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Romper com estruturas estabelecidas é um dos pilares da inovação
Embora inovação e disrupção andem de mãos dadas, elas não são a mesma coisa. A disrupção é uma das formas de inovação, mas não é a única. A inovação, afinal, é um processo complexo que existe em diversas maneiras distintas e complementares.
O termo ‘disrupção’ acabou se tornando um clichê, um lema muito apreciado para campanhas de marketing. Distinguir o que é disrupção no discurso e na prática pode ser a diferença entre enxergar e aderir a uma tendência dominante ou ficar preso em ideias antigas com novas roupagens.
Antes de conhecer quais as maiores disrupções tecnológicas no horizonte, é necessário compreender o que faz uma inovação ser disruptiva. Neste artigo, iremos entender o que é a disrupção e apresentar 8 tecnologias que podem trazer a disrupção para dentro da sua cooperativa. Boa leitura!
Inovação disruptiva x inovação incremental
Os diferentes processos de inovação caminham lado a lado, mas possuem lógicas, mecânicas e propósitos diferentes. A natureza da inovação praticada vai ser determinante para o planejamento da gestão de inovação.
Os conceitos com que vamos trabalhar são:
- Inovação disruptiva: a disrupção é uma mudança radical de paradigma, criando serviços, produtos e métodos de gestão que rompem com o que está sendo praticado pelo mercado. A inovação disruptiva vai reimaginar estruturas consolidadas e repensar as lógicas e crenças estabelecidas.
- Inovação incremental: pode ser sumarizada com uma frase do estilista Marc Jacobs: “inovação é um processo evolutivo, então não precisa ser radical o tempo todo”. A inovação incremental é feita a pequenos passos, através da otimização de processos e melhorias contínuas que visam agregar valor a algo que já existe de forma alicerçada.
Enxergando a disrupção
Um exemplo de disrupção que alterou o mercado e o hábito das pessoas se deu com a Netflix, desenvolvendo o mercado de streaming. Enquanto isso, a Blockbuster, líder dentre as locadoras de vídeo, não se antecipou à mudança do mercado e entrou em recuperação judicial em 2010. Já a Netflix revolucionou o mercado de home video e agora vale US$ 176 bi.
Colaboração também é disrupção. A Wikipédia, uma enciclopédia descentralizada construída a partir de contribuições da comunidade, se tornou o repositório de informações mais difundido da internet. A construção coletiva da Wikipédia subverte a lógica das enciclopédias tradicionais, escritas por especialistas.
Um artigo preparado pela Deloitte argumenta que as próximas grandes disrupções devem ser voltadas para tecnologias ligadas à indústria do consumo. Tais inovações devem fazer a diferença entre os negócios que crescem e os que ficam pelo caminho.
Disrupção digital
A transformação digital proporcionou um contexto favorável para desmontar paradigmas e impulsionar a digitalização, promovendo inovações. Diante desse cenário, as cooperativas precisam ficar atentas às mudanças que as disrupções vão causar aos diferentes mercados e setores da economia.
A edição de 2021 do estudo Digital Vortex, feito pelo Global Center For Digital Business And Transformation, expõe que a disrupção está em foco, mas ainda há dificuldades de implementação. O levantamento ouviu profissionais de 14 diferentes áreas da economia.
Mais de 90% dos entrevistados creem que a disrupção digital terá um impacto transformador grande em suas indústrias. Essa percepção foi acelerada pela pandemia - sobretudo no mercado de varejo. Ao mesmo tempo, apenas pouco mais de um terço (36%) deles sentem que suas lideranças estão atuando ativamente em prol da disrupção digital.
Implementar inovações disruptivas requer lideranças abertas à aceitação de novas ideias e absorção de conceitos que vão em via oposta às práticas tradicionais. As novas tecnologias seguem, continuamente, apresentando soluções e ferramentas que podem ser empregadas pelas cooperativas em seus processos de modernização e transformação.
1. Inteligência artificial e machine learning
O relatório Creative Disruption: The impact of emerging technolgies on the creative economy, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a consultoria McKinsey, coloca a IA e o machine learning em destaque. Mas o que elas são e no que diferem?
- Inteligência artificial: dar a capacidade de as máquinas realizarem tarefas similares aos seres humanos, em diferentes graus de complexidade. As ações são baseadas em padrões obtidos a partir de um banco de dados.
- Machine learning: o aprendizado de máquina se refere à habilidade de um computador aprender conceitos, padrões e encontrar soluções por conta própria, através de análises e observações.
Segundo o relatório, a inteligência artificial e o machine learning cumprem um papel de alta relevância no mercado que vimos como exemplo de disrupção, o streaming. Eles possibilitam a criação de algoritmos capazes de aprender os hábitos e preferências dos espectadores, otimizando recomendações e até mesmo atuando na produção de novos conteúdos.
A difusão dos chatbots
Para as cooperativas que precisam fazer atendimentos a clientes e cooperados, os chatbots baseados em inteligência artificial podem ser úteis. A tecnologia é capaz de resolver problemas simples e tirar dúvidas com grande eficiência, deixando os atendentes humanos disponíveis para lidar com situações mais complexas.
Já existem exemplos de cooperativas provendo chatbots para otimizar a relação com seus cooperados, como:
- Sicoob: batizada como Alice, a assistente virtual do Sicoob nasceu do Programa de Transformação Digital da cooperativa. A Alice utiliza inteligência artificial para desenvolver uma linguagem natural. Dados da Siccob apontam que o chatbot soluciona 70% dos atendimentos que inicia.
- Sicredi: nomeado como Theo em homenagem a Thedor Amstad, fundador da Sicredi e pioneiro do cooperativismo brasileiro, o chatbot da Sicredi usa a IA para sanar dúvidas e efetuar serviços. Como não depende de atendentes humanos, fica disponível 24h por dia.
- Ailos: grupo que reúne 13 cooperativas de crédito, o Ailos conta com ajuda dos atendimentos da assistente digital Aila. O chatbot foi desenvolvido para aprender com cada interação, ficando mais completa com o passar do tempo.
- Unimed: quem for entrar em contato com a central nacional da cooperativa de saúde será atendido pela Carol. O chatbot foi desenvolvido com o objetivo de reproduzir “o jeito de cuidar Unimed”.
- Cooperaliança: o atendimento por WhatsApp da cooperativa de energia é feito pela Lia, que fica a postos 24 horas por dia.
Além disso, os chatbots ajudam a personificar a marca pela criação dos personagens que realizam os atendimentos. Essa, inclusive, é uma das tendências de comunicação e marketing que listamos para que as cooperativas fiquem de olho.
Aplicações no sistema financeiro
As possibilidades da inteligência artificial e do machine learning para as cooperativas de crédito não param com os chatbots. Instituições financeiras de grande porte já estão usando a IA em diversas áreas, tais quais:
- Análise de risco
- Modelagem de crédito
- Precificação
- Infraestrutura
- Segurança
- Prevenção contra fraudes
Para Maurício Maiola, vice-presidente para a América Latina da Fanplayr, a IA tem muito a acrescentar a esse mercado. Segundo ele, as instituições financeiras “poderão ser capazes de descobrir e aprender o padrão de comportamento e pesquisa do cliente e atender todas as necessidades e dúvidas”.
