não dependem em nada da instituição em que o cliente tem conta.
Se por um lado a abertura pode soar como uma ameaça à hegemonia dos bancos tradicionais, incluindo grandes cooperativas de crédito, como Sicredi e Sicoob, por outro pode ajudá-los a se consolidarem como hubs de soluções tecnológicas. Afinal, com a possibilidade de compartilhar informações com terceiros, as instituições não ficam mais restritas à sua própria capacidade de desenvolver tecnologia internamente. Pelo contrário, podem se associar a fintechs que enderecem dores cuja falta de solução poderia fazer os clientes começarem a procurar alternativas no mercado.
Ao integrar soluções de fintechs, as grandes instituições atendem completamente a jornada financeira do cliente ao mesmo tempo em que proporcionam segurança a esse cliente, que não se vê obrigado nem a ficar refém de uma empresa que não atende todas suas necessidades nem a procurar uma solução de uma empresa pequena, que não passa a solidez que ele precisa.
Essa é a mentalidade por trás da atuação das cooperativas de crédito citadas acima. Com 9,4 milhões de cooperados e cerca de 500 cooperativas associadas em todo o País, Sicoob e Sicredi voltaram esforços para a construção de um ecossistema de inovação em torno de suas operações. Por meio do Sicredi Conecta a cooperativa estimula a geração de negócios online entre seus associados. Já o programa Inovar Juntos tem como objetivo estabelecer parcerias com startups que possam gerar soluções inovadoras.
A importância das parcerias para a construção de um ecossistema de inovação é tanta que mesmo bancos tradicionais investem em hub dedicados a identificar e incubar oportunidades de mercado. É o caso do Cubo, do Itaú, do InovaBRA, do Bradesco, do Original Hub, do Banco Original, por exemplo.
Neste último caso, a iniciativa resultou na parceria com o PicPay, empresa de meio de pagamentos do qual o Original se tornou controlador. Para os próximos três anos, o Original espera que a vertente de integrações represente 30% das receitas do banco.
Transformação digital no sistema financeiro
De acordo com a Deloitte, 84% das pessoas utiliza serviços bancários e 72% faz uso de aplicativos móveis para acessar suas operações. A pesquisa que identificou esse comportamento - Acelerando a Transformação Digital no setor bancário - também verificou uma relação entre oferecimento de conveniência e engajamento com a marca. Em outras palavras, a pesquisa conclui que há uma correlação positiva entre uso de meios digitais para transações financeiras e engajamento emocional com as marcas bancárias.
Dados divulgados pela Febraban indicam que aproximadamente 80% dos consumidores de vários setores, inclusive o financeiro, valorizam a experiência proporcionada tanto quando os produtos e serviços oferecidos. Além disso, 56% afirmam procurar comprar de companhias inovadoras.
O efeito prático da presença digital é a percepção de que as instituições bancárias tornam a vida financeira mais conveniente e prática, com maior oferta de valor, transparência, entendimento das necessidades dos clientes e melhoria contínua da experiência.
Transparência, aliás, é um dos apelos para conquistar clientes do Nubank, que oferece serviços gratuitos e praticidade de uso, motivos que ajudam a explicar o crescimento exponencial da fintech, avaliada em US$ 25 bilhões e com uma base de clientes com mais de 26 milhões de clientes.
Experiência real no meio digital
O engajamento almejado por meio da virtualização do atendimento passa pela melhora da experiência, como dissemos. Na prática, isso significa uma vivência digital em que o cliente encontre, de acordo com a pesquisa da Deloitte, segurança às transações, resolução de problemas em tempo real e amplo leque de serviços realizados virtualmente.
Num contexto como esse, em que 60% das transações são realizadas por meio de celular ou computador, a inteligência artificial e a machine learning têm um papel fundamental. Afinal, a ampliação do acesso passa pela humanização do contato, com intensivo uso de chatbots e assistentes virtuais. Isso é o que leva os bancos brasileiros a investir R$ 20 bilhões por ano em tecnologia, de acordo com a Febraban.
Os massivos investimentos se justificam não somente pela melhoria da experiência do cliente, mas porque trazem redução de custos para as instituições. De acordo com a Febraban, a tecnologia contribui com a otimização dos serviços em backoffice, na área jurídica, de recursos humanos e cadastramento de contas.
No caso do Santander, por exemplo, os investimentos nessas duas tecnologias visam a melhorias nas estratégias antifraude, relacionamento com o cliente (CRM) e desenvolvimento de modelos de crédito.
Possivelmente, um dos cases mais emblemáticos de uso da IA (inteligência artificial) é o do Bradesco, cuja solução se chama, não por acaso, BIA, sigla para Bradesco Inteligência Artificial. Baseada na tecnologia da plataforma IBM Watson, a solução nasceu em 2016 com a finalidade de responder a dúvidas de funcionários. Passou a atender aos clientes em 2017, proporcionando uma redução expressiva de tempo de resposta, de minutos para segundos.
Com 168 milhões de interações já realizadas, a BIA já atendeu a 12 milhões de clientes, sendo 1,4 milhões pelo WhatsApp. O sucesso foi tanto que o Bradesco está desenvolvendo uma plataforma de IA própria, para rodar em paralelo à solução da IBM.
