
Inovação além das metodologias ágeis: o que fazem as organizações mais inovadoras do mundo
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Grandes companhias do ramo de tecnologia geram exemplos e lições valiosas para o cooperativismo
Para organizações de qualquer segmento, inovação deve ser mais que uma simples palavra, e sim parte integral de sua cultura. Afinal, quem não inova fica para trás, perde oportunidades de evoluir seu negócio e se coloca em posição de desvantagem competitiva.
Mas se há um ramo em que a inovação parece ser inerente às atividades produtivas é o de tecnologia. As big techs que conhecemos e detêm alta influência sobre a economia global chegaram ao topo valendo-se da abordagem de metodologias ágeis. Entretanto, suas práticas inovadoras vão muito além disso.
Saiba neste artigo como operam as organizações mais inovadoras do mundo. O que elas fazem de especial? Como elas mantêm a cultura de inovação? Conheça as respostas para essas questões e aprenda lições que podem inspirar a sua cooperativa.
O que são as metodologias ágeis
As metodologias ágeis derivam dos valores e princípios descritos no Manifesto Ágil para Desenvolvimento de Software, documento assinado em 2001 por profissionais da tecnologia. Com o passar do tempo, o impacto deste manifesto se estendeu para diversos outros segmentos de trabalho.
Segundo os princípios ágeis, o foco sempre deve estar na entrega rápida de um produto funcional e de valor, garantindo a satisfação do cliente. O consumidor deve ser convidado a intervir frequentemente, validando as diferentes etapas do projeto. A execução é mais importante do que o planejamento, e sempre deve haver margem para adaptação. E tudo isso só funciona em um ambiente de trabalho unido e com boa comunicação.
Exemplos de metodologias ágeis
Metodologias se popularizaram como forma de aplicar os princípios ágeis no dia a dia das organizações. Algumas das mais utilizadas são:
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Lean: a abordagem visa maximizar a entrega ao cliente e minimizar desperdícios. Seus cinco passos básicos são definir valor para o consumidor, mapear o fluxo de valor, construir um fluxo contínuo, estabelecer uma produção puxada e buscar a perfeição.
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Scrum: o método criado para desenvolver softwares também é aplicável a outras áreas. Ele é dividido em quatro fases: listagem de requisitos para oferecer valor, organização em sprints (ciclos curtos de trabalho), reuniões diárias e apresentação de versões preliminares ao cliente.
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Kanban: este método se diferencia pela representação visual do fluxo de trabalho através de um quadro Kanban. Ele ajuda a gerenciar o fluxo e evitar sobrecarga. A prática ainda conta com ciclos de feedback.
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XP (Extreme Programming): a abordagem derivada do ramo de softwares se baseia na comunicação com o cliente e entre a própria equipe, na simplicidade, na coleta de feedback, na coragem para alterar rotas quando necessário e no respeito, desenvolvendo um ambiente colaborativo.
Como pensar a inovação
Os princípios ágeis são diretamente associados à trajetória das big techs rumo ao topo do mercado tecnológico. Amazon, Apple, Google, Meta e Microsoft incorporaram a obsessão pelo cliente e a versatilidade ao seu modo de operar, conforme detalha um artigo da Forbes. Por que a mentalidade ágil funcionou tão bem para essas companhias? Porque ela ajuda a estruturar e estimular a inovação!
As diferentes metodologias ágeis se baseiam no contato frequente com o consumidor. Os benefícios dessa relação próxima transbordam a satisfação de um cliente específico. Ao conversar diretamente e entender as necessidades de seu público-alvo, fica mais fácil planejar inovações assertivas, úteis e de alto valor.
A revolução proposta pelos princípios ágeis também impacta o ambiente das organizações. O Manifesto Ágil defende que os melhores projetos saem de equipes autônomas, sem supervisão centralizadora. A inovação e as soluções criativas aparecem com mais facilidade devido à desburocratização dos processos internos.
Os princípios ajudam a explicar o que as maiores e mais inovadoras organizações do mundo fazem para chegar e se manter no topo, mas não fornecem a resposta completa. Cada organização tem particularidades em sua cultura, e cada uma delas busca soluções criativas adequadas ao seu nicho. Assim sendo, o ramo de tecnologia é um prato cheio de lições e práticas que podem inspirar o cooperativismo.
O que faz a organização mais inovadora do mundo
Quer inspiração melhor que a companhia mais inovadora do mundo? O portal Fast Company faz uma ranking anual das organizações que mais se destacam em termos de inovação, considerando critérios como impacto, relevância e atemporalidade. A vencedora da edição mais recente é uma companhia do ramo tecnológico que está em franca ascensão no mercado: a norte-americana NVIDIA.
A fabricante de chips que cresceu com a demanda de processadores para inteligência artificial lidera o seu segmento de atuação e tem se consolidado como uma das principais marcas do planeta. A lista da Interbrand com as 100 marcas mais valiosas de 2024 coloca a NVIDIA na 36ª colocação, marcando sua estreia no ranking desta consultoria.