2. Big Data e Analytics
O estudo State of CIO revela que a coleta de quantidades massivas de dados (Big Data) e a tomada de decisões com base na análise desse material (analytics) têm grande potencial. A pesquisa relata que 32% dos líderes de TI (tecnologia da informação) enxergam o uso de dados como maior tendência disruptiva para 2022.
A capacidade de coletar e avaliar dados em grande escala possibilita a antecipação de tendências e percepção de pontos fracos de gestão. Uma análise inteligente de dados é capaz de munir gestores das cooperativas de informações relevantes para tomadas de decisões e planejamento futuro.
Matemarketing
As técnicas de análise de dados são cada vez mais complexas, utilizando métodos científicos para a obtenção de informações com alto nível de qualidade. Os dados crus, sem o tratamento adequado, não têm muita serventia, afinal.
O matemarketing surge justamente para aplicar técnicas estatísticas no setor de marketing digital, uma das áreas que mais se beneficia do Big Data. Nesse outro texto, aqui no InovaCoop, nós explicamos o matemarketing a fundo.
Eis os cinco passos para começar a aplicar esse conceito nas cooperativas:
- Conhecer o arsenal da análise de dados
- Investigar padrões de comportamento nos dados
- Definir um objetivo a longo prazo
- Começar pequeno e ir amadurecendo
- Designar uma equipe para implementar um projeto
Outras aplicações
O Big Data tem, ainda, uma gama diversas de aplicabilidades de que as cooperativas podem aproveitar:
- Saúde: serviços de saúde, como hospitais e clínicas, podem usar dados para otimizar seus serviços de atendimento, reduzindo filas e tempos de espera. Dentro do exercício médico, dados ajudam na obtenção de diagnósticos.
- Serviços financeiros: trabalhando em conjunto com a IA e o machine learning, dados são usados na avaliação de crédito e prevenção contra fraudes.
- Recursos humanos: a contratação de novos talentos que se encaixam nas exigências técnicas e culturais da cooperativa pode se beneficiar do alto volume de dados.
3. Internet 5G
O estudo The global economic impact of 5G, da consultoria PwC, aponta que a internet de quinta geração terá um impacto massivo na economia global, no decorrer da década. Até 2030, estima o estudo, o 5G vai ser responsável por 1,34 trilhão de dólares no PIB mundial.
O relatório descreve o 5G como “o próximo salto quântico”, criando valores em diversas áreas da economia e da sociedade. No Brasil, o 5G ainda está em um estágio inicial, e apenas 12 capitais estão prontas para receber a conexão, que, onde foi aplicada, aumentou a velocidade da internet em até 147%.
A PWC discorre, ainda, sobre impactos e aplicações que o 5G terá em setores da economia. Vejamos como a nova conexão atua em áreas com relação ao cooperativismo.
Saúde: resultados melhores e mais rápidos
A pandemia resultou em um aumento na prática de telemedicina e ajudou a antecipar essa tendência no futuro do mercado de cuidados com a saúde. O 5G irá aprimorar ainda mais a telemedicina, melhorando a interação entre médicos e pacientes.
Dispositivos vestíveis, como relógios inteligentes, também vão se unir ao 5G para monitoramento e transmissão de dados sensíveis dos pacientes. Assim, diagnósticos precoces são obtidos. Essa comunhão de tecnologias também permite o acompanhamento remoto de recuperação com maior facilidade - como num paciente cardíaco que tem as batidas coletadas.
Serviços financeiros: suporte a interações virtuais
O acesso aos serviços bancários está cada vez mais digitalizado. O advento do 5G possibilita que as cooperativas que trabalham com produtos financeiros possam reformar seus métodos de relação com os cooperados por meio de experiências virtuais.
O 5G também vai aumentar a segurança das transações financeiras, difundindo ainda mais soluções biométricas, como o reconhecimento facial, para acesso às contas. Isso vai possibilitar que os cooperados possam usar caixas eletrônicos sem precisar ter o cartão em mãos, por exemplo.
4. Infraestrutura em nuvem
As soluções de TI em nuvem estão ganhando o espaço que era das soluções locais de armazenamento e processamento. A migração acelerou com a pandemia e deve se intensificar ainda mais no decorrer dos anos.
Os recursos em nuvem deixam o trabalho remoto mais eficiente, já que não é necessário ter o acesso físico aos bancos de dados e documentos necessários para determinadas funções. Dessa forma, cooperativas que apresentam ganhos de eficiência e economia de recursos com o trabalho remoto ou híbrido podem aproveitar do modelo no longo prazo.
O desafio na adoção da nuvem vem da preocupação com a segurança dos dados. Por isso, quem for adotar serviços de armazenamento e processamento remoto de dados deve estar atento à segurança das soluções contratadas.
5. Drones
Inicialmente desenvolvidos como tecnologia militar, os drones não param de ganhar espaço e aplicações em diversos setores. A pandemia teve responsabilidade por essa popularização, mas a tendência é que o uso de drones continue a crescer.
Reforçando essa ideia, um estudo do Drone Industry Insights prevê que o mercado global de drones deve atingir US$ 41,3 milhões em 2026. Com o tempo, a tecnologia dos drones deve, ainda, se tornar mais acessível.
Uma ferramenta a serviço do agro
Os drones se mostram muito úteis para atividades envolvendo o agronegócio. Tanto que, ao fim de 2021, a tecnologia ganhou uma regulamentação específica para ser empregada por produtores rurais. O crescimento do uso de drones no agronegócio brasileiro surpreende até mesmo entidades setoriais.
As cooperativas agro, portanto, têm muito a ganhar em produtividade e eficiência com o uso de drones. Diante desse cenário, a Fundação Roge, voltada ao desenvolvimento do agro, listou quatro utilidades dos drones na agricultura:
- Detecção de áreas de plantio
- Contagem de plantas
- Identificação de pragas
- Pulverização
6. Blockchain
O blockchain está no coração do movimento em prol da descentralização da economia digital, servindo como base para as criptomoedas, NFTs e contratos inteligentes.
Em resumo, o blockchain funciona como um banco de dados sem um controlador central, armazenado de forma que suas informações podem ser auditadas por qualquer pessoa. Nele, os dados não são guardados em apenas um servidor, mas sim por toda a rede de usuários encadeados.
Pagamentos e DAOs
Por enquanto, as criptomoedas ainda falham na escalabilidade - no sentido de que transações menores comuns ao cotidiano podem sair caras demais ou levar muito tempo para processar. Mas, aos poucos, o mercado está começando a aceitar criptomoedas como meio de pagamento.
