O que é um ecossistema de inovação e qual o seu papel no cooperativismo
O ambiente fomenta a inovação de modo colaborativo e pode ser adaptado para o universo cooperativista com sucesso
É inegável que a inovação está cada vez mais presente no meio cooperativista. Por meio de projetos e iniciativas, as cooperativas dão vida a práticas inovadoras, aprimorando os serviços, produtos e processos das instituições. A interação entre os atores envolvidos nesse processo dá origem a um ecossistema de inovação.
Com tantas iniciativas, um sistema estável e inovador começa a ser construído. O sistema em questão não abriga apenas instituições com projetos inovadores, mas também organizações que podem oferecer uma “mãozinha” no processo de desenvolvimento da inovação.
É desse pensamento que o ecossistema de inovação surge. Sua construção a partir de ambientes corporativos e cooperativos é muito importante para fomentar a cooperação e o desenvolvimento de práticas inovadoras com ganhos mútuos e fortalecimento do ambiente de negócios como um todo.
O que é um ecossistema de inovação
Aprendemos nas aulas de biologia que ecossistema é um conjunto de comunidades que vivem em harmonia, interagindo com o meio ambiente e criando, portanto, um sistema estável. O ecossistema de inovação segue essa definição e visa fomentar práticas inovadoras e relações entre instituições.
As organizações que fazem parte desse sistema podem ser empresas mercantis, cooperativas, universidades, startups, hubs de inovação, e órgãos públicos e governamentais. Cada uma delas têm seu papel no ecossistema e, em conjunto, criam um ambiente propício para inovar.
Como funciona um ecossistema de inovação
Os ecossistemas de inovação descrevem o contato e a conexão entre diversos atores de um ambiente. As relações são estabelecidas por meio de compartilhamento de informações, dados e experiências e disponibilização de recursos. Tudo isso converge para o desenvolvimento de novas ideias, métodos, ferramentas e tecnologias.
Portanto, quando estimulam a interação e a cooperação, os ecossistemas de inovação impulsionam a criação de valor e possibilitam a execução de ideias inovadoras. A professora Elizabeth Hoffecker, do MIT, descreve assim o que é um ecossistema de inovação local:
“Uma comunidade de atores interconectados, com base em um lugar específico, que interagem de forma a criar inovações e apoiar processos de inovação juntamente com infraestrutura e ambiente propícios que ajudem no desenvolvimento e disseminação de soluções para os desafios locais”.
Modelos de ecossistemas de inovação
A configuração de um ecossistema de inovação pode se inspirar em modelos durante seu desenvolvimento. Eles são responsáveis por direcionar a estrutura do ecossistema de inovação.
Sendo assim, o esqueleto e o funcionamento do sistema colaborativo podem ser definidos conforme o resultado almejado pelos criadores. Com essa ideia em mente, conheça alguns modelos de ecossistemas de inovação.
TE-SER
O modelo TE-SER foi desenvolvido entre 2019 e 2020 pela Global Ecosystem Dynamics Initiative (GED) e pelo MIT D-Lab Local Innovation Group. Esse tipo de ecossistema surgiu a partir de um estudo sobre os sistemas econômicos de seis metrópoles.
A partir das informações obtidas e do modus operandi dos sistemas estudados, criou-se um novo modelo de ecossistema de inovação. A estrutura do modelo TE-SER consiste em classificar as organizações em sete categorias após considerar atores, papéis e valores. Esses papéis são:
• Empreendedores Inovadores: grupo composto por organizações inovadoras, como startups, e projetos de inovação de empresas e cooperativas. Estão no centro por necessitarem da ajuda de instituições para prosperar.
• Geradores de conhecimento: composto por universidades, e centros de pesquisa, tendo como função oferecer conhecimento pertinente aos empreendedores.
• Habilitadores: detém uma variedade de recursos e os oferecem aos empreendedores, visando o desenvolvimento de projetos inovadores. As consultorias, aceleradoras e os fundos de investimento fazem parte deste grupo.
• Conectores: é responsável por conectar os empreendedores inovadores ao resto do ecossistema. O grupo é composto por hubs e redes de organização.
• Articuladores: incentivam a inovação dos empreendedores através da criação e x de políticas públicas.
• Promotores: promovem a cultura da inovação no ecossistema e disseminam práticas que contribuem para o crescimento do ecossistema.
• Comunidades: como o próprio nome diz, as comunidades são responsáveis por colaborar com a dinâmica do sistema e incentivar as práticas inovadoras.
Tripla-hélice
Mas os modelos de inovação não são tão recentes assim. Na década de 90, dois pesquisadores desenvolveram o sistema da hélice tríplice de inovação.
O modelo de tripla-hélice é baseado na interação entre três instituições: universidades, governo e empresas. A ideia é fomentar a cooperação entre as organizações para que projetos inovadores sejam desenvolvidos e colocados em prática.
