Topbar OCB
Reforma do setor elétrico: como o cooperativismo pode inovar e liderar a transição sustentável
- Artigos em destaque na home: Nenhum
- Parceiro: Coonecta
Aprovação da MP 1304/2025 proporciona oportunidades para as cooperativas se posicionarem como um modelo de negócio competitivo e sustentável
Em outubro, o Senado Federal aprovou a MP 1304/2025, Medida Provisória que contempla inúmeras propostas de mudança no setor elétrico. Dentre as exigências, a proposta prevê a ampliação da Tarifa Social de energia elétrica, a abertura do Mercado Livre de Energia e modificações nos benefícios da geração própria de energia.
Durante a aprovação da Medida Provisória, o Congresso Nacional retirou o item que previa a extinção do auxílio financeiro governamental por baixa densidade de carga. A exclusão do dispositivo foi uma vitória para o cooperativismo, já que diversas cooperativas de infraestrutura atendem regiões com poucos consumidores.
Além de comemorar a conquista, o cooperativismo brasileiro pode aproveitar o momento para se destacar com iniciativas inovadoras que visam o desenvolvimento de energia limpa e sustentável.
Vamos entender mais sobre a reforma do setor elétrico e as oportunidades que se abrem para o cooperativismo inovar e se destacar? Boa leitura!
Contextualização sobre a reforma do setor elétrico
As constantes mudanças regulatórias no Brasil visam modernizar o sistema elétrico, trazendo mais eficiência, competitividade e sustentabilidade. A recente aprovação da MP 1304/2025 pelo Congresso Nacional consolida a urgência de atualizar o modus operandi. E algumas dessas mudanças impactam diretamente o modelo de negócios cooperativista.
Um dos eixos da reforma é a ampliação da Tarifa Social de Energia Elétrica, que consiste em auxiliar famílias de baixa renda com descontos na conta de energia. O pilar social faz parte do cooperativismo, que atua em regiões com poucos consumidores ou de maior vulnerabilidade.
A reforma também atualiza os benefícios da geração própria de energia. A revisão da regulamentação da geração distribuída visa dar mais previsibilidade ao setor, dividindo os encargos de acordo com a capacidade de cada organização, reduzindo o impacto das tarifas sobre a população de baixa renda.
Por fim, o maior ponto de transformação que a MP apresenta é a abertura do Mercado Livre de Energia. A ideia é que a partir de 2027 e 2028, consumidores de baixa tensão, como comércios e residências, possam escolher os fornecedores de energia visando as condições mais vantajosas.
Por criar competitividade e concorrência, as cooperativas devem inovar rápido, oferecendo bons serviços e tarifas para atrair e reter associados. Enquanto isso, o setor não pode perder de vista a busca por energias limpas, acessíveis e renováveis.
Cooperativas na vanguarda
Em sua busca por inovar, as cooperativas já estão atentas às possibilidades abertas pelas mudanças. Segundo o Anuário Coop, 22% das cooperativas estão gerando sua própria energia. Em 2024, o movimento de energia cooperativa reuniu cerca de 906 cooperativas e 4.914 empreendimentos operados pelas cooperativas espalhadas pelo Brasil.
Além disso, as organizações não deixam de investir, desenvolver e implementar iniciativas inovadoras que focam na geração e uso de energia limpa e sustentável. Conheça alguns casos de sucesso:
Ciclos
A Ciclos surgiu no Ângulo Hub, o espaço de inovação e integração do Sistema Sicoob ES. A criação da cooperativa de infraestrutura veio com o propósito de oferecer produtos e serviços com os quais os associados apresentavam dificuldades, como energia compartilhada, telefonia e dados móveis.
Em 2019, a Ciclos inaugurou um complexo de energia limpa com dez centrais geradoras fotovoltaicas. Com isso, o Sicoob ES passou a produzir energia elétrica para as agências do Sicoob no estado e para os associados de todas as cooperativas do sistema.
Os cooperados podem ter acesso à energia em duas modalidades. No Prossumidor Ciclos, o associado compra uma parcela de um complexo de energia e tem a fatura reduzida em até 80%. Já na opção Assinante Ciclos, não é necessário o investimento inicial e o desconto é de 8% a 12%.
MinasCoop Energia
A preocupação com as mudanças climáticas e os benefícios das fontes de energia renováveis inspiraram o Sistema Ocemg a criar o Programa de Energia Fotovoltaica do Cooperativismo Mineiro: MinasCoop Energia. Além de gerar energia limpa, a ideia era influenciar as cooperativas mineiras a serem mais sustentáveis.
