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Futuro do trabalho: quais as novas competências exigidas

Conheças as habilidades necessárias para manter sua cooperativa competitiva e inovadora em meio a um cenário cada vez mais complexo

TENDÊNCIAS16/11/20218 minutos de leitura

A pandemia de Covid-19 agravou a crise econômica em diversos países, incluindo o Brasil, e criou grande incerteza para as organizações e os governos. Para os profissionais, o cenário tornou-se ainda mais desafiador, já que as mudanças que vinham se avolumando nos últimos anos, relacionadas à transição tecnológica atualmente em curso, parecem ter-se intensificado em 2021. Novas habilidades e competências têm se tornado obrigatórias para quem deseja inovar.

Um relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho (The Future of Jobs Report 2020), lançado no fim de 2020, analisou a dinâmica ativada pela pandemia e pela recessão e traçou os novos panoramas relacionados a empregos, transição tecnológica e competências para os próximos cinco anos. 

O estudo se baseou nas visões de líderes de negócios e diretores globais de recursos humanos e em informações geradas por fontes especializadas. 

A primeira constatação do relatório é que o ritmo de adoção de novas tecnologias continuou forte ou até mesmo se acelerou durante a crise do Covid-19. 

E líderes corporativos ao redor do mundo têm agora como prioridade a assimilação de soluções como cloud computing, big data e e-commerce, ao lado de tecnologias como criptografia, robôs não-humanoides e inteligência artificial. 

Transição tecnológica 

Tais transformações, obviamente, trazem impactos significativos para profissionais de todas as áreas. A expansão do trabalho remoto, por exemplo, foi uma das mudanças mais visíveis desde o começo da pandemia. Mas as transformações são mais profundas e marcantes do que a mera ampliação do home office. 

De acordo com o relatório, 43% das organizações consultadas disseram que pretendem reduzir seu quadro de funcionários devido à assimilação de tecnologia. 

Até 2025, espera-se que humanos e máquinas dividam igualmente o tempo gasto nas atuais tarefas de trabalho. Essa transição deverá resultar em 85 milhões de postos de trabalho fechados nos próximos quatro anos, conforme estimam os autores do estudo. 

A transição tecnológica deve gerar 97 milhões de empregos, todos eles mais organicamente ajustados às novas relações entre máquinas, pessoas e algoritmos. Mas os novos postos exigirão habilidades e competências diferenciadas, tanto para quem precisa ingressar ou reingressar no mercado de trabalho como para os profissionais já empregados. 

As companhias estimam que 40% dos trabalhadores precisarão se requalificar dentro de seis meses ou menos, e 94% dos líderes corporativos esperam que os profissionais adquiram novas competências no trabalho. Em 2018, a taxa era de 65%.

Dentro de quatro anos, 50% de todos os empregados das companhias consultadas terão que passar por requalificação. As habilidades centrais dos profissionais devem mudar significativamente nesse período: até 40% das competências centrais serão transformadas.

Quais são as novas competências exigidas?

O relatório do Fórum Econômico Mundial inclui um debate sobre as competências que devem se consolidar como centrais para diversas carreiras até 2025. 

Entre os principais grupos de competências que têm se tornado relevantes, destacam-se pensamento e análise crítica, solução de problemas, autogestão, trabalho em equipe e uso e desenvolvimento de tecnologia.

As 15 competências principais para o ano de 2025, de acordo com o estudo, são:

  • Pensamento analítico e inovação 
  • Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem
  • Solução de problemas complexos
  • Pensamento e análise crítica
  • Criatividade, originalidade e iniciativa
  • Liderança e influência social 
  • Uso, monitoramento e controle de tecnologia
  • Projeto e programação de tecnologia
  • Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
  • Raciocínio, solução de problemas e ideação 
  • Inteligência emocional
  • Solução de problemas e experiência do usuário
  • Orientação de serviço
  • Análise e avaliação de sistemas
  • Persuasão e negociação

Além delas, há um grupo de competências especializadas e transversais que têm tido alta demanda em diferentes profissões que estão emergindo no atual momento. Tais competências são aplicáveis e facilmente transferíveis entre diferentes ocupações e papéis profissionais. 

São 19 ao todo:

