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Inovação é o tema da edição de 2023 da Conferência Europeia de Pesquisa da ACI

Evento será sediado na Bélgica e conta com nove pilares ligados à inovação no cooperativismo; Sistema OCB marcou presença na última edição

GESTÃO DA INOVAÇÃO02/12/20228 minutos de leitura

A Conferência Europeia de Pesquisa ICA CCR, realizada pela Aliança Cooperativa Internacional, terá a inovação como um de seus pilares na edição de 2023. O evento irá acontecer na cidade de Leuven, na Bélgica, entre os dias 10 e 13 de julho. Leuven fica a apenas 25 km de distância de Bruxelas, a capital da União Europeia.

Na próxima edição da conferência, o tema central será “Inovando na governança cooperativista. Governando a Inovação no cooperativismo”. A partir desse mote, a ideia é reunir pesquisadores, acadêmicos, formuladores de políticas públicas e atores ativos das cooperativas do mundo todo para que possam discutir o desenvolvimento do cooperativismo.

O evento é organizado pelo Centre of Expertise for Cooperative Entrepreneurship (Centro de Especialização em Empreendedorismo Cooperativo). A entidade consiste em um centro de pesquisa e ensino que reúne vários públicos interessados no empreendedorismo cooperativista.

Com isso, a entidade tem o objetivo de promover conhecimento, proficiência e legitimidade sobre o empreendedorismo dentro do cooperativismo.



Programação traz a inovação no centro

A inovação é assunto central da conferência, que almeja incentivar a adoção e elaboração de práticas inovadoras ligadas à governança cooperativa. Afinal, a gestão democrática é uma característica integral para a evolução e a identidade do modelo de negócios cooperativista.

Entretanto, mesmo que esse tópico seja comum a todo o cenário do cooperativismo, a democracia nos processos de gestão pode ser realizada por diversos meios. A participação dos membros, a escolha dos representantes e a metodologia para tomada de decisões apresentam grandes variações na forma com que são executadas pelas cooperativas.

Por esse motivo, as coops emergem como grandes laboratórios para a inovação social, proporcionando novas maneiras de executar processos democráticos. Assim, o evento irá discutir esses temas, buscando respostas para perguntas como, dentre outras:

  • Quais são as inovações sociais da governança cooperativa?
  • Como as inovações de governança cooperativa contribuem para os negócios e o impacto social?
  • Essas inovações melhoram a qualidade dos processos de tomadas de decisões?
  • De que maneira elas influenciam o escopo e as formas de participação dos cooperados?
  • Como as inovações atuam para aprimorar a inclusão de minorias e enfrentamento às desigualdades de gênero na cultura de governança?
  • Como tais inovações podem ser mantidas e fomentadas no decorrer do tempo e através dos desafios que se impõem? 

Novas tecnologias e a governança cooperativa

Um outro tema da conferência que se destaca é o emprego das novas tecnologias para o aprimoramento da governança cooperativa. Elas podem representar, ao mesmo tempo, tanto desafios quanto oportunidades.

As restrições e o isolamento social causados pela pandemia de Covid-19 imprimiram a necessidade de adoção de recursos digitais para a realização dos processos de gestão democrática. Ferramentas alternativas tiveram que ser desenvolvidas para a realização remota ou híbrida das assembleias, por exemplo.

Por outro lado, o uso dessas tecnologias reduz a capacidade efetiva de participação dos cooperados? Este questionamento também estará no centro das discussões da conferência.

Isso acontece porque, mesmo que estejam se tornando mais sofisticadas, essas ferramentas digitais prejudicam a interação entre os cooperados e os incentivos à participação ativa. Aqui, no InovaCoop, apontamos o metaverso como possível plataforma para a realização de assembleias.

Mais temas - e mais inovação

Ao todo, a conferência se alinha - mas não se limita - em nove temas gerais que funcionam como espinha dorsal dos trabalhos que serão apresentados e discutidos. A inovação aparece com destaque dentre os temas.

Além dos dois tópicos centrais que detalhamos acima, eis os outros sete pilares do evento:

