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O que é inovação e como começar uma cultura inovadora

A maneira como uma cooperativa trata a inovação determina sua capacidade de evoluir e se manter relevante no mercado.

GESTÃO DA INOVAÇÃO17/06/20209 minutos de leitura

O InovaCoop surgiu com a finalidade de disseminar a cultura de inovação no cooperativismo. Para isso, é importante começar com a definição: o que é inovação? A resposta não pode ser trivial, pois é a partir dela que uma organização consegue determinar metas e medir avanços.

Não há resposta certa ou errada, mas caminhos a serem seguidos. O mais importante, com isso, é chegar a uma definição que seja reflexo da própria cultura cooperativa. Afinal, inovar tem a ver com questionar a situação e abandonar o conformismo. Ou seja, a inovação será diferente em cada cooperativa.

Vamos, então, mostrar quais são esses caminhos para a inovação, a fim ajudar sua cooperativa a encontrar a resposta mais adequada para ela. Também iremos abordar como se dá o desenvolvimento da cultura de inovação, essencial para a obtenção de resultados de longo prazo. Conheça, ainda, quais são os principais tipos de inovação. Boa leitura!

O que é inovação - e por que ela é diferente de invenção

O conceito de invenção pode ser definido como uma nova forma de se fazer algo. Nesse sentido, uma invenção não é, necessariamente, uma inovação. Uma solução só se torna inovadora quando ganha uma aplicação efetiva. Ou seja, quando pode ser apropriada pelas pessoas e passa a gerar valor aos negócios e à sociedade.

É importante fazer essa diferenciação para entendermos que inovação não é resultado, obrigatoriamente, de uma invenção. No entanto, como dissemos, a inovação melhora a forma como fazemos as coisas. Assim, além de criar algo novo do zero, a inovação também envolve pegar alguma coisa que já existe e aprimorá-la ou transformá-la em outra coisa.

A importância da cultura de inovação

Alguns especialistas em inovação, como Marcelo Nakagawa, coordenador do Programa de Inovação da Fapesp, afirmam que a transformação digital tem data de validade. Isso acontece porque uma vez que uma nova ideia ou ferramenta é adotada em massa, ela perde seu caráter inovador.

Pense bem: uma loja que oferecia vendas pela internet no começo dos anos 2000 era inovadora. Atualmente, o e-commerce já responde a uma parcela enorme do varejo global. Ter uma loja online, hoje, é o esperado para praticamente qualquer negócio. 

Isso está longe de significar que investir em inovação não importa. Pelo contrário: é preciso fazer com que a capacidade de inovar passe a fazer parte do DNA das cooperativas. Ou seja, que não gastem mais tanta energia para pensar nisso, pois já fará parte da mentalidade, da forma de pensar da cooperativa.

Por isso é tão importante entender o que é inovação e como se constrói uma cultura inovadora. Afinal, na era digital, as revoluções são constantes. Agora estamos de olhos nos avanços da inteligência artificial, mas qual será o próximo grande avanço? Somente as cooperativas que já tiverem resolvido a questão da cultura de inovação serão capazes de se adaptar .

Inovação não é sinônimo de tecnologia

Cultura de inovação é entendida como a capacidade que uma cooperativa tem de reinventar processos. Ou seja, inovar é importante para torná-los mais dinâmicos e férteis ao desenvolvimento de novas visões estratégicas. Dessa forma, a inovação não tem, necessariamente, a ver com alta tecnologia.

Não à toa, portanto, o Diretor Corporativo de Tecnologia e Inovação do Grupo Siemens no Brasil, Ronald Dauscha, acredita que a cultura de inovação reside na ausência de obstáculos à criação e desenvolvimento de ideias.

No Cooptech Summit 2022, um evento sobre inovação no cooperativismo, Luis Felipe Saldanha, diretor administrativo financeiro da Unicred, explicou que a inovação tem mais a ver com humanos do que com máquinas:

“Se você não muda as cabeças das pessoas, a cultura, não adianta ter tecnologia de ponta. Inovação nem sempre está ligada à tecnologia. Uma readequação de processos já é algo inovador”.

7 elementos para construir uma cultura de inovação nas cooperativas

O que está por trás de uma cultura de inovação é um comportamento analítico e aberto disseminado por toda a organização, que permita a proliferação de ideias. Com isso, elas podem ser compartilhadas e avaliadas. Vamos listar 7 fatores importantes nessa jornada, confira!

1. Visão clara

Possivelmente, esse é o elemento mais importante. A cooperativa precisa definir com clareza o que espera em termos de inovação. Ou seja: quais são os objetivos a serem alcançados, como as metas serão avaliadas e como vai se comportar quando encontrar obstáculos no caminho. Uma cultura de inovação bem sucedida exige, portanto, caminhos inteligentes e coerentes.

2. Espaço para novas ideias

Um ambiente propício implica que as novas ideias encontram espaço em todos os âmbitos da cooperativa. Isso significa manter uma postura que vai além do discurso - é preciso incentivar colaboradores a expressarem ideias, celebrar conquistas e mostrar resultados de posturas inovadoras.

O diálogo, dessa maneira, deve ter espaço para que todos se sintam à vontade para se expressar. O exemplo, como sempre, vem de cima. Para mostrar aos colaboradores que uma nova postura está sendo implementada, o ideal é que os próprios líderes adotem uma postura inovadora e questionadora.

