Fique por dentro

Energia sustentável: 6 iniciativas inspiradoras de cooperativas brasileiras

Conheça casos nacionais que viraram referência por incentivarem a energia sustentável em prol da comunidade e associados

TENDÊNCIAS08/01/20248 minutos de leitura

Que a energia sustentável é uma das ferramentas mais importantes para a construção de uma economia mais responsável e consciente, todos já sabem. Mas o que alguns gestores ainda não descobriram é que esse conceito já deixou de ser uma previsão de futuro e se tornou uma realidade - inclusive para muitas cooperativas.

Afinal, considerando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e o aumento das demandas por fontes de descarbonização, a energia sustentável tem ganhado uma posição de protagonismo nos debates sobre o futuro das cidades.

De acordo com a 10ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima, o Brasil emitiu impressionantes 2,42 bilhões de toneladas de CO2 em 2021. Boa parte dessas emissões estão diretamente relacionadas à indústria, que muitas vezes ainda opta por processos ultrapassados e com altos índices de queima de combustível.

Mas há motivos para ter esperança: um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) revela que cerca de 48,4% da matriz energética brasileira já é composta por fontes de energia sustentável. A perspectiva é que esse crescimento tenha um impacto significativo nas próximas medições de poluição.

A seguir, você conhecerá alguns casos de sucesso e descobrirá como o cooperativismo está atuando na linha de frente da pauta da energia sustentável.

6 exemplos de energia sustentável no cooperativismo

A relação entre o cooperativismo e a sustentabilidade vem sendo construída e lapidada há décadas. A energia sustentável, como uma das prioridades do movimento, não poderia ficar de fora das inovações da comunidade. Conheça alguns exemplos a seguir.

Ciclos: cooperativa de plataforma proporciona energia limpa

Em geral, a adoção da energia sustentável pode ser vista como uma jornada burocrática e até complexa. No entanto, cooperativas como a Ciclos provam que existem caminhos para tornar esse recurso ainda mais acessível.

Desenvolvida a partir de um espaço de inovação do Sicoob ES, chamado de Ângulo Hub, a Ciclos é uma cooperativa de plataforma, baseada nos conceitos da economia compartilhada, com o objetivo de conectar os associados com soluções unificadas em condições exclusivas, inclusive energia limpa.

Após um trabalho dedicado para que a regularização do serviço de fornecimento de energia sustentável fosse alcançada, a Ciclos passou a fornecer eletricidade limpa para seus cooperados.

Para gerar energia limpa, o Sicoob ES inaugurou um complexo composto por dez centrais geradoras fotovoltaicas (UFV), que atende tanto às agências do Sicoob no estado quanto aos associados de todas as cooperativas do sistema. O case da Ciclos foi contado aqui no InovaCoop e você pode conferir clicando aqui.

Certel e Sicredi: intercooperação para construir hidrelétrica

A autossuficiência energética é uma das principais metas de organizações preocupadas com os seus impactos ambientais. E quando essas organizações se juntam, a busca por energia sustentável se torna viável.

Este exemplo mostra que a intercooperação pode ser a ferramenta certa para conseguir avançar nessa pauta. Afinal, quando Certel e Sicredi se uniram para criar uma hidrelétrica, eles sabiam que poderiam fazer a diferença na comunidade e na rotina de milhares de associados.

A Certel, cooperativa de distribuição, geração e comercialização de energia limpa e renovável sediada em Teutônia, no Rio Grande do Sul, buscou parceria com cooperativas do Sicredi da região para financiar a nova hidrelétrica Vale do Leite. O objetivo era fortalecer cada vez mais a prestação do serviço de distribuição de energia e promover a qualidade de vida dos associados através da ampliação da geração de energia renovável e limpa. Como resultado, a iniciativa venceu a categoria de Intercooperação do prêmio SomosCoop 2020.

Somada à usina solar fotovoltaica e às outras quatro hidrelétricas já existentes, a iniciativa tem 6,40 MW de potência instalada e entrega energia sustentável para cerca de 19 mil pessoas. Essa é mais uma evidência de que quanto todos se ajudam, o planeta é quem mais pode se beneficiar.

Certel inova com posto para carros elétricos

A cada dia, sobe o número de carros elétricos nas ruas. Muito bem enxergados pelo público e pelos ativistas da causa ambiental, eles dispensam a queima de combustíveis tradicionais e entregam um excelente desempenho a partir do carregamento elétrico.

Mas com esse aumento, surge também uma nova demanda: a de postos de recarga posicionados em locais estratégicos. Enxergando essa necessidade, a Certel decidiu celebrar seu aniversário de 65 anos com um presente à sua cidade natal, Teutônia, e criar o primeiro posto de carregamento de carro elétrico do município.

Além de ser sustentável, o projeto também vem trazendo movimento para região, uma vez que motoristas que estão na estrada decidem passar por ali e aproveitar os espaços. Isso aquece o mercado, beneficia o turismo e vem sendo tão positivo que novas iniciativas como essa estão sendo programadas pela Certel para o estado do Rio Grande do Sul.

Usina solar reduz impactos da Central Sicredi Centro Norte

Em um país tropical e com alto índice de raios solares, não faz sentido deixar passar uma excelente oportunidade de energia sustentável como a solar. A Central Sicredi Centro Norte percebeu isso e decidiu investir nessa inovação.

Foram necessários estudos complexos, mas a cooperativa teve sucesso na missão de construir uma usina solar de 9 hectares e 18 mil painéis fotovoltaicos. Se o tamanho surpreende, os resultados são ainda mais impactantes: são cerca de 12,3 gigawatts-hora por ano, 95% de economia na conta de luz e uma redução de cerca de 24 mil toneladas de carbono que seriam liberadas na atmosfera.

Esse caso é uma evidência de que a energia sustentável pode proporcionar também benefícios financeiros. A ideia é que cerca de R$ 12 milhões sejam economizados por ano, o que pode ser revertido em novas formas de impactar positivamente a comunidade e o meio ambiente.

Energias renováveis na estratégia da Frimesa

Quando a Frimesa foi fundada, em 1977, a preocupação com a pauta ambiental já era um grande debate na cooperativa. Hoje, 46 anos depois, a instituição se orgulha em dizer que cerca de 98% do seu consumo de energia já é proveniente da energia sustentável.

É válido analisar que, por envolver processos alimentícios de alta tecnologia, a Frimesa tem uma tendência a demandar altas taxas de eletricidade. E ao invés de entender isso como um fator de distanciamento das metas ESG, a Frimesa acabou se tornando uma referência no assunto.

Tudo começou com a delimitação de quatro iniciativas que guiaram toda a transição energética, sendo elas a diversão de riscos, a independência, a eficiência e segurança e a redução da pegada de carbono.

Para alcançar esses objetivos ambiciosos, foram combinadas diversas fontes de energia sustentável. Da implementação de usinas fotovoltaicas ao uso de biomassa lenhosa de eucalipto e da implementação de biodigestores, a Frimesa provou que é possível planejar mudanças concretas para alcançar números impressionantes de economia sem prejudicar a qualidade das produções. Confira a estratégia ESG e os resultados da energia renovável da Frimesa aqui.

Percília e Lúcio: a primeira cooperativa de energia solar em uma favela brasileira

Além de um case de sucesso, esse exemplo é também uma história inspiradora que se mistura com a biografia de um trabalhador que conseguiu instalar 60 módulos fotovoltaicos no telhado da Associação de Moradores de sua comunidade, o Morro da Babilônia.

Adalberto Almeida se formou em um curso profissionalizante de elétrica residencial e predial e percebeu que poderia fazer a diferença em sua região. Após se tornar voluntário na Revolusolar, ele se tornou parceiro de um projeto que visava converter os raios solares em economia e eletricidade para os moradores locais.

As cerca de 140 pessoas beneficiadas fazem parte da Cooperativa Percília e Lúcio de Energias Renováveis. Cada família paga cerca de R$ 50 por mês e esse valor é convertido em novas instalações. A ideia é que, em breve, mais e mais casas possam ser beneficiadas pela iniciativa de energia sustentável.

Acendendo a lâmpada de um novo conhecimento

Se você se interessa pelo tema de energia sustentável, vai gostar de saber que existem diversos conteúdos feitos para quem está procurando por inspirações. O e-book Especial ESG no Cooperativismo é um ótimo exemplo e está disponível para download gratuito. Vale a pena continuar a aprender sobre esse tema tão importante!

E diante desse movimento sustentável em prol da energia limpa, o Sistema OCB está desenvolvendo a Solução Energias Renováveis, que visa fomentar a geração de energia renovável nas cooperativas de todos os ramos, visando agilizar a transição energética. O projeto está na fase piloto e deve ser disponibilizado nacionalmente em 2024 - fique de olho!

Conteúdo desenvolvido
em parceria com

Coonecta