Contexto
A Cooperativa Vinícola Nova Aliança surgiu a partir da união de cinco tradicionais cooperativas vitivinícolas gaúchas: Cooperativa Aliança e Cooperativa São Victor, de Caxias do Sul, Cooperativa São Pedro e Cooperativa Santo Antônio, de Flores da Cunha, e Cooperativa Linha Jacinto, de Farroupilha.
Todas as peças que contribuíram para a criação da Cooperativa Nova Aliança foram criadas por imigrantes italianos. Agora, somando mais de 90 anos de história, a cooperativa aposta em projetos inovadores, mantendo os princípios cooperativistas à vista.
A inovação sempre foi um elemento importante para a cooperativa. Assim sendo, em 2019 surgiu a ideia de criar um aplicativo móvel para rastreabilidade agrícola e gestão da propriedade. Segundo Heleno Facchin, CEO da Nova Aliança, o time de TI está constantemente em busca de novas tecnologias para aprimorar a operação:
“Todo profissional técnico que dá suporte para essa assistência no campo busca ferramentas que possam facilitar e agilizar a gestão”, elabora Facchin.
Desafios
Mesmo com a determinação do time de TI, a cooperativa enfrentou alguns desafios durante a criação e implementação do aplicativo. Em um primeiro momento, os técnicos de agronomia precisaram cadastrar todas as áreas de produção dos viticultores.
No entanto, o processo de obter os dados base é feito manualmente. “É um trabalho de base bastante intenso que precisa ser realizado. Não tem como ser via sistema”, explica Facchin.
Nesse cenário, a Nova Aliança também teve dificuldade para convencer os cooperados a aderirem à novidade. “O produtor ainda não está totalmente integrado no digital”, explica o CEO.
A falta de adesão dos cooperados gerou um baixo engajamento com a plataforma. De acordo com o CEO, os produtores de mais idade preferem anotar os dados da produção em um caderno de campo físico e, posteriormente, as informações são enviadas à cooperativa e inseridas no sistema.
Desenvolvimento
A ideia de criar um aplicativo que melhorasse a gestão do campo e a produção da Cooperativa Nova Aliança surgiu em 2019. “Ela começou a ser trabalhada dentro da área de Tecnologia da Informação da nossa cooperativa e juntamente com o time de agronomia”, narra Facchin.
O app, batizado como NAmob, passou por uma fase piloto na safra de 2019/2020, sendo implementado a partir da safra de 2021/2022. O primeiro passo para o funcionamento do sistema é o cadastro e o mapeamento de todas as áreas produtivas do cooperado. “Foi feito todo o mapeamento, área por área, variedade de uva por variedade de uva”, diz.
Apesar da cooperativa focar no plantio de uvas, o aplicativo pode ser usado para rastrear outras culturas. O produtor pode cadastrar no aplicativo e fazer a gestão dessa outra área produtiva, mesmo que não seja uma cultura processada dentro da cooperativa.
A partir do cadastro das glebas - sejam elas de uva ou não - o produtor pode fazer o registro de todas as suas atividades, como a aplicação de defensivos agrícolas, fertilizantes, datas de poda, raleio e desbaste. Com essa funcionalidade e a organização do NAmob, os cooperados podem realizar a gestão por gleba ou por variedade do plantio.
Além de saber o que deve ser feito em cada uma de suas áreas de plantio, o produtor da Nova Aliança também consegue ter uma visão da rentabilidade por gleba. “O aplicativo ajuda o produtor permitindo que ele faça uma gestão e um controle da produção e dos investimentos”, relata o CEO.
Para que isso tudo seja possível a Cooperativa Nova Aliança conta com o apoio do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Ademais, a área de TI da organização foi extremamente importante durante o desenvolvimento do NAmob, focando em torná-lo um caderno de campo digital.
Resultados
Desde a implementação do app, a Nova Aliança sofreu mudanças significativas em todo o processo. Heleno Facchin conta que a cooperativa ganhou agilidade na liberação das cargas de uva. Isso porque, para ser liberada, a safra precisa passar por um controle de qualidade para ver se elas estão em condições adequadas de processamento.
Com o NAmob, esse processo fica mais fácil, já que todas as informações necessárias para a liberação das uvas estão disponíveis em tempo real. “O aplicativo já tem a inteligência que facilita a recepção de uva pela cooperativa e já facilita a liberação da carga”, explica o CEO.
Além de tornar a gestão das propriedades mais dinâmicas e ágeis, o NAmob se destaca na retenção de conhecimento. Antes do software, a saída de um profissional do time de agronomia significava a perda de investimentos realizados para o desenvolvimento técnico do colaborador, e de conhecimento.
Com o aplicativo, todas as informações e conhecimentos adquiridos vão estar salvos e disponíveis para os outros profissionais. Assim, a assistência técnica aos viticultores é mais certeira. Atualmente, o app ajuda no controle da produção de 40% dos cooperados da Nova Aliança.
Próximos passos
Diante de tantos resultados positivos, o NAmob continua passando por aperfeiçoamentos. Facchin revela que a próxima evolução do app é sua vinculação a estações meteorológicas distribuídas pela região onde a cooperativa atua. A ideia é veicular avisos de aplicação de produtos fitossanitários, isto é, venenos que combatem pragas e doenças das plantas.
O projeto piloto será colocado em prática ainda em 2024. A partir de 2025, a cooperativa pretende focar na extensão e na distribuição das estações meteorológicas. O CEO ainda conta que as novidades estão sendo desenvolvidas em conjunto com a Embrapa e o Instituto Federal do Rio Grande do Sul.