  1. Marketing de produto. Em demanda nas funções relacionadas a Dados e Inteligência Artificial, Pessoas e Cultura, Marketing, Desenvolvimento de Produto e Vendas.
  2. Marketing digital. Em demanda nas funções relacionadas a Conteúdo, Dados e Inteligência Artificial, Marketing, Desenvolvimento de Produto e Vendas. 
  3. Ciclo de Vida do Desenvolvimento de Software (SDLC). Em demanda nas funções relacionadas a Cloud Computing, Dados e Inteligência Artificial, Engenharia, Marketing e Desenvolvimento de Produto.
  4. Gerenciamento de negócios. Em demanda nas funções relacionadas a Pessoas e Cultura, Marketing, Desenvolvimento de Produto e Vendas.
  5. Publicidade. Em demanda nas funções relacionadas a Conteúdo, Dados e Inteligência Artificial, Marketing e Vendas.
  6. Interação humano-computador. Em demanda nas funções relacionadas a Conteúdo, Engenharia, Marketing e Desenvolvimento de Produto.
  7. Ferramentas de desenvolvimento. Em demanda nas funções relacionadas a Cloud Computing, Dados e Inteligência Artificial, Engenharia e Desenvolvimento de Produto.
  8. Tecnologias de armazenamento de dados. Em demanda nas funções relacionadas a Cloud Computing, Dados e Inteligência Artificial, Engenharia e Desenvolvimento de Produto.
  9. Redes de computadores. Em demanda nas funções relacionadas a Cloud Computing, Dados e Inteligência Artificial, Engenharia e Vendas.
  10. Desenvolvimento Web. Em demanda nas funções relacionadas a Cloud Computing, Conteúdo, Engenharia e Marketing.
  11. Consultoria de gestão. Em demanda nas funções relacionadas a Dados e Inteligência Artificial, Pessoas e Cultura, e Desenvolvimento de Produto.
  12. Empreendedorismo. Em demanda nas funções relacionadas a Pessoas e Cultura, Marketing e Vendas.
  13. Inteligência Artificial. Em demanda nas funções relacionadas a Cloud Computing, Dados e Inteligência Artificial e Engenharia.
  14. Ciência de dados. Em demanda nas funções relacionadas a Dados e Inteligência Artificial, Marketing e Desenvolvimento de Produto.
  15. Vendas no varejo. Em demanda nas funções relacionadas a Pessoas e Cultura, Marketing e Vendas.
  16. Suporte técnico. Em demanda nas funções relacionadas a Cloud computing, Desenvolvimento de Produto e Vendas.
  17. Redes sociais. Em demanda nas funções relacionadas a Conteúdo, Marketing e Vendas
  18. Design Gráfico. Em demanda nas funções relacionadas a Conteúdo, Engenharia e Marketing.
  19. Gestão da informação. Em demanda nas funções relacionadas a Conteúdo, Dados e Inteligência Artificial e Marketing.

Caminhos e gargalos

Segundo o levantamento, a maior parte dos empregadores consultados compreende o valor de investir em capital humano, apesar do atual cenário econômico desafiador. Cerca de 66% deles acredita que seus gastos com requalificação e aprimoramento acabam dando retorno dentro de um ano.

Em média, tais companhias esperam oferecer requalificação e aprimoramento para mais de 70% de sua força de trabalho até 2025. A participação dos profissionais nesses programas, entretanto, tem estado aquém do esperado. Apenas 42% dos funcionários das organizações consultadas estão se engajando nos programas de treinamento oferecidos.

Um dos caminhos reconhecidos por muitos líderes do mundo dos negócios é o oferecimento de oportunidades de requalificação e aprimoramento por meio de associações empresariais e colaborações público-privadas. Tais alternativas têm se provado eficazes do ponto de vista financeiro, além de trazerem benefícios para a sociedade como um todo.

Nessa nova fase, a maior parte das companhias têm preferido apostar em modelos de aprendizagem informal. Em anos anteriores, os levantamentos mostravam que, ao contrário, as empresas buscavam oferecer programas de requalificação e aprimoramento formais.

O estudo apontou que a imensa maioria dos gestores consultados espera que seus empregados adquiram novas competências no próprio trabalho, e não em algum espaço formal ou informal de treinamento fora dele. Talvez por isso, os programas atuais tendem a combinar diferentes abordagens, aproveitando a expertise interna e externa, usando novas ferramentas tecnológicas de ensino e lançando mão tanto de métodos formais como informais de aquisição de competências. Ou seja, é preciso inovar também na forma de qualificar os colaboradores da sua cooperativa.

Requalificação 

A aprendizagem on-line tem sido uma das alternativas de qualificação profissional mais procuradas desde o início da pandemia, tanto por profissionais já inseridos no mercado de trabalho quanto por desempregados.

O estudo do Fórum Econômico Mundial indica que o número de pessoas que buscam oportunidades de aprendizado on-line por iniciativa própria quadruplicou. Da mesma maneira, quintuplicaram as oportunidades de requalificação on-line oferecidas pelos empregadores. O número de pessoas participando de programas de aprendizagem profissional on-line oferecidos pelo setor público cresceu 9 vezes.

A situação de emprego e renda de cada indivíduo tem impactado a escolha pelo tipo de programa de requalificação, de acordo com o estudo.

Enquanto profissionais já empregados têm procurado cursos de desenvolvimento pessoal, os desempregados têm buscado adquirir competências como análise de dados, ciência da computação e tecnologia da informação.

Da mesma maneira, embora as novas tecnologias digitais tenham facilitado o acesso ao aprendizado de novas competências profissionais, a consolidação dos conhecimentos depende de tempo e dinheiro para que o indivíduo possa dar os passos iniciais na nova carreira. 

Dados levantados pelos autores do relatório junto ao LinkedIn demonstram que muitos trabalhadores conseguem ocupar novos papéis profissionais com competências baixas ou medianas, mas eles continuarão precisando passar por programas de requalificação e aprimoramento no futuro para atingir uma produtividade elevada no longo prazo.

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Coonecta