CONTEXTO
Em março de 2019, o time de formulação de ração da Agrária estava promovendo uma mudança na linha de produtos destinados a bovinos leiteiros, a chamada Golden Milk. Nesse momento, surgiu a ideia de criar um produto específico para melhorar a produção de animais submetidos à ordenha mecânica.
A necessidade foi detectada a partir da observação de problemas por parte dos produtores bovinos que haviam investido na mecanização da ordenha. Segundo as análises, a alimentação dos animais com ração comum não permitia extrair o máximo desempenho dos equipamentos.
O diagnóstico se deu a partir da constatação de que os animais deixavam a ração comum sobrar no coxo. Além disso, a quantidade de visitas dos animais e o tempo de permanência dos animais no equipamento se mostravam insatisfatórios para a obtenção dos resultados desejados. Ou seja, havia problemas tanto com a qualidade como com a quantidade de leite produzido.
DESAFIOS
O primeiro desafio enfrentado foi a falta de informações técnicas sobre a questão em específico no Brasil. Afinal, por se tratar de um sistema novo, ainda não há parâmetros. Da mesma maneira, não há disponibilidade de insumos que são utilizados em outros países em situações similares.
Além disso, a iniciativa precisou superar questões de tecnologia fabril. Isso porque o produto desenvolvido exige uma peletização excelente dos grãos de ração. E não são todos os equipamentos disponíveis que conseguem atender às características exigidas para esse produto.
Outro desafio foi o desenvolvimento de um entendimento, por parte dos produtores bovinos, das características da produção mecanizada de leite. Dentre os produtores que investiram na mecanização da produção, alguns acreditam que a tecnologia substitui o manejo adequado dos animais, o que não é verdade. Logo, o sucesso do uso da nova ração estava associado à criação de consciência por parte desses produtores.
DESENVOLVIMENTO
Quando alguns dos clientes da Agrária começaram a migrar suas produções para o sistema mecanizado, a cooperativa identificou a necessidade de atender a uma nova demanda, relacionada à qualidade da ração para bovinos de ordenha submetidos à tecnologia mecanizada.
Assim, após estabelecer parceria com a Nutron (Cargill) tanto do Brasil quanto do Canadá, o projeto começou a ser desenvolvido. Dentre os objetivos previamente definidos estavam:
- otimizar índices produtivos do rebanho;
- maximizar visitas ao robô;
- diminuir desperdícios;
- aumentar a eficiência dos animais;
- promover a ingestão do melhor perfil de aminoácidos;
- produzir mensalmente 150 toneladas;
- tratar 1000 animais/mês.
Então, a partir de março de 2019, a Agrária conduziu o plano de ação para o projeto de concepção da ração Golden Milk Robotech juntamente com o desenvolvimento da nova linha de produtos baseada em conceitos globais de alimentação animal.
Foram, então, quatro meses de reuniões periódicas entre as equipes, sempre com foco em discutir uma formulação ideal. Ou seja, que trouxesse os resultados esperados. Até que em novembro de 2019, durante um evento técnico, com o escopo do produto pronto, foi decidido colocar o projeto em prática. Deu-se, assim, início ao processo de testagem do produto.
Este, por sua vez, ocorreu primeiramente dentro da fábrica e depois em campo, junto aos clientes e parceiros. Essa fase revelou resultados positivos, o que permitiu o início da divulgação e da comercialização do produto, em janeiro de 2020.
Durante o processo de desenvolvimento do produto, a Agrária enfrentou alguns desafios. Dentre eles, a falta de disponibilidade de insumos com a qualidade exigida para o atingimento do objetivo. Assim, foi necessário substituir ingredientes sem que fossem perdidas a qualidade, a palatabilidade e o aroma. O risco era, caso não houvesse matérias-primas equivalentes, ser necessário adicionar maior quantidade de flavorizantes, aumentando o custo de produção e, assim, inviabilizando o projeto.
Entretanto, não foi o que aconteceu. Com as melhorias realizadas nos equipamentos fabris utilizados, as equipes conseguiram atingir um índice de durabilidade de 97% com um máximo de 3% de finos - farelos que se soltam dos grãos. Além disso, a equipe responsável encontrou insumos da mesma qualidade utilizados no Canadá, chegando a uma formulação ótima. Dentre os pontos favoráveis é importante citar a disponibilidade da radícula de malte, produto que é aproveitado da Indústria Agrária Malte e possui alto teor energético.
RESULTADOS
De acordo com a Agrária, os resultados obtidos já são perceptíveis no campo. O principal está ligado ao pellet, o que, conforme relatado por clientes, faz grande diferença para o manejo no sistema mecanizado. Como consequência, o manejo com essa ração resulta na otimização do tempo do animal no robô, aumento do número de visitas e redução do desperdício de ração. Todos esses fatores acabam influenciando os resultados finais de qualidade e quantidade de leite produzidos.
Isso pode ser visto nos indicadores. Atualmente, a Cooperativa produz em média 60 toneladas dessa ração por mês, quantia que faz parte do manejo de 1.000 animais.
Além desse indicador, é importante destacar que a média de sobra de ração no cocho caiu de 6% para 1,5%. Consequentemente, a média de produção de leite saiu de 0 litros por animal para três litros por animal. Estes têm visitado o robô 3,2 vezes por dia, em média, contra 2,5 visitas contabilizadas antes.
PRÓXIMAS INICIATIVAS
A ideia, que surgiu da detecção de uma nova necessidade por parte dos clientes, resultou na criação de um novo produto que já conta com produção de 60 toneladas por mês. Agora, devido ao sucesso do case, a intenção da Agrária é elevar o volume de produção para 150 toneladas por mês desse produto.