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Startups: princípios inovadores do cooperativismo aumentam competitividade

Vinícius Poit, relator do Marco Legal das Startups na Câmara dos Deputados, aponta vantagens da presença do setor entre os players do mercado no Brasil

TENDÊNCIAS18/05/20216 minutos de leitura

“Um novo olhar, não só para o negócio, mas também para o grupo de colaboradores, associados ou cooperados”. É assim que o deputado Vinícius Poit (Novo-SP) define em entrevista para o Sistema OCB o Marco Legal das Startups (PLP 146/19). Relator do projeto, o parlamentar acrescenta que “o acesso à tecnologia e aos novos modelos de negócio, a exemplo das startups, são o farol dos novos empreendimentos, especialmente para a juventude que começa a chegar ao mercado de trabalho”. A votação da proposta foi concluída pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (11) e aguarda sanção presidencial.

Entre os principais pontos do novo marco legal, Poit destaca o que prevê segurança jurídica aos empreendedores e a inclusão do setor cooperativista. A inclusão das cooperativas no texto foi um pedido do próprio setor através da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), responsável por sua representação institucional. Segundo ele, a atuação das startups cooperativistas abre espaço para a descoberta de modelos de negócios diferenciados. “As startups no Brasil buscam princípios inovadores que o modelo cooperativista possui desde sua criação e que podem gerar vantagens no que diz respeito ao ganho de escala e maior poder de negociação no mercado”.

As startups podem atuar nos mais diversos ramos e têm baixas despesas de manutenção com crescimento rápido de receita. De acordo com o texto aprovado, podem ser classificadas como startups as sociedades cooperativas e empresas que operem com a inovação aplicada a produtos, serviços ou modelos de negócios; e que tenham receita bruta de até R$ 16 milhões no ano anterior ao da promulgação da norma e até dez anos de inscrição no CNPJ. 

O novo marco legal também exige que as startups declarem, em seu ato constitutivo, o uso de modelos inovadores ou que se enquadrem no regime especial Inova Simples, previsto no Estatuto das Micro e Pequenas Empresas. Entretanto, para entrar no Inova Simples, a empresa precisa estar enquadrada nos limites do estatuto, de receita bruta máxima de R$ 4,8 milhões.

De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), de 2015 a 2019, o número de startups mais que triplicou no país, saltando de 4.151 para 12.727. Ao mesmo tempo, em todo o Brasil, o número de cooperativas passa de 5 mil com cerca de 15,5 milhões de brasileiros associados. Esses números corroboram com a opinião do relator de que “o brasileiro é um empreendedor nato. Empreender é o quarto principal desejo dos cidadãos do país, perdendo apenas para ter casa própria, carro e viajar”.

De olho no ecossistema de inovação e nesse universo crescente, a OCB lançou no último dia 10 de maio o programa InovaCoop Conexão com Startups para acelerar e contribuir na consolidação de startups de diversos ramos. Para o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, o programa permite que as cooperativas se tornem protagonistas no processo de transformação da economia pós-pandemia, principalmente pelo fato de possuírem em seu DNA a reinvenção e a superação. “Acredito que seja uma forma dos dois polos se ajudarem, empreendedores e cooperativa. Um modelo para o setor se conectar com novas tecnológicas e aumentar a competitividade no mercado”. 

Saiba mais sobre o programa InovaCoop Conexão com Startups no link https://bit.ly/3ophOVZ 

Confira a entrevista com o deputado Vinícius Poit:

O que esperar com a sanção do Marco Legal das Startups?

O brasileiro é um empreendedor nato. Empreender é o quarto principal desejo dos cidadãos do país, perdendo apenas para ter casa própria, carro e viajar. Vivemos em um país de renda média baixa e sonhamos alto. Somos empurrados para arriscar no mercado pela necessidade. A maioria dos empreendedores são pequenos, 99% são micro ou pequenas empresas ou cooperativas com um pequeno número de associados, e o ambiente de negócios no Brasil é péssimo. Aqui o trabalho parece ser feito para matar a inovação. Falta liberdade para quem quer trabalhar, produzir e empreender, mas sobra burocracia. E para corrigir isso o marco é um avanço inicial para garantir segurança, fomentar e potencializar ainda mais. O acesso à tecnologia e aos novos modelos de negócio, como as startups, são o farol dos novos empreendimentos, especialmente da juventude que chega. Esperamos, com a sanção do projeto, que seja uma sinalização de que sim, queremos mais inovação. E que o Estado brasileiro será um parceiro e não um obstáculo. A partir da sanção queremos mostrar a maturidade no tema, garantindo um ambiente mais próspero para os novos empreendedores, aqueles que vendem soluções e fomentam assim a nossa economia, a produtividade brasileira e o nosso crescimento.

Qual a importância do marco legal para os diversos ramos de tecnologia e inovação?

É muito comum chamar esses empreendedores de nômades digitais, uma vez que eles não estão atrelados a fronteiras físicas. Seus negócios são disruptivos, são maleáveis. E essa maleabilidade serve exatamente para fugir de países que os impeçam de ter sucesso. Você não prende um negócio desse no seu país criando dificuldades em cima dele, você o atrai quando monta um ambiente de competitividade e liberdade. É nesse sentido que está a importância do marco, ele vai na direção exata de impedir que o Estado brasileiro deposite seu peso em cima de negócios que não têm motivo para ficar aqui caso sejam prejudicados. É uma visão de mundo totalmente diferente e a nossa política precisa estar atenta. O país mais hospitaleiro leva e queremos que seja o nosso. O Brasil quer startups.

E com relação as cooperativas? 

Acreditamos que a atuação das startups cooperativas abre espaço para a descoberta de modelos de negócios diferenciados. As startups buscam princípios inovadores que o modelo cooperativista possui desde sua criação e que podem gerar vantagens no que diz respeito ao ganho de escala e maior poder de negociação no mercado”. É uma oportunidade importante principalmente para os jovens que buscam um espaço no mercado de trabalho. Queremos que o marco ajude a prosperar ainda mais o setor cooperativista, assim como todo o ramo de tecnologia e inovação de forma geral. 

A agricultura brasileira também pode se beneficiar com o marco?

Apesar de liderar o peso da nossa balança comercial e ter progressivos ganhos de produtividade, a agricultura brasileira ainda carece de conectividade. A tecnologia 4.0 é uma realidade e precisa ser conectada ao ramo da agricultura para aumentar a produtividade, a eficiência, a competitividade e o retorno financeiro. Maior conectividade garante a tomada de decisões mais ágeis, mais assertivas e em tempo real, fomentando um ambiente de inovação que aumenta nossos ganhos em escala. A agricultura digital é uma demanda a ser resolvida, inserindo inclusive startups para a tecnologia no campo. O nosso século terá uma revolução verde como protagonista, é visível essa tendência nos fóruns mundiais que debatem o tema. E o Brasil tem vantagens comparativas muito boas para liderar essa transição, ser a economia verde modelo a nível mundial. Mais do que relevância geopolítica, a inovação, a ciência e a tecnologia na agricultura são fundamentais para a sobrevivência.

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