Resonate: inovação no modelo de cobrança de streaming

CONTEXTO
Com o advento do Napster, no começo dos anos 2000, a indústria fonográfica passou a se perguntar como ficariam seus negócios a partir dali. A solução veio com os serviços de streaming de música. Os mais bem-sucedidos entre eles receberam investimentos vultosos, tornando-se grandes corporações, ou foram diretamente comprados por elas.
Embora tenham criado negócios lucrativos, os serviços de streaming repassam apenas uma pequena fração de seus ganhos para os artistas. Peter Harris passou a questionar o papel do grande capital no mercado da música, sobretudo após a crise de 2008.
Ele decidiu, a partir daí, estruturar um serviço de streaming totalmente diverso do modelo hegemônico, do qual usuários, músicos e selos independentes participassem como proprietários e cujos lucros fossem divididos de forma equânime. Nesse novo modelo, o foco estaria completamente no público e nos artistas, sem a preocupação de gerar riqueza para investidores e acionistas.
DESAFIOS
A Resonate teve de lidar com uma série de desafios para sair do papel. O primeiro deles é que ela seria a primeira plataforma de streaming de música organizada como cooperativa, em um modelo participativo e democrático, diferente do modelo tradicional dos serviços de streaming.
Além disso, era necessário desenvolver um formato diferenciado de remuneração dos artistas e de cobrança dos usuários, algo que fosse ao mesmo tempo justo e viável. Outro desafio importante era a questão tecnológica. A plataforma e os apps a ela associados precisariam dar conta do modelo de cobrança específico da Resonate, não usualmente praticado no mercado.
DESENVOLVIMENTO
A Resonate criou o modelo Stream2own (algo como ouça e torne-se dono) para fundamentar seu jeito de cobrar dos usuários. Basicamente, na primeira vez que o usuário ouve uma música, ele paga apenas 0,02 créditos. A cada vez que ele a ouvir novamente, o valor dobra, o que significa que ao final da nona vez ele alcança o valor inteiro da música. A partir daí, ele se torna dono da música e não precisa mais pagar para ouvi-la.
Isso significa que o custo de um download é, na prática, dividido em nove vezes. A ideia de Peter Harris e seus colegas da cooperativa é que um usuário pode ouvir diversas canções em uma plataforma de streaming, mas só vai gostar realmente de algumas delas. E, quando isso acontece, ele passa a ouvi-la mais vezes. Nos serviços convencionais de streaming, ele paga igualmente pelas músicas de que ele gosta e pelas de que ele não gosta. Na Resonate, ele paga mais pelas que ele ouviu mais.
Da mesma forma, os artistas são remunerados de acordo com a quantidade de execuções de suas músicas. A Resonate cobra 30% de comissão e todo o restante é direcionado para o músico.
Paralelamente, há uma distribuição dos lucros entre os diferentes membros da cooperativa, incluindo os usuários do serviço. Cada um recebe de acordo com sua participação nos resultados.
A cooperativa tem uma política de total transparência financeira, algo que é garantido pela adoção de um sistema blockchain de registro de todas as operações envolvendo recursos.
São organizadas periodicamente campanhas de crowd-owning, em que os investidores passam a fazer parte da cooperativa, como forma de aumentar o volume de recursos da empresa. Além disso, há outras formas de levantar dinheiro, como a venda de camisetas personalizadas da Resonate para seus membros.
RESULTADOS
A Resonate obteve ao longo dos primeiros três anos de operação a adesão de pelo menos 3.100 artistas e 400 selos independentes. Cerca de 2.500 usuários também se cadastraram na plataforma. A equipe fixa da Resonate alcançou 15 pessoas em meados de 2018. A plataforma tem uma sede nos Estados Unidos e uma sede na Alemanha.
A cooperativa estabeleceu contatos com importantes gravadoras alternativas e músicos, atraindo artistas e organizações prestigiados. Paralelamente, a cooperativa recebeu um investimento de US$ 1 milhão feito pelo braço de investimentos da RChain, uma cooperativa dos Estados Unidos. O intuito era investir em um novo website, criar novos sistemas e também desenvolver as áreas de marketing e prospecção.
A plataforma se associou a diversas entidades do mundo da música independente nos Estados Unidos e na Europa, tornando-se um agente reconhecido entre artistas e gravadoras e colaborando na disseminação de uma cultura independente das grandes corporações, ao mesmo tempo em que disseminou sua mensagem de cooperativismo.
PRÓXIMAS INICIATIVAS
As próximas iniciativas envolvem aumentar a capacidade de alcance direto do público pela plataforma, algo que ainda não recebeu enfoque específico. A Resonate pretende apostar sobretudo no público de aficionados por música, que constitui cerca de 14% do público geral, mas representa 34% do volume total gasto com música, com gosto especial por música independente. Conquistar esse público poderia trazer US$ 17 milhões em receitas para a plataforma. Novas funcionalidades também têm sido desenvolvidas com a ideia de atrair mais usuários.
Contato do responsável:
Site: https://resonate.is/
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