O Santander, por sua vez, registrou redução de até 80% no tempo consumido com tarefas que agora são realizadas por tecnologia de IA. É o caso, por exemplo, de atividades de backoffice, reconhecimento de imagens para abertura de contas, financiamentos e modelos de crédito.
No caso do Banco do Brasil, a IA foi responsável por reduzir em 75% as chamadas na central de help desk, além da redução de 11% na quantidade de positivos falsos de alertas.
Dentre os usos mais comuns da IA por bancos estão:
Inovação e digitalização no cooperativismo de crédito
O cooperativismo de crédito não fica atrás das inovações que têm movimentado o setor financeiro. O tema Inovação, aliás, foi um dos pilares do 14º Congresso Brasileiro de Cooperativismo, em 2019. Na ocasião, o Sistema OCB reforçou a importância de as cooperativas voltarem os seus olhos e esforços para redesenhar processos e buscar novas soluções e tecnologias capazes de transformar digitalmente seus processos.
De lá para cá, a importância que o cooperativismo dá para a inovação só cresceu. O ramo de crédito, por exemplo, já realizou seu 1º Encontro Técnico do Open Banking com as Cooperativas de Crédito.
Essa atenção se reflete na prática, no dia a dia das cooperativas de crédito. O Sicoob, conforme falamos anteriormente, tem buscado melhorar a experiência dos usuários que têm preferência pelo atendimento digital. Foi o que levou a cooperativa a, por exemplo, desenvolver um processo de filiação totalmente digital, por meio do App Sicoob.
As inovações incluem um sistema de reconhecimento facial que evita o deslocamento dos cooperados até as agências para liberação do aplicativo, de tokens e senhas e a evolução do sistema para viabilizar pagamentos por aproximação nas funções débito e crédito.
O Sicoob Empresas RJ, por sua vez, criou o programa Plataforma.Space, que conecta startups à cooperativa, gerando conhecimento, relacionamento e melhoria de processos internos. O mote para a criação do programa foi a intenção de trazer o ecossistema de inovação para dentro da realidade da cooperativa. Como resultado, pelo menos 10 startups foram contratadas pela cooperativa para proporcionar melhoria em produtos e serviços, além de processos internos.
A transformação digital do Sicredi conta com o apoio do Sicredi Conecta, uma plataforma que cria um marketplace para pequenos empreendedores. É uma verdadeira frente de intercooperação, conectando associados por meio de uma vitrine virtual de produtos e serviços. Com mais de 20 mil associados cadastrados, a plataforma conta com mais de 10 mil anúncios publicados.
Outro apoio à transformação digital vem do programa de relacionamento com startups Inovar Juntos, que já apresentou como resultados a captação de mais de R$ 100 milhões em investimentos por parte dos associados e economia de R$ 1 milhão por ano com gestão de despesas de viagens corporativas. Graças a iniciativas como essa o Sicredi ficou entre as 100 organizações mais inovadoras do Brasil, de acordo com o ranking 100 Open Startups, de 2020.
No Sistema Ailos, a iniciativa Ailos Aproxima também apresenta a proposta de atuar como um marketplace para empreendedores. Criada no início da pandemia, no começo de 2020, a plataforma já tinha mais de 4,5 mil pessoas e 2,3 mil produtos cadastrados no primeiro mês de funcionamento.
Anterior a todas essas iniciativas, a Agência Mais, da Unicred União, é tida como a primeira agência digital do cooperativismo. Sua proposta é dar suporte digital aos 19,5 mil associados da Unicred União que não queriam ou não podiam ir às agências físicas.
Além de obter um índice de satisfação de 94%, a Agência Mais proporcionou o fechamento de agências físicas, com diminuição de custos. Não à toa, como podemos ver, esse case ficou em 2º lugar no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano, em 2020, na categoria Inovação.
Conclusão
A revolução no setor bancário já está em curso e será ainda mais acelerada conforme avançam as fases de implantação do Open Banking. As instituições tradicionais que não procurarem maneiras de se reinventar, inclusive incorporando soluções e funcionalidades externas, desenvolvidas por startups, correm sérios riscos de perder participação no mercado. E isso vale para organizações de todos os tipos, inclusive cooperativas.
Atentas a isso, as instituições financeiras têm investido muito em inovação como forma de transformar a experiência do consumidor, levando conveniência, transparência e segurança. O Open Banking, para as organizações que estão preparadas para as mudanças, é um advento positivo, que amplia o leque de possibilidades e pode aumentar sua competitividade.
Ao que tudo indica, as cooperativas de crédito estão antenadas e participando ativamente das mudanças, abrindo caminhos para um crescimento sem precedentes para este ramo do cooperativismo. Sem dúvidas, os próximos meses e anos vão trazer uma nova organização para todo o setor e, se tudo der certo, com as cooperativas como protagonistas.
Não existe dúvida entre as cooperativas: inovar é o caminho do futuro! E são elas mesmas que disseram isso, na pesquisa Inovação no Cooperativismo Brasileiro, realizada pelo Sistema OCB.
