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Dicas e boas práticas para capacitar equipes de inovação

Cooperativas comprometidas com a inovação precisam priorizar a capacitação dos seus times. Confira alguns caminhos

MÉTODOS E FERRAMENTAS03/01/20228 minutos de leitura

A economia digital tem pressionado mais fortemente as organizações a buscar inovação. Não apenas mais e mais companhias têm se esforçado por dinamizar seus processos e produtos de maneira disruptiva, mas também os profissionais têm tentado desenvolver competências e habilidades para darem conta das novas demandas.

Em muitos casos, essa busca tem ocorrido de maneira combinada, com investimentos diretos das organizações e cooperativas na capacitação de suas equipes de inovação.

Isso porque muitas organizações consideram que suas equipes ainda não estão prontas para navegarem pelos novos cenários. O relatório Global Human Capital Trends 2021, produzido pela Deloitte, mostrou que apenas 17% dos 3.760 executivos ouvidos na pesquisa descreveram seus colaboradores como detentores da capacidade de se adaptar, requalificar e assumir novas funções.

O estudo Talent Trends Report 2021, da consultoria de recursos humanos Randstad, apontou que 58% dos líderes de capital humano ouvidos no Brasil relataram que a escassez de talentos impactou negativamente sua organização.

É por isso que as organizações e cooperativas mais comprometidas com a busca pela inovação têm priorizado a capacitação e os investimentos em talentos. De acordo com o anuário Valor Inovação Brasil 2020, 98% dos entrevistados responderam que concordam plena ou parcialmente que desenvolver as “competências do futuro” é uma prioridade para suas organizações.

Essa visão já tem gerado frutos na prática. Três em cada quatro organizações analisadas no levantamento investiram mais do que 5% do faturamento líquido anual em desenvolvimento de pessoal, totalizando R$ 30 bilhões em um ano.

Mais do que adotar medidas pontuais de treinamento e requalificação, as companhias têm procurado implantar uma verdadeira cultura de aprendizagem, em que se combinam jornadas tradicionais de formação, como cursos e treinamentos, e métodos novos, como ferramentas de modelagem comportamental.

A ideia central é estabelecer rotinas em que os próprios colaboradores entendam que é preciso aprender de maneira contínua, seguindo a tendência do Lifelong Learning – termo em inglês para educação continuada ou aprendizado constante. Aliás, este assunto foi tratado aqui no InovaCoop pela especialista em inovação, Martha Gabriel, que listou 20 livros essenciais para inovar.

E mais do que buscar ter respostas certas para tudo, o profissional precisa fazer as perguntas certas – que questionem conceitos aparentemente imutáveis e sejam capazes de levar a rupturas e, consequentemente, inovações.


Habilidades e competências do futuro

As transformações digitais requerem não apenas conhecimentos técnicos ou domínio de tecnologias disruptivas, mas também um conjunto de comportamentos e atitudes, como resiliência, pensamento e análise crítica e aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem.

As habilidades comportamentais – ou soft skills  – mais requeridas hoje também têm relação com a cultura de experimentação estimulada pelo uso de estratégias de gestão de projetos, como Scrum e Kanban.

Tais metodologias dividem os colaboradores em equipes multifuncionais responsáveis pelo gerenciamento inovador de projetos, o que exige capacidade de trabalhar em equipe, saber escutar e defender uma opinião de forma clara e precisa.

O InovaCoop oferece cursos e ferramentas on-line para treinar equipes de acordo com as demandas da transformação digital. Contamos com cursos de natureza mais conceitual, como os módulos de Inovação e Transformação Digital; com cursos relacionados a soft skills, como Mentalidade Ágil; e cursos de treinamento técnico, como o de Apresentações Poderosas.  

Equipes de inovação frequentemente apresentam habilidades e competências relacionadas a todos esses itens. Do ponto de vista técnico, o profissional de inovação sabe manipular e analisar enormes quantidades de dados; conhece um pouco de machine learning, software em nuvem e segurança cibernética; e analisa e reconhece os rumos da inovação tecnológica continuamente.

Do ponto de vista das soft skills, é uma pessoa flexível, resiliente e sempre pronta a aprender. Trabalha bem em equipe e sabe se comunicar com os outros membros do time.

Para completar, uma equipe de inovação deve necessariamente dominar metodologias de trabalho ágil para a gestão eficaz de projetos, como Design Thinking. Vale ressaltar também que o InovaCoop publicou recentemente três guias práticos para apoiar equipes de inovação no processo de aprendizagem contínua:


Conhecimento e autoaprendizagem

Há inúmeras formas de incentivar uma cultura de aprendizagem voltada à inovação dentro de uma cooperativa. De fato, a maior parte das organizações têm combinado diferentes alternativas, de modo que os próprios colaboradores, com o tempo, também procurem seus próprios caminhos.

De maneira geral, grandes organizações têm criado programas estruturados de desenvolvimento de competências, baseados em um modelo híbrido. Por um lado, têm surgido as academias internas de conhecimento, que unem a educação formal (como os cursos de MBA, por exemplo) à modelagem comportamental, ao aprendizado baseado na solução de problemas e a palestras e eventos técnicos.