O blockchain também serve de base para as DAOs, organizações que operam de forma autônoma, com tarefas descritas em código. Elas foram tema de debate no festival South by Southwest. Você pode ver mais sobre as tendências apresentadas no SXSW neste conteúdo que produzimos sobre o que foi destaque no evento.
7. Realidade virtual e aumentada
Dados globais levantados pela Meta apontam que, no Brasil, 77% das pessoas antecipam que a realidade virtual irá se tornar parte do cotidiano no futuro. As experiências digitais imersivas parciais - realidade aumentada - já estão presentes na vida das pessoas, como filtros para fotos ou com o sucesso do jogo Pokémon Go.
A Meta argumenta que a comunicação visual vive um momento de ascensão, desde o uso de emojis em conversas por texto até a popularização das chamadas por vídeo. “Um dos benefícios atuais da realidade aumentada é que tudo está ao alcance das mãos, nos telefones”, declara Fan Huang, gerente da Meta que trabalha no setor de RA e RV.
Encurtando distâncias
A realidade virtual será capaz de transportar as pessoas entre diferentes ambientes, permitindo interações que,d e outra forma, não seriam possíveis. O Oculus, solução da Meta para visor de realidade virtual, já está sendo usado para treinar estudantes de medicina, por exemplo.
Conforme apurou o levantamento da Meta, os brasileiros estão interessados na aplicação da RA nas seguintes áreas, majoritariamente:
- Viagem (83%): verificar destinos de férias e hotéis
- Entretenimento (76%): assistir filmes de uma maneira imersiva
- Varejo (70%): experimentar roupas ou maquiagem
- Jogos (67%): ser um personagem em um jogo virtual
- Automóveis (62%): fazer um teste drive em um veículo
8. Metaverso
Embora ainda seja um conceito em construção, a compreensão mais comum de metaverso é a de um universo digital onde pessoas, por meio de seus avatares, interagem entre si e com outros objetos.
A ideia de metaverso ganhou tração quando o Facebook mergulhou de cabeça na ideia - tanto que até mudou seu nome para Meta. Relatório da consultoria Gartner prevê que 2 bilhões de pessoas vão estar no metaverso até 2026.
Na prática, o metaverso ainda é uma tecnologia muito incipiente. Seus gargalos estão na velocidade da conexão e alto custo dos aparelhos necessários (computadores com alto potencial de processamento e óculos de realidade virtual).
Usos em potencial
O potencial do metaverso ainda está sendo descoberto aos poucos. Algumas companhias, como Boeing e Tim, já estão desbravando as possibilidades desse universo digital. As principais aplicações em que o metaverso pode contribuir às cooperativas, a princípio, são para:
- Marketing e vendas: são os setores que melhor tiram proveito do metaverso. Ele pode ser usado para a criação de showrooms, como forma de exibição de produtos com custos reduzidos de infraestrutura. O marketing de experiência, como a realização de um test-drive, por exemplo, poderá ser feito dentro do metaverso.
- Reuniões: segundo Bill Gates, fundador da Microsoft, prevê que, até 2024, a maioria das reuniões será feita no metaverso. Para as cooperativas, isso também abre possibilidades para a realização de assembleias virtuais acessíveis e menos custosas.
- Se quiser se aprofundar sobre o que é e quais são os potenciais do metaverso, a gente preparou esse texto bem completo, explorando seu papel no futuro da economia digital.
Conclusão
Salim Ismail, fundador da Singularity University, a disrupção precisa ser acompanhada de uma transformação cultural em que se propõe a inovar. “Quando você tenta fazer algo disruptivo em uma organização antiquada, os anticorpos atacam você”, argumentou em entrevista ao Brazil Journal.
Para ele, a disrupção não pode ser deixada de lado, pois é fundamental para a sobrevivência em uma economia competitiva. “Ou você promove a disrupção ou ela vai atropelar você. Não tem meio termo”, garante.
Tal afirmação é corroborada por um estudo da Accenture: a disrupção é realidade para a maioria das companhias no mundo todo. Não se trata de um evento aleatório, movido pelo acaso. Promover a disrupção precisa ser um processo intencional, planejado e contínuo, do qual as cooperativas não podem ficar de fora.
A mudança é um processo fundamental para a inovação. Seja através de novas ideias, comportamentos e estruturas, é fundamental estar a par das tendências para mudar. Pensando nisso, o InovaCoop desenvolveu o curso online Gestão de mudança, explorando os aspectos que vão ajudar a implementar mudanças necessárias na sua cooperativa.
O programa encerra a primeira edição com a apresentação das soluções dos desafios propostos.
O Programa Conexão com Startups realizou reuniões com cooperativas e startups, nessa segunda-feira (11), para apresentação dos projetos pilotos e resultados alcançados. Este foi o encerramento da primeira edição do projeto, focado na intercooperação, que selecionou desafios de seis cooperativas para propor soluções inovadoras e capazes de serem replicadas no futuro. Os projetos pilotos desenvolvidos atenderam provocações propostas pelo Sistema OCB, FetransCoop, Sicoob Paulista (e coops integradas), Uniodonto, Central Ailos e Central Sicoob ES.
O Sistema OCB precisava conectar dados, informações em rede única e intuitiva de comunicação. Em parceria com a Colaborativa, aprimorou a ferramenta de comunicação interna para facilitar o controle e a rastreabilidade de dados a partir de um fluxo mais organizado de informações.
O desafio da Federação Nacional das Cooperativas de Transporte (FetransCoop) era ter uma atuação mais competitiva no mercado com um modelo capaz de atender o consumidor do transporte de cargas. A startup GoFlux potencializou um aplicativo mobile já existente para a gestão de frete que fornece identidade nacional, capilaridade, competitividade, sustentabilidade, intercooperação, redução de cursos e maximização de resultados em nível nacional.
A Uniodonto buscava de uma agenda eletrônica unificada e informações em tempo real? para atender efetivamente seus pacientes. A Magma Digital desenvolveu um sistema web e mobile para reduzir as dificuldades no agendamento de consultas e exames. A Uniodonto agora tem uma interface com boa navegabilidade para o acompanhamento, em tempo real, do status da solicitação de consultas, disponibilidade de profissionais e horários para agendamento dos atendimentos e exames médicos.
Resolver os gargalos na gestão de ações sociais foram os desafios apresentados pelas centrais Ailos e a Sicoob ES. Para isso, a Bússula Social aperfeiçoou a plataforma de registro, mensuração e histórico de ações sociais e patrocínio. Com as alterações realizadas, agora o sistema proporciona rapidez e transparência na consolidação de dados para prestação de contas aos cooperados e comunidade.
Já Central Sicoob Paulista e suas cooperativas Sicoob Credicocapec e Sicoob Coopecredi precisavam de uma solução voltada a aprimorar a pesquisa de satisfação e relacionamento com associados e cooperados. A startup Solux resolveu o problema otimizando o sistema que já existia para permitir uma avaliação mais efetiva dos serviços prestados.
