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Tokenização da economia: a revolução que nasce da inovação

Bancos Centrais do mundo todo estão de olho nas moedas digitais

TENDÊNCIAS14/03/20246 minutos de leitura

O setor financeiro é um dos segmentos mais sedentos por inovação tecnológica no cenário econômico global. Os serviços bancários têm incorporado uma série de avanços, como a digitalização de processos e a expansão dos canais digitais de atendimento. Nesse cenário, destaca-se, sobretudo, a tokenização da economia.

Essas inovações buscam agilizar processos e reduzir custos dos serviços financeiros. A tokenização da economia é um fenômeno de âmbito global possibilitado pelo surgimento das blockchains, popularização das criptomoedas, o crescimento dos pagamentos digitais e até mesmo a ascensão - e queda - dos NFTs.

A tokenização da economia, portanto, representa um movimento global em que ativos financeiros são transformados em tokens digitais. É o caso, por exemplo, do Drex, nome oficial do Real Digital. Neste artigo, vamos entender um pouco mais sobre esse fenômeno, seus benefícios e impactos para o cooperativismo. Aproveite a leitura!

O que é tokenização da economia

A tokenização da economia descreve um processo baseado na tecnologia de blockchain em que ativos físicos ou instrumentos financeiros são transformados em tokens digitais. Um token é, essencialmente, a representação digital de um determinado ativo físico, seja ele inteiro ou fracionado. 

Esses tokens ficam armazenados em uma rede blockchain, que registra informações de maneira segura e imutável. Dessa forma, há a garantia de que todas as transações são permanentes e à prova de adulteração. Existem dois tipos de tokens:

  • Tokens fungíveis: são os tokens intercambiáveis que possuem as mesmas características. Ou seja, é um token que pode ser trocado por outro idêntico. Uma nota de cem reais é igual a qualquer outra nota de cem reais, por exemplo.
  • Tokens não-fungíveis: significa que o token é único e não pode ser replicado. Geralmente é usado para comercializar obras de arte dentro do ecossistema digital das blockchains. Na prática, é como se fosse a Monalisa. Nenhum outro quadro será igual à obra de da Vinci.

Benefícios da tokenização da economia

O Banco de Compensações Internacionais (BIS) aponta que a tokenização da economia é responsável por aprimorar a eficiência e mitigar riscos nos sistemas de pagamento globais. Os tokens proporcionam transações financeiras rastreáveis, seguras e ágeis, além de democratizar o acesso aos serviços financeiros.

Por estar associado a uma rede blockchain, um token pode contar com processos automatizados e seguros. Além disso, nas principais criptomoedas, todas as movimentações ficam registradas nessa rede, que é descentralizada. Assim, não é possível fraudar os registros, o que dá segurança ao uso.

Aplicações dos tokens na economia

As criptomoedas são a representação mais evidente da tokenização da economia. A partir do sucesso do bitcoin e do ether, esse mercado ganhou muito espaço. Há, até mesmo, uma criptomoeda cooperativista brasileira: é o Coffee Coin, uma moeda digital lastreada em café criada pela cooperativa agropecuária Minasul.

Agora, diversos bancos centrais ao redor do mundo estão buscando soluções para tokenizar suas moedas. Os CDBCs (central bank digital currency, ou, em português, moeda digital do banco central), dessa forma, são alvo de diversos países que querem modernizar seus sistemas bancários.

É o caso do Brasil com o Drex, que está em fase de testes comandados pelo Banco Central e deve ser lançado oficialmente ainda em 2024. Um consórcio de cooperativas formado por Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol e Unicred participou dos testes com o piloto do Drex.

Categorias de tokens

Além disso, há instituições financeiras que já estão emitindo valores mobiliários na forma de tokens para comercializar papéis de dívida corporativa, imóveis e outros diversos ativos. Dentro desse universo, há uma série de categorias de tokens como:

  • Payment token: criptomoedas usadas como meio de pagamento.
  • Utility token: concede acesso a um determinado produto como em um programa de fidelidade.
  • Security token: usado na transação de ativos negociáveis - ações e imóveis, por exemplo.
  • Equity token: empregado na captação de recursos, reserva de valor e investimentos.

A tokenização da economia mundial

A tokenização da economia está avançando e ganhando espaço como uma das inovações de maior impacto do setor financeiro. O Fórum Econômico Mundial e o Boston Consulting Group estimam que a economia tokenizada representará US$ 16 trilhões entre 2027 e 2030. Isso representa cerca de 10% do PIB global.

Até o momento, 11 países já lançaram suas CDBCs. O grande destaque é a China, que lançou o yuan digital (chamado de e-CNY) durante os jogos olímpicos de inverno de Pequim, em 2022. Até o final daquele ano, mais de 13 bilhões de e-CNY já circulavam em 260 milhões de carteiras digitais.

A União Europeia já anunciou seus planos para lançar o Euro digital, que propõe uma CDBC única para todo o bloco econômico que será regulada pelo Banco Central Europeu. O projeto está em fase de preparação.

Tokenização da economia brasileira

O Brasil já ocupa um lugar de destaque na digitalização da economia. O Pix e os pagamentos digitais no geral já caíram no gosto dos brasileiros. Com o Drex, a ideia é tornar o ecossistema financeiro digital ainda mais dinâmico e inovador.

Como o projeto brasileiro está em um nível avançado, ele deve servir de exemplo para iniciativas semelhantes ao redor do mundo. Para Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, a transformação da economia passa pela conexão entre moedas digitais e a tokenização de ativos para negociação.

A ideia é que o Drex possibilite a criação de uma nova plataforma para a negociação de ativos tokenizados. A versão digital do real, nesse cenário, será o mecanismo de intermediação de tais transações, a fim de garantir a segurança dos negócios.

Conclusão: tokenização e cooperativismo

A tokenização da economia é uma das maiores tendências que o InovaCoop mapeou para as cooperativas acompanharem em 2024. O desenvolvimento das CDBCs desponta como o movimento que vai dar maturidade e segurança institucional para as moedas digitais e, com isso, ampliar seu uso. Atualmente, as criptomoedas se restringem a certos nichos de entusiastas.

De início, o grande impacto para o cooperativismo tende a ser com as cooperativas de crédito, que estão participando do desenvolvimento da inovação e precisam estudar suas aplicações. Mas com o amadurecimento da tokenização financeira, outros setores também podem ser impactados.

Em um cenário global de CBDCs maduras, uma cooperativa agropecuária exportadora, por exemplo, poderá receber o pagamento de fora do país por meio da moeda digital, com mais segurança e agilidade. Diversos outros impactos devem surgir com o tempo e, por isso, cooperativas de todos os ramos devem acompanhar a tokenização da economia.

A tokenização é uma das inovações tecnológicas que estão mudando o mundo. Confira, então, nosso e-book Como a tecnologia está redefinindo a sociedade e transformando os negócios cooperativos e fique antenado para tornar sua cooperativa ainda mais inovadora!

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