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Como novas tecnologias impactam o cooperativismo de saúde

Conheça as tendências e o cenário da inovação no ramo saúde

TENDÊNCIAS09/02/202110 minutos de leitura

O ano de 2020 foi de reinvenção para o setor da saúde. Cooperativas e empresas do setor precisaram se adaptar e a tecnologia foi crucial para atender às medidas de isolamento social da pandemia. O número de startups de saúde, as chamadas “healthtechs”, também demonstra a mudança no setor: saltou de 248 para 542 startups, entre 2018 e 2020, segundo dados do Distrito HealthTech Report 2020. Um crescimento de 118% e que tem tudo para continuar acelerado em 2021.

Embora a inovação e a tecnologia já venham impactando muitos setores da economia, na saúde as transformações são ainda mais significativas por haver uma grande barreira cultural. Afinal, a medicina é algo milenar, cheia de princípios e, principalmente, regulamentações. Romper paradigmas neste contexto não é algo simples. Mas, com a pandemia, a digitalização era mais que necessária.

Um exemplo disso é a telemedicina, cuja tecnologia já existia - a Unimed-BH, por exemplo, trabalhava nesse projeto desde 2018 - mas só foi, de fato, acelerada em 2020. Na pandemia, ela se tornou a melhor opção para quem precisava de uma consulta, evitando aglomerações nos hospitais.

Além disso, o crescimento das healthtechs também representa um ganho para as organizações mais tradicionais do setor. Isso porque as startups promovem a redução de burocracias e melhoria da gestão. Cerca de 25% das healtechtechs, segundo o Distrito HealthTech Report 2020, estão focadas na gestão de clínicas, hospitais e laboratórios.

Uma coisa é fato: a tecnologia veio para ficar e transformar o setor. Por isso, preparamos este post para mostrar tendências que agora são realidade no ramo saúde. E vamos mostrar também que as cooperativas brasileiras de saúde estão inovando e se adaptando ao novo contexto. Acompanhe!

Telessaúde

Os principais exemplos da digitalização na saúde são a telessaúde e a telemedicina, que se referem ao uso de tecnologias da informação para atendimentos e consultas. Enquanto durar a pandemia, os médicos brasileiros têm autorização para atender de forma virtual. É o que dizem tanto a Portaria nº 467, do dia 20 de março de 2020, quanto a Lei nº 13.989, de 15 de abril de 2020, publicadas pelo governo.

Depois, em 20 de agosto de 2020, o Diário Oficial da União (DOU) trouxe também a promulgação de um complemento à Lei nº 13.989. O novo trecho diz que a regulamentação da telemedicina poderá ser feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) após o período de crise causada pelo novo coronavírus. Portanto, tudo indica que a telemedicina fará parte da saúde brasileira de forma definitiva.

O crescimento desse serviço tem sido exponencial. A startup Docway, que tem como clientes Seguros Unimed, Unimed Fesp, SulAmérica e outras, registrou crescimento de 600% no faturamento em 2020. Ao longo do ano passado, foram registrados mais de um milhão de atendimentos na plataforma, sendo 35% das consultas relacionadas à Covid-19.

A Unimed-BH, cuja área de inovação já vinha estudando e planejando a telemedicina há dois anos, conseguiu disponibilizar sua plataforma logo no início da pandemia. Inicialmente, a plataforma era apenas para consultas relacionadas à Covid-19. Depois, em decorrência do decreto que regulamentou a telemedicina, a funcionalidade foi ampliada para outras especialidades.

Como resultado, a Unimed-BH conseguiu reduzir em mais de 60% a movimentação em suas unidades de Pronto Atendimento. Mais de 570 consultas chegaram a ser realizadas num único dia, totalizando mais de 14 mil consultas no total entre março e junho de 2020. Mais de 12 mil clientes passaram por telemonitoramento no mesmo período.

Na Central Nacional Unimed (CNU), a telemedicina tem sido aliada em suas diferentes modalidades: teleorientação, teletriagem, telemonitoramento e teleconsulta. Entre março e junho de 2020, a célula de atendimento a distância já havia realizado 1,4 mil teleconsultas, feito 8,5 mil teleorientações, colocado em telemonitoramento 3 mil beneficiários e outros 20 mil doentes crônicos.

É importante ressaltar que o uso da telessaúde não se restringe à pandemia ou apenas ao atendimento clínico geral. Algumas especialidades também se beneficiam da tecnologia. A Unifop, que atende às áreas de psicologia, nutrição e fonoaudiologia, criou sua própria plataforma a partir de uma intercooperação com a Lyseon Tech Cooperativa de Trabalho e Soluções Tecnológicas. Como resultado, além da retomada dos atendimentos, a cooperativa ganhou a possibilidade de expansão geográfica da base de clientes.

Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial (IA) tem sido muito difundida nos últimos tempos e, de forma resumida, consiste num agrupamento de tecnologias que permite que um sistema consiga aprender conceitos. Para que isso aconteça, os sistemas são abastecidos por uma grande quantidade de dados, possibilitando o aprendizado e a ampliação dos seus conhecimentos e capacidades.

Na saúde, a IA é uma aliada para facilitar diversos processos do cotidiano. Por exemplo, ela tem capacidade, entre outras coisas, para:

  • Analisar dados e auxiliar no diagnóstico mais preciso de doenças e na recomendação de tratamentos;
  • Armazenar e checar dados na nuvem, além de melhorar a base de dados;
  • Aprimorar terapias e dispositivos;
  • Gerar notificações instantâneas sobre mudanças no estado de saúde de um paciente; de maneira instantânea;
  • Melhorar cirurgias com uso de robôs e assistentes virtuais.

O IBM Watson é um exemplo de IA que vem sendo utilizada na saúde. Ele é capaz de escanear livros de exames para aprender os princípios básicos de diagnósticos e analisar os confusos dados em data centers de saúde. Dessa forma, já se fala que, um dia, o Watson poderá ajudar a compensar a falta de médicos nos hospitais, otimizando o processo de diagnósticos dos pacientes.

A IA também tem sido utilizada por companhias de biotecnologia e farmacêuticas, que usam algoritmos de aprendizado de máquina para reduzir o ciclo de desenvolvimento dos medicamentos. Recentemente, pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveram uma IA que consegue reconhecer e diagnosticar pacientes com Covid-19 apenas analisando o som da tosse.

No Brasil, a Unimed Grande Florianópolis implantou o Robô Laura nas unidades de internação clínica e cirúrgica, para que o monitoramento e os cuidados dispensados aos pacientes passassem a ser compartilhados entre todos os profissionais. O robô consegue identificar quais são os pacientes que apresentam maior risco de deterioração clínica por meio do monitoramento dos sinais vitais e, dessa maneira, assegura que eles irão receber eventual intervenção mais precocemente.

O Robô Laura é uma solução de IA que trouxe diversos benefícios aos pacientes e cooperados. Em três meses de implantação, o robô monitorou 605 pacientes, gerou 5.640 alertas, aumentou em 30% a quantidade de alertas atendidos em até uma hora e em 55% os atendidos em até três horas. Com isso, a proporção de atendimentos realizados a partir de pelo menos um alerta é de 51%.

Registro Eletrônico de Saúde (RES)

O uso da IA na saúde está diretamente ligado aos dados, o que nos leva a outra tendência: o Registro Eletrônico de Saúde (RES). Ele permite a criação de prontuários eletrônicos e uma espécie de ficha única da pessoa, incluindo não só os exames laboratoriais, mas todo o histórico detalhado e universal do paciente.

Portanto, rastreia todo o ciclo e percurso do paciente e faz com que qualquer profissional tenha a capacidade de trabalhar em coordenação com uma equipe, sem precisar recorrer a meios de papéis, arquivos físicos etc.

Na Unimed Regional Maringá, por exemplo, o RES é uma plataforma que permite o armazenamento e compartilhamento de toda a cadeia envolvida no atendimento dos beneficiários, por meio da interoperabilidade entre sistemas, garantindo uma melhor gestão das informações de saúde. O desenvolvimento da iniciativa começou em 2019 a partir da parceria da Unimed Regional Maringá com a Unimed Central de Serviços - RS, que resultou na criação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP).

Um ponto importante quando falamos de dados é a legislação. Todas as informações e dados pessoais dos pacientes precisam estar pautadas nas regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), tendo como ponto principal o aceite do paciente em compartilhar esses dados com a cooperativa, sua rede de atendimento e cooperados. Inclusive, entre as bases legais que permitem o tratamento de dados pessoais está: “para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária”.

Internet das Coisas Médicas

O mercado de Internet das Coisas Médicas (Internet of Medical Things - IoMT, em inglês) também vem crescendo, segundo estudo da Deloitte. Estamos falando principalmente de apps e wearables para o monitoramento da saúde, que devem crescer a uma taxa significativa. Além de monitorar os pacientes em suas casas, as inovações em sensores e comunicações sem fio permitem que os pacientes sejam monitorados enquanto estão em trânsito. 

Com a IoMT, os pacientes fazem todas as atividades que precisarem estando conectados aos seus cuidadores. Nos próximos anos, as soluções de rede avançadas aumentarão o potencial do IoMT e oferecerão uma oportunidade para os pacientes gerarem dados em tempo real, que permitirão tratamentos mais ativos e eficientes, melhorando a capacidade da medicina de lidar com condições crônicas.

Como a tecnologia evolui cada vez mais, os serviços que oferecem soluções de monitoramento também evoluem consideravelmente, sejam relógios inteligentes ou aplicativos para smartphone. É possível monitorar os dados de saúde de pacientes com doenças crônicas, como diabéticos, medindo os níveis de açúcar no sangue ou a quantidade de oxigênio no sangue em casos de doenças respiratórias.

Até 2023, o mercado prevê que o setor de dispositivos vestíveis, os wearables, atinja um valor de mercado de US$ 27 milhões.

Experiência do paciente

Ao longo deste post, falamos bastante de tecnologia e os seus impactos na saúde. Mas como fica a experiência do paciente?

Por um lado, temos ferramentas tecnológicas que facilitam uma abordagem mais personalizada de consultas e tratamentos, economizando tempo e recursos tanto de pacientes como de médicos e prestadores de serviços de saúde.

Mas, por outro lado, o fácil acesso aos meios digitais permite que os pacientes busquem mais informações de saúde disponíveis na internet, redes sociais e aplicativos. Este comportamento demanda mais transparência nas conversas e avaliações clínicas, maior atenção às leis e regulamentos de proteção de dados e novas estratégias para aumentar a confiança e construir melhores relacionamentos com os pacientes e beneficiários.

O resultado é uma nova dinâmica entre pacientes, médicos e cooperativas de saúde. Agora, mais do que nunca, é necessário mudar o olhar sobre a cadeia de saúde e colocar o paciente no centro. Afinal, o paciente está cada vez mais empoderado e consciente de sua jornada de saúde. Eles estão cada vez mais criteriosos e esperam um serviço de qualidade, conveniente e, de preferência, personalizado.

Além disso, não podemos esquecer do conceito “High Tech/High Touch”, que está ligado ao fato de que, ao mesmo tempo que a tecnologia aproxima e facilita o atendimento, ela também pode tornar as relações mais frias. Por isso, é importante o desenvolvimento de habilidades interpessoais com comunicação centrada no paciente, a fim de criar experiências positivas.

Ciente de todo esse cenário, a Seguros Unimed lançou um Super App para melhorar a experiência digital dos seus mais de 6 milhões de beneficiários, reunindo todos os serviços em um só lugar. “O Super App não é apenas a unificação dos nossos demais aplicativos, mas sim uma implantação de mais funções. É a primeira seguradora do Brasil a ter um Super App dessa forma”, afirma Henrique Dias, superintendente de Marketing e Produtos da Seguros Unimed.

Acesse o Radar da Inovação para conhecer essa e outras iniciativas no ramo Saúde. Veja também o e-book sobre "Telessaúde" e saiba como colocar em prática o atendimento a distância.

Neste post, vimos 5 tendências latentes para a saúde, mas há outros tópicos que também merecem atenção por parte das cooperativas de saúde, como: cuidados preventivos, aplicativos e wearables para o monitoramento da saúde, envelhecimento ativo, abordagem holística, saúde mental, entre outros. É importante estarmos com radar ligado para acompanharmos todas as transformações do nosso contexto.

Até o próximo conteúdo!

 

 

 

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