Fique por dentro

7 provas de que a agenda ESG é um bom negócio

Além de contribuir com a preservação ambiental, o desenvolvimento social e a ética corporativa, o ESG nos negócios também impulsiona a competitividade

TENDÊNCIAS08/11/202212 minutos de leitura

O ESG se tornou um elemento indispensável para o planejamento estratégico e ganhou ainda mais força no decorrer da pandemia. Por isso, a agenda ESG ganha cada vez mais espaço e atenção em meio à crescente preocupação com a responsabilidade dos atores econômicos.

As práticas ESG, dessa forma, representam um momento de demanda por uma economia consciente e com impactos ambientais e sociais. Mas não é só isso. Além de ajudar a construir um mundo mais sustentável, a agenda ESG nos negócios também contribui para a competitividade

O cooperativismo e o ESG possuem uma relação estreita. Como dissemos neste artigo, o modelo cooperativista é ESG antes mesmo de o conceito de ESG ser formulado.

As cooperativas, portanto, partem de um lugar privilegiado na hora de transformar o ESG em bons negócios.

O que é ESG

O termo ESG foi criado em 2004, na publicação Who Cares Wins, uma iniciativa conjunta entre o Banco Mundial e a organização Pacto Global. Assim, seu conceito é sustentado por três pilares, que são:

  • Environmental (ambiental): são as práticas corporativas tangentes à conservação do meio ambiente. Por isso, elas englobam temas como poluição da água e do ar, eficiência na produção e consumo de energia, mudanças climáticas, emissão de carbono na atmosfera e desmatamento.
  • Social (social): diz respeito ao tratamento da instituição no relacionamento com as pessoas e a comunidade ao seu redor. Dessa maneira, estão inclusos assuntos como proteção de dados, privacidade, promoção de diversidade na equipe, programas de desenvolvimento socioeconômicos e respeito à legislação trabalhista.
  • Governance (governança): princípios aplicados na administração da organização. Envolve o relacionamento com governos, políticos e poder público, efetividade de ouvidoria, disponibilização de um canal de denúncias, composição do conselho, estruturação do organograma e transparência, por exemplo.

Neste artigo, iremos conhecer sete razões pelas quais a agenda ESG é boa para o meio ambiente, a sociedade, a governança e, também, para os negócios. Aproveite a leitura!

1. A agenda ESG agrega valor a produtos e serviços

Executivos e profissionais de investimentos consultados para uma pesquisa da consultoria McKinsey concordam que a agenda ESG cria valor tanto a curto quanto a longo prazo. A tendência, conforme a visão dos líderes consultados, é de que o ESG siga aumentando seu impacto no valor das corporações durante, ao menos, os próximos cinco anos.

Essa percepção é refletida pela valorização das instituições que têm programas ambientais, sociais e de governança. Os participantes dizem que estariam dispostos a pagar, em média, 10% a mais para adquirir uma empresa com registro positivo em questões de ESG.

Boa parte desse valor acrescido é consequência da pressão de diversos públicos de interesse. Por exemplo: 58% dos entrevistados enxergam um crescimento da importância do ESG a fim de atender expectativas e exigência dos stakeholders.

A Grant Thornton descobriu, no levantamento “ESG e as empresas de capital aberto”, que 86% das lideranças concordam com a hipótese de que podem sofrer impactos negativos no futuro caso não adotem o ESG na gestão. Esses dados, entretanto, dizem respeito às empresas mercantis abertas a investimentos externos. Mas e no cooperativismo, há pressão para a adoção da agenda ESG?

Cooperados puxam ESG para os negócios cooperativistas

Segundo uma pesquisa da consultoria PwC com cooperativas de crédito, a resposta é positiva. Elisa Simão, especialista no segmento de cooperativas de crédito da PwC, diz que a conscientização acerca dos riscos climáticos aumentou durante a pandemia:

“As cooperativas de crédito têm sido cada vez mais demandadas pelos seus cooperados e demais partes interessadas a se posicionar de forma concreta, rápida e transparente quanto a sua atuação em relação aos pilares ESG”, explica.

Receitas sobem; custos em queda

A McKinsey buscou saber, ainda, quais são os principais elos na geração de valor com o ESG nos negócios. Segundo a consultoria, a sustentabilidade gera resultados positivos dos dois lados do balanço: a receita cresce ao mesmo tempo em que há redução de custos.

Por meio de acesso a novas oportunidades e conquista das preferências dos clientes, como veremos mais a fundo na sequência, o ESG amplia a obtenção de receitas.

Por outro lado, a agenda ESG também mostra capacidade de reduzir custos. A execução eficaz de políticas sustentáveis pode ajudar, por exemplo, no combate a gastos operacionais. O uso racional de recursos como água e energia, além de ser benéfico para o planeta, diminui os gastos financeiros.

2. O ESG ajuda a encontrar oportunidades de negócios e inovações

A solidez de uma agenda ESG ajuda a cooperativa em sua jornada de expansão, tanto em relação a aumentar a participação em mercados onde já atua, quanto no ingresso a novos mercados.