Um dos dados mais emblemáticos da pesquisa é que 84% delas afirmam que inovação é essencial para o desenvolvimento do setor. O dado, além de mostrar que as coops já têm feito o dever de casa, evidencia que existe uma ótima receptividade para o tema, pois em nenhum momento a importância ou a pertinência da inovação foram questionadas ou taxadas como irrelevantes.
Quer conhecer outros números interessantes dessa pesquisa? A gente te conta agora!
Por quê?
O objetivo da pesquisa era conhecer melhor o cenário de inovação no cooperativismo, fazendo os seguintes recortes:
- planejamento e iniciativas de inovação nas cooperativas
- projetos de inovação realizados pelas cooperativas e seus resultados
- desafios e oportunidades para inovação nas cooperativas
- planejamento para o futuro na temática inovação
- expectativas frente ao papel do Sistema OCB no fomento à inovação
Fizemos a pesquisa, para balizar nossas estratégias de fomento à inovação no cooperativismo. Para entender quais são os desafios para direcionarmos nosso trabalho. E para, num futuro próximo, comparamos os dados para entendermos os impactos de nossas iniciativas e, se preciso, revisarmos algumas estratégias.
Como?
A CHECON, empresa especializada e com experiência em atuação no cooperativismo, foi contratada pelo Sistema OCB para conduzir esta pesquisa. Foram realizadas 14 entrevistas em profundidade, com lideranças dos sete ramos do cooperativismo, em julho de 2020. Essa etapa qualitativa foi fundamental para elaboração da segunda etapa da pesquisa, que teve início em novembro de 2020. O questionário foi respondido pelas coops via web, entre os dias 16/11/20 e 1º/2/21.
Foram realizadas 474 entrevistas quantitativas com cooperativas de todos os ramos, tamanhos e segmentos. Vale destacar que, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro, há pouco mais de 5,3 mil cooperativas registradas na OCB. Ou seja, o total de entrevistas realizadas chega a quase 10% - o que, para os especialistas, representa uma amostra bem satisfatória.
Com relação ao percentual de respostas, considerando as regiões, a Sudeste e a Sul foram as que mais tiveram participação na pesquisa, com 33% e 24% respectivamente. Já no recorte dos ramos, temos o Crédito e Agro como aqueles que tiveram mais cooperativas participando. Os percentuais são: 30% e 22% respectivamente.
Contexto em destaque
Segundo as respostas, 84% das cooperativas consideram a inovação muito importante. Porém, ao avaliarem o grau de inovação as coops acreditam que podem melhorar nesse quesito, pois, a média da nota que se deram na autoavaliação foi de 6,1 mostrando que existe espaço para melhorias.
Aliás, vale comentar que o Brasil é uma terra oportunidades e desafios quando o assunto envolve inovação. Segundo o Índice Global de Inovação, mais conhecido como IGI, o Brasil ocupou a 62ª posição no ranking mundial em 2020. Diante disso, é possível concluir que o trabalho para melhorar a inovação é uma demanda de todos os tipos de negócios verde-e-amarelos.
A pandemia acelerou a inovação em diversos setores da economia e não foi diferente no cooperativismo. 47% das cooperativas relataram que tiveram projetos acelerados devido ao novo cenário e 22% das coops disseram que começaram a inovar devido ao novo contexto.
Inovações das coops
Merece destaque que, 2 em cada 3 cooperativas relataram que já inovavam antes do Covid-19. E podemos ver uma considerável diversidade de setores onde essas cooperativas realizaram suas inovações. Na média, cada cooperativa implementou inovações em 3,9 setores diferentes.
E as áreas onde as coops mais inovaram foram:
- Atendimento ao cliente: 64%
- Marketing e comunicação externa: 60%
- Tecnologia: 53%
- Comercial (vendas, exportação): 45%
Os impactos com o lançamento e a implementação de inovações são bem diversificados:
Segundo elas, o tempo para que os resultados do processo de inovação sejam percebidos surpreende por ser reduzido. Em praticamente 9 de cada 10 dessas cooperativas (88%), o tempo médio de retorno da inovação é inferior a 12 meses.
Planejamento para inovação
A pesquisa de inovação no cooperativismo também constatou que, pra as coops, os setores prioritários para ações inovadoras nos próximos meses indicam forte concentração em marketing e comunicação externa (50%), em atendimento aos clientes (49%) e em tecnologia (43%).
Quer saber quais são as prioridades para as coops do seu ramo? Veja na imagem abaixo que os setores prioritários variam de acordo com o ramo da cooperativa.
Os maiores especialistas sempre afirmam que inovar não exige, necessariamente, um investimento muito alto, entretanto, separar uma fatia do orçamento para as ações inovadoras faz toda a diferença para o futuro do negócio. Como disse o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, “Mais do que estar na agenda das coops, a inovação precisa estar no orçamento! Sem dinheiro não se faz nada!”.
E esse poder está na mão dos líderes das cooperativas. É o que mostra a pesquisa, pois 77% dos respondentes disseram que as decisões estratégicas de inovação estão a cargo da presidência ou diretoria da coop.
