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Superapps: o que são e por que as cooperativas deveriam apostar neles

Ao reunir diversas soluções em uma plataforma, superapps entregam conveniência e viram tendência

TENDÊNCIAS06/05/20247 minutos de leitura

Os aplicativos são inescapáveis na vida digital moderna. Mensageiros, redes sociais, serviços bancários, compras, música, serviços, atendimento e muito mais: os apps ocupam uma fatia considerável do tempo no nosso dia a dia. Se no geral ainda usamos aplicativos separados para cada função, os superapps estão mudando um pouco dessa lógica.

Os aplicativos disputam um bem muito precioso e escasso: o tempo dos usuários. Diante disso, muitos aplicativos estão ampliando o portfólio de utilidades para fornecer conveniência e soluções dentro de um mesmo ecossistema. Pra que ter vários apps instalados se um já resolve várias coisas?

Essa é a premissa por trás dos superapps, que já vem passando por um processo de amadurecimento e consolidação. Conseguir consolidar um superapp, no entanto, está longe de ser uma tarefa fácil.

Neste artigo, vamos entender mais a fundo o que são os superapps, descobrir quais são os seus diferenciais, conhecer o ambiente de superapps no Brasil e discutir o potencial desse tipo de aplicativo para o cooperativismo. Aproveite a leitura!

O que são os superapps

Um superapp é um aplicativo que centraliza uma série de serviços e informações em uma mesma plataforma, a fim de manter o usuário dentro desse ecossistema. Além disso, quanto mais recursos uma mesma plataforma fornecer, maior é a comodidade para o usuário e a fidelidade com a marca.

Na prática, um superapp proporciona que usuários tenham acesso a uma miríade de ferramentas e miniapps dentro de uma mesma plataforma. Cada funcionalidade pode operar de forma independente ou de maneira conjunta, criando uma interação. Em um aplicativo bancário que proporciona um marketplace, por exemplo, e usa os serviços do app para facilitar o pagamento de uma compra.

A consultoria Gartner compara os superapps com canivetes suíços. Eles fazem sentido principalmente com as gerações mais jovens, que têm o celular como experiência primária para acessar os mais variados serviços. A Gartner estima que, até 2027, mais de 50% da população mundial será usuária de superapps.

O que diferencia os superapps dos aplicativos convencionais é justamente a variedade. Apesar de ter um carro-chefe para conquistar o público - como serviços de mensagem instantânea ou compras - um superapp oferece muito mais coisas. Já um aplicativo comum tem uma finalidade restrita a uma determinada função ou serviço.

Origens dos superapps

A ideia dos superapps surgiu e floresceu sobretudo no mercado asiático graças a apps como os chineses WeChat, da Tencent, e o Alipay, do Alibaba. O WeChat começou como um aplicativo de mensagens. Devido ao sucesso e ao crescimento da base de usuários, ele também adicionou serviços de pagamentos e passou a hospedar um marketplace.

O MIT Sloan Management Review avalia que os superapps encontraram um contexto favorável na China graças a fatores como:

• Enorme base de clientes à disposição

• Ampla gama de serviços disponíveis

• Acesso recorrente aos aplicativos

Tais fatores ganham o impulso dos dados, a fim de tornar a experiência dos superapps ainda mais conveniente e personalizada. A ausência de big techs ocidentais, como o Facebook e o Google, também contribuiu para que os serviços locais precisassem ampliar o portfólio de serviços em seus aplicativos, incorporando outras funcionalidades.

Vantagens: por que almejar um superapp?

Não é por acaso que os superapps se tornaram um sucesso no mercado asiático e, agora, estão ganhando espaço no mundo todo. Eles representam uma série de benefícios para os usuários assim como para as plataformas.

Ao conseguir estabelecer um superapp, uma plataforma se aproxima ainda mais dos seus clientes, aumentando a fidelização e a conveniência da experiência oferecida. Isso resulta em retenção de clientes, reconhecimento de marca, ampliação da receita e diversificação do portfólio.

Os dados, tão valiosos na economia digital, também justificam os superapps. Quando uma plataforma consegue coletar informações mais diversificadas sobre os hábitos digitais e de consumo, também consegue traçar perfis mais complexos e individualizados de seu público. Na era da hiperpersonalização, quanto mais dados, melhor.

