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Conheça as diretrizes de inovação priorizadas no 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo

As diretrizes irão guiar o cooperativismo rumo a construir um modelo de negócios mais inovador

TENDÊNCIAS16/08/202410 minutos de leitura

Em maio deste ano, aconteceu o 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), em Brasília. Além de celebrar o aniversário de 55 anos do Sistema OCB, o 15° CBC estabeleceu um conjunto de diretrizes estratégicas cruciais para impulsionar a inovação no setor cooperativista. Dentre elas, houve a seleção de dez diretrizes de inovação para os próximos anos dentre 25 propostas.

A busca por soluções tecnológicas, a colaboração entre cooperativas e o investimento em capacitação são alguns dos pilares que prometem fortalecer o cooperativismo brasileiro. Após uma seleção democrática de diversos quesitos, o setor cooperativista selecionou as diretrizes de inovação prioritárias e gerais.

Neste artigo, vamos conhecer as duas diretrizes estratégias de inovação prioritárias e as oito diretrizes gerais. Também vamos mostrar iniciativas inspiradoras que ilustram cada uma delas na prática. Aproveite a leitura!

Diretrizes estratégicas prioritárias de inovação

O 15° Congresso Brasileiro do Cooperativismo elegeu democraticamente as prioridades do setor para os próximos anos. Em relação à agenda de inovação, essas foram as diretrizes eleitas como prioritárias.

1. Intercooperação como motor da inovação

A primeira diretriz estratégica de inovação eleita no 15° diz respeito a promover a prática da intercooperação como ferramenta para potencializar a inovação e também reduzir custos com a tecnologia nas cooperativas.

Uma vez que a falta de recursos é uma das principais barreiras para inovar, conforme revela a segunda Pesquisa de Inovação no Cooperativismo, a intercooperação se apresenta como uma alternativa interessante. Assim, duas ou mais cooperativas unem forças para buscar soluções a um problema comum ou complementar. Em nossos cases de inovação, temos exemplos disso.

A Cooperativa Central Gaúcha (CCGL) reúne 30 cooperativas agropecuárias em uma iniciativa de intercooperação que deu origem à Rede Técnica Cooperativa. O objetivo é investir em pesquisa e desenvolvimento para aumentar a rentabilidade dos produtores rurais gaúchos de forma otimizada e escalável. O projeto já aprimorou diversos processos produtivos.

Também é possível haver intercooperação com coops de ramos diferentes. A agropecuária Nater Coop e a Coopertranserrana, de transporte, se juntaram para criar a Vexgo. Especializada em transporte de cargas, a Vexgo otimizou a logística da Nater Coop tanto na entrega de insumos aos produtores quanto no escoamento da produção. Já a Coopertranserrana ganhou em receita e número de cooperados.

2. Disseminação de soluções em inovação e tecnologia

A segunda diretriz prioritária de inovação, por sua vez, está em disseminar as soluções inovadoras e de tecnologia disponibilizadas pelo Sistema OCB para as cooperativas. A ideia é popularizar ainda mais as iniciativas institucionais de apoio à inovação para todo o ecossistema cooperativista brasileiro.

O InovaCoop é um exemplo com seus diversos conteúdos em vários formatos totalmente voltados à inovação em seus múltiplos aspectos. Aqui, há artigos, guias práticos, e-books, vídeos e estudos de caso, além de outros recursos que conheceremos mais à frente.

Todos os conteúdos do portal têm a perspectiva cooperativista. “O InovaCoop tem muitas ferramentas que contribuem significativamente para os nossos processos de inovação”, conta Frederico Guerra, que é coordenador de inovação na Coopersystem. Disseminar essas soluções significará, portanto, um impacto positivo maior para a inovação nas cooperativas.

A disponibilização de soluções setoriais de inovação é uma forma de incentivar a inovação em determinados setores da economia. A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), por exemplo, conta com um programa de aceleração rumo à Indústria 4.0.

Diretrizes estratégicas gerais de inovação

Além das duas diretrizes estratégicas prioritárias, outras oito diretrizes gerais de inovação foram selecionadas durante o 15° CBC. Confira quais são elas:

1. Ampliação do Comitê Nacional de Inovação

Um passo importante para o futuro da inovação cooperativista é ampliar a atuação do comitê nacional de inovação do Sistema OCB. Para os próximos anos, então, o objetivo é contar com mais representantes de cooperativas de diferentes ramos e estados.