Está claro que inovar é um dos melhores caminhos para se manter relevante, tanto que, as ações inovadoras já estão presentes em 84% dos planejamentos estratégicos elaborados pelas cooperativas.
O que estamos fazendo
A pesquisa realizada pelo Sistema OCB mostrou que as cooperativas reconhecem a importância da inovação para competitividade de seus negócios. E também reforça uma das diretrizes eleitas por mais de 1,6 mil lideranças no 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo, ocorrido em maio de 2019: promover e estimular a cultura da inovação entre as cooperativas.
Desde então, o Sistema OCB tem trabalhado para que essa diretriz saísse do papel e transformasse a rotina das coops brasileiras. Tanto que, em 2020, lançou este site, onde é possível encontrar cases, cursos, ferramentas, livros digitais, além de matérias, entrevistas e diversos outros subsídios para inovação.
Recentemente, lançou, também as primeiras turmas do Programa de Formação de Agentes de Inovação, com representantes de cooperativas e de unidades do Sistema OCB que terão o papel de estimular a cultura e prática inovadoras dentro do ecossistema cooperativista.
Além disso, está preparando o lançamento do programa Conexão com Startups e Semana Coop de Inovação, ambos previstos para ocorrerem ainda em 2021.
“Nós temos visto ao longo da história humana que fora da inovação não há solução durável. E, nas cooperativas, essa busca constante pelo aperfeiçoamento de seus processos, produtos e serviços é algo que faz parte do DNA delas. É isso que assegura que as nossas coops ampliem sua competitividade no mercado. Inovar é a resposta”, conclui Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB.
Saiba mais
Que tal conhecer os principais números dessa pesquisa? Clique aqui e baixe o infográfico.
Veja aqui a live onde os principais resultados foram apresentados:
Tecnologias e a maior capacidade de processamento de dados tendem a tornar fretes e viagens cada vez mais econômicas e eficientes
Assim como ocorre com grande parte dos setores econômicos, a logística tem passado por profundas transformações no sentido de tornar suas atividades cada vez mais digitalizadas. E é por meio da incorporação de tecnologia que o setor pretende reduzir custos e aumentar a segurança em suas operações.
Dessa maneira, o ramo de transporte tem muito a ganhar com a disseminação de inovações, tecnologias e conceitos de gestão que otimizam processos e aproximam clientes e pessoas. Afinal, este ramo do cooperativismo acaba por seguir as mesmas tendências que têm se aplicado para o setor de logística como um todo.
Logo, a expectativa é de que cada vez mais tecnologia e capacidade de processamento de dados sejam aplicadas às cooperativas deste ramo, tornando fretes e viagens mais econômicas e eficientes.
A seguir, vamos dar uma olhada nas sete principais tendências para o cooperativismo de transporte se tornar cada vez mais competitivo.
1. Big data, analytics, blockchain e tecnologias verdes
É sabido que os principais custos no transporte de cargas estão relacionados a consumo de combustível, mão de obra, manutenção dos veículos e desgaste dos pneus. Para chegar a uma equação correta e a uma solução adequada para aumentar a rentabilidade, estes custos não podem ser avaliados isoladamente. Afinal, um desgaste acentuado dos pneus, assim como hábitos ruins de condução certamente acarretam maior consumo de combustível.
Nesse contexto, big data e analytics são aliados do setor ao identificar tendências e padrões de comportamento. Na prática, big data, analytics e machine learning, associados, permitem fazer análise preditiva, levando à identificação precoce de quebras em caminhões com determinado comportamento.
A análise de dados globais de viagem – e não isolados – dá ao gestor das cooperativas a chance de buscar reduções de custo e melhorar resultados de entregas aos clientes, com melhor atendimento a prazos e menos riscos. Dentre as possibilidades está a adoção de tecnologias verdes para a frota, como veículos híbridos, que ainda não estão devidamente difundidos, mas que apresentam consumo de combustível reduzido.
Então, de forma geral, o processamento de dados proporciona à logística:
Já o blockchain proporciona uma camada a mais de segurança a toda a operação logística ao tornar as transações muito mais transparentes. Por meio do blockchain todas as empresas e cooperativas envolvidas conseguem acessar uma mesma rede e, assim, verificar as informações diretamente na fonte.
Com isso, além de não depender de um único sistema monolítico, sujeito a falhas, contratante e contratado ficam imunes a possíveis fraudes, já que a rastreabilidade passa a ser compartilhada em tempo real.
2. Robotização
A robotização associada a outras tecnologias tem potencial para proporcionar até 40% de economia em centros logísticos. Esse dado é do BCG (Boston Consulting Group), que realizou um estudo sobre como a robótica altera a produtividade industrial. Dessa maneira, não é surpresa a expectativa de que, em 2021, o setor logístico faça investimentos de US$ 22,4 bilhões em robôs.
O crescimento na quantidade de autômatos em armazéns logísticos visa à melhoria e otimização do trabalho humano, com redução das tarefas repetitivas ou que exigem esforço elevado ou colocam as pessoas em risco. Em paralelo, há também um ganho de eficiência derivado da automação logística, melhorando prazos de entrega e reduzindo custos operacionais.
