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Como gerar inovação disruptiva na cooperativa?

Muito tem se falado sobre as inovações disruptivas. Afinal, vale à pena investir nelas?

GESTÃO DA INOVAÇÃO22/09/20206 minutos de leitura

Com o boom das startups o termo inovação disruptiva está presente em muitas reuniões. Os players do mercado têm reações diferentes a ela: alguns ignoram, outros copiam ou investem em pesquisa e desenvolvimento interno. Há, também, os que compram as startups criadoras da novidade: seja para abafar a ameaça ou somar as novas competências ao potencial de investimento e know-how da companhia.

Certos de que fingir ou lutar contra o inevitável não traz nenhum resultado positivo, sobram alguns caminhos possíveis. Aqui fica a dúvida de qual deles escolher para conseguir o melhor da inovação disruptiva.

A resposta, que vale a relevância e a rentabilidade das cooperativas, não é única, mas, neste post, apontamos as diretrizes para chegar até ela!

A principal característica da inovação disruptiva é abalar estruturas consolidadas: não só as organizações líderes, mas todo o mercado. Isso porque ela desenvolve uma oferta que entrega valor real e de maior impacto, por ser mais fácil de usar e mais barata de adquirir. Dado o contexto, o veredito não poderia ser outro: a disrupção é impossível de conter quando bem estruturada.

O susto dos players, mencionado acima, vem do fato de instituições consolidadas terem a tendência de se firmarem na zona de conforto.

Digital Vortex, no levantamento Continuous and Connected Change de 2019 aponta que apenas um terço dos entrevistados considera que realizam ações adequadas frente a ruptura digital. E, enquanto o panorama geral das organizações se esforça para acompanhar as mudanças digitais, as multinacionais não fazem. Com o tempo, tal inércia passa a abrir uma oportunidade de mercado, a qual as mesmas grandes marcas costumam não estar interessadas em suprir, uma vez que já estão no topo do mercado.

E então chega o momento em que alguém passa a olhar para esse gargalo. A inovação disruptiva é fácil de identificar e difícil de encarar. Organizações, literalmente, ruem diante dela.

Exemplos de situações que a refletem? Filas de bancos e lotéricas cada vez menores; propriedade privada perdendo, gradativamente, o prestígio; serviços que ressignificaram os conceitos de comodidade e eficiência.

Por outro lado, instituições que passam por um processo doído de negação que, quando finalizado, dá espaço para o desespero de:

  • descobrir o que está acontecendo;
  • entender o significado de todas as mudanças;
  • redefinir o novo caminhar da organização.

 

Inovação incremental são passos pequenos, melhorias contínuas que agregam sim valor ao produto. No entanto, a inovação disruptiva é um trator que passa por cima de todos os processos conhecidos e deixa o mercado meio perdido e o público anestesiado.

Aqui vale ressaltar que desenvolver uma inovação é sempre bom, independente do grau que ela atinja. No final das contas é um diferencial que, ao ser bem explorado pelo marketing, traz benefícios ímpares para a empresa.

Pelo tempo. Obviamente que o mercado, hora ou outra, conseguirá chegar na cópia, mas a ideia é que já se esteja anos-luz à frente, tendo aproveitado cada momento até ali para converter e rentabilizar ao máximo, e tendo criado diferenciais e estratégias para manter a posição.

O benefício não é só financeiro (que por si só já justificaria), até porque o impacto da inovação pode não dar retorno imediato, mas a longo prazo também carrega prestígio, autoridade, engajamento interno e também do público para a companhia.

A inovação incremental, no entanto, por ser mais simples e por ser um complemento, ou seja, algo agregado a um produto estabelecido, tem impacto consideravelmente menor em termos de duração da vantagem competitiva.

A inovação é resultado de um processo e ambiente que a favoreçam, dada a necessidade de errar muito antes de tê-la pronta. Assim, a cultura organizacional sofre fortes mudanças, ao fomentar novo mindset e comportamento. Sem dúvida alguma é um desafio. Ao lidar com pessoas, sempre existirá o estranhamento e a resistência inicial.

Contudo, a partir do real e forte comprometimento da liderança em manter o estímulo e o entendimento sobre a necessidade de errar, compartilhar e construir, a inflexibilidade é vencida. Esse estímulo da gestão acontece ao diminuir burocracia e achatar hierarquia, proporcionando uma estrutura horizontal, diálogos e trocas.

E, quando conseguir que os colaboradores estejam abertos à nova realidade, é preciso que os esforços deles sejam direcionados. Para tanto, abordagens ágeis, como o Design Thinking, têm grande efetividade, pois, estimulam as características mencionadas acima de maneira progressiva, focada e integrada.

Voltando à questão de qual o melhor caminho escolher (investimento em startups ou desenvolvimento interno), a cooperativa pode manter as iniciativas simultaneamente e criar conexão entre elas. A melhor opção é testar os diferentes modelos de desenvolvimento de inovação disruptiva e manter os que mais se alinham ao propósito e posicionamento da cooperativa.

E enquanto se desenvolve a disrupção, o negócio da cooperativa se mantém simultâneo. Não é uma questão de excluir o negócio de agora, mas da construção de melhores modelos, processo e criar, em paralelo, alternativas de futuro.

Só não vale criar boas inovações e ignorá-las. Essa escolha já é conhecida e reflete, até hoje, na Kodak, que desenvolveu a câmera digital e quase faliu por conta do mesmo produto ser lançado pela Sony.

Organizações como Apple, que revolucionou o mercado fonográfico com o iPod, mercado este que foi novamente desestruturado pelo Spotify são exemplos de disrupção. Mas a maior contribuição da maçã americana vem do smartphone, sem dúvida, cujo impacto total não atingiu seu limite.

O varejo tem sofrido revoluções por intermédio do dispositivo, a partir de códigos QR, aplicativos, etc. A loja conceito da Nike em Nova York conta com seis andares de imersão e personalização que, por opção do cliente, podem não ter a intermediação de nenhum funcionário. O usuário tem a opção de separar peças que quer experimentar por meio digital. Tais itens são acessados ao destrancar um armário com código QR fornecido.

Nesta mesma linha, a Amazon Go, cujo movimento de retirada das gôndolas e cobrança são em tempo real e finalizadas via pagamento digital pelo smartphone que informa quem é o cliente e debita da forma de pagamento selecionada previamente por ele.

Existem, ainda, muitas outras como Nubank, Netflix, Uber, Aibnb que, cada um com sua inovação disruptiva, também mudaram a lógica de cadeias inteiras e estão intermediadas pelo dispositivo móvel.

E para começar a migrar para essa nova forma de fazer negócios, comece pela transformação cultural na cooperativa. Fomente o mindset de inovação para que esses processos estejam cada vez mais presentes no dia a dia da cooperativa.

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