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Funil de inovação: o que é e qual sua importância

Prática ajuda a captar, selecionar e desenvolver as ideias de inovação em um fluxo claro e mensurável

MÉTODOS E FERRAMENTAS07/08/20248 minutos de leitura

Um dos grandes desafios das organizações que buscam inovar de forma estruturada é a definição de um fluxo ordenado para o desenvolvimento das iniciativas. É aí que entra o funil de inovação! Seu principal objetivo é avaliar a viabilidade, depurar e desenvolver essas ações até se tornarem uma inovação de fato.

O termo funil de inovação foi inspirado no funil de vendas. Para entender esta associação, imagine a seguinte situação. Para uma cooperativa fazer 100 vendas em um mês, seus vendedores precisam fazer contato com uma quantidade muito maior de potenciais clientes.

Digamos que são necessários 500 contatos. Desse total, 300 vão resultar em algum tipo de interesse. Por fim, digamos que apenas 100 passam pela última etapa do funil e, de fato, realizam a compra.

De forma extremamente simplificada, esse é um funil de vendas e é bem conhecido da maior parte das cooperativas. Notou como há um afunilamento no número de contatos até chegar naqueles onde há realmente oportunidades de vendas?

Algo semelhante acontece com programas de inovação. Para uma cooperativa chegar a ter um case para contar, há uma série de testes e avaliações prévias. São ideias que não resultaram em um produto, serviço ou processo inovador, mas cujos obstáculos enfrentados contribuíram para o desenvolvimento do case, de fato. É o chamado Funil de Inovação, portanto.

A importância do funil de inovação

No funil de vendas, são os possíveis clientes que transitam pelo funil. No funil de inovação, de forma semelhante, são as possíveis iniciativas que fazem esse movimento. Na prática, o funil de inovação é um mecanismo que capta as ideias surgidas e as fazem transitar por um processo de análise e teste de viabilidade. Se no topo do funil de vendas o objetivo é tornar o contato um cliente, no funil de inovação a meta é transformar uma ideia em uma inovação de verdade.

Outro objetivo importante do funil de inovação é dar abrigo à maior quantidade de inspirações possível dentro da cooperativa. Ao longo das camadas do funil algumas ideias vão sendo eliminadas ou refinadas para que, no fundo do funil, saiam as melhores possibilidades.

Dessa maneira, o funil de inovação é uma ferramenta que permite priorizar e organizar ideias, aumentando as chances de sucesso daquelas que são selecionadas. É importante salientar que o funil é permeável a conceitos surgidos fora da cooperativa. Isso significa que o processo de seleção é beneficiado pela presença de startups, por exemplo.

Aderência à inovação aberta

De forma resumida, a inovação aberta abre as portas da cooperativa para buscar oportunidades de melhoria em produtos, serviços ou processos além das fronteiras da organização.

Ou seja, busca a colaboração entre cooperativas, empresas, indivíduos e órgãos públicos para o desenvolvimento de soluções adequadas às suas demandas. Então, a inovação aberta é uma abordagem menos centralizada - conforme demonstra a ilustração abaixo - e que reduz o tempo entre o desenvolvimento e a implantação da inovação.

Nesse contexto, o funil de inovação atua como a conexão entre o mundo exterior e a cooperativa. É por meio do funil que as ideias, possibilidades e oportunidades apresentadas pelo mundo exterior se adequam às necessidades e demandas da cooperativa.

Como dissemos anteriormente, a primeira etapa do funil de inovação é também a oportunidade de conectar a cooperativa com o ecossistema inovador. Ou seja, por meio desse sistema a inovação aberta pode, de fato, ser colocada em prática na cooperativa.

As etapas do funil

O funil de inovação conta com três etapas distintas, que são:

1. Topo de funil

No topo, a primeira fase e parte mais larga do funil, são coletadas as ideias. Esse também é o momento para buscar dados, como informações demográficas e de mercado, fazer benchmarking e entender, efetivamente, quais são os desafios a serem enfrentados. Além disso, é a oportunidade que o gestor tem para defender a necessidade de investir em inovação.

Todo tipo de pesquisa é válida nessa primeira etapa do funil de inovação. Isso inclui a participação em eventos, que podem ser específicos do setor ou de outras áreas. Essa, inclusive, é uma das maneiras mais comuns que as cooperativas têm para começar a sua participação em ecossistemas inovadores.

A primeira camada do funil configura, ainda, a chance de envolver os colaboradores da cooperativa. Dessa forma, a quantidade de pontos de vista aumentam e as perspectivas são enriquecidas a partir de variados ângulos de observação.