De acordo com a pesquisa Advanced Robotics in the Factory of the Future, do BCG, a robótica avançada é a aposta de 52% dos executivos e gerentes de operações consultados para a melhora da produtividade em logística até 2025.
É importante notar que há dois tipos principais de automação para armazéns logísticos. Uma delas se dá via adoção de robôs industriais, que são máquinas programadas para executar processos industriais de modo preciso. No caso da logística, essa frente é formada por transelevadores ou transportadores automáticos.
A outra frente é a dos chamados cobots. Ou seja, robôs colaborativos. Estes são concebidos para auxiliar os humanos na realização de tarefas, sendo mais versáteis, já que são programados pelo trabalhador. É o caso, por exemplo, de braços mecânicos para movimentação de cargas ou de máquinas para embalar.
3. Entregas autônomas
A automação não fica restrita aos armazéns. Embora ainda em fase embrionária, o uso de veículos de carga autônomos já é uma realidade e essa modalidade deve crescer cada vez mais no mundo. A Scania, inclusive, já tem feito testes no Brasil para uso de caminhões autônomos em minas de extração de minério em Minas Gerais.
Outra frente que ganha importância é a de e-CAVs, como são chamados os carros elétricos, autônomos e conectados. Seu crescimento tem sido determinado pela queda no custo das baterias, bem como da manutenção e operação. Esse tipo de veículo funciona como computadores sobre rodas, gerando e processando dados que melhoram continuamente seu desempenho e o processo como um todo.
Em estágio um pouco mais avançado está o uso de drones para entregas de pequeno porte por parte de empresas como Amazon e Google. Este modal tem capacidade de transportar mercadorias em até 30 minutos nas grandes cidades. Embora promissor, essa possibilidade ainda carece de regras por órgãos reguladores.
De maneira geral, o que se espera é que o uso de veículos autônomos melhore a segurança das pessoas. Relatório da McKinsey afirma que esse tipo de veículo pode reduzir em até 90% a incidência de acidentes. Entretanto, ainda há questões éticas em aberto e que afetam diretamente a lógica de tomada de decisão desses equipamentos no caso de situações de risco. São discussões que devem determinar o futuro do desenvolvimento dessa tecnologia na sociedade.
4. Logística em tempo real
A logística real time (em tempo real) é considerada um complemento indispensável à chamada logística 4.0. Afinal, uma das premissas do conceito 4.0 é a informação em tempo real para toda a cadeia, com visão integrada de suprimentos, centros de distribuição inteligentes e estoque enxuto.
Assim, o acompanhamento da movimentação de cargas em tempo real é beneficiado pelo uso de tecnologias, como a IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas, em português). Na prática, os itens a serem transportados – ou os próprios veículos – se conectam à internet para comunicar de maneira ativa a sua localização e status durante todo o translado.
É devido ao potencial desta tecnologia na transformação digital da cadeia logística que são esperados investimentos de US$ 10 bilhões em IoT na logística até 2022.
Nesse contexto, é importante entender e atender o conceito de “last mile”. Ou seja, à complexidade da última etapa da entrega da mercadoria ao consumidor final. Isso porque, com o fortalecimento do e-commerce, a relação das empresas com os consumidores passa a depender também do processo logístico. E muitas vezes os problemas acontecem justamente nessa última etapa do transporte.
E é nessa etapa em que o consumidor tem mais contato com o processo logístico, já que as ferramentas de e-commerce geralmente proporcionam a possibilidade de acompanhar o deslocamento das mercadorias até a entrega. Atrasos e problemas nesse momento geram frustração nos consumidores e são decisivos para compras futuras.
É na last mile que se concentram alguns dos maiores desafios do e-commerce e que as empresas de logísticas têm a oportunidade de endereçar:
- Custos elevados: até 28% do custo de um produto é o frete, em alguns casos. A falta de planejamento adequado nessa etapa pode comprometer a viabilidade de uma transação comercial
- Rastreamento pelo cliente: o acompanhamento em tempo real é uma demanda por parte dos consumidores, sendo decisivo para sua satisfação com relação à qualidade do serviço prestado
- Comunicação com o cliente: especialmente no caso do e-commerce, a única interação real com os clientes se dá por meio da entrega. Então a postura do entregador e a qualidade das informações trocadas com o cliente são valiosas
5. Plataformização
Na era das plataformas, o setor logístico também se beneficia da integração digital de dados ao conectar embarcadores e transportadores num mesmo ecossistema. Com isso, esses sistemas otimizam a atuação de transportadoras e profissionais autônomos, reduzindo custos para contratantes de frete ao evitar o retorno de veículos vazios ao seu local de origem.
Quando não oferecem a opção incorporada, essas plataformas também permitem integração com sistemas de gestão de frotas e documentos. Além disso, podem oferecer como funcionalidades:
Dessa maneira, as plataformas melhoram a eficiência das entregas, com análise precisa das informações e otimização de custos para contratantes e contratados.