3. Mente digital

A inovação e a tecnologia são grandes aliadas. Por isso, as cooperativas precisam extrair dos avanços tecnológicos o combustível que impulsiona a inovação. É possível melhorar organização e agilidade de projetos, aprimorar comunicação e reduzir burocracias com o redesenho de processos e uso de aplicativos de comunicação remota, gestão de tempo e compartilhamento de tarefas e documentos.

Além disso, os avanços tecnológicos acontecem a todo momento. A mente aberta e antenada significa que a cooperativa pode enxergar o potencial das novidades do mundo da tecnologia e aplicar as novas ferramentas para otimizar os negócios.

4. Tendências em foco

Como vimos, inovar não é, necessariamente, inventar. Aliás, se sua cooperativa tem dificuldade para começar a inovar, o ideal talvez seja começar acompanhando boas práticas e tendências até amadurecer sua própria forma de inovar.

Assim, reserve um tempo no dia a dia para se informar, observando quais são as estratégias e soluções que têm sido adotadas com sucesso em outras instituições. O InovaCoop listou, inclusive, as principais formas de se acompanhar as tendências de inovação.

5. Ambientes agradáveis e colaborativos

Um dos elementos mais disseminados acerca de culturas corporativas inovadoras é, sem dúvida, o dos ambientes modernos de startups e empresas de tecnologia. E eles não existem por acaso. Afinal, auxiliam em termos visuais e sonoros ao estímulo à criação e ao descanso.

Esses ambientes promovem, ainda, a convivência produtiva e proporcionam motivação e inspiração necessárias à inovação. Não é necessário, entretanto, promover uma revolução nos escritórios para deixá-los com cara de startup. Mas incorporar alguns elementos pode ser benéfico. Como exemplo, paredes adaptadas para receber post-its ou mesmo serem escritos diretamente sobre as superfícies.

6. Um avanço por dia

A cooperativa não vai se tornar inovadora da noite para o dia. No entanto, o processo de construção da cultura da inovação precisa ser contínuo e consistente. Ao longo dele, é fundamental manter colaboradores motivados e engajados. Assim, a cada dia busque aprender e compartilhar novas ideias e conceitos, ilustrando como a inovação acontece na prática.

7. Não tenha medo de errar

Inovar exige coragem, pois nem sempre você e seu time vão acertar nas escolhas. E isso é bom, pois o erro faz parte do processo. O segredo está na correção rápida de rota, minimizando prejuízos para desenvolver aprendizado e resiliência.

Tipos de inovação possíveis

Uma cooperativa não precisa e nem deve restringir sua capacidade de inovação apenas a produtos e processos. E é a partir da criação da cultura de inovação que é possível perceber isso.

Ainda assim, nem sempre é fácil observar oportunidades de inovação dentro das organizações. Além de restringir as possibilidades, a falta de visão sobre onde inovar acaba, em alguns casos, tornando a inovação dependente de tecnologia.

Com este problema em foco, o professor e pesquisador Mohan Sawhney, da Northwestern Kellogg School, desenvolveu um radar de inovação que pode auxiliar no diagnóstico das inovações nos negócios e também para identificar oportunidades.

Assim, para ele, a inovação pode acontecer em 12 diferentes frentes. Confira quais são as possibilidades listadas por Sawhney em seu radar de inovação:

  1. Oferta (O quê? What?) - Desenvolvimento de novos produtos ou serviços inovadores.
  2. Plataforma - Usar componentes em comum ou módulos para criar ofertas derivadas inovadoras.
  3. Soluções - Criar ofertas integradas e customizadas que resolvam problemas dos consumidores de uma ponta à outra.
  4. Clientes (Quem? Who?) - Descobrir necessidades do cliente ainda não atendidas ou identificar novos segmentos de clientes.
  5. Experiências do consumidor - Redesenhar das interações do cliente através de todos os pontos e momentos de contato.
  6. Captura de valor - Redefinir como a cooperativa obtém receita a partir de produtos e serviços já existentes ou inovadores.
  7. Processo (Como? How?) - Redesenhar dos processos operacionais principais para aumentar a eficiência.
  8. Organização - Modificar a forma, função ou escopo de atividade da cooperativa.
  9. Cadeia de fornecimento - Pensar de maneira diferente sobre o fornecimento.
  10. Presença (Onde? Where?) - Criar novos canais de distribuição ou pontos de presença inovadores, incluindo os espaços em que as ofertas possam ser adquiridas ou utilizadas pelos consumidores.
  11. Relacionamento - Criar redes de ofertas inteligentes e integradas.
  12. Marca - Promover uma marca em novos domínios.

Uma vez que as possibilidades de inovação sejam identificadas ao realizar o diagnóstico com o radar, é importante que a cooperativa conte com as ferramentas adequadas para criar a inovação de fato.

Conclusão: entender o que é inovação é o primeiro passo para inovar

Inovar não é mais uma opção para as cooperativas, é fundamental para sua competitividade. É preciso implementar uma cultura mais aberta a mudanças e mais adaptável. Afinal, é importante pensar no que virá depois da transformação digital.

O que se espera é que as organizações sejam capazes de absorver mais rapidamente as transições, que tendem a ser cada vez mais frequentes na nova economia.

Além disso, é importante que a cultura de inovação da cooperativa extrapole a visão para além de produtos e processos. Como vimos, há pelo menos 12 diferentes aspectos que podem ser considerados ao inovar.

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Coonecta