A posição privilegiada na qual a NVIDIA se encontra hoje é fruto de mais de 30 anos de aprendizado e inovação. A companhia foi fundada em 1993 e fabricava placas gráficas para computadores. Seu primeiro produto não obteve o sucesso esperado. A resposta foi elaborar uma análise estratégica, na qual identificou uma oportunidade no mercado de gráficos 3D. A NVIDIA desenvolveu uma nova GPU (unidade de processamento gráfico) de alta qualidade em curto período de tempo, enfim se destacando em seu segmento.
Este caso no início da história da NVIDIA denota um traço que explica seus resultados relevantes até hoje. Afinal, a companhia tem como característica fundamental a visão de mercado. Ela identifica tendências tecnológicas e toma a frente de seu desenvolvimento. A NVIDIA ocupa, por exemplo, posição quase hegemônica no mercado de chips para IA, com market share de 85% segundo o Raymond James Financial.
As práticas de inovação da NVIDIA
Nenhuma organização é capaz de alcançar o posto de mais inovadora do mundo sem uma cultura organizacional forte. Em seus materiais institucionais, a NVIDIA coloca a inovação como um valor fundamental. Desse modo, algumas práticas e ideias recorrentes ajudam a materializar este princípio.
- Desenvolvimento de tecnologias versáteis: um dos motivos para a alta capilaridade dos produtos da NVIDIA é sua aplicação em diferentes setores. Seus chips são altamente programáveis e viabilizam inovações em ramos como saúde, robótica e automotivo.
- Montagem de equipe: pesquisas mostram que organizçaoes diversas são mais inovadoras e obtêm resultados melhores, e a NVIDIA utiliza isso em seu favor. Ela possui parcerias com instituições de ensino e organizações profissionais, utiliza tecnologias para mitigar preconceitos em processos seletivos e declara compromisso em alcançar a equidade salarial.
- Investimento em P&D: a NVIDIA tem a excelência como um valor do qual não abre mão, e isso se reflete em estratégias de longo prazo. Para alcançar o alto padrão de qualidade, a gigante prioriza gastos em pesquisa e desenvolvimento, mirando pioneirismo e liderança em mercados pouco explorados.
Apple: chegada e manutenção no topo do mundo
As cinco marcas mais valiosas do mundo, segundo a já citada lista da Interbrand, são big techs. Uma delas, a Apple, está consolidada na primeira posição do ranking há anos. A trajetória rumo ao topo vem de longa data e transformou a companhia norte-americana em sinônimo de inovação.
A revolução que impulsionou a Apple ao patamar mais alto dos negócios tem Steve Jobs como figura central. O executivo participou da fundação da Apple, deixou-a em 1985 e retornou 12 anos depois, encontrando um grande negócio com estrutura convencional, na qual as ambições de diferentes setores resultavam em conflitos.
Jobs decidiu modificar completamente a estrutura da Apple, demitindo todos os diretores-gerais e colocando os departamentos sob uma gestão unificada. Uma de suas apostas fundamentais foi delegar liderança a profissionais com expertise. A reformulação estava embasada no princípio de que pessoas com maior conhecimento sobre determinado assunto devem ser as responsáveis por tomar as devidas decisões.
Outra decisão institucional que define a Apple até hoje é a priorização à qualidade em detrimento do preço. Não que a big tech ignore custos e margens de lucro. Seu diferencial está em privilegiar ideias com retorno a longo prazo, sempre considerando como o custo-benefício de uma ação pode afetar o cliente.
Com a nova estrutura e novas práticas, a Apple conseguiu fomentar uma cultura de inovação dentro da companhia. A abordagem inovadora adotada é disruptiva, no sentido de que ela cria novos mercados e lidera mudanças no perfil de consumo, indo além das inovações incrementais aos produtos já existentes.
Como manter as práticas em meio ao crescimento
A Apple arquitetada por Steve Jobs viu seus lucros e o potencial de sua marca explodirem ao longo dos anos, especialmente a partir do lançamento do primeiro iPhone, em 2007. O crescimento obviamente foi benéfico à companhia, mas veio acompanhado de desafios relevantes. Como manter a infraestrutura inovadora em uma operação cada vez maior?
A resposta foi adaptar sua equipe tentando manter a essência inovadora que havia sido construída. O número de executivos aumentou em escala menor que o número de funcionários. Os diretores devem planejar suas ações, compreendendo quando é melhor delegar e quando deve estudar mais sobre um assunto.
O modo de trabalho continua seguindo as mesmas práticas: imersão em detalhes e debates colaborativos moldam um processo flexível, no qual há margem para experimentação. Com bases bem definidas e uma fórmula de sucesso, a Apple construiu um ambiente propício para a inovação disruptiva. Erros ocorreram ao longo dos anos, como problemas em seus produtos ou funcionalidades abandonadas após pouco tempo.
Em uma posição econômica tão privilegiada, é possível contornar os equívocos e, mais importante, aprender com eles. Usar as lições absorvidas ao longo dos anos ajuda a companhia a ser assertiva na hora de promover as próximas tendências no mundo da tecnologia.