Todas as cooperativas deram continuidade aos projetos, com exceção da Federação das Cooperativas de Eletrificação Rural do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecoerms), que tinha por objetivo organizar e validar os dados de associados e de clientes de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e declinou a proposta apresentada. O motivo foi o alto custo do serviço de coleta, tratamento e gestão de dados (texto e imagem) acrescentada ao processo de “aceite”, com integração do WhatsApp. A Federação continua, assim, estudando como solucionar o problema.
InovaCoop Conexão com Startups
O programa busca conectar as cooperativas com as startups por meio da resolução de problemas com soluções inovadoras. Na primeira etapa, as participantes conhecem os desafios e podem se inscrever para resolvê-los. Em seguida, é feita a triagem das startups. As selecionadas se apresentam e as melhores soluções são escolhidas para seguir para a fase de parceria com as coops.
Concluído o processo seletivo, inicia-se a execução do projeto piloto, que conta com um período de imersão entre startup e cooperativa, fase em que também é firmado o contrato para prestação de serviços. Por fim, é realizada reunião de avaliação de resultados do piloto e possível parceria comercial.
A segunda edição do programa, focada no Ramo Agro, já está em andamento. As soluções procuradas envolvem sistemas de logística, de estimativa de produção, de precificação, de controle da demanda/oferta e de fracionamento de produtos. Os desafios selecionados são das cooperativas Cemil (MG), Coopama (MG), Coplana (SP) e Santa Clara (RS). Para saber mais sobre o programa acesse: https://inova.coop.br/conexao
A publicação conta com recursos de realidade aumentada, cases de sucesso, artigos de especialistas e dicionário com principais conceitos que envolvem o tema
Motivado pelo crescimento expressivo da colaboração das cooperativas na economia do país, o Sistema OCB lançou, na última quinta-feira (24), o livro Inovação no Cooperativismo: Um guia descomplicado para quem deseja inovar mais e melhor no universo coop. A obra tem por objetivo promover a cultura da inovação nas cooperativas e dar visibilidade às boas práticas já desenvolvidas ou em andamento no universo coop. A publicação impressa será distribuída gratuitamente para as Unidades Estaduais, cooperativas regulares no Sistema e parceiros institucionais.
"Nossa história mostra que o cooperativismo sempre foi inovador. Afinal, a atual demanda da sociedade pela economia de propósito, com a geração de emprego e renda e a promoção do bem-estar socioambiental, sempre fez parte do DNA do nosso modelo de negócio. Tenho absoluta certeza de que esta publicação vai inspirar todos aqueles que desejam se aprofundar no que diz respeito à inovação", destaca o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
A inovação faz parte dos objetivos estratégicos do Sistema e o livro busca apresentar as principais tendências da atualidade. São seis capítulos que vão da introdução ao tema, passando por metodologias e estratégias até cases de sucesso e a palavra de especialistas renomados no tema e que dão dicas do que o futuro ainda reserva no curto, médio e longo prazo.
De acordo com dados da publicação, oito em cada dez cooperativas brasileiras (84%) consideram a inovação fundamental e já incluíram o tema no planejamento estratégico de suas organizações. Outro ponto relevante é que quase metade das cooperativas (47%) já executavam projetos de inovação antes da pandemia da Covid-19. Estes e outros apontamentos reforçam o compromisso do Sistema OCB em auxiliar e estimular as ações dos mais de 17 milhões de associados e das mais de 4,8 mil cooperativas no país.
Realidade aumentada
A publicação ainda oferece ao leitor uma experiência única: a personagem Eliza, em homenagem à única mulher entre o grupo de fundadores do cooperativismo, Eliza Brierley. Por meio de QR Code, ela guia o leitor e conecta o texto impresso com a realidade aumentada. Na abertura de cada capítulo, a Eliza se projeta nas telas dos smartphones e fala com o leitor. Para a superintendente do Sistema OCB, Tânia Zanella, “a realidade aumentada proposta no livro também é uma inovação assim como o cooperativismo sempre se mostrou ser”.
Os artigos presentes na obra são assinados por especialistas referência no ecossistema de inovação brasileiro. Martha Gabriel, por exemplo, escreve sobre inovação como combustível da era digital; Arthur Igreja explica a importância da inovação para o planejamento estratégico; e Jacson Fressato trata da inovação na prática. Já Samyra Ribeiro fala das pesquisas e investigações por trás da inovação; enquanto Eduardo Damião traz as configurações facilitadoras para a inovação dentro das coops; e Mário De Conto explana sobre o cooperativismo de plataforma.
E, para complementar, a publicação conta ainda com um dicionário completo, com os principais verbetes e conceitos relacionados ao universo da inovação no cooperativismo.
Você também pode ter um exemplar do livro para chamar de seu participando do nosso Concurso Cultural! Acesse o link e participe para concorrer!
Evento apresenta visões antagônicas sobre o metaverso e discute o futuro de várias áreas, como saúde, agronegócio, tecnologia e muito mais. Confira!
O festival South by Southwest, conhecido como SXSW, aconteceu entre os dias 11 e 20 de março em Austin, no Texas. Com centenas de painéis, palestras e debates, o SXSW é considerado o maior festival de inovação e tecnologia do mundo, servindo de palco para as mais diversas visões de mundo. E em 2022 não foi diferente.
O ponto alto da edição foram as reflexões sobre as tendências para o futuro da internet, desde a febre dos NFTs até pontos de vista opostos sobre o metaverso. Mas não ficou por aí: também teve espaço para inovação em gestão e marketing, sustentabilidade, saúde e muito mais.
Após a edição de 2020 ter sido cancelada e a de 2021 ter sido realizada virtualmente, o SXSW 2022 voltou às salas de conferência, adotando um formato híbrido. A volta do público coincidiu com um festival cheio de ideias e previsões quanto ao impacto da transformação digital e as relações entre pessoas e tecnologias.
Reunimos, então, 7 tendências destacadas no South By Southwest. Confira a seguir!
1. A internet do futuro: Web3 e Metaverso
A palestra da futuróloga Amy Webb já é tradicional no SXSW, onde ela apresenta as previsões elaboradas pelo Future Today Institute, o qual lidera. Na apresentação, Amy discorreu sobre a Web3, que tem como base a descentralização das redes e o foco nas interações entre os próprios usuários.
A expressão mais evidente da Web3 é o Metaverso, um mundo digital de convivência, onde pessoas interagem entre si e com outros objetos por meio de avatares. Segundo Amy, a convivência em espaços virtuais vai fazer com que as pessoas criem versões adaptadas de si mesmas.
Em um cenário otimista, esse contexto vai empoderar os usuários no controle de seus dados pessoais. Mas no pessimista, que ele acredita ser o mais provável, "isso levará à fragmentação e a uma lacuna cada vez maior entre quem uma pessoa é no mundo físico e quem ela projeta ser em várias plataformas online”, analisa.
