Infracoop analisa o comportamento dos consumidores para abertura do mercado de energia

Contexto
A Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura, a Infracoop, defende os interesses das organizações associadas desde 1991. A confederação está presente em seis estados brasileiros: Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
Durante um encontro entre as cooperativas de Santa Catarina e a confederação, discutiu-se a necessidade de antecipar desafios e começar a preparação para futuras mudanças regulatórias e de consumo no setor energético.
Diante disso, a Infracoop estruturou, em 2024, um projeto para avaliar como os consumidores se comportam e tomam decisões frente a abertura do mercado de energia de baixa tensão. Esse escopo abrange consumidores residenciais, pequenos comércios, escritórios, prédios de apartamentos e pequenas indústrias. Programada para acontecer em 2028, a abertura desse mercado dá a oportunidade dos consumidores escolherem de onde compram a energia.
“Percebemos que, se não nos adiantássemos, seríamos apenas reativos quando novas regras entrassem em vigor”, conta o engenheiro eletricista Luis Osorio Martins Dornelles, coordenador de estudos da Infracoop. “A gente vai verificar se ele vai migrar para o mercado livre, se não vai, se para ele importa preço, se importa fonte de energia”, explica.
Desafios
Um dos principais desafios do projeto foi obter a aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para a emulação de tarifas diferenciadas. “Nós precisávamos de uma autorização para testar diferentes modelos tarifários. Caso não conseguíssemos, teríamos que operar com um plano B, emitindo duas faturas diferentes para os participantes”, explica Dornelles.
Outra dificuldade foi a adaptação da infraestrutura das cooperativas para gerar a simulação do mercado aos cooperados. As organizações fizeram ajustes técnicos e reestruturaram processos internos para garantir a coleta eficiente e segura dos dados.
Além disso, a Infracoop também enfrentou o desafio de desenvolver e implementar um sistema que reproduzisse fielmente as condições reais. Para isso, Dornelles comenta que a confederação precisou utilizar técnicas avançadas e aplicar testes para assegurar a precisão dos dados.
Desenvolvimento
O projeto conta com três etapas interligadas, cada uma com seu papel na compreensão da abertura do mercado de energia para consumidores de baixa tensão. A primeira fase da iniciativa consistiu em uma pesquisa inicial feita por meio de questionários e entrevistas com grupos de clientes selecionados, e com o auxílio das parceiras Consultar e Tua Opinião.
A investigação mensura o nível de conhecimento dessas pessoas sobre suas contas de energia, seus hábitos de consumo e suas expectativas quanto à possibilidade de escolha do fornecedor. Paralelamente, todas as cooperativas filiadas à confederação receberam um convite para participar da iniciativa.
De 65 organizações, 12 se candidataram. No entanto, devido às exigências do projeto, como ajustes na estrutura externa para gerenciar a emulação tarifária, somente quatro seguiram adiante. São elas: Cerbranorte, Certaja Energia, Certel, Coprel.
A etapa seguinte compreende a emulação do Mercado Livre de Energia para os consumidores de baixa tensão. Em parceria com a Agência Zaga, uma empresa de tecnologia, a Infracoop criou o Sistema do Projeto de Abertura de Mercado em Baixa Tensão (SisPAM BT), um sistema virtual que permite a interação dos consumidores com diferentes planos energéticos.
Os participantes acessam a plataforma, assistem a vídeos explicativos sobre o mercado de energia e, em seguida, escolhem diferentes tipos de fornecimento. “Para nós, é uma emulação, mas para eles acontece de verdade. Eles recebem os descontos ou acréscimos de tarifa em função do que escolheram”, explica Dornelles.
Durante esse processo, a equipe também testou diferentes tipos de energia e estratégias de comunicação. “Algumas pessoas receberam mais informações do que outras, e queremos entender como isso influencia a decisão de migração para o mercado livre”, destaca.
Na fase final, que está prevista para acontecer no início de 2026, os pesquisadores conduzirão uma análise pós-projeto. Aqui, os participantes serão entrevistados novamente para avaliar o impacto da experiência e o conhecimento adquirido.
Além disso, os dados coletados serão compilados para a confederação entender os padrões de comportamento. Isso ajuda a organização a identificar fatores determinantes para a adesão ao mercado livre e pontos de melhoria para preparar as cooperativas às mudanças.
Resultados
Apesar do projeto ainda estar na fase inicial da emulação, Dornelles conta que já é possível ver alguns resultados. As informações levantadas indicam que os consumidores estão engajados e demonstram certo interesse em escolher os fornecedores de energia.
De 277 consumidores que realizaram o login na plataforma com sucesso, 162 aceitaram os termos de adesão e escolheram uma nova fonte de energia, correspondendo a 5,1%. Outro resultado analisado foi o tipo de tarifa escolhido pelos clientes: 104 preferiram a tarifa de mercado (ML1) por ser mais econômica do que a regulada.
Próximos passos
Com o projeto em andamento, a Confederação de Cooperativas de Energia continuará acompanhando os dados gerados para refinar suas estratégias. Segundo Dornelles, reuniões para analisar novas adesões e abordagens acontecem quinzenalmente.
A principal meta, no entanto, é preparar o setor para a implementação efetiva do mercado livre de energia, aproveitando as lições aprendidas. “As cooperativas que estão participando do projeto vão estar um passo à frente quando o mercado, de fato, estiver aberto”, conclui.
Contato do Responsável
Luis Osorio Martins Dornelles
Coordenador de estudos - osorio@fecoergs.com.br
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