Cootravipa desenvolve app para monitorar coleta seletiva e educar geradores de resíduos

Contexto
A Cootravipa, em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, é responsável por coletar os resíduos seletivos da cidade e enviá-los para mais de 16 unidades de triagem. No entanto, em 2021, a cooperativa percebeu que o volume dos detritos coletados estava cada vez menor.
Segundo Imanjara Marques de Paula, diretora-presidente da Cootravipa, a pandemia de Covid-19 tem sua parcela de culpa nessa diminuição. “Com a crise econômica que a pandemia trouxe, muitos coletores clandestinos que até então não exerciam essa profissão, passaram a agir como catadores”, explica a executiva.
Diante desse problema, a Cootravipa passou a buscar alternativas. “Vimos que havia uma necessidade de termos algum método de controle, uma ferramenta de controle desses volumes coletados diariamente, e de desenvolvermos ações mitigadoras quanto à redução do volume coletado e entregue às unidades”, conta Imanjara.
No início, o objetivo era mitigar a coleta irregular e mapear o volume de resíduos fabricados pelos geradores. A ideia da cooperativa era trabalhar em conjunto com os geradores de resíduos, enquanto melhoravam os resultados da coleta formal.
Desafios
Em um primeiro momento, a Cootravipa enfrentou algumas dificuldades para colocar a iniciativa em prática. Sem um referencial do volume de resíduos fabricados e do porte de cada gerador, a alternativa foi começar do zero: “Foi aquele trabalho de formiguinha de irmos em cada gerador de resíduo e identificarmos se ele era de grande porte, ou pequeno porte”.
Outro desafio enfrentado pela cooperativa foi o processo de mudança de cultura dos geradores. De acordo com Imanjara, o pensamento da maioria é buscar uma solução imediata. “Os geradores não têm um espaço adequado ou suficiente para guardar o seu resíduo, e eles, muitas vezes, não querem se submeter a esperar o dia da coleta”, revela a presidente.
Desenvolvimento
Por conta da falta de mapeamento e da necessidade de conscientização dos geradores, a Cootravipa reuniu esforços para desenvolver uma solução. O grupo de TI da cooperativa foi acionado para buscar alternativas e sugeriu a criação de uma plataforma que monitorasse a coleta e os resíduos, e oferecesse informações importantes aos geradores.
E após cerca de 90 dias, a Cootravipa criou, oficialmente, o aplicativo Coleta Tri. Para monitorar a coleta seletiva e a quantidade de resíduos de cada gerador, QR Codes são utilizados: “O nosso motorista para em frente ao gerador e lê o QR Code, registrando o volume que está sendo disponibilizado para coleta seletiva da cidade”.
Além de ter uma base de dados dos geradores de resíduos, a plataforma também oferece conteúdos educativos sobre a coleta de diversos materiais, como óleo de cozinha e tintas. “Fizemos todo um trabalho informativo com e-book levando essas informações até o gerador para que ele pudesse também ter essa conscientização mais orgânica”, relata a executiva.
Focado em promover a coleta seletiva oficial e a conscientização, o projeto Coleta Tri também se destaca na boa comunicação com os produtores. Imanjara conta que a cooperativa tem uma central de monitoramento com canal direto e em tempo real: “O grande gerador tem acesso à plataforma e se comunica conosco na hora”.
Ela também explica que a proposta do app não é penalizar os geradores que estão cometendo erros: “A gente faz toda uma assessoria com o intuito de educar, incentivar e engajar eles projetos e não somente com o intuito de fiscalizar e punir, que era, até então, o modus operandi da coleta seletiva da cidade”.
Resultados
Com apenas dois anos, o aplicativo Coleta Tri já impactou positivamente a capital do Rio Grande do Sul. Imanjara relata que a quantidade de resíduos que a cooperativa está recolhendo atualmente equivale a 30% a mais do que era coletado antes da pandemia. E todos esses dados podem ser consultados em tempo real na central de monitoramento da Cootravipa.
O aumento de resíduos coletados foi tão grande que as unidades de triagem recebem cerca de 300 cargas por mês e não estão dando conta da quantidade. “A nossa expectativa era, no máximo, 20%. Hoje nós estamos com 30%, ao ponto das unidades não terem capacidade de triar todo o resíduo que chega”, conta a diretora-presidente.
Durante o desenvolvimento do app, a Cootravipa viu a oportunidade de compartilhar conteúdos de conscientização e de criar um ambiente para conversar com os geradores de resíduos e tirar suas dúvidas. Com a criação de um canal aberto entre a cooperativa e os contribuintes, o percentual de reclamações diminuiu de 15% para 5%.
Imanjara ressalta que essa proximidade é essencial para fomentar projetos de sustentabilidade e conscientizar a população: “A gente conseguiu aproximar o público gerador da coleta e conseguiu realmente, através dessa aproximação, desenvolver um vínculo de confiança que é muito importante quando se trata de engajamento em projetos de sustentabilidade”.
O projeto Coleta Tri fez tanto sucesso que foi reconhecido pela cidade de Porto Alegre. Segundo a executiva, a iniciativa foi finalista de uma premiação de inovação da metrópole.
Próximos passos
A meta da diretora-presidente, e de toda a Cootravipa, para o aplicativo Coleta Tri é disponibilizá-lo para todos os contribuintes na coleta seletiva. Assim, a plataforma se torna mais acessível e colaborativa: “Para que todos possam ter acesso aos materiais de conscientização e informativo sobre sustentabilidade”.
A cooperativa também planeja aproveitar o aplicativo para impulsionar outros negócios oferecidos por eles. “Nós estamos pensando em fazer um programa de fidelização dentro da plataforma, conectando os usuários aos serviços que nós prestamos fora do escopo da coleta seletiva”, revela Imanjara.
O objetivo é criar um combo com outros serviços da cooperativa, como limpeza, conservação de ambientes e jardinagem, e disponibilizá-lo ao contribuinte. Segundo a executiva, a ideia surgiu após a Cootravipa perceber que o app tem um grande potencial de alavancar outros negócios.
Contato do responsável:
Michele Fernandes
Diretora administrativa
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