Pontos de vista
Não foi só Amy que falou do metaverso: o assunto foi alvo de visões diversas - e até opostas - dos palestrantes. Na visão do professor Scott Galloway, em seu painel de “previsões provocativas”, o metaverso não será uma experiência visual.
Ele acredita que um aparelho auditivo é capaz de criar muito mais engajamento do que o multiverso habitado por avatares, pois o contato pela voz é mais íntimo. Outro ponto é que os fones já são parte do cotidiano das pessoas.
Diante desse prisma, Galloway aposta no fracasso do Oculus, dispositivo criado pela Meta - nova alcunha do Facebook - para a interação no universo virtual. Pesquisas recentes apontam que 40% dos usuários sentem náuseas ao usar o aparelho.
Em defesa do metaverso
Mark Zuckerberg, por outro lado, é o grande responsável por colocar o metaverso em evidência, tendo até mudado o nome do Facebook para Meta. Ele defende que o metaverso será “a próxima evolução da forma que consumimos mídia e momentos on-line".
A Meta tomou a dianteira nas discussões sobre o metaverso, atraindo investimento de diversas outras instituições ao conceito. Zuckerberg justifica a empolgação com o metaverso alegando que ele será o próximo passo das experiências sociais na internet:
“Uma das tendências que tenho visto desde que comecei, em 2004, foi que as pessoas sempre estão basicamente procurando compartilhar suas experiências e vivenciar as experiências de outros da maneira mais rica possível”, afirma.
2. Descentralização da economia digital: NFTs e DAOs
A popularização dos NFTs é outra tendência que esteve presente na fala de Zuckerberg e foi bastante popular no evento. Os tokens não-fungíveis são uma espécie de certificado de bens digitais registrados em blockchain.
O plano de Zuckerberg é levar os NFTs para seu metaverso. A ideia é que as roupas e pertences dos avatares no mundo virtual sejam registrados no formato de NFT. No curto prazo, porém, os planos são mais modestos: integrar os NFTs à outra rede social de seu grupo, o Instagram.
O evento também serviu de palco para a apresentação de aplicações do NFT no mundo das artes. Na SXSW NFT Gallery, por exemplo, 64 artistas exibiram suas obras de arte digitais.
Organizações autônomas
Os debates sobre economia descentralizada também abordaram as DAOs, que são organizações autônomas descentralizadas. Elas são instituições que operam sem intervenção humana, com as tarefas descritas em código de programação.
No painel que tratou do assunto, a estrutura hierárquica das DAOs foi destacada. Cooper Turley, estrategista especializado em projetos descentralizados, descreveu-as como “uma grande sala de chat com uma conta bancária conjunta”.
As DAOs emergem como uma nova forma de financiar projetos e comunidades - e, inclusive, possuem uma relação direta com o cooperativismo.
3. Negócios com foco em pessoas
Em sua palestra, o consultor de tendências Rohit Bhargava expôs uma série de lições não-óbvias envolvendo gestão e disrupção. A linha mestra das ideias de Bhargava é que o foco da inovação deve estar nas pessoas, e não na tecnologia.
Algumas das 10 lições de Bhargava são:
- Modo humano: as pessoas querem vivenciar experiências humanas e empáticas através do contato pessoal. Na jornada de consumo, esse processo passa pela percepção que as pessoas têm das marcas. Elas precisam ser mais inclusivas com seus produtos e serviços.
- Desgenerização: a tendência é remover classificações desnecessárias de gênero em produtos, como roupas ou brinquedos infantis. "Cada vez mais licenças e passaportes estão permitindo um X no campo de identificação de gênero", Bhargava exemplifica.
- Riqueza de atenção: a atenção das pessoas é um recurso escasso, precioso e acirradamente disputado pelas marcas, que devem oferecer experiências que valham a atenção do público.
- Lucro com propósito: marcas devem encampar causas, se posicionando conforme seus valores e sua cultura.
4. Marcas descentralizadas
O conceito de headless brands - marcas sem cabeça - se coloca como contraponto às técnicas tradicionais de branding, em que a identidade das marcas é construída de forma planejada. Derivadas das dinâmicas das redes sociais, as marcas sem cabeça são desenvolvidas a partir de uma comunidade a seu redor.
No painel em que o tema foi discutido, Francesco D’Orazio, CEO da Pulsar, afirmou que “ao contrário da audiência, numa comunidade há interação entre as pessoas. Também há paixão”.
Para Nathali Brähler, chefe de marketing da Cartesi, essa é uma realidade inescapável do marketing digital. “Muitos executivos de marketing não se sentem confortáveis com esse controle compartilhado, é compreensível. Mas, gostem ou não, isso já está acontecendo, todos os dias”, argumentou.
O Bitcoin é considerado a primeira marca sem cabeça. Principal criptomoeda do mercado, o Bitcoin não teve sua identidade intencionalmente construída por uma equipe de marketing. Fora o nome e logotipo, toda a identidade do Bitcoin foi construída por sua comunidade de entusiastas, representando ideias e valores coletivos e descentralizados.
5. O futuro da comida
O agronegócio também é uma força poderosa para empurrar o avanço da tecnologia. Jahmy Hindman, diretor de tecnologia na John Deere, apontou a importância da inovação para aumentar a produtividade no campo, a fim de alimentar as 9,7 bilhões de pessoas estimadas no mundo em 2050.
Segundo ele, ferramentas como inteligência artificial e robótica podem gerar ganhos de eficiência para os produtores rurais. A tendência é que as fazendas tenham uma operação cada vez mais autônoma.
Substitutivos
As dificuldades econômicas impostas pela pandemia também trouxeram uma nova ótica para tendências que já existiam, como substitutos alimentares. É o que acredita Robert Nathan Allen, diretor-executivo da Little Herds, organização que promove os benefícios, tanto nutricionais quanto ambientais, do consumo de insetos.
“A pandemia mudou o foco de ‘alimentar pessoas com insetos’ para ‘alimentar pessoas e ponto final’”, declarou Allen. O grande desafio para os próximos anos se apresenta na inclusão de novas fontes de proteína na dieta das pessoas, além de carne e leite.
6. Sustentabilidade ainda mais em foco
O escritor de ficção científica Neal Stephenson é o responsável pela criação do termo “metaverso”. Com um foco tão grande do SXSW sobre o assunto, esperava-se que ele abordasse o tema. Contudo, subvertendo as expectativas, Stephenson dedicou sua apresentação ao futuro da sustentabilidade.
Stephenson faz reflexões sobre o futuro através de seus livros. A ficção pode ser uma ferramenta poderosa para antecipar tendências. Seu mais novo romance, Termination Shock, aborda o impacto das mudanças climáticas. “O livro fala sobre fazer algo em um curto prazo, como colocar um band aid como forma de solução temporária, que é a engenharia geosolar”, revela.
Para o ficcionista, o problema do aquecimento global só poderá ser resolvido por meio da extração de grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera. O enfrentamento contra as mudanças no clima é extremamente complexo e pode representar o maior desafio de engenharia na história da humanidade, argumenta.