A ideia surgiu em 2019, mas foi em 2020 que as usinas foram instaladas e o comitê, formado. Em 2021, duas usinas foram inauguradas e no ano seguinte o Sistema Ocemg atingiu o objetivo de causar impacto na comunidade: as cooperativas que aderiram ao programa doaram parte da energia gerada para entidades filantrópicas.
Energia.coop
Para incentivar a geração distribuída de energia renovável no Brasil, o Sistema OCB firmou uma parceria com a Confederação Alemã das Cooperativas (DGRV) para criar o Energia.coop. A ideia é que pessoas físicas e jurídicas repassem o excedente à distribuidora de energia em troca de créditos na fatura.
O projeto se concentrou na divulgação, capacitação e produção de materiais para mostrar a cooperativas e à população como gerar a própria energia limpa de forma colaborativa. Este trabalho de incentivo foi fundamental para o crescimento do setor, aumentando o número de cooperativas envolvidas na geração e a capacidade total de energia renovável instalada.
Infracoop
Em 2024, a Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop) desenvolveu um projeto que analisa e avalia o comportamento dos consumidores diante da abertura do mercado de energia de baixa tensão. A ideia é preparar as cooperativas e os cooperados para as mudanças e antecipar desafios.
O projeto se estruturou em três fases principais: uma pesquisa inicial para medir o conhecimento e as expectativas dos clientes; uma emulação do mercado livre de energia; e uma análise pós-projeto.
A fase de emulação envolve a participação de quatro cooperativas e utiliza o Sistema do Projeto de Abertura de Mercado em Baixa Tensão. Através de uma plataforma virtual, os consumidores interagem com diferentes planos energéticos e tipos de fornecimento, recebendo descontos ou acréscimos reais na tarifa com base em suas escolhas.
Potencial de inovação energética
O DNA do cooperativismo o posiciona como modelo ideal para oferecer soluções energéticas novas, inclusivas e sustentáveis ao país. A reforma não é apenas um desafio, mas um catalisador para a inovação, abrindo diversas possibilidades para as cooperativas se destacarem no mercado e serem reconhecidas.
O modelo cooperativo é a estrutura perfeita para a consolidação da geração distribuída e da criação de comunidades energéticas. As cooperativas transformam simples clientes em consumidores ativos, que geram, consomem e compartilham energia limpa e renovável de maneira colaborativa.
O ambiente de mercado também exige inovação. Com a abertura progressiva, a comercialização coletiva de energia surge como oportunidade. Assim, as cooperativas podem se unir para adquirir grandes volumes de energia no Mercado Livre de Energia com valores competitivos e segurança no fornecimento aos associados e à comunidade.
Para que todas as mudanças sejam viáveis, não podemos esquecer da tecnologia. É preciso investimentos em plataformas digitais que auxiliem na gestão do compartilhamento de energia. Mas as cooperativas não precisam fazer isso sozinhas: elas podem contar com parcerias estratégicas com startups e outras instituições de tecnologia.
A transição para fontes limpas e sustentáveis não é somente uma questão econômica, mas sim um pilar da agenda de sustentabilidade. Ao investirem em energias renováveis e incluírem comunidades vulneráveis, as cooperativas se alinham aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Ferramentas e metodologias para inovar
Sua cooperativa não precisa inovar sozinha! O InovaCoop, uma das plataformas digitais do Sistema OCB, está preparada para auxiliar o processo de inovação da sua coop.
Com o objetivo de fomentar a inovação no ambiente cooperativista brasileiro, o InovaCoop tem diversos projetos e soluções que auxiliam as cooperativas. Um deles é o Radar de Financiamento, um painel com as principais fontes de apoio no Brasil.
Na ferramenta, as cooperativas podem entender mais sobre inovação e analisar as oportunidades mapeadas para cada ramo. Junto aos artigos e ao Radar de Financiamento, os cooperados e colaboradores podem encontrar guias, e-books e tutoriais. Com eles, fica fácil aprender sobre as ferramentas e metodologias e implementá-las para inovar no cooperativismo.
Conclusão
O DNA cooperativista é inovador, mas é necessário incentivar a inovação de maneira constante, estabelecendo processos, atividades e iniciativas. Cooperativas sem medo de errar, que buscam tendências e estão abertas para novas ideias se consolidam como referência no mercado. Diante desse novo cenário, as cooperativas devem conhecer melhor o mercado. No curso de Geração Distribuída de Energia Renovável do CapacitaCoop, você compreende os benefícios desse tipo de produção e como aplicá-lo na sua cooperativa!