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O papel da liderança na inovação: como um líder se torna inovador?

Para fomentar a inovação, é necessário gerir pessoas e dominar processos

GESTÃO DA INOVAÇÃO24/04/202411 minutos de leitura

O papel de um líder é guiar as cooperativas com destino aos objetivos estratégicos e à saúde do negócio. Dentro desse cenário, ser uma organização inovadora é essencial para crescer, manter a relevância e perenizar. O papel da liderança na inovação, portanto, deve ser de protagonismo.

Inovar não é um luxo, mas sim uma necessidade das cooperativas que almejam prosperar na nova economia diante das diversas mudanças tecnológicas, econômicas e sociais. Dessa forma, a liderança na inovação é central para a construção de cooperativas modernas.

Estimular uma cultura corporativa voltada para a inovação é, afinal de contas, responsabilidade da liderança. Lidar com isso, por si só, é um grande desafio que não pode ser deixado de lado. Sem a dedicação dos líderes, a inovação não encontra espaço, não há estímulo para novas ideias e o risco de cair no marasmo, assim como o de ficar para trás da concorrência, só cresce.

Já que há tanto valor da atuação da liderança na inovação, este artigo irá mostrar o que se espera de um líder moderno, quais são as habilidades de uma liderança inovadora e como aplicar a governança na inovação. Aproveite a leitura!

O novo papel da liderança na inovação

A função do líder muda com o passar do tempo. O exercício da autoridade dá lugar à mediação e ao estímulo às equipes. O papel da liderança na inovação é, cada vez mais, potencializar a mentalidade empreendedora dentro das cooperativas.

A cultura organizacional voltada à inovação não surge do vácuo. Ela precisa, isso sim, ser construída aos poucos, com solidez e incentivos à mentalidade empreendedora. O relatório Tendências de Gestão de Pessoas 2023 da GPTW revela que a mentalidade da liderança permanece a mais apontada como principal empecilho para a inovação nas organizações.

Quando há falta de uma mentalidade empreendedora na liderança, a inovação não consegue prosperar dentro da cooperativa. “É natural e do instinto humano a lei do mínimo esforço, e tendemos a seguir sempre o status quo. Inovação dá trabalho e requer esforço. Por isso, é preciso sempre capacitar as lideranças mostrando as vantagens e benefícios da inovação para que possam fazer esse movimento antinatural com mais frequência”, diz Cauê Oliveira, CEO da Youleader, que faz parte do ecossistema GPTW.

Dessa forma, portanto, a liderança precisa acender a faísca da inovação e seguir trabalhando para manter esse fogo aceso. Nada disso é possível sem a consolidação de uma mentalidade empreendedora. Nesse cenário, os gestores precisam dar o exemplo e proporcionar um ambiente receptivo às novas ideias e sem medo de mudanças.

Fomento ao intraempreendedorismo

Mais do que gerir suas demandas, um líder precisa atuar em prol do desenvolvimento de pessoas. Dessa forma, o gestor é responsável por criar contextos capazes de potencializar as competências de suas equipes, a fim de tirar as pessoas de suas zonas de conforto, engajá-las e motivá-las.

No quesito inovação, então, estimular o intraempreendedorismo significa extrair boas ideias dessas pessoas que estão envolvidas todos os dias com a operação e os desafios enfrentados pela cooperativa. Por esse motivo, elas têm a capacidade de enxergar soluções e oportunidades de inovação.

Nesse sentido, o líder deve ser um facilitador ao intraempreendedorismo, extraindo e estimulando e dando espaço para novas ideias que surgem dentro das equipes. Diversas iniciativas de sucesso surgiram assim. Em nossos cases de inovação, por exemplo, contamos como a nova linha de refeições prontas da Aurora Coop surgiu do intraempreendedorismo.

As habilidades de um líder inovador

A partir dessas mudanças no papel da liderança na inovação, uma série de novas habilidades passaram a ser essenciais para os líderes que almejam guiar suas cooperativas em uma jornada inovadora de sucesso.

Habilidades interpessoais e voltadas ao lado humano estão no centro do desenvolvimento de um líder inovador moderno. Selecionamos algumas das soft skills mais importantes para a liderança na inovação:

Empatia

Para engajar as pessoas em prol da inovação, um líder precisa ser capaz de se colocar no lugar do outro e entender as diferentes perspectivas de mundo contidas em uma equipe diversa. A empatia precisa estar presente em todos os processos de inovação e não é diferente para quem lidera esse processo.

A empatia impulsiona a facilitação para a inovação, amplia a visão de mundo do gestor e faz com que ele entenda melhor tanto a sua equipe quanto os seus clientes. A partir de então, é possível praticar técnicas de incentivo à inovação adequadas a cada situação e para os colaboradores. Veja aqui como fazer o mapa de empatia!

Ambidestria

Um outro grande desafio da liderança na inovação é conseguir equilibrar a pressão por resultados imediatos e iniciativas inovadoras com foco no futuro. Em meio a essas duas demandas brigando por sua atenção, um líder precisa ser ambidestro. Isto é: projetar o futuro, mas sem abrir mão das melhorias incrementais de impacto imediato.

Nesse contexto, o gestor tem que encontrar saídas para que sua equipe não seja sugada pelas obrigações cotidianas. A inovação precisa de tempo, dedicação e recursos. É função do líder proporcionar isso. É o que faz, por exemplo, o Google, ao disponibilizar tempo para que seus funcionários possam se dedicar a projetos alheios às suas obrigações. 

Comunicação

Para que seja respeitado e tenha sua visão acolhida pelas pessoas, um líder precisa se comunicar bem, com clareza e assertividade. A comunicação é central para a efetividade de um trabalho em equipe em que todos entendam bem a sua função e consigam expressar suas ideias.

Dessa maneira, um líder que consegue incentivar a comunicação em sua equipe gera mais conexões entre pontos de vista, aproxima vivências e, consequentemente, obtém inovações mais sólidas. Entendendo o quão essencial é essa habilidade para a liderança na inovação, o CapacitaCoop preparou um curso de Comunicação Assertiva.

Resolução de conflitos

A comunicação eficaz também contribui para a mediação de conflitos. Evitar mal-entendidos e brigas faz com que as equipes fiquem mais unidas e, com isso, colaborem na busca por soluções inovadoras.

Debates devem ser fomentados, mas com respeito entre todos. A liderança deve prezar pela convivência pacífica, o que evita perdas de tempo e mantém as equipes focadas na busca por ideias inovadoras.

Feedback

Cabe à liderança na inovação identificar as forças e as fraquezas de seu time, tanto em caráter coletivo quanto no âmbito individual. Esse diagnóstico contribui para entender os elementos que freiam a inovação e, com isso, o líder pode buscar soluções para suprir lacunas e traçar planos de evolução para os colaboradores.

Quando tem a confiança das pessoas, portanto, a liderança inovadora pode indicar como os colaboradores podem evoluir e corrigir seus erros. Além disso, feedbacks positivos aumentam a moral e a confiança das pessoas.

Nessa mesma lógica, o líder também deve buscar feedbacks sobre si. Assim, ele pode aprender sobre como sua forma de liderar é avaliada tanto por sua equipe quanto por seus pares. O objetivo é entender onde é possível melhorar e em quais áreas é necessário aprender.

Aprendizado contínuo

O aprendizado, afinal de contas, não pode parar. Na era digital, tudo muda muito rápido e as exigências vão aumentando sem dar trégua. Para exercer uma liderança inovadora moderna e ágil, o líder precisa estar sempre atrás de atualizações e novos conhecimentos sobre inovação, gestão, tecnologias e outros temas que impactam diretamente sua cooperativa.

Um líder deve não só praticar o lifelong learning, mas também instigá-lo entre os colaboradores. Quanto mais conhecimento uma equipe possui, maior é o potencial para o surgimento de novas ideias. Além disso, essa é uma maneira de enxergar tendências e antecipá-las. Confira os cursos do InovaCoop para colocar o aprendizado contínuo em prática!

Mentoria

Em vez de somente ordenar, a liderança inovadora tem que atuar como um guia, proporcionando caminhos para que as equipes evoluam e contribuam para tornar a cooperativa mais inovadora. Assim sendo, o gestor deve ser um mentor que libera o potencial das pessoas com base no planejamento e nos princípios da organização.

Para isso, o gestor precisa ser um exemplo de liderança com inteligência emocional, capaz de aprender com suas experiências e compreender seus erros. Somando isso tudo, a liderança inovadora não só dá origem a novas ideias, como também gera novos líderes para o futuro.

Mente aberta

Liderar pessoas requer que o gestor amplie os seus horizontes e entenda que há uma ampla variedade de visões de mundo, personalidades, modos de agir, jeitos de pensar e formas de se expressar. Uma liderança inovadora é aquela que é receptiva a sugestões, mesmo que a princípio soem estranhas.

Um líder, nesse sentido, não deve se prender a dogmas e conclusões pré-estabelecidas. O questionamento gera insights, o contraditório cria ideias. Mexer com a ordem estabelecida incentiva a criatividade e dá origem à inovação.

Governança na inovação

A liderança inovadora também tem que ficar atenta à governança da inovação. Trata-se do caminho para dar consistência aos processos de inovação em meio a um cenário incerto e complexo marcado por transformações repentinas.

Esse contexto faz com que as decisões precisem considerar os riscos presentes ao mesmo tempo em que se alinham às estratégias do futuro. Essa inovação sustentada pela ambidestria, no entanto, não é simples. É aí que entra a governança, a fim de arquitetar os processos, delegar as responsabilidades e alocar recursos.

Para estruturar sua governança da inovação, as cooperativas solidificam duas premissas essenciais, explica a Ace Cortex:

• Heterogeneidade do negócio: é a análise de mercado sobre o ambiente de negócios e a concorrência, a fim de entender as peculiaridades da cooperativa. Caso o modelo de negócios seja mais específico e fechado, a estrutura será mais centralizada. Por outro lado, caso a coop atue em diversos segmentos, com vários produtos e serviços, a estrutura de inovação é mais difusa e com mais autonomia entre os setores.

Filosofia de gestão: a estratégia de inovação vai refletir a estrutura de gestão do negócio. Uma cooperativa com uma hierarquia rígida vai repetir esse modelo na hora de inovar. Já quando a cultura organizacional é mais fluída, os setores e gestores terão mais autonomia para implementar projetos de inovação. Transitar do primeiro modelo para o segundo demanda uma jornada de transformação cultural.

Estratégia e arquitetura para liderar a inovação

Para colocar a governança da inovação em prática, a liderança necessita entender a estratégia da cooperativa. A inovação, afinal, é uma ferramenta para alcançar objetivos, obter bons resultados nos negócios e causar impacto nas comunidades.

A partir de então, os líderes alocam equipes, pessoas e recursos em prol da inovação. Esse processo conta com três estruturas funcionais, que são: decisão, articulação e execução. A decisão cabe à alta administração. A articulação, por sua vez, é papel das lideranças capazes de influenciar, comunicar e gerir as pessoas que, enfim, executarão a inovação.

Tudo isso estando em conformidade, é hora de definir processos e caminhos que uma ideia deve percorrer começando pela idealização, passando por avaliações, feedbacks, testes, experimentações, aprimoramentos, definição de métricas e, se tudo der certo, execução da inovação.

Conclusão: criando liderança na inovação

A liderança inovadora está em falta. Uma cultura corporativa restritiva ainda muito disseminada desestimula a inovação ao privilegiar o controle e o comando como formas de gerir pessoas. Em sua coluna no site da revista Exame, a professora Glaucia Guarcaello, que leciona no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral explica que:

“Um primeiro e importante grande passo é reconhecer que temos um problema sistêmico: não formamos ou incentivamos historicamente líderes com comportamentos a favor da inovação, apesar de cobrarmos que estes inovem. Precisamos permitir que estes líderes experimentem inovações na prática, arrisquem, busquem soluções alternativas e até mesmo transformacionais. Que entendam os fenômenos disruptivos e estejam presentes no ecossistema de inovação aberta”.

Nessa seara, a liderança na inovação é central para dar solidez à governança e unir a estratégia geral da cooperativa com a execução das práticas de inovação. O surgimento e a evolução de lideranças inovadoras se apresenta como algo pelo que as cooperativas devem prezar na busca por um futuro inovador.

A liderança inovadora é um tema prioritário aqui, no InovaCoop. Confira aqui a retrospectiva que reúne nossos diversos conteúdos sobre o tema em 2023!

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