Incentivos econômicos
Atitudes em prol de um mundo mais sustentável devem ser impulsionadas por razões econômicas.
“Há muitos bilionários dos quais nunca ouvimos falar e muitos deles estão em partes do mundo que sofrerão os efeitos das mudanças climáticas muito mais severamente do que os Estados Unidos, em lugares onde o aumento do nível do mar vai ser devastador”, justifica.
A consequência será a destinação de grandes talentos humanos para a tarefa. Stephenson enxerga um movimento incipiente de investidores de tecnologia apoiando iniciativas para a neutralização de carbono.
7. Inovações na saúde
O mercado de serviços de saúde passa por um processo de inovação acelerado pela pandemia. A telemedicina, com atendimentos feitos de forma remota, ganhou força com as políticas de isolamento. Essa dinâmica incentivou a idealização de novas formas de atendimento, diagnóstico e tratamentos.
O SXSW foi palco para o debate sobre algumas delas:
- Medicina holográfica: a startup Proto apresentou uma plataforma de interação remota entre paciente e médico chamada Epic, através da criação de um holograma. No momento, a tecnologia só está sendo usada para fins educacionais. No entanto, escolas médicas enxergam potencial na tecnologia para o diagnóstico do Mal de Parkinson.
- Cura pelo som: pesquisadores estão explorando o uso de espaços de imersão auditiva para aliviar o cansaço e o estresse de trabalhadores da saúde. As evidências apontam que o som é uma ferramenta eficaz, embora ainda muito pouco utilizada no campo da medicina terapêutica, com potencial para crescer nos próximos anos.
- Diagnóstico com dados comportamentais: especialistas prevêem que, no futuro, aparelhos como celulares e carros serão capazes de notar sintomas iniciais de doenças a partir de mudanças sutis no comportamento. Já existem ferramentas em desenvolvimento que denunciam sinais de Alzheimer através da fala.
- Tratamentos psicodélicos: embora ainda enfrentem resistência, substâncias psicodélicas se mostram úteis em tratamentos psiquiátricos. Promissor, o mercado dessas substâncias para fins medicinais começou a atrair investimentos pesados.
Saúde em casa
A população idosa está crescendo e, cada vez mais, as pessoas preferem passar a velhice em casa. Isso abre uma oportunidade para que a tecnologia cumpra o papel de monitorar indicadores de saúde. “A tecnologia está migrando para a saúde, e a saúde está indo para as casas”, refletiu Débora Di Sanzio, presidente do braço de saúde da rede varejista Best Buy.
A Samsung é mais uma gigante que vê potencial nesse mercado, através de seus produtos vestíveis, como relógios inteligentes. “Com eles, podemos coletar dados sobre composição corporal, detectar arritmias cardíacas e problemas no sono”, declarou Hon Park, executivo da empresa coreana.
Na mesma seara, Scott Galloway prevê que, no futuro, a Amazon será o grande nome dos cuidados com a saúde, graças à integração de suas tecnologias inteligentes. Ele crê que a Amazon vai se tornar a maior companhia de healthcare do mundo.
Conclusão
Em meio a um leque tão amplo de ideias, áreas e tecnologias exploradas no South by Southwest, algumas tendências e conceitos se mostram poderosas e dominantes. Se o destaque da edição de 2022 foram as diferentes visões de metaverso, assuntos como a importância dos dados e da inteligência artificial seguem vitais.
Rodrigo Carvalho, diretor da agência de inteligência em dados iD\TBWA, avalia que o SXSW 2022 “trouxe à mesa reflexões propositivas sobre o papel da inovação na luta pelos direitos básicos e justiça social, ao mesmo tempo em que projetou os avanços tecnológicos que farão a diferença no desenvolvimento sustentável”.
A transformação digital afeta a integração com pessoas e tecnologias, fazendo com que a inovação constante seja mais importante do que nunca. E o evento trouxe reflexões importantes para as cooperativas, desde ideias mais generalistas de tecnologia e gestão, quanto tendências setoriais para coops agro ou de saúde ficarem de olho.
A pluralidade de ideias presentes no SXSW deixa em evidência que tem muita gente pensando sobre os desafios do futuro e os rumos da tecnologia. A inovação passa pela construção coletiva de ideias, e o SXSW segue sendo um importante palco para que essas ideias sejam expostas e discutidas.
Nesse sentido, aprenda agora a mapear tendências para planejar o futuro da sua cooperativa!
Atraindo volumosos investimentos, o metaverso desponta como o futuro das relações no meio digital. Veja como suas possibilidades estão sendo exploradas e o que esperar dele no futuro
“Metaverso” é uma palavra nova no vocabulário das pessoas. Dados do Google Trends apontam que, no Brasil, pesquisas sobre o termo só foram ganhar tração a partir de outubro de 2021. Contudo, ele já emerge como uma das principais tendências de tecnologia para o futuro.
O ganho de notoriedade e explosão de procura sobre o conceito aconteceu após o Facebook anunciar que mudaria seu nome para Meta e apostaria na construção de seu próprio metaverso. Desde então, diversas outras companhias passaram a apostar no futuro desta ideia que, por enquanto, ainda está engatinhando.
O potencial, entretanto, pode ser enorme. Relatório da consultoria Gartner prevê que 2 bilhões de pessoas vão estar no metaverso até 2026. Nesse prazo, 25% das pessoas vão ficar ao menos uma hora diária no mundo virtual. Este é o fator que deve colocar o metaverso no radar das cooperativas - afinal, é necessário estar onde as pessoas estão.
Neste texto, vamos entender o que é o metaverso, quais são suas origens, oportunidades e desafios. Também iremos explorar as aplicações do metaverso e indicar como as cooperativas poderão se aproveitar desse conceito. Boa leitura!
Afinal, o que é metaverso?
A definição do conceito de metaverso ainda está em construção, e fontes distintas divergem sobre quais circunstâncias justificam a aplicação do termo. A compreensão mais comum é a de um universo digital onde pessoas, por meio de seus avatares, interagem entre si e com outros objetos.
Segundo a Meta, o metaverso pode ser descrito como “um conjunto de espaços virtuais que é possível criar e explorar junto de outras pessoas que não estão no mesmo espaço físico”.
Scott Galloway, professor da New York University afirmou, em sua participação no SXSW 2022, que “o metaverso é muito mais sobre ouvir e menos sobre ver. Neste sentido, a Apple está muito avançada, com seus devices funcionais de áudio, do que o Meta que vem surfando no conceito”.
A evolução dos ambientes virtuais
O designer de jogos e teórico Raph Koster vai mais a fundo na definição, apontando quais são as diferenças entre mundos on-line, multiversos e metaverso:
- Mundos on-line: ambientes digitais de socialização focados em um determinado tema. Eles podem ir de fóruns baseados unicamente em texto a ambientes tridimensionais detalhados.