Já para os clientes, um bom superapp é sinônimo de facilidade e conveniência. Afinal, é muito mais fácil lidar com uma única plataforma para fazer diversas tarefas do que ficar migrando entre vários aplicativos no decorrer do dia. A integração entre as funcionalidades também conta pontos para os usuários.

Desafios para os superapps

Apesar de ser tão atrativo, desenvolver um superapp é bastante difícil - e consolidá-lo é ainda mais complexo. Primeiro de tudo, um superapp precisa de escalabilidade. É necessário construir uma base sólida e bastante grande de usuários para que um superapp faça sentido.

Uma outra questão é a forma como as novas funcionalidades são adicionadas ao aplicativo. As novas funcionalidades serão acrescentadas somente pelo desenvolvedor da plataforma diretamente, a partir de seu portfólio de produtos e serviços? Haverá uma busca por parcerias para ampliar as opções? Ou até mesmo um ecossistema em que terceiros podem disponibilizar serviços por meio de um superapp já estabelecido?

Todos esses fatores somados criam um grande desafio comercial e tecnológico para que um superapp consiga, de fato, se destacar. Manter todos os sistemas funcionando dentro de uma plataforma também é algo que precisa ser levado em consideração.

Superapps no Brasil

Por questões culturais e econômicas, não há nenhum superapp brasileiro no mesmo escopo de um WeChat. Contudo, diversas plataformas já estão de olho no amadurecimento desse mercado, a fim de oferecer novas soluções para sua base de usuários em seus apps.

O WhatsApp, por exemplo, é, de longe, o aplicativo de mensagens instantâneas mais popular do país. O serviço da Meta já deu diversos passos rumo à diversificação de suas atividades, proporcionando uma ferramenta de pagamentos digitais, comunidades temáticas e novas funcionalidades para a relação entre negócios e clientes.

Em termos de ecossistema, o maior exemplo de superapp é o Magalu, da rede varejista Magazine Luiza. Além de servir como plataforma de compras, o aplicativo proporciona uma gama de serviços como conta digital, marketplaces, cursos e conteúdos diversos que existem dentro do ecossistema de negócios da companhia.

Há, ainda, o caso do banco Inter, uma fintech que além de oferecer seus serviços financeiros, também disponibiliza serviços de viagens, marketplace, seguros e delivery, a fim de tornar o app mais atrativo.

Superapps no cooperativismo

Os superapps ainda não são tão comuns porque surgem a partir da comunhão de elementos como popularidade, base de usuários, escalabilidade e interesse pela diversificação. Dessa forma, criar um superapp faz sentido em situações específicas tanto por parte da oferta quanto da demanda.

Dentro do cooperativismo, a diversificação do portfólio de serviços em um aplicativo pode ser interessante para coops com uma boa base de cooperados que contam com soluções digitais maduras. Os grandes sistemas de crédito cooperativo, por exemplo, podem aproveitar a escala para centralizar serviços e soluções.

É o caso do Sicoob que, ao fim de 2023, lançou uma nova versão seu superapp que reúne todo o ecossistema digital em uma única plataforma. Ao disponibilizar soluções diversas em uma única plataforma, o Sicoob reduz a fricção no relacionamento com os cooperados e amplia a oferta de funcionalidades com fácil acesso.

Ademais, é possível absorver algumas lógicas por trás do sucesso dos superapps em uma escala menor. O iCoop, da cooperativa agropecuária mineira Coocafé, opera como uma plataforma digital com inúmeras funcionalidades para os produtores cooperados, como assinaturas de duplicatas, ferramentas de gestão da lavoura, pagamentos, capacitações técnicas e acesso a eventos.

Conclusão

Muitos serviços estão, aos poucos, caminhando na direção dos superapps. O futuro caminha para um cenário de aplicativos com variedade e oferta de serviços diversos, apostando na conveniência e centralização de soluções em uma mesma plataforma.

Esse cenário surge como uma possibilidade para as cooperativas que possuem uma base ampla e sólida de cooperados. Elas podem usar seus aplicativos a fim de trazer os cooperados para ainda mais perto, criando um ecossistema digital cooperativista que abre espaço até mesmo para a intercooperação.

O amadurecimento dos superapps é um processo intimamente ligado à aceleração da transformação digital. Para ficar por dentro das grandes mudanças em curso, confira também o nosso e-book que explora as principais tendências tecnológicas que prometem afetar os negócios!

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