Coogavepe cria sistema para aumentar a transparência da comercialização do ouro
CONTEXTO
Fundada em 2008, a Coogavepe (Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto de Azevedo), localizada no norte do Mato Grosso, é uma cooperativa que desenvolve projetos socioambientais para uma mineração consciente e legal.
Recentemente, a Coogavepe identificou a necessidade de obter mais transparência e controle na primeira comercialização do ouro, extraído de suas terras. Sem tal controle, a cooperativa não conseguia ter o valor real dessas comercializações. Por isso, decidiu criar um sistema para controle e rastreabilidade do minério de ouro comercializado pelos garimpeiros junto aos postos de compras de ouro das Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs).
Após tomar essa decisão, a cooperativa demandou a área de TI para a criação de um sistema próprio personalizado que pudesse atender a essa necessidade e colocou em prática o projeto sem apoio externo, enfrentando o cenário da época de mudança de cultura que precisaria ocorrer para que os garimpeiros se adaptassem às novas práticas e processos junto as DTVMs.
DESAFIOS
A Coogavepe enfrentou desafios relacionados aos processos, mas também à cultura que precisava ser modificada.
Entre os principais desafios, podemos destacar:
- Enfrentar a ausência de um controle mais preciso da quantidade de produção do ouro nas áreas (subsolos) pertencentes à cooperativa e do valor a ser repassado a ela, referente a sua participação;
- Obter maior eficiência nas informações para o preenchimento do RAL (Relatório Anual de Lavra);
- Enfrentar certa resistência por parte dos postos de compra de ouro considerando que o controle seria mais rígido e transparente, bem como se tornou uma obrigação a mais na hora da negociação, com o preenchimento das informações no sistema.
DESENVOLVIMENTO
No processo de desenvolvimento, a cooperativa doou a cada um dos postos uma mini CPU integrada a um monitor, com o sistema instalado, uma impressora térmica, para impressão de uma forma de cupom fiscal, um teclado e um mouse.
Neste cupom (guia de autorização gerada no sistema), constam as seguintes informações: nome do cooperado que está realizando a venda do ouro, com número da matrícula e CPF; o CNPJ do posto de compra e da DTVM que ele representa; local da extração com o número do ANM; município; quantidade negociada (em gramas); valor da operação; valor da contribuição devido à cooperativa; valor pago ao cooperado; e a data do lançamento.
O sistema foi desenvolvido pelo mesmo programador que desenvolveu para a cooperativa o sistema de registro dos cooperados, quando da filiação dos garimpeiros, na emissão da Carteira de Filiação, bem como, da parte interna de controle contábil e financeiro da gestão da mesma.
Após o sistema ser desenvolvido pelo programador e os testes efetuados, a cooperativa adquiriu os equipamentos, foi feita uma capacitação com os operadores (funcionários) de cada posto para aprenderem a operacionalizar o sistema e posterior a instalação nos postos.
Atualmente, os equipamentos foram substituídos por um novo sistema, através de um link, que é instalado em qualquer computador no posto. As informações lançadas pelo operador são direcionadas e integradas diretamente ao sistema que é monitorado, em tempo real, por uma funcionária da cooperativa, que faz o acompanhamento destas informações, de cada posto, individualizado.
Tanto o desenvolvimento do sistema quanto a sua atualização foram feitos internamente pela Coogavepe, não recebendo nenhum apoio externo.
RESULTADOS
A partir da instalação de sistema de acompanhamento e monitoramento das comercializações, tanto os postos como a própria cooperativa, conseguem ter uma melhor clareza na quantidade de ouro produzido nos subsolos da cooperativa e o valor dessas comercializações. É importante ressaltar que a comercialização, com nota fiscal, é regra na região da Coogavepe, bem como a apresentação da carteira de filiado, quando o ouro é das áreas da própria cooperativa.
Essa transparência, de acordo com a presidente da entidade, Solange Barbosa, trouxe mais segurança jurídica, fiscal e tributária aos atores do processo.
Sobre os resultados mensuráveis, a presidente relata que, antes da organização da atividade garimpeira em cooperativa, eram documentados apenas 300 kg de ouro por ano. Com a organização dos cerca de 6 mil garimpeiros na Coogavepe e com o sistema de rastreabilidade, a cooperativa conseguiu documentar uma produção anual de 6 toneladas de ouro. Dessa forma, gerou desenvolvimento para garimpeiros e comunidades.
PRÓXIMAS INICIATIVAS
A Coogavepe acredita que todo projeto sempre precisa de melhorias, pois tudo é um processo de evolução e, com isso, a cooperativa segue atenta às necessidades que vão surgindo para realizar as adequações necessárias neste sistema.
Dessa forma, o próximo passo já idealizado pela cooperativa é fazer a integração deste sistema com as DTVMs para fidelizar as informações entre os postos de compra de ouro, as DTVMs e a cooperativa.
Contato do responsável:
Solange Barbosa
presidente da Coogavepe
presidencia@coogavepe.com.br
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