- Multiverso: interconexão entre diversos mundos on-line, que não precisam necessariamente compartilhar a mesma temática ou aplicar as mesmas regras de convivência, em uma rede.
- Metaverso: evolução do multiverso, possuindo maior integração com o mundo real. É acessado através de ferramentas de realidade aumentada ou virtual. Nele, se torna possível comprar produtos em lojas virtuais que serão entregues na vida real, por exemplo.
- Os três conceitos estão conectados, explicada Koster. Cada um representa o amadurecimento do estágio anterior, incrementando funcionalidades e demandando avanços tecnológicos. A partir dessas definições, compreende-se que nem todos os ambientes virtuais de convivência entre pessoas se enquadram como metaverso.
Uma rede interconectada
A lógica de Koster aposta que o metaverso não será uma plataforma única, mas sim uma rede interligada. Embora o serviço Horizon, da Meta, seja a iteração mais proeminente do metaverso no momento, seu amadurecimento passa pela conexão de distintos serviços.
Mark Zuckerberg, fundador e presidente da Meta, corrobora o ponto de vista. Segundo ele, o metaverso não vai ser construído por “uma única empresa”. Outras companhias estão tomando a dianteira junto com a Meta no desenvolvimento do ecossistema:
- Microsoft: a gigante da tecnologia anunciou a plataforma Mesh, que integra elementos de realidade virtual e aumentada a serviços de comunicação. Sua primeira aplicação se dará pela integração ao Teams, solução da companhia para a realização de reuniões remotas.
- Roblox: jogo on-line para computadores muito popular entre as crianças, o Roblox funciona como uma plataforma em que seus usuários podem criar e disponibilizar seus próprios games. Aproveitando-se da interatividade dos jogadores, o Roblox anunciou sua entrada na disputa pelo metaverso. A Nike já aderiu ao serviço e lançou seu território, o Nikeland.
- NVIDIA: a empresa de desenvolvimento tecnológico criou a ferramenta Omniverse, que promete a criação de um mundo virtual povoado por lojas, casas, fábricas e museus, por exemplo. O objetivo do Omniverse é a interligação de diversos mundos em um só lugar.
A segunda vida
O jogo Second Life, de grande sucesso na primeira década deste século, despontou como a primeira grande experiência de um metaverso. Nele, pessoas representadas por avatares interagiam entre si e com os ambientes de seu mundo virtual.
Marcas importantes, como o Itaú, ingressaram no jogo. Eventualmente, a popularidade do Second Life foi minada por barreiras tecnológicas e queda de interesse do público. A trajetória do jogo pode apresentar alguns dos desafios para a implementação do metaverso.
Um conceito originado na ficção
O termo metaverso resulta da conjunção entre o prefixo grego “meta”, que significa “além” com o substantivo “universo”. A palavra foi inaugurada pelo escritor de ficção científica Neal Stephenson em seu livro Snow Crash, publicado em 1992.
Na obra, que se passa em um cenário futurista e distópico, o protagonista é um motorista e entregador de pizza no mundo físico que se torna poderoso dentro do universo virtual. No livro, o metaverso é uma espécie de evolução da internet, em que as pessoas interagem como se estivessem em um ambiente real.
Enquanto ainda dá seus primeiros passos na prática, o metaverso já foi representado por outras obras de ficção, como:
- Matrix: o clássico filme de 1999 encena um mundo dominado por máquinas que mantêm os humanos presos a um universo digital utópico enquanto o mundo real definha. No decorrer da película, um programador descobre a situação e se rebela. Matrix antecipa a discussão ética entre viver uma realidade imperfeita ou em um mundo ideal simulado.
- Jogador N° 1: representação mais contemporânea e especulativa do metaverso, o livro de 2011 que virou filme representa o metaverso como uma forma de escapismo de uma realidade difícil. Lá, o metaverso é acessado por óculos de realidade virtual.
- Black Mirror: o episódio “San Junipero” da terceira temporada da série da Netflix conta uma história que se passa em uma cidade de realidade virtual. O lugar é habitado por idosos que estão em seus últimos dias e que podem escolher se ficam por lá após a morte.
- Além do metaverso, a ficção é uma ferramenta poderosa para antecipar tendências sociais e tecnológicas. Para entender como essa face da ficção pode ajudar no desenvolvimento de produtos e serviços, veja aqui o post que fizemos sobre o assunto.
Marcas apostam no metaverso
Mesmo que o metaverso ainda esteja dando seus passos iniciais, gigantes de diversos setores já estão investindo alto para se antecipar ao metaverso. O Facebook se jogou de cabeça e muita gente foi atrás. A Bloomberg Intelligence Unit estima que o metaverso deve movimentar 88 milhões de dólares até 2024.
A guinada da empresa se dá em um contexto em que seu carro chefe, o Facebook, apresentou a primeira redução no número de usuários ativos desde 2004. Assim, o metaverso surge como uma forma de pavimentar novos caminhos e tomar a dianteira de uma nova tendência social.
A Meta, inclusive, é protagonista no mercado de desenvolvimento de óculos de realidade virtual, tecnologia fundamental para o ingresso no metaverso. O dispositivo, chamado de Oculus, passará por uma reforma de marca e passará a ser denominado Meta Quest.
Marketplace 4.0
Em seu estágio incipiente, o uso mais dominante do metaverso por parte das companhias se dá na área de marketing e vendas. A rede de fast food McDonald’s, por exemplo, pediu o registro de patente descrevendo um mecanismo de venda virtual de alimentos e bebidas para entrega a domicílio.
No ramo da moda, provadores de realidade aumentada foram testados pela Gucci. A ideia é que usuários possam experimentar peças de roupa e acessórios digitalmente, conferindo o resultado para decidir fazer a compra online. A Dolce & Gabbana foi além e promoveu um desfile de moda imersivo na plataforma Decentraland.
No Brasil, a operadora de telefonia TIM inaugurou sua loja no metaverso. O empreendimento toma como base uma das lojas reais da TIM e visa reforçar sua estratégia de omnicanalidade, integrando real e virtual na estratégia de vendas.
Nos céus digitais
A Boeing, histórica fabricante de aviões, anunciou que pretende construir seu próximo modelo utilizando o metaverso. A finalidade é implementar projetos de engenharia tridimensionais que serão trabalhados remotamente por engenheiros através de óculos de realidade virtual.
A medida faz parte de uma estratégia de unificar operações em um único ecossistema, integrando design, produção e serviços aéreos. A fabricante vive uma crise de desconfiança após erros de projeto que culminaram na queda de dois aviões 737 MAX.
O metaverso surge como alicerce para que a companhia possa desenvolver réplicas virtuais de seus aviões em 3D - chamados de gêmeos digitais. No mundo virtual, o funcionamento dos aviões será analisado virtualmente, antecipando problemas reais.
Arquibancadas poligonais
Eventos também podem se beneficiar do metaverso. A japonesa Sony e o clube de futebol inglês Manchester City firmaram uma parceria para levar o estádio da equipe ao universo digital. Assim, torcedores do mundo todo podem vivenciar a experiência de ver uma partida in loco.