A adoção de iniciativas sustentáveis já atua como um diferencial competitivo no mundo dos negócios. Uma pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) aponta que, em SP, 60% das empresas avaliam critérios ESG para contratar fornecedores.

Se a cooperativa almeja exportar, também precisa ficar de olho em suas práticas de ESG. Quando a competição é global, esses fatores são ainda mais relevantes para que a cooperativa se sobressaia. Diversos países e blocos econômicos mantêm exigências e exigem certificações relacionadas ao tema.

O ESG nos negócios é prioridade na União Europeia, por exemplo. Diversas commodities não podem ser vendidas para países do bloco caso estejam vinculadas ao desmatamento e à degradação florestal. A Marcação CE, certificação obrigatória para negociar um produto na Europa, também leva em conta fatores de proteção ambiental.

Inovando com sustentabilidade

Em relatório, a Ace Cortex argumenta que instituições inovadoras possuem um ambiente diverso e objetivos focados no desenvolvimento a longo prazo. Com isso, tais características fazem com que organizações que inovam tenham, também, altos padrões de ESG.

Além disso, o ESG traz consigo uma cadeia de valores que caminham lado a lado com a inovação. Em um webinar, Christina Carvalho Pinto, sócia-estrategista da Hollun, afirmou que:

“O mundo está pedindo inovação. E o mundo está clamando por cuidados com o meio ambiente, com a sociedade por meio de uma governança consciente, capaz de se comprometer nesses mega temas tão emergenciais. E a inovação é a ponte para todos esses conhecimentos”.

Assim, a otimização das práticas sustentáveis, sociais e éticas demanda o desenvolvimento de novos projetos, práticas de gestão, metodologias de produção e formas de reduzir impactos ambientais. As cooperativas que inovam, portanto, largam na frente na busca por essas soluções.

3. Adaptação às novas tendências de consumo

Como explicamos em nosso artigo sobre o consumidor do amanhã, os hábitos de consumo estão mudando rapidamente e uma das tendências mais evidentes é a preocupação com a sustentabilidade.

Cada vez mais pessoas estão levando em consideração a pegada de carbono da vida cotidiana, o que passa diretamente pelo consumo. Consequentemente, a consciência ambiental está galgando posições na lista de prioridades na hora de fechar negócios.

Ou seja: o ESG atende aos anseios dos consumidores e aumenta a competitividade, funcionando como um diferencial perante a concorrência. Diante dessas demandas, o ESG é um bom negócio para conquistar clientes e aumentar a atratividade dos produtos e serviços.

Essa tendência é ainda mais forte para os millennials e a Geração Z, principais responsáveis pelos esforços em prol da redução dos impactos ambientais. O que passa, evidentemente, por suas decisões de consumo.

Produtos ESG são mais rentáveis

Um outro fenômeno da relação entre ESG e consumo é que boa parte dos consumidores aceita até mesmo pagar mais caro por produtos com produção ética e sustentável. A descoberta da PwC parte do princípio de que o propósito dos produtos não mais se restringe ao atendimento de necessidades imediatas. Agora, o impacto no longo prazo também conta.

“Os consumidores tinham o costume de exigir qualidade – o que continua sendo importante. Mas agora também estão procurando por fatores como consciência ambiental, diversidade e inclusão”, argumentou Samrat Sharma, CMO da PwC dos Estados Unidos.

4. O ESG melhora a reputação da marca

Uma outra forma que as iniciativas ESG podem contribuir para os negócios das cooperativas é por meio do fortalecimento e construção de marca - o branding.

O levantamento da Grant Thornton sublinha o poder que as ações relacionadas ao ESG podem ter na imagem das organizações. Segundo as lideranças que participaram da pesquisa, os dois maiores beneficiados alcançados graças às práticas de ESG foram:

  1. Valorização de marca: 17%
  2. Melhora da reputação: 15%

Carlos Alexandre de Oliveira, sócio de Transações/Valuation da Grant Thornton Brasil, explica que a reputação causa impactos diretos no fluxo de caixa. “O ESG influencia tanto a marca quanto a reputação e, dessa forma, fomenta negócios, aumentando o interesse dos consumidores e impactando positivamente a receita, a geração de fluxo de caixa e a valorização”.

Com isso, as ações relacionadas ao ESG impulsionam a criação de uma imagem positiva. Dentro do cooperativismo, há o exemplo da Rede Cooper. A partir de ações sociais e investimentos na comunidade, a cooperativa se consagrou como a marca mais lembrada em Santa Catarina na categoria cooperativa de alimentos.

Reduzindo riscos de imagem

Somando as novas demandas por consumo sustentável e as estratégias de branding, iniciativas ESG ajudam na prevenção de manchas e estigmas na imagem das cooperativas.

Os números da Grant Thornton mostram que esse motivo representa um fator preponderante na prática da sustentabilidade ambiental e da responsabilidade social.