E como estamos falando em um modelo que depende do contato entre as instituições, pode-se observar, durante a implementação do sistema, mais ou menos independência dos setores. Idealmente, a tripla-hélice evidencia uma colaboração que beneficia a todos.
• Universidades e governo: financiamento e demandas estratégicas.
• Governo e Empresas: trabalhos, impostos, infraestrutura.
• Empresas e universidades: novos produtos, serviços e ideias inovadoras.
Quádrupla hélice
Diferente do modelo da hélice tríplice inovadora, o sistema de hélice quádrupla tem o propósito de promover a inovação, e o desenvolvimento social. Para isso, o modelo de inovação conta, como o próprio nome diz, mais uma hélice: a sociedade civil organizada.
O sistema quádruplo surgiu em meados de 2009 visando alinhar as propostas de inovação com as demandas da população. Com foco na sociedade, o modelo exige que as universidades cumpram com suas responsabilidades que vão além do desenvolvimento de ideias inovadoras.
Apesar de ter suas aplicações, os modelos em hélice também são cheios de restrições, sobretudo em relação à falta de profundidade para descrever ecossistemas de inovação complexos e dinâmicos.
Ecossistema de inovação no cooperativismo
Pensar que diversos ecossistemas de inovação existem e podem fazer a diferença é algo a se comemorar, inclusive no mundo cooperativista. Isso porque os modelos de ecossistemas de inovação podem se adaptar facilmente ao cooperativismo.
Paralelamente ao desenvolvimento e implementação de ecossistemas inovadores e cooperativistas, vimos que muitas cooperativas passaram a inovar com a ajuda de startups, seja por meio de uma contratação, ou via inovação aberta. Esse comportamento evidencia a urgência dos sistemas de inovação repletos de atores.
E é claro que algumas organizações e cooperativas aproveitaram a oportunidade de fomentar a inovação nesse meio e desenvolveram sistemas que podem e vão auxiliar muito a causa cooperativista.
RadarCoop
Por acreditar que o cooperativismo necessita de seu próprio ecossistema de inovação, Coonecta e Complexo.lab, com o apoio da Sicredi Pioneira e do Sicoob Credicitrus, desenvolveram o RadarCoop.
Inspirado no modelo TE-SER, o RadarCoop propõe um mapeamento inédito do ecossistema de inovação cooperativista a fim de evidenciar os atores desse ambiente de negócios assim como gerar conexões entre seus participantes.
No RadarCoop, o papel dos empreendedores inovadores é ocupado pelos empreendedores cooperativos. Ou seja, são cooperativas que necessitam de ajuda externa para colocar iniciativas inovadoras em prática. Já as outras classificações são compostas por outras organizações, cooperativas ou não, que disponibilizam recursos para apoiar quem está no centro de inovação.
Com organização e mapeamento, esse ecossistema cooperativista atua como uma comunidade que fomenta os princípios do cooperativismo e suas vantagens para a economia digital.
Onvolab powered by Instituto Credicitrus
Já o Sicoob Credicitrus e o Onovolab mostraram ser possível fazer parcerias de sucesso e incentivar cada vez mais a inovação aberta no cooperativismo. A cooperativa e o hub de inovação se juntaram para inaugurar mais um espaço focado em inovação na cidade de Ribeirão Preto, intitulado Onovolab powered by Instituto Credicitrus.
A ideia do Onvolab é oferecer um espaço capaz de fomentar a inovação constantemente. O ambiente, inaugurado em 2022, abriga empresas, cooperativas, agronegócio, universidades e startups que, em conjunto, desenvolvem soluções e produtos inovadores.
Para estimular conexões, cada posição de trabalho do Onovolab fica em mesas coletivas e todo o ambiente foi pensado para estimular a interação. “Um dos focos deste hub é fomentar o desenvolvimento de ideias criativas para esse setor e para o cooperativismo, bem como divulgar de forma prática os benefícios de nosso modelo de negócios”, disse Gledson Viana, gerente executivo do Instituto Credicitrus, ao InovaCoop.
Conclusão
Inovação e cooperativismo formam uma dupla conhecida, mas que ainda tem muito espaço a conquistar. Apesar de projetos inovadores estarem sendo constantemente colocados em prática nas organizações, e ecossistemas de inovação sendo desenvolvidos, ainda é necessário fomentar práticas inovadoras e a cultura da inovação.
Para começar devagar e com cautela, uma boa opção é fazer parcerias com startups. Por meio da inovação aberta, por exemplo, as cooperativas conseguem ampliar seus horizontes e contatos, e implementar melhorias inovadoras.
Se você busca meios para inovar em sua cooperativa, o relacionamento com startups é sucesso na certa. Pensando nisso, o InovaCoop desenvolveu o e-book Como fazer conexão com startups. Assim, você entende como o contato é feito e quais as vantagens que ele traz!
Conteúdo desenvolvido
em parceria com