CONTEXTO
Atualmente com 489 cooperados, a Cooperante é uma cooperativa do ramo agro e atua com a recepção e beneficiamento de soja (para exportação), trigo (venda para moinhos, mercado interno), feijão e milho (varejo) e, mais recentemente, desenvolveu a produção de suco integral de uva (também para o varejo).
A entrada no varejo se deu em 2015, com o empacotamento de feijão preto. A ideia era agregar valor ao produto fornecido pelos associados. No ano seguinte, com uma grande procura por feijão no mercado, os produtos lançados alçaram novos mercados, estendendo o raio de atuação até a capital Curitiba. A alta demanda logo começou a apresentar gargalos logísticos, além da pressão dos representantes, pois não havia uma área específica para gerenciar o setor.
No fim de 2017, a Cooperante enxergou mais uma oportunidade no mercado: a linha de produtos de milho e quirera para agropecuárias. A carteira de produtos passou de dois para 13, um aumento significativo para quem ainda não possuía um setor exclusivo para essa finalidade. Os desafios aumentaram ainda mais quando o principal representante de vendas (terceirizado) deixou de representar tais produtos. Os clientes se foram e com eles o faturamento. Depender de um representante externo não era uma boa estratégia.
Ainda assim, a Cooperante manteve a ideia de vender no varejo e conseguiu se reposicionar em 2019, com uma nova equipe de representantes. Mas a preocupação voltou: e se os representantes deixassem a cooperativa de novo? Foi então que surgiu a ideia de inovar, potencializada pela participação em um curso de inovação oferecido pelo Sistema Ocepar. Nascia ali uma plataforma para controle dos pedidos recebidos e entregas passadas pelos representantes. Depois a ideia foi apresentada aos gestores e logo foi criado o setor de supervisão de vendas com o desafio de desenvolver a inovação: uma plataforma de vendas B2B (comercialização entre empresas; business-to-business em inglês).
DESAFIOS
A Cooperante sempre terceirizou os serviços de software e, teoricamente, seria simples terceirizar o desenvolvimento da plataforma, mas havia dois pontos a serem considerados: o custo e a possibilidade de a plataforma não ter a identidade da cooperativa e do cooperativismo.
Foi então que a Cooperante assumiu o principal desafio: desenvolver a plataforma internamente, usando o conhecimento adquirido no curso de inovação. E como a ideia não era criar apenas um site e sim um aplicativo para Android e iOS, os desafios eram ainda maiores.
DESENVOLVIMENTO
Com o seu time interno, a cooperativa desenvolveu um e-commerce que oferece aos usuários a opção de pedidos de compras e acompanhamento. Ou seja, o cliente seleciona os produtos oferecidos pela Cooperante, adiciona ao carrinho, seleciona as opções de pagamento e envia para a aprovação.
Os pedidos são direcionados para um painel de controle, também aplicativo, no qual é verificado se estão compatíveis com o limite de crédito do cliente, podendo ou não ser aprovado. Além disso, o comprador acompanha todo o processo na própria plataforma, desde o envio do pedido até a sua entrega.
Ainda na plataforma, a Cooperante publica notícias e oferece um canal de atendimento direto. O aplicativo foi desenvolvido pelo setor de vendas e varejo com o apoio de um comitê de inovação, sem qualquer apoio externo, informa a cooperativa.
Atualmente, o projeto está na fase de testes para ser validado e coletar informações com uma parcela de clientes. Com os feedbacks são feitas as melhorias.
RESULTADOS
A expectativa da cooperativa é atender melhor os clientes, oferecendo praticidade e conforto na hora da compra, pois não há a necessidade de visitas presenciais do representante.
Outro ponto é a não dependência dos representantes de vendas, o que traz maior segurança ao negócio. Além disso, cria maior vínculo da cooperativa com os clientes e também reduz custos com comissões.
“O que não podemos mensurar é em quais locais isso pode chegar, até onde é possível expandir. Haverá a necessidade de uma capacitação e organização logística para atender de maneira eficiente os clientes”, afirma Gilson Hollerweger Fernandes, Superintendente Executivo da Cooperante
PRÓXIMAS INICIATIVAS
Como está na sua fase piloto, o aplicativo pode ser visto, atualmente, como um protótipo do que realmente ele pode se tornar. Pois ainda existe a necessidade de se obter mais dados sobre a interação do cliente com o aplicativo, para melhorá-lo ainda mais.
A integração com Google Analytics, a elaboração de um termo de uso robusto de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o desenvolvimento de um painel de controle para desktop também são melhorias e adequações a serem feitas.