Lições deixadas por outras organizações inovadoras
Os principais nomes da economia contemporânea são big techs. A trajetória dessas gigantes rumo aos lucros bilionários passa pelos princípios ágeis, é bem verdade. Mas também há muitas outras práticas inovadoras que ajudam-nas a se sustentar no topo.
Microsoft: transformação cultural
A Microsoft, por exemplo, correu o risco de ser deixada para trás. A companhia tinha recursos o bastante para acompanhar as tendências do mercado, mas encontrava dificuldades para inovar por conta própria. Assim, a Microsoft se reinventou a partir de 2014, sob a tutela do novo CEO Satya Nadella. Como detalha este artigo do Harvard Business Review, a mentalidade defensiva deu lugar a um ‘mindset de startup’.
Ao se deparar com uma Microsoft complacente pelo domínio no mercado de sistemas operacionais, Nadella recalculou a rota a fim de “empoderar para alcançar mais”. O desenvolvimento de produtos passou a ser feito com base no que os consumidores mais usam. A big tech repensou sua política e começou a fazer parcerias. A Microsoft também adquiriu produtos pioneiros, como o LinkedIn e o GitHub, com o intuito de elevá-los ao próximo nível.
Google: mentalidade protagonista
Já o Google não reinventou sua cultura como a Microsoft. O desafio nesta big tech é manter a mentalidade que a levou ao protagonismo global. A fórmula da companhia do Vale do Silício se destaca por uma prática inovadora: a regra dos 20%.
A regra consiste em permitir que os colaboradores tenham 20% do tempo de expediente disponível para trabalhar em projetos de seu interesse, mesmo que não tenham conexão direta à tarefa principal vigente. A prática empodera empregados de diferentes setores e estimula a criatividade. Produtos de sucesso, como o Gmail e o Google Notícias, vêm de ideias desenvolvidas neste tempo extra.
Amazon: agilidade para inovar
Na Amazon, a agilidade é o princípio mais importante. A companhia adota a estratégia do ‘erro rápido’: a prioridade é colocar as ideias em prática e ditar tendências no mercado. Nessa filosofia, os aprimoramentos são trabalhados posteriormente. A mentalidade do ‘erro rápido’ impulsionou sucessos como o Kindle e a Alexa.
Meta: apostas de futuro
Para fechar o grupo das cinco principais big techs do planeta, hora de entender o que faz a Meta. A dona de Facebook, Instagram e WhatsApp já inovou muito para chegar aonde está. Agora, sua abordagem é olhar para o futuro.
Os principais projetos da companhia de Mark Zuckerberg miram tecnologias que ainda estão se popularizando, como IA e realidade virtual. O intuito é, mais uma vez, liderar as transformações nos hábitos de consumo e manter a marca tão relevante no mercado.
Inovação e tecnologia também são combinação brasileira
Os exemplos citados até agora sobre as maiores e mais inovadoras companhias do mundo são de organizações norte-americanas, a principal economia do planeta e que tem histórico de pioneirismo no mercado de tecnologia. Todavia, é claro que há modelos de inovação por todo o mundo. O Brasil também é um território fértil para inspiração e boas ideias.
O MIT Technology Review lista anualmente as organizações mais inovadoras do Brasil. A edição de 2024 conta com uma estreante que chama a atenção: a Mobiup, única organização do segmento Web3 – termo utilizado para tecnologias como blockchain – destacada pelo veículo.
Uma organização inovadora brasileira
A Mobiup está em trajetória crescente nos últimos anos. Fundada em 2008, ela já atuava no desenvolvimento de soluções digitais para clientes. A companhia paulistana decidiu dar um grande passo em 2020, passando a oferecer produtos com blockchain. O que fez da inovação uma decisão certeira foi a abordagem diante do novo serviço.
Nesse contexto, a Mobiup criou uma unidade de negócios (BU, sigla em inglês) exclusivamente dedicada a blockchain e web 3.0, com foco em tokenização. Além de desenvolver projetos, essa unidade tem como papel divulgar o potencial da nova tecnologia aos clientes, educando-os através de workshops. A Mobiup ainda investiu na capacitação de seus colaboradores, expandindo seus conhecimentos sobre blockchain.
A maneira como a provedora de soluções digitais foi capaz de propagar sua inovação deixa uma lição que pode ser absorvida por organizações de qualquer setor. Em poucos anos, a tokenização se tornou o carro-chefe da Mobiup. Seus projetos com este tipo de tecnologia já renderam até prêmios: o ‘Pix tokenizado’ é um exemplo de sucesso, vencendo o Hackathon Web3 promovido pelo Governo Federal.
Conclusão: lições das organizações mais inovadoras do mundo
Os cases deste artigo mostram que tecnologia e inovação realmente andam lado a lado. Esperamos que as práticas de organizações de destaque nacional e mundial possam inspirar a sua cooperativa a fomentar um ambiente de inovação e colher resultados.
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