A desenvolvedora de jogos Epic Games está explorando as possibilidades do metaverso no mundo da música por meio de seu produto mais famoso, o jogo on-line Fortnite. O game já foi palco para shows de artistas populares entre os jovens, seu público-alvo. A apresentação do rapper Travis Scott amealhou 12 milhões de jogadores.
Como cooperativas podem aproveitar o futuro do metaverso
Inovações, como o metaverso, trazem consigo um leque de oportunidades e outro de desafios. Mesmo ainda incipiente, antecipar as suas possibilidades permite um melhor planejamento para a presença na plataforma quando ela estiver amadurecendo. Essas são algumas das atividades que podem ser executadas dentro do metaverso:
Marketing e vendas
Até aqui, como já explicamos, as áreas de marketing e vendas são as que mais se beneficiaram das atuais tecnologias que prometem universos virtuais. Dentre as maneiras em que elas podem ser praticadas pelas cooperativas, estão:
- Showroom: criar um espaço de exibição virtual de seus produtos reduz custos com a estrutura física de uma instalação demonstrativa e aumenta o número de potenciais visitantes. Sem fatores impeditivos à visita de um estande, como distância, trânsito, tempo de deslocamento e capacidade de lotação, os showrooms ficam mais eficientes e atrativos. A Roca Brasil, que atua no ramo de cerâmica, já adotou o metaverso para apresentar seus lançamentos.
- Marketing de experiência: imagine poder fazer um test drive sem sair de casa, em um carro virtual idêntico ao real. Para quem vende, isso significa menos custos com a depreciação dos veículos e possíveis acidentes, além de aumentar o universo de consumidores potenciais que podem ter a experiência. Essa lógica pode ser aplicada para diversos produtos.
Trabalho e reuniões
A instauração de ambientes virtuais também cria uma gama de possibilidades sobre a execução dos trabalhos pelos colaboradores. Cooperativas, com sua natureza participativa dos associados, podem se beneficiar dessa faceta do metaverso.
- Reuniões: a integração que a Microsoft está fazendo entre o Mesh e o Teams, como vimos acima, representa um novo grau de interatividade nas reuniões remotas. Bill Gates, fundador da companhia, diz que até 2024 todas as reuniões serão no metaverso.
- Assembleias: mais especificamente em relação às cooperativas, o metaverso surge como uma sede para os encontros de cooperados que definem os rumos da instituição. A participação remota pode culminar em assembleias mais acessíveis e menos custosas, sem prejuízos para a possibilidade de participação dos cooperados.
- Desenvolvimento de projetos: como vimos no caso da Boeing, alguns projetos demandam a atuação de diversas áreas e equipes de uma companhia, e não é diferente nas cooperativas. Com os gêmeos digitais, times com expertise distintas e alocados em locais esparsos podem atuar de forma sincronizada.
- Recrutamento: a Companhia de Estágios já investiu R$ 500 mil reais na primeira fase de seu projeto para realizar entrevistas de emprego no Horizon, plataforma da Meta. Processos de seleção já estão sendo feitos no metaverso.
- Enquanto a previsão de Bill Gates não se realiza, veja como realizar reuniões mais ágeis e práticas nesse material que desenvolvemos como foco em cooperativismo.
Novas profissões no metaverso
Um estudo da empresa de tecnologia Lenovo aponta que 44% dos funcionários adotariam o metaverso caso enxerguem que ele possa oferecer benefícios e produtividade ao ambiente profissional.
Concomitante a isso, o metaverso também aponta para novas tendências para o mercado de trabalho. O portal da revista Época Negócios enumerou uma lista de nove profissões que serão incentivadas pelo metaverso que as cooperativas já podem ficar de olho:
- Cientista de pesquisa do metaverso
- Estrategista de metaverso
- Desenvolvedor de ecossistemas
- Gerente de segurança do metaverso
- Construtor de hardware do metaverso
- Storyteller do metaverso
- Construtor de mundos
- Especialista em bloqueio de anúncios
- Especialista em segurança cibernética do metaverso
Os gargalos do metaverso
Nem tudo é bom presságio para o avanço do metaverso. Sua massificação ainda está contida em uma série de amarras, que freiam sua praticabilidade em grande escala.
Fabricante de chips e semicondutores, a Intel alerta que a visão de metaverso propagada pela Meta depende de um poder de processamento e armazenamento ainda inexistente. Um metaverso acessível em tempo real para bilhões de humanos demandaria um aumento de mil vezes a eficiência computacional atual.
A velocidade da conexão à internet é outra barreira para a construção do metaverso. Um mundo digital complexo requer uma latência quase instantânea de forma coordenada entre os usuários, sob o risco de desconexões e instabilidades. A popularização da internet de quinta geração, o 5G promete revigorar este ponto, mas ainda é uma incógnita se ela será suficiente.
Unindo tecnologia a fatores sociais, há ainda escassez e alto custo dos materiais necessários para a integração ao metaverso, como óculos de realidade virtual e computadores de alto poder de processamento. Sem barateamento dos aparelhos, o metaverso pode se tornar um espaço de exclusão social.
Ceticismo
Ainda que muitas instituições tenham mostrado empolgação e acenado com grandes investimentos, nem todo mundo compartilha da mesma fé sobre o futuro do metaverso.
Apesar de a indústria de videogames se projetar como a protagonista neste estágio inicial de adoção do metaverso, seu sucesso não é unanimidade. A gigante japonesa Nintendo, conhecida por ser tradicionalista e conservadora nos negócios, não demonstrou muito interesse em adotar a tendência, ao menos por enquanto.
Ainda no ramo dos jogos, a Take Two, dona de diversas franquias populares como GTA e NBA 2K, também expressa ceticismo. O CEO da companhia, Strauss Zelnick, acredita que a visão da Meta não corresponde aos desejos dos consumidores.
ConclusãoDe fato, em seu atual estado, o metaverso levanta mais questões do que apresenta soluções. Enquanto a transformação digital se apresenta como inevitável, o metaverso ainda precisa convencer que é capaz de atingir o potencial enxergado por muita gente.
O estudo Into the Metaverse, elaborado pela Wunderman Thompson, já indica que, para 76% das pessoas, as tarefas diárias dependem da tecnologia. O metaverso germina desse contexto conectado que coloca a tecnologia no centro de nossas vidas. Contudo, ele tem limites tecnológicos e sociais. E nem toda tendência vem pra ficar.
Sendo apoiado por gigantes de diversos segmentos importantes da economia, o metaverso sinaliza como uma fatia importante para guiar os próximos anos do desenvolvimento tecnológico.
De qualquer forma, inovar e agregar novas tecnologias é vital. Pensando nisso, o InovaCoop elaborou um curso on-line gratuito para que as cooperativas entendam como enxergar a hora de mudar e implementar novas soluções tecnológicas.
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