Por exemplo, quando questionados quais eram as principais motivações para incorporar o ESG na abordagem de investimentos, 24% dos entrevistados responderam: “evitar riscos reputacionais”. Essa foi a maior preocupação mencionada, à frente da exigência de conselhos de administração e demandas da clientela.

5. Melhores relações com reguladores e poder público

Em meio às pressões de diversos públicos de interesse, como investidores, cooperados e clientes, o poder público também está dando atenção ao ESG nos negócios.

A McKinsey argumenta que a solidez das propostas ESG alivia as pressões regulatórias, o que ainda aumenta a liberdade estratégica. A consultoria observa que em diferentes setores e regiões, o ESG ajuda a “reduzir o risco de que haja alguma ação adversa por parte do governo”. Mais do que isso, iniciativas sustentáveis geram suporte governamental.

Em uma pesquisa que visa entender melhor o aspecto tributário do ESG, a PwC enxerga uma oportunidade de reformular os relatórios tributários como uma comunicação positiva para os negócios. Os tributos, argumenta a consultoria, são elementos fundamentais para os três pilares do ESG.

Mais de 80% dos respondentes avaliam que incentivos fiscais são relevantes ou muito relevantes para a implementação do ESG em seu segmento. Esses incentivos, portanto, podem contribuir para a preservação do meio ambiente e favorecer o acesso a direitos, bens e serviços pelas diversas parcelas da sociedade.

6. ESG amplia acesso a crédito e capital

As instituições financeiras são as maiores impulsionadoras da agenda ESG nos negócios. Os dados da Grant Thornton apuraram que 100% das organizações do setor de finanças consultadas consideram os aspectos ESG dentre os temas prioritários.

Diante desse cenário, o ESG se tornou um fator relevante para a avaliação e a oferta de crédito. Assim, métricas envolvendo os resultados das políticas ambientais, sociais e de governança são utilizadas como critérios para a liberação de recursos.

Dados da consultoria Bain & Company indicam que o financiamento de projetos vinculados a ESG cresce rapidamente e oferece menor risco, quando comparados aos que não são sustentáveis.

Empréstimos vinculados à agenda ESG são os que mais ganham espaço no mercado de crédito corporativo. Para se ter uma ideia, dos 102 bilhões de euros emitidos na Europa em 2019, 35 bilhões consistiram em empréstimos verdes. Além disso, outros 67 bilhões de euros foram destinados para outras operações de crédito vinculadas à sustentabilidade.

Fomento ao desenvolvimento sustentável no Brasil

No Brasil, também há um movimento de priorização e incentivo à agenda ESG nos negócios por meio da disponibilização de crédito, sobretudo nos bancos de desenvolvimento.

Esse é o caso do BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais). Mais de 60% dos financiamentos proporcionados pela instituição foram vinculados a pelo menos um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Por exemplo, os recursos destinados a projetos de energias renováveis quase chegaram a R$ 170 milhões.

Nas cooperativas de crédito, o ESG também é um critério avaliado. Quase todas as coops do ramo avaliadas pela PwC (98%) levam os riscos socioambientais em conta em seus processos de análise de crédito.

Nesta seara, contamos, no Radar da Inovação, a história da intercooperação sustentável entre a cooperativa de crédito Sicredi e a Certel, coop que produz energia elétrica. A parceria possibilitou o financiamento da nova hidrelétrica Vale do Leite, ampliando a oferta de energia limpa.

7. Produtividade, atração e retenção de talentos

Em meio a uma crescente busca por propósitos e valores no mundo profissional, o ESG também pode ajudar a atrair e reter profissionais talentosos e qualificados. Isso acontece porque colaboradores com senso de pertencimento e conexão produzem melhores resultados.

Quanto mais sólida é a percepção de que o trabalho tem um impacto positivo na sociedade, maior é a motivação de boa parte das equipes, argumenta a McKinsey. Dessa forma, o senso de propósito inspira, e o ESG ajuda a construir essa sensação.

A consultoria de recursos humanos Robert Half descobriu, ainda, que 83% dos profissionais levam as práticas ESG em consideração na hora de aceitar ou recusar uma oferta de emprego. Ou seja, a cooperativa que quiser contar com profissionais capacitados e engajados precisa levar em conta a agenda ESG nos negócios.

Conclusão

Cooperativismo tem tudo a ver com a agenda ESG nos negócios: sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança estão no DNA cooperativista.

Mesmo assim, é importante estruturar e implementar o ESG de forma planejada e coordenada. Diante das evidências de que o ESG é positivo para os negócios, o InovaCoop produziu o guia prático ESG: O que é e como começar. Nele, você vai conhecer o ESGCoop, programa de apoio para a implementação do ESG nas cooperativas com foco na sustentabilidade e competitividade do modelo de negócios, confira!

Quer dominar o ESG? No CapacitaCoop, disponibilizamos uma área temática exclusiva focada no assunto, com cursos sobre Compliance, Gestão de Riscos, Governança Corporativa e muitos mais. Acesse!

Conteúdo desenvolvido
em parceria com

Coonecta