  • Novas formas do cooperativismo: embora o cooperativismo seja um modelo com anos de existência, ele segue se reinventando, conforme as novas demandas e contextos sociais. Um exemplo que se destaca são as cooperativas de plataforma, desenvolvido para enfrentar as problemáticas da gig economy.
  • Cooperativas que inovam em prol da sustentabilidade ecológica: o sétimo princípio do cooperativismo, de interesse pela comunidade, tem se tornado cada vez mais importante. A ascensão da agenda ESG emerge como uma forma de combater as mudanças climáticas e proteger a biodiversidade. As coops são pioneiras nessas iniciativas.
  • Cooperativas, inovação social e criação de riqueza cívica: ao mesmo tempo em que as cooperativas se focam, tradicionalmente, na criação de riqueza para seus associados, novas coops têm surgido visando o bem comum e a geração de valor para a sociedade.
  • Resiliência, crise e inovações: graças a seu modelo participativo de gestão, as cooperativas se mostram mais fortes no enfrentamento a contextos de dificuldades. Com isso, as coops ajudam a enfrentar as crises, proporcionando alternativas inovadoras aos mecanismos econômicos que não estão funcionando bem.
  • Cooperativas em novos setores e no desenvolvimento de setores tradicionais: em mercados tradicionais, como agricultura, serviços financeiros e varejo, as cooperativas impulsionam inovações e o desenvolvimento sustentável. Além disso, as coops estão ficando mais diversas e ingressando em novos setores.
  • Inovações na legislação cooperativista: as leis que regulamentam o cooperativismo devem se adaptar ao desenvolvimento do modelo de negócios e dos conceitos cooperativistas. O crescimento da ideia de economia solidária deve entrar nesse debate. A União Europeia tem liderado a modernização das legislações que impactam as cooperativas.
  • Educação e treinamento cooperativista: há, em curso, um movimento de retomada de cursos dedicados ao cooperativismo. O ensino cooperativista é um passo para a reinvenção da educação econômica em prol da inclusão social. 

Como se nota, a inovação permeia uma gama de processos e assuntos em relação ao desenvolvimento do cooperativismo. Pesquisadores que produziram estudos que se encaixam nestes temas podem inscrever seus trabalhos por meio deste link a partir de 1° de dezembro. Os temas estão detalhados neste documento

O Sistema OCB esteve na conferência de 2022

A edição de 2022 da conferência contou com a participação do Sistema OCB. As analistas técnicas Ana Tereza Libânio, Feulga Reis e Kátia Buzar foram as representantes brasileiras do evento, que ocorreu em Atenas, capital da Grécia, entre os dias 15 e 17 de julho.

O grupo apresentou artigos produzidos em inglês dentro da temática “Repensando as cooperativas: do local ao global e do passado ao futuro”. Confira os artigos que foram apresentados:

O impacto do SouCoop

Ana Tereza Libânio ficou a cargo de apresentar o artigo “O Sistema SouCoop como fomentador de uma cultura de dados para o cooperativismo”. No texto, a analista apresenta o SouCoop, base de dados do cooperativismo brasileiro que reúne informações cadastrais, financeiras e comerciais das cooperativas brasileiras.

A ferramenta tem a finalidade de apoiar decisões, mensurar resultados, orientar e evidenciar o desempenho das organizações de forma clara, objetiva e transparente. Além disso, o SouCoop contribui com a elaboração do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, sistematizando os dados para que as coops possam aderir à gestão data driven.

Coop sustentável

O outro trabalho brasileiro apresentado foi o artigo “Cooperativas e a agenda ESG”, fruto da colaboração entre Kátia Buzar e Raquel Rodrigues, que também é analista do Sistema OCB. A pesquisa trata dos impactos que as mudanças recentes do mundo têm trazido para a realização de negócios.

Outro ponto levantado pelas autoras é a importância da criação de valor de longo prazo e da promoção do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Tudo isso sem deixar de levar em conta a vantagem competitiva e a mitigação de riscos, além de explorar as oportunidades e convergências entre o cooperativismo e a Agenda ESG.

Unindo educação e cooperativismo

Já Feulga Reis apresentou o artigo “Educação cooperativa e diversidade na política de sucessão como ferramenta para o crescimento cooperativo”. No artigo, a analista sublinha o papel que as cooperativas de crédito brasileiras assumem como agentes da inclusão financeira no país.

Para Feulga, há dois principais desafios que as coops de crédito encaram: a educação cooperativa e uma política mais diversificada de sucessão de seus gerentes, pois ainda existe uma desigualdade notável dentre as lideranças dessas instituições.

Mais artigos brasileiros

Além das analistas do Sistema OCB, o Sescoop/RS esteve presente com o artigo “O potencial bancário das cooperativas de crédito brasileiras durante a pandemia de Covid-19”, de Leonardo Machado.

Ele argumenta que o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo apoiou a expansão financeira e o desenvolvimento social por meio da democratização do acesso ao crédito e aos serviços bancários.

As cooperativas de crédito também foram objeto de análise de Letícia Valério Porfírio, estatística do Fundo Garantidor de Crédito Cooperativo (FGCoop).

Letícia estudou a “Avaliação da suficiência de um fundo garantidor de depósitos com base na análise de risco: abordagem às cooperativas de crédito”.

Conclusão

A Conferência Europeia de Pesquisa ICA CCR é uma enorme oportunidade para apresentar o ecossistema de inovação do cooperativismo brasileiro, além de ficar por dentro do cenário mundial do cooperativismo.

A premissa dos artigos pode ser submetida para análise entre os dias 1° de dezembro de 2022 e 31 de janeiro de 2023. O resultado da fase de aprovação das propostas sai no dia 28 de fevereiro e o artigo final deve ser entregue pronto até 15 de junho.

As informações, modelos e temas estão disponíveis no site do evento. Fique de olho nos prazos e contribua para agregar conhecimento ao cooperativismo brasileiro e divulgar as inovações protagonizadas pelas cooperativas no país!

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