Aurora: tecnologia reduz aplicação de defensivos agrícolas

Contexto
Fungos que causam doenças em videiras representam alto custo para os produtores de uvas. O míldio é um dos principais vilões fúngicos das lavouras, causando danos tanto às folhas quanto ao próprio fruto.
Por causa disso, o míldio impacta diretamente nos custos dos produtores. Primeiramente, devido à perda de produção infectada e também porque há o gasto com a aplicação dos defensivos usados para combater o fungo.
Desenvolvido colaborativamente entre Embrapa, Cooperativa Vinícola Aurora e a startup Jahde Tecnologia, o CROPS é um sistema que monitora o risco de míldio nas videiras. Assim, a aplicação de defensivos é mais assertiva e realizada somente quando se faz necessária.
Desafios
Os fungicidas têm um custo elevado no processo de produção das uvas, impactando tanto os produtores quanto o valor final do produto. Deixar de aplicar os defensivos sem as informações adequadas, contudo, pode resultar em perda de produtividade da lavoura.
Um dos principais desafios era diminuir a quantidade de aplicações de fungicidas ao mesmo tempo em que reduz os riscos de ocorrência de míldio.
Assim, o objetivo era reduzir a presença dos defensivos na lavoura, aplicando apenas quando eles forem necessários. Com isso, os produtores conseguem reduzir custos com as aplicações, ao mesmo tempo em que suas videiras ficam mais produtivas e suas uvas mais saudáveis.
Desenvolvimento
O CROPS é fruto de uma demanda da cooperativa Aurora, com inspiração em uma tecnologia apresentada aos dirigentes da coop em uma viagem à Itália.
A ideia era desenvolver um equipamento capaz de coletar informações climáticas e ambientais, que seriam enviadas à Embrapa para análise. “Os dados vão para um servidor, que os interpreta e dá mensurações sobre a predisposição de desenvolvimento do fungo”, explica Maurício Bonafé, gerente agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora.
A tecnologia consiste em uma estação meteorológica instalada junto à lavoura. O equipamento é conectado a sensores de molhamento foliar, que mensuram a umidade das folhas, e temperatura, por exemplo. Essa combinação consegue gerar dados como:
- Temperatura
- Molhamento foliar
- Pontos de orvalho
- Horas de frio
- Umidade do ar
- Pluviometria
Com essas informações, o sistema calcula as condições climáticas e verifica a probabilidade de alastramento do míldio na plantação. Quando houver risco de a lavoura ser atingida pelo fungo, os produtores são avisados pelo aplicativo do CROPS em seus celulares, e aplicam o fungicida preventivamente para proteger a produção.
O diagnóstico é totalmente automatizado e leva em conta o grau de resistência do cultivar, o defensivo a ser aplicado e as condições climáticas.
Os agrônomos da Aurora tiveram um papel fundamental no acompanhamento e validação da precisão do sistema. Os técnicos acompanharam as lavouras paralelamente ao monitoramento do CROPS, para garantir a qualidade da operação da nova tecnologia.
Por se tratar de uma inovação, o processo de introdução do CROPS nas videiras dos cooperados da Aurora foi cauteloso, levando em conta as preocupações dos produtores.
“É necessário o agrônomo acompanhando, a mão de obra adequada, o produtor estar ciente dos riscos que corre. É diferente de um trator, que todo mundo conhece como funciona e não precisa de um agrônomo acompanhando”, argumenta o gerente agrícola.
Tamanho cuidado teve como objetivo, além de validar o sistema, dar confiança para que os produtores aderissem ao CROPS. “Já que pelos testes a gente conseguia identificar que a tecnologia funcionava, também tinha todo o aporte técnico por trás para que o produtor não perdesse uva”, conta Bonafé.
Resultados
Com a indicação da hora certa de aplicar os defensivos conforme a análise de risco, eles agora são usados com menor frequência, sem prejuízo para a produtividade.
Dependendo das condições climáticas, os defensivos são usualmente aplicados de 15 a 18 vezes ao ano. Com o CROPS, em média, quatro aplicações passaram a ser evitadas. “Tivemos o caso de um produtor que fez sete aplicações a menos”, relata Bonafé.
Com menos uso de fungicidas, os custos aos produtores também caem. Bonafé estima que cada aplicação custa de R$ 500 a R$ 600 em defensivos, a depender do produto utilizado, sem contar a mão de obra despendida.
“Só aqui na cooperativa, são 400 hectares já cobertos por essa ferramenta”, informa Bonafé.
Os resultados positivos do CROPS só são possíveis por causa do trabalho conjunto entre equipe técnica e cooperados, argumenta o técnico. “O mérito é dos dos agrônomos juntos aos produtores”.
Dessa forma, as vantagens possibilitadas pelo uso do CROPS são, segundo sua desenvolvedora:
- Economia com a aplicação de fungicidas apenas no momento em que são necessários.
- Economia de mão de obra e do uso de máquinas e equipamentos na aplicação desses produtos.
- Menor tempo de exposição do produtor a atividade com potencial de insalubridade.
- Menor quantidade de resíduos dos produtos aplicados no meio ambiente.
- Facilidade e comodidade no acesso aos dados.
Próximos passos
A ferramenta já é operada na cooperativa há cerca de cinco anos, e não deve parar de evoluir. Uma das principais sofisticações almejadas no planejamento do CROPS já entrou em prática: o equipamento perdeu os fios que conectam os sensores à estação, em uma operação wireless para a captação de dados de campo. “Quanto mais automatizado, melhor”, conclui Bonafé.
O passo adiante mais aguardado, agora, é expandir as aplicabilidades do CROPS. A princípio, a tecnologia foi desenvolvida para variedades específicas de uvas, com o foco na região Sul. A adaptação para novas circunstâncias demanda uma série de novas pesquisas que estão em andamento.
Há, ainda, estudos visando expandir o uso da ferramenta para outros tipos de culturas e doenças. Assim, o CROPS pode se tornar cada vez mais eficiente e eficaz, resultando em lavouras mais saudáveis e produtivas.
Contato do responsável:
Maurício Bonafé, gerente agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora - mauricio.bonafe@vinicolaaurora.com.br
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