2. Meio de funil

A segunda etapa, o meio do funil, foca na triagem das ideias coletadas na fase anterior. Se na primeira etapa valia praticamente tudo para expandir horizontes, a segunda etapa demanda uma análise muito mais crítica. Assim sendo, o responsável pela gestão da inovação na cooperativa precisa analisar e projetar oportunidades, riscos e resultados esperados para cada ideia.

Em geral, nesse momento a cooperativa já sabe quais são as startups do mercado que podem contribuir com a inovação almejada. Assim, é muito comum que as cooperativas contem com a participação do ecossistema inovador para apresentar propostas sobre como endereçar os desafios de forma objetiva.

3. Fundo de funil

Por fim, chegamos ao fundo do funil. Na terceira etapa, a cooperativa já sabe o que precisa e também como o processo de inovação vai se desenrolar. Então, é o momento de começar a operacionalizar as ações, com o time e as startups selecionadas. Aqui começa a experimentação com o protótipo e a avaliação de uma série de questões, como a aceitação por parte dos clientes e as melhorias possíveis.

Após a última etapa, a inovação é levada a mercado - seja a partir da comercialização, caso seja um produto ou serviço, ou da entrada em operação, no caso de processos internos, por exemplo. Em todos os casos, no entanto, é importante o acompanhamento do projeto, com coleta de feedbacks e promoção de melhorias.

Como operacionalizar um funil de inovação

O funil pode ser utilizado de diversas maneiras na prática da inovação aberta. Uma das possibilidades de usar essa ferramenta é por meio de um programa de ideias ou de inovação. Em geral, esse tipo de programa é realizado em ciclos, mas há casos em que a boca do funil fica aberta o tempo todo.

O conceito, em todo caso, é impedir que ideias e oportunidades sejam desperdiçadas. Ao sistematizar o processo de coleta das ideias que vão entrar no funil a cooperativa garante que a inovação seja pauta o tempo todo dentro da organização.

Outra possibilidade de implantar o funil de inovação é criar uma rotina, com regras e parâmetros bem estabelecidos, para o relacionamento com startups. Há cooperativas que possibilitam que startups apresentem, de tempos em tempos, suas soluções para os gestores e executivos da cooperativa. Dessa maneira, a cooperativa garante que a inovação será um tema constante dentro da organização.

É possível, ainda, implementar o funil na prática por meio da participação no ecossistema de inovação do segmento ao qual a cooperativa pertence. Isso pode ser feito por meio da participação em eventos e também com a presença em aceleradoras de startups, por exemplo.

Em todos os casos, a finalidade é manter os olhos abertos para o mercado, buscando identificar oportunidades e possibilidades de melhoria de processos, além do desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Portanto, o funil se torna uma ferramenta muito útil para que a cooperativa faça a gestão de todas as etapas de relacionamento com essas iniciativas de inovação.

Dicas para otimizar as etapas do funil

Dois dos principais desafios da inovação em cooperativas estão relacionados a gerenciar os seus impactos nos processos internos e transferir os conhecimentos adquiridos para que sejam incorporados à cultura e aos processos internos.

Então, algumas das dicas para a otimização das etapas do funil de inovação aberta são:

Proporcionar abertura da cooperativa a melhorias: é importante criar um ambiente propício ao surgimento de ideias. Isso significa prever formas de coletar e organizar as ideias que surgem no dia a dia da operação.

Incentivar o surgimento de ideias: quanto mais ideias entram no topo do funil, mais inovações saem no fundo. Logo, é interessante manter canais que promovam o fluxo de informações, para compartilhamento dos problemas encontrados na operação e estímulo ao surgimento de ideias. Caso sua cooperativa tenha uma estrutura muito vertical e hierarquizada, um ponto de atenção é garantir condições para que os colaboradores da base se sintam incentivados a contribuir com ideias.

Controle da gestão da inovação: um dos papéis do gestor de inovação é proporcionar visibilidade ao processo. Ou seja, tornar claro para os colaboradores as etapas pelas quais uma eventual ideia de inovação irá passar até se tornar uma inovação, de fato.

Medir resultados: ao verificar quais são os resultados obtidos em cada etapa do funil de inovação é possível entender quais são os eventuais problemas que podem estar dificultando o fluxo desde o surgimento da ideia até sua seleção e posterior desenvolvimento da inovação.

Conclusão

Como vimos, o funil de inovação é uma ferramenta de extrema importância para os programas de inovação das cooperativas. É por meio desse funil que as ideias - tanto internas quanto externas - são captadas, organizadas e ganham impulso para o desenvolvimento da inovação em si.

Pensando nos benefícios que adotar essa tática pode trazer, o InovaCoop desenvolveu o Guia Prático sobre o Funil de Inovação. Dessa maneira, você e sua cooperativa vão ter mais clareza sobre como organizar cada um dos processos e, assim, obter o máximo das iniciativas de inovação dentro da cooperativa. Confira!

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Coonecta