A diversidade, afinal, é um caminho importante para a inovação. Ampliar as perspectivas do comitê com a presença de cooperativas mais plurais tende a proporcionar novas ideias e tornar a estratégia de inovação do setor ainda mais democrática.

Uma pesquisa publicada pelo MIT Sloan Review revela que a diversidade é, de fato, uma grande aliada da inovação. Ao ampliar a representatividade no Comitê Nacional de Inovação, o cooperativismo brasileiro será mais assertivo para traçar estratégias capazes de atender os inúmeros perfis de cooperativas em todo o país.

2. Acesso a recursos financeiros e incentivos

A segunda Pesquisa de Inovação no Cooperativismo Brasileiro, do Sistema OCB, aponta que quanto mais recursos uma cooperativa movimenta, maior é a quantidade de iniciativas inovadoras. A maior barreira para a inovação, segundo o estudo, é a falta de dinheiro. Esse cenário ressalta a importância de buscar fontes de recursos para financiar projetos inovadores.

Nesse sentido, o Sistema OCB tem o Radar de Financiamento. Trata-se de uma plataforma que compila e organiza diversas fontes de fomento para que as cooperativas busquem recursos a fim de financiar seus projetos de inovação. É possível filtrar a partir de diversos critérios e tipos de fonte. Confira o guia prático sobre a ferramenta.

O Sistema OCB já proporcionou que duas cooperativas participassem do Mix de Fomento, da ABGI, na busca por fontes de financiamento. A cearense Optar Orgânicos e a gaúcha Coprel identificaram oportunidades para buscar verba e agora estão indo atrás delas.

3. Criação de centros de inteligência e inovação

A terceira diretriz estratégica geral de inovação é criar um centro de inteligência e inovação nacional cooperativista do Sistema OCB. Isso reforça ainda mais o papel de condução da entidade na jornada rumo a um cooperativismo mais inovador.

Ademais, a diretriz também propõe que as Organizações Estaduais criem seus espaços de inovação em parceria com institutos de pesquisa e startups. Dessa maneira, os ecossistemas de inovação surgem suprindo as demandas de cada estado. Em nossos cases de inovação, mostramos como o Sistema OCB/GO apoia a inovação no cooperativismo local, por exemplo.

A união de entidades de um determinado setor para a construção de centros de inteligência é uma estratégia relevante de aprimorar os negócios coletivamente.

4. Estímulo à constituição de cooperativas de plataforma e de base tecnológica

O setor cooperativista precisa estar atento às tendências econômicas, novos modelos de negócio e demandas da sociedade. Para isso, é preciso inovar e aderir às tecnologias que estão transformando o mercado.

Diante da ascensão das plataformas digitais, o cooperativismo precisa buscar respostas. As cooperativas de plataforma, propostas pelo professor Trebor Scholz, são formas de o setor se manter competitivo na nova lógica dos negócios.

Já na questão da base tecnológica, as cooperativas também devem ocupar espaços cada vez mais relevantes na economia. É o que faz, por exemplo, a Coopersystem, uma cooperativa de trabalho especializada em serviços de TI.

A digitalização dos negócios é um movimento sem precedentes no mercado. Mesmo negócios tradicionais estão se tornando plataformas digitais e criando divisões tecnológicas. É o caso de bancos tradicionais fundando suas próprias fintechs. Os modelos de negócios terminados em “tech” serão cada vez mais comuns em todos os segmentos.

5. Estruturar programas de gestão da inovação nas cooperativas

Outra diretriz estratégica relevante é estimular programas e implementar a cultura e gestão da inovação nas cooperativas. Com isso, a ideia é promover um ambiente propício para o desenvolvimento e implementação de ideias criativas e soluções inovadoras, de forma a impulsionar a competitividade e o crescimento do setor.

