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Por que ignorar criticamente é essencial na Era da Informação

Em meio à interminável enxurrada de conteúdo online, devemos saber o que ignorar para focar no que realmente importa


A internet é um paraíso para quem está atrás de informações. É só atualizar a timeline ou entrar na homepage de um portal de notícias que vai sempre ter coisa nova pra conferir. Nesse cenário, filtrar o que é importante ou não demanda pensamento crítico. Só que a enxurrada de conteúdo é tanta que está na hora de começar a ignorar criticamente.

Tem muito conteúdo útil e de alta qualidade disponível na web. Mas, ao mesmo tempo, as plataformas digitais são um ambiente fértil para a proliferação da desinformação, conteúdo manipulativo e notícias falsas. Ignorar criticamente esse tipo de conteúdo online é necessário.

Ignorar criticamente na economia da atenção

Na economia digital, as plataformas concorrem em busca de uma riqueza escassa: a atenção das pessoas. É disso que o modelo de negócios delas depende. Estão todas tentando ocupar o tempo disponível do usuário. Para isso, elas tentam provocar emoções como curiosidade, raiva e ultraje.

O objetivo, com isso, é manter as pessoas usando as plataformas pelo maior período possível. Assim, elas conseguem coletar dados dos usuários e exibir anúncios mais rentáveis. Acontece que nem sempre o conteúdo que vai engajar é algo que mereça a atenção.

Além disso, a atenção está ficando mais dispersa. Um estudo de 2019 publicado na conceituada revista Nature aponta que os assuntos em alta nas redes sociais ficam populares e depois são deixados de lado cada vez mais rapidamente. Com mais conteúdo brigando pelo nosso tempo, a nossa atenção fica menor.

Dentro desse contexto, um artigo do Fórum Econômico Mundial argumenta que as pessoas precisam retomar a própria autonomia. Para isso, é necessário se defender dos excessos informativos. É essa a importância de ignorar criticamente (ou critical ignoring, no termo original em inglês).

Por só pensamento crítico não basta

O pensamento crítico é uma habilidade extremamente valiosa. Tanto é que, segundo o relatório The Future of Jobs 2023, do próprio Fórum Econômico Mundial, o pensamento crítico é considerado a soft skill que mais vai ganhar importância no mercado de trabalho. Ademais, essa é uma habilidade útil para todos os momentos da vida numa sociedade digital.

A ideia é a de que, por meio do pensamento crítico, as pessoas sejam capazes de compreender e avaliar o quanto determinada informação é relevante e honesta. Mas, em meio ao tsunami de desinformação que toma conta dos ambientes online, isso é suficiente? Para o Fórum Econômico Mundial, as resposta é um categórico “não”. Isso se dá por dois motivos:

  • Primeiramente, o mundo digital contém mais informações do que todas as bibliotecas do mundo combinadas. E grande parte dessa informação é proveniente de fontes não confiáveis. Na prática, isso quer dizer que ler tudo isso com pensamento crítico significa que vai faltar tempo para conferir o que de fato importa.
  • Além disso, investir a capacidade de pensamento crítico em informações que deveríamos ter ignorado significa que esses responsáveis pela desinformação conseguiram o que queriam: a nossa atenção.

Ignorar criticamente é gerenciar informação

Os estudiosos do Fórum Econômico Mundial explicam que ignorar criticamente consiste na habilidade de escolher o que ignorar, a fim de investir a atenção e o tempo em coisas que importam de verdade.

Dessa forma, ignorar criticamente não significa simplesmente deixar de prestar atenção, mas sim praticar hábitos saudáveis para viver em meio à abundância informacional. De outra forma, as pessoas vão acabar vivendo em um mar de conteúdo que distrai ou, pior ainda, é danoso.

Ferramentas para ignorar criticamente

Os estudiosos sugerem três ferramentas para colocar o critical ignoring em prática; são elas, portanto:

  • Auto-orientação: as pessoas devem arquitetar suas vidas digitais para restringir o fluxo de informações. Remover determinadas notificações do celular é um exemplo. Ou então definir horários específicos para entrar nas redes sociais. Tudo tem a ver com a criação de hábitos online mais saudáveis.
  • Leitura lateral: é o uso de técnicas para conferir a credibilidade de uma informação online - pesquisar sobre o histórico do portal ou das pessoas por trás de uma determinada notícia que te chamou a atenção, por exemplo. Caso o conteúdo seja “aprovado” nesse processo, ele merece ser lido. A web é uma ótima ferramenta para isso.
  • Não alimentar os trolls: os trolls são usuários que só querem causar discórdia na internet. Suas técnicas são muito efetivas em gerar engajamento. Mas eles tornam o ambiente digital muito menos proveitoso para quem busca conteúdo de qualidade. Não dê atenção a esse tipo de conteúdo, mesmo que pareça irresistível.

Conclusão: usando o poder da web para ignorar melhor

A facilidade de publicar conteúdo na internet possibilita que muita gente possa produzir e compartilhar conhecimento relevante. No entanto, essa dinâmica também abriu espaço para a desinformação. No dia a dia, pode ser muito difícil distinguir uma coisa da outra, sobretudo em temas mais especializados.

Em artigo publicado no Nieman Lab, um laboratório de estudos sobre a mídia ligado à Universidade de Harvard, o professor Sam Wineburg, que leciona na Universidade de Stanford, reforçou a importância de ignorar criticamente para lidar com “toda a porcaria que tem na internet”.

O problema é que, segundo uma pesquisa conduzida por ele, nem mesmo estudantes de universidade renomadas têm essa capacidade. E, com isso, são vítimas fáceis da desinformação. Nesse contexto, saber o que ignorar é uma habilidade de extrema importância para a vida digital.

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