De acordo com o anuário do Valor, a B2W Digital é uma das empresas atualmente vivenciando essa transição. A companhia implementou uma Academia de Dados, que funciona como uma escola interna para o desenvolvimento de competências relacionadas à análise de dados. Os funcionários da área foram capacitados por uma empresa parceira para estruturarem e ministrarem o curso. Os conteúdos incluem alfabetização de dados, estatística e análise e até storytelling.

Na 3M, de acordo com informações publicadas no Valor, foi criada uma plataforma chamada Develop You, em que colaboradores de diferentes áreas têm acesso a treinamentos em múltiplos idiomas. A seleção dos cursos adequados a cada funcionário é determinada de acordo com seu plano customizado de desenvolvimento de carreira. Um mega fórum de 11.000 colaboradores da empresa permite a troca contínua de conhecimento em grupos temáticos.

Na Algar Tech, existe desde 2018 o programa Dê Asas à sua Carreira. A ideia é capacitar colaboradores para os novos papéis que surgirão no mercado de trabalho nos próximos anos. Formações específicas, como metodologia ágil e curadoria para robôs e chatbots, são oferecidas como parte da plataforma.

Em 2019, a PwC Brasil criou um programa de ampliação da proficiência digital de todos os seus funcionários no mundo. Batizado de Digital Upskilling, o programa dá acesso à formação em temas relacionados à economia digital, como automação e IA.

A companhia também criou o Digital Lab, onde se desenvolvem soluções e automações. A organização espera que todos seus colaboradores consigam compreender e saibam utilizar design thinking, inteligência artificial, data analytics e automação.


Soluções populares

De acordo com o Valor, apenas 38% das organizações entrevistadas afirmaram que suas Academias Internas de Conhecimento já estão operando. A maioria (45%) está na fase de estudo e planejamento, enquanto 37% estão na etapa de customização dos projetos.

Como muitos profissionais já sentem a necessidade premente de adquirir novas habilidades e também como resultado da pandemia, cresceu muito o número de visitas a grandes plataformas de cursos on-line, como Coursera e Udemy.

Nesses portais, é possível se inscrever em cursos completamente on-line ministrados por grandes especialistas. Os cursos mais procurados têm, via de regra, relação com os temas da transformação digital.

No caso da Coursera, aparecem entre os módulos mais procurados pelos usuários Ciência de Dados, Deep Learning, Programação para todos e Machine Learning.

A Udemy divulgou em 2020 que entre seus cursos mais procurados estavam Redes Neurais, Chatbot e Tensorflow (biblioteca de Deep Learning para inteligência artificial).

Grandes instituições internacionais, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Singularity Group, também oferecem cursos on-line sobre inovação com curta duração. No Brasil, há cursos sobre inovação nos sites do Sebrae, Endeavor, Fundação Bradesco, entre outros.


Gestão do conhecimento e compartilhamento

Os programas de aprendizagem contínua, sobretudo aqueles que não se relacionam com estruturas mais formais de treinamento, baseiam-se grandemente nas trocas entre os colaboradores de áreas diferentes, muitas vezes formalizadas em mentoria ou coaching, por exemplo.

O Digital Lab, da PwC, trabalha com o conceito de reverse mentoring. Profissionais técnicos, mais jovens, são mentores de funcionários mais experientes. A ideia é que os jovens transmitam seu conhecimento tecnológico para profissionais mais antigos, incluindo gestores da empresa, ao mesmo tempo que ganham experiência pela convivência com eles.

O compartilhamento contínuo de conhecimentos também está na base das equipes compostas por profissionais com diferentes formações e expertises. Se alguns dos membros têm mais conhecimento gerencial e menos conhecimento tecnológico, o esperado é que, pela própria interação de todos na solução conjunta de problemas, em algum tempo todos estejam em nível semelhante de domínio de determinadas tecnologias e métodos.

A metodologia de trabalho, aliás, é a palavra-chave nesse processo. As metodologias não apenas devem orientar o trabalho de maneira racional, incentivando todos os membros a manifestarem suas opiniões com clareza e embasamento, como também devem favorecer a troca constante de conceitos. 

A gestão do conhecimento também envolve parcerias com outras cooperativas, com instituições acadêmicas, organizações não-governamentais e consultorias. Em geral, entidades desses tipos funcionam como parceiras no compartilhamento de pesquisas científicas.

Têm sido comuns as parcerias de organizações comprometidas com a inovação com companhias estrangeiras ou centros de pesquisa, que acabam dando insumos para o estabelecimento de programas internos de formação.

Entretanto, muitas organizações nacionais também têm sido procuradas por possíveis parceiros para compartilhar com eles seu know-how em inovação. O modelo de gestão do conhecimento adotado pela cooperativa vai determinar responsabilidades e deveres de parte a parte, além dos limites ao futuro compartilhamento de resultados. 

 


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em parceria com

Coonecta