Já há cooperativas apostando nesse modelo e elaborando os seus programas de ideias. Dê uma olhada nesses exemplos de diferentes ramos para se inspirar:

  •     Unimed Cascavel: a Fábrica de Inovação recebe ideias de cooperados e colaboradores em busca de soluções. Um sistema de bonificação premia as melhores ideias e a cooperativa já colhe resultados financeiros do projeto.
  •     Sicoob: o Mais 360º surgiu com o intuito de fortalecer o intraempreendedorismo usando ideias de gamificação. Cerca de 25% dos colaboradores da cooperativa se engajaram na iniciativa.
  •     Lar Cooperativa: por meio de seu programa de ideias, a cooperativa agropecuária executou projetos inovadores que, juntos, resultaram em uma economia milionária.
  •     Integrada: o Silo de Ideias foi desenvolvido para extrair boas ideias de quem mais entende do negócios - os colaboradores. Os participantes também recebem prêmios quando suas ideias são implementadas. 

Há outros caminhos para estruturar programas de inovação. A fabricante de revestimentos cerâmicos Portobello desenvolveu uma iniciativa em que designers e arquitetos viajam para vários países em busca de tendências e novas referências para obter novas ideias. O projeto fortalece a cultura corporativa de inovação e dá origem a novos produtos.

6. Compartilhamento de boas práticas

Uma das melhores maneiras de incentivar é através do exemplo. Diante disso, a sexta diretriz geral é fomentar o compartilhamento de boas práticas em inovação no cooperativismo nacional e internacional.

Aqui, no InovaCoop, temos uma seção que reúne mais de 100 cases de inovação no cooperativismo. Há iniciativas inovadoras em cooperativas de diversos tamanhos, ramos, áreas de atuação e localização geográfica, inclusive de fora do Brasil.

Além disso, há outros portais do Sistema OCB com estudos de caso inspiradores. No NegóciosCoop, há histórias de como as cooperativas ficaram mais competitivas, aprimoraram a gestão e cresceram no mercado externo. Já o portal Cooperação Ambiental traz estudos de caso voltados à agenda ESG.

A European Patent Office, que cuida das patentes na União Europeia, também conta com um repositório com cases de inovação como ferramenta para disseminar boas práticas e aprendizados. O portal narra usos de propriedade intelectual, ferramentas tecnológicas e transferência de tecnologias.

7. Investimento em áreas de inovação

O 15° CBC também elegeu a diretriz que prevê incentivar investimentos em áreas de inovação nas cooperativas. Isso pode ocorrer tanto com um profissional dedicado a esse tema quanto por meio da contratação de parceiros especializados.

Referência em inovação, a Sicredi Pioneira criou o Complexo.lab, seu laboratório de inovação com propósito, em 2021. Por meio do Complexo.lab, a cooperativa faz parcerias e executa projetos como o RadarCoop, que mapeia o ecossistema de inovação cooperativista, o AceleraCoop, para acelerar cooperativas, e o Comunità, uma iniciativa de Venture Capital cooperativista.

Essa é uma lacuna presente na economia brasileira como um todo. Dados do IBGE indicam que menos de 35% dos negócios brasileiros com mais de 100 funcionários investiram em atividades internas de pesquisa e desenvolvimento. Levantamento da consultoria Palas revela que menos de 55% das organizações brasileiras têm um departamento de inovação.

8. Capacitação em inovação

Por fim, a oitava diretriz geral de inovação escolhida no 15° CBC é promover a capacitação em inovação de lideranças, cooperados e colaboradores, a fim de fortalecer a mentalidade inovadora e potencializar a transformação digital.

O aprendizado é um elemento fundamental para que a inovação aconteça. Diante disso, o Sistema OCB disponibiliza a plataforma CapacitaCoop, com centenas de cursos online sobre diversos temas e sempre com uma abordagem cooperativista. Temos, inclusive, uma seção do InovaCoop por lá.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD), 94% das empresas brasileiras investem em educação corporativa. A cultura de incentivo ao aprendizado também é uma ferramenta importante para reter talentos.

Conclusão: diretrizes de inovação para guiar o futuro

Com a determinação das diretrizes de inovação prioritárias no 15° CBC, o cooperativismo brasileiro traçou os caminhos para se tornar ainda mais inovador e competitivo no decorrer dos próximos anos.

A sua cooperativa pode fazer parte disso, servindo de inspiração com suas iniciativas inovadoras. Compartilhar aprendizados e experiências em iniciativas de inovação fortalece todo o ecossistema cooperativista, afinal. Então mande seu case para o InovaCoop e ajude a transformar o cooperativismo! É só clicar aqui e preencher o formulário!

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