6. MaaS
O conceito de economia compartilhada trouxe muitas mudanças para as relações de consumo. Ao viabilizar o consumo de itens e serviços sem a necessidade de aquisição, viabilizou um novo modelo com o Uber, por exemplo. Assim, as pessoas contratam o deslocamento de um ponto ao outro sem a necessidade de comprar um carro.
É o que se chama de MaaS (Mobility as a Service, ou Mobilidade como serviço, em português). Pesquisas indicam que os aplicativos de transporte são a opção para 10% da população brasileira, chegando a 75% em regiões urbanas. O leque de opções de MaaS não para de crescer. Desde aplicativos que conectam motoristas a passageiros até empresas que oferecem locação de automóveis de longo período.
Em todo caso, o que é ofertado é o pagamento pelo uso, não pela propriedade, viabilizando o acesso das pessoas à mobilidade.
7. Consciência ambiental
A otimização de processos e custos proposta pelas novas tecnologias e os conceitos que estão pautando o setor logístico têm um efeito colateral positivo: a redução dos impactos ambientais decorrentes da operação logística.
A capacidade de conexão entre pessoas e empresas proporcionada pela tecnologia tem potencial para reduzir o desperdício de alimentos ocasionado pelo transporte, que pode chegar a 14% da carga embarcada.
Ao repensar a logística é possível melhorar as relações de consumo e estimular as transações locais, reduzindo as distâncias a serem percorridas e aumentando o mercado para produtores locais. Nesse contexto, o setor logístico tem a chance de aproveitar a atual tendência em que as pessoas começam a se preocupar com a origem dos alimentos que consomem.
Essa preocupação inclui entender a pegada de carbono dos produtos. Ou seja, o quanto cada ato de consumo contribui ou não para o aquecimento global. Há um crescimento relevante na importância que as pessoas têm dado para essa questão e o segmento de logística está, inevitavelmente, exposto. Logo, as cooperativas desse ramos precisam ter essa questão em foco.
Conclusão
A eficiência do setor logístico é determinante para a produtividade da economia. A forma como a produção é escoada influencia diretamente na competitividade das indústrias. Da mesma maneira, é um setor repleto de oportunidades para incorporar melhorias tecnológicas.
Além disso, devido ao potencial estratégico, o cooperativismo de transporte precisa estar atento a essas tendências para não perder a chance de ajudar a impulsionar a economia nacional ao deixar de incorporar as melhorias que tais tendências trazem para o negócio.
Agora que você já conhece as tendências de inovação, veja também as novidades na saúde e no agro, além do post de tendências para o cooperativismo. Até o próximo post!
Entrevistada pelo InovaCoop, uma das especialistas em marketing e inovação mais reconhecidas dentro e fora do país comentou sobre o lifelong learning. Confira essas e outras dicas agora!
Se existe um nome brasileiro sinônimo de inovação é Martha Gabriel. Entusiasta do cooperativismo, Martha é formada em Engenharia pela Unicamp, pós-graduada em Marketing pela ESPM e, em Design, pela Belas Artes de São Paulo. Além disso, a mestre e PhD em Artes pela USP cursou Educação Executiva em Inovação e Neurociência para Liderança pelo MIT Sloan.
Com um currículo desses, Martha é uma das brasileiras mais reconhecidas dentro e fora do país, quando o assunto envolve estratégias de marketing, inovação e futurismo. É também autora dos best-sellers Marketing na era digital; Educar: a (r)evolução digital na educação (finalista do Prêmio Jabuti) e Você, eu e os robôs (finalista do Prêmio Jabuti).
Em suas redes sociais, ela faz questão de produzir conteúdos relevantes, como dicas de livros que todos os profissionais mais antenados precisam ler para encarar o mercado profissional atual, cheio de mudanças, exigente de novas habilidades e cada vez mais high tech.
Segundo a especialista, a relação de livros abaixo não pode faltar na biblioteca de quem quer inovar:
E o InovaCoop conversou com ela sobre essa lista de livros essenciais e, também, sobre algo que passou a ser uma demanda profissional: o Lifelong Learning - termo em inglês para educação continuada ou aprendizado constante.
Confira no vídeo abaixo o que ela tem a dizer sobre esses assuntos:
Para mais dicas, vale a pena segui-la nas redes sociais. No Instagram, você encontra o perfil dela digitando @marthagabriel.
Veja aqui a importância dos protótipos e conheça ferramentas para testar rapidamente suas ideias e criar soluções inovadoras.
Se pudéssemos citar dois principais fatores para que alguém ou uma organização consiga inovar seriam a capacidade de explorar e a de executar. Explorar envolve tudo o que antecede a criação da ideia e executar está relacionado a tudo o que vem depois da ideia, como a prototipagem.
É preciso explorar para conhecer com profundidade para quem está se inovando; que tipo de problema, dor, necessidade se pretende resolver. Essa busca constante é fundamental para se sair do senso comum e das ideias pré-formatadas e começar a fazer novas conexões e chegar em ideias que podem, potencialmente, beneficiar o outro e serem, ao final, inovadoras.
Porém, ideias são somente pensamentos se elas não forem executadas. É nesse momento que entra a parte da prototipagem. Conseguir oferecer uma solução que gere valor para as pessoas é o maior desafio, porque somente quando materializamos nossas ideias é que descobrimos se elas realmente fazem sentido, se elas de fato atendem a uma necessidade e se as pessoas realmente usariam.
Por isso, ao lado de toda ideia, é preciso haver um protótipo, isto é, uma representação física do que está se propondo. Exatamente porque é a partir do protótipo que o(s) autor(es) e as pessoas conseguem interagir com a ideia e construir em cima, para que, ao final, ela se torne uma solução efetiva para um problema.
Resumindo: sempre que tiver uma ideia, prototipe-a. Crie algo tangível. O ato de prototipar nos ajuda a refletir sobre o que estamos pensando.
Antes de criar o seu protótipo é importante entender o que é prototipagem. A seguir confira a resposta para essa dúvida. Além disso, saiba como se dá o processo da prototipagem e confira 4 ferramentas de prototipagem que separamos para que você consiga transformar a sua ideia em algo físico ou, ao menos, visual.
O que é prototipagem?
A prototipagem é executar uma ideia. No Design Thinking, por exemplo, ela é a quarta etapa na criação de um produto. Quando chegamos na etapa da prototipagem já temos a ideia de um produto. Assim, antes de começar a fabricá-lo para ser comercializado, é preciso fazer um protótipo dele.
São utilizadas algumas ferramentas para criar esse protótipo. Há diversas ferramentas disponíveis para se criar protótipos, porém, cada uma oferece funcionalidades diferentes. Assim, é preciso analisar qual é o produto a ser desenvolvido para saber qual ferramenta escolher. Por exemplo, se o produto é um aplicativo é necessário criar um protótipo dele executável, que exige menos esforço para finalização e é facilmente modificável. Para esse caso é possível utilizar o InvisionApp.
Já o protótipo de um produto físico poderá ser modelado em uma ferramenta digital e depois prototipado com materiais físicos que tem um valor de investimento menor, por exemplo. Assim, se pode testar a usabilidade e ergonomia do produto sem ter a necessidade de utilizar os materiais finais.
Outras formas de se referenciar a protótipos é o mockup ou o sketch. Dependendo da área da sua atuação, ouvirá diferentes nomes para a mesma etapa de projeto.
Qual é a importância da prototipagem?
A prototipagem é fundamental para se economizar tempo e dinheiro quando se está criando um novo projeto. Sendo assim, após a finalização da ideia, em vez de produzir o produto para comercialização, é feito o protótipo.
Este último serve para testar se o produto desenvolvido atende as necessidades, se há algum erro de design e se o objetivo do produto é atendido. Ao produzir um protótipo é possível economizar muito se este precisar ser modificado. Pois imagine só produzir mil unidades de um produto e depois de prontas notar que houve um erro que irá comprometer todo esse lote.
É importante ressaltar que é comum um projeto ter mais de um protótipo. Isso porque, ao longo do desenvolvimento do produto vão sendo alteradas formas, medidas e outros detalhes para que ele atenda perfeitamente ao público e ao conceito que se quer. Assim, a cada nova alteração é importante refazer o protótipo para que possamos analisá-lo.
Vantagens da prototipagem
Vimos porque é importante passar pela etapa da prototipagem, mas, além disso, ela também proporciona vantagens, como estas:
- testar usabilidade – pedir para que usuários testem a ideia é importante para entender o que funciona e o que precisa ser modificado para ter um produto final que cumpra todos os objetivos;
- testar funcionalidade – com o protótipo é possível ver se ele funciona, quais ajustes são necessários e como deverão ser feitos esses ajustes;
- reduzir riscos – o protótipo possibilita que o produto final não seja lançado com falhas, o que evita que o produto fique encalhado;
- diminuir investimento – é mais em conta investir em um protótipo do que em um produto final que não foi testado;
- proporcionar feedbacks – o protótipo possibilita que os usuários deem seus feedbacks para a equipe de criação sobre o que gostaram e o que não gostaram.
Fazer um protótipo é fundamental para se economizar, aprimorar a ideia e entregar um produto final perfeito. Além do mais, durante todo o processo de aprimoramento do protótipo é possível ter novas ideias sobre ele e até sobre novos produtos.
Como funciona a prototipagem?
Como já citado a prototipagem acontece na quarta etapa do Design Thinking. As outras etapas em ordem são: imersão, análise e ideação. Sendo assim, depois de já ter escolhido qual problema resolver, o público-alvo e ter feito o brainstorming, vem a prototipagem.
Nessa fase é feito a validação das ideias. Este é o momento de definir o produto e desenvolver um protótipo dele. Dessa forma, é possível analisar ele e modificar de acordo com a necessidade.
A fase da prototipagem não precisa ser necessariamente a última. É possível que ela aconteça em paralelo às outras fases no decorrer do projeto. Sendo assim, se uma ideia nova surgir, ela pode ser testada, validada e implementada antes mesmo que o projeto seja finalizado.
Digamos que o seu projeto é desenvolver um produto que seja uma banqueta feita com fibra de carbono, para que ela seja resistente e leve, mas que também tenha um design que preze pelo conforto. Porém, a fábrica que irá produzir a banqueta tem um pedido mínimo de 200 peças.
Nesse caso, é arriscado sair de uma ideia para já produzir 200 unidades de uma banqueta, sendo que ela nem foi testada. Nesse caso, é feito o protótipo. Ele pode ser feito em um material mais barato para testar a ergonomia e analisar se é realmente confortável. Nessa etapa é possível modificar o protótipo até atingir o resultado esperado.
Só após o protótipo não precisar de mais nenhuma alteração é possível fazer o pedido com a fábrica. Dessa forma, a equipe de criação saberá que as banquetas produzidas atendem todos os objetivos que foram propostos a elas e o dinheiro para a fabricação das mesmas não será em vão.
O ato de prototipar, quando incorporado em um processo, faz com que você a sua equipe desenvolvam uma nova habilidade de execução. O resultado são soluções realmente inovadoras de maneira mais ágil e a um custo muito mais baixo.
Se você navega ou quer começar a navegar nesse modelo mental, abaixo irá encontrar 4 ferramentas que auxiliam na criação de protótipos:
1. Prototipagem de papel
A mais simples forma de prototipar exige nada mais do que papel e caneta. Com essas ferramentas, você pode fazer esquemas/desenhos da sua ideia de forma com que você e os outros possam interagir e ao final de algumas horas ter sua ideia validada.
O interessante desse tipo de prototipagem é a agilidade para testar. Além disso, em razão da flexibilidade do papel, você pode incorporar outros elementos no protótipo para consiga materializar sua ideia rapidamente.
Porém, se pudesse destacar a maior vantagem desse tipo de prototipagem é que este é um momento de desprendimento se a sua solução será digital ou não, já que o papel nos força a simplificar ao máximo nossa ideia e a focar na necessidade a ser atendida e não no meio – na tecnologia. Não obstante, o papel também é um ótimo meio também de prototipar tecnologias, dispositivos, aplicativos, basta usar a criatividade!
Essas imagens foram de protótipos realizados durante os cursos de inovação da Echos Escola Design Thinking.
2. InvisionApp
Caso queira prototipar uma ideia que terá suporte digital, o InvisionApp é uma ótima ferramenta para isso. Além de oferecer uma versão gratuita, é possível criar um protótipo interativo em apenas alguns cliques.
Para usar, basta inserir as telas que gostaria de ter na sua solução digital e, a partir da ferramenta, são feitos os links e as transições. Quando seu projeto é concluído, você pode enviá-lo para o Invision, adicionar algumas animações ou transições e transformar o arquivo em um protótipo clicável.
Pela aplicação da Invision é possível construir algo, não apenas rápido, mas um pouco mais próximo, em termos de fidelidade, ao que seria uma solução final. Recomendamos como um possível próximo passo após ter utilizado a prototipagem de papel.
3. Sketch
O Sketch é uma ferramenta de prototipagem muito popular e fácil de usar. Como é uma aplicação baseada em vetor, é possível construir protótipos com maior fidelidade e para diferentes plataformas/dispositivos. Para muitos webdesigners, o Sketch é uma ferramenta tão poderosa e flexível quanto as ferramentas da Adobe.
A desvantagem é ela ser exclusiva para o sistema operacional OS e possui o custo de US$ 99. Mas você pode experimentá-la gratuitamente por 30 dias.
A vantagem é que no site do Sketch há tutoriais explicando diversas funcionalidades da ferramenta. Assim, qualquer dúvida sobre como usar as funcionalidades é só acessar o site.
4. Adobe XD
O Adobe XD é uma aplicação de desenho vetorial que concorre com o Sketch. Em termos de funcionalidades, é bastante parecido com o seu concorrente direto, com a vantagem de rodar em sistemas operacionais Windows e ter integração com os outros produtos Adobe. Porém é um produto mais caro, já que os produtos da Adobe passaram a ser vendido em formato de assinatura mensal. Assim, para ter acesso a essa ferramenta é preciso adquirir o pacote completo, com outros programas Adobe.
Extra: Google Blocks
Falando em novidades, o Google lançou recentemente uma das aplicações mais interessantes em termos de prototipagem, o Google Blocks. Ainda em fase de experimentação – bastante limitado, mas promissor – é um construtor de formas e objetos em 3D utilizando a Realidade Virtual.
O objetivo do projeto é criar um extenso e compartilhado banco de dados que podem ser utilizados para jogos, sites, ou qualquer outro uso. Ou seja, um campo de infinitas possibilidades para criar protótipos. O próximo passo da gigante de tecnologia é fazer com que as pessoas “populem” a plataforma com suas próprias criações.
Esperamos que com essas ferramentas você desenvolva não só sua capacidade criativa como também comece a exercitar sua capacidade de execução. Dessa forma, a etapa da prototipagem será feita com ferramentas adequadas e que suprem todas as necessidades.
Se você está buscando na prática aprender o modelo mental necessário para testar rapidamente suas ideias e criar soluções inovadoras, com foco nas pessoas, conheça nosso curso de Design Thinking.