Inovação e resiliência
Como se adaptar e mudar quando se perde receita
Tem sido um desafio para todos. O surto coronavírus fez muitos de nós redundantes. Como negócios, ele fez com que algumas de nossas linhas de receita mais proeminentes parassem completamente ou se tornassem obsoletas.
Dizem por aí que estamos em uma tempestade e que estamos todos afundando no mesmo barco, mas alguns de nós possuem botes salva-vidas e outros apenas coletes. O impacto da crise tem efeitos diferentes dependendo do seu contexto. Como pensar então sobre nossos próximos passos? Como fazer para ser resiliente e inovador nesse novo contexto de normalidade?
É sempre bom ter um nome para as mudanças econômicas que estamos vivendo. O Board of Innovation cunhou o termo ‘Economia de Baixo Toque’ (Low Touch Economy).
Teremos provavelmente um tempo expandido vivendo com restrições, com limitações de encontros em espaços fechados, espaços públicos e viagens, além de novos padrões de higiene. Nossas comunidades estão desenvolvendo novas habilidades e comportamentos em respostas a esses novos padrões que vieram para ficar. Alguns talvez nunca queiram deixar de trabalhar remotamente, e outros talvez diminuam suas interações sociais mesmo se as restrições forem suspensas. Muitos de nós serão mais cautelosos quando se trata de interações físicas, mas nossas emoções e necessidades por conectividade continuam por aqui e tendem a ficar ainda mais fortes.
Na Economia de Baixo Toque, coisas que não podem ser 100% digitais serão livres de toque, e aquelas que podem, irão operar 100% digitalmente. Isso significa que seu produto que antes habitava um espaço próprio, agora provavelmente estará dentro da casa de seu usuário.
Aqui estão algumas perguntas que podem ajudar você a inovar e se tornar resiliente:
Se sua receita foi profundamente afetada ou se você tem a possibilidade de testar novas coisas e explorar novos mercados, adapte-se e mude. Vimos em todo mundo algumas indústrias mudando suas linhas de produção e adaptando-as para produzir desinfetantes de mãos, máscaras e outros itens para atender demandas geradas pela pandemia.
No Brasil, vimos um grupo de restaurantes que está usando sua operação para doar comida para pessoas vulneráveis. Ao invés de manter seu modelo de negócios com delivery, como todo mundo, eles decidiram trabalhar com uma longa linha de produção para fazer e entregar comida de qualidade para pessoas em vulnerabilidade (em situação de rua ou sem teto). O novo modelo de negócio é agora baseado em doações e com isso foram capazes de manter todos seus funcionários durante a crise, enquanto seu alcance e marca estão expandindo. Tenho certeza que eles irão retornar a um modelo de negócio diferente assim que a crise sair de seu pico. Mas mesmo assim, também estou certa de que eles terão alcançado uma legião de novos consumidores fiéis que começaram a doar para a causa e que, mais tarde, irão querer se manter engajados com suas marcas. Eles nomearam esse movimento de “cozinha de combate”, e acho que mostra generosidade, mas também criatividade em sobreviver à crise.
Muitos negócios tiveram que adaptar seu modelo de negócio para ficar online, criando novas experiências digitais. Alguns clubes de música online como a Jingdong e a gravadora chinesa Taihe Music Group (link) fizeram uma parceria com várias marcas internacionais de bebidas alcóolicas e organizaram uma transmissão ao vivo de DJs da TMG. Rémy Martin, Carlsberg e Pernod Ricard foram algumas das marcas de bebidas alcóolicas que participaram dessa experiência.
No Brasil, vimos uma resposta massiva da live do DJ ALOK atingindo 27 milhões de visualizações. Vocês já devem ter visto as luzes neon que estavam sendo projetadas da casa do DJ!
Um outro exemplo de adaptação rápida veio da Accor, que neste contexto, flexibilizou alguns de seus quartos na versão room-office, para hóspedes que precisam de um escritório particular para o dia.
Alguns negócios possuem diferentes problemas. Supermercados ao redor do mundo se viram com um aumento de vendas, acarretando em problemas que vão da distribuição à entrega. O Harris Farm, na Austrália, lidou com o problema, criando uma caixa “sem escolha” (onde você comprava uma lista de produtos pré-determinada) para entrega rápida de um dia para o outro.
Agora, os pedidos online de delivery se normalizaram, mas quais são as novas necessidades de seus consumidores? Como você pode redesenhar sua oferta de serviço, e assim adaptar e sobreviver a crise?
A Amaro, uma marca de moda brasileira digital direta ao consumidor, sem a possibilidade de fazer sessões de foto regulares com modelos reais, criou uma modelo virtual para estrelar suas campanhas. O nome dela é Mara, uma “taurina, mãe de várias plantas e uma amante de cachorros”.
A marca disse que Mara se tornará uma modelo de longo prazo para a marca. Eles também abriram uma plataforma digital de e-commerce para outras marcas da indústria da moda venderem seus produtos, atuando como um ecossistema. Durante este período, incluíram mais um canal de vendas: o WhatsApp. Para isso, treinou gerentes e vendedores para abordagem, linguagem e jornada do cliente neste canal. Tudo isso para suprir a diminuição de receita das lojas físicas.
A realidade mudou, e estamos vivendo o novo normal. Como você pode transformar seu produto existente em uma experiência digital? A transformação digital, geralmente é pensada como uma maneira de reduzir custos e escalar seus negócios, mas as expectativas dos usuários são bem diferentes. Uma experiência digital significa que seus usuários esperam acesso à sua oferta de produto a qualquer momento; também esperam um melhor custo-benefício e personalização. Ao se adaptar e mudar, qual produto digital você criará? Pense em sua proposta valor e em sua jornada de serviço de ponta a ponta.
Enquanto ainda estamos isolados em casa ou evitando aglomerações, é essencial pensar como acelerar ofertas digitais. Um redesenho rápido de produtos e ofertas digitais é sua maneira de continuar se mantendo relevante e resistindo à disrupção causada pelo vírus.
Durante este período de pandemia o Sistema OCB lançou uma série de e-books para inovar na crise. São 10 guias práticos com textos objetivos e simples, que abordam alguns caminhos que as coops podem se inspirar para se adaptarem ao novo cenário que vivemos. Os temas dos e-books são: marketing digital, aulas on-line, vendas pela internet, telessaúde, assembleias digitais, home office, delivery, cases de inovação na crise, liderança inovadora e tendências.
Foto destaque